See The Unseen escrita por Melinda Springs


Capítulo 4
Spencer Lockhart


Notas iniciais do capítulo

Eiii ! =D Mais uma vez, obrigada pelas reviews, e nem preciso repetir que ler o que vocês escrevem aqui me deixa muito feliz, preciso?
Então, era pra esse capítulo ter saído mais cedo, mas não seria esse capítulo... Explico mais nas notas finais pra não contar nada da história sem querer.



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No more left to destroy, tell me
Who's the one to blame?

Who's The One To Blame? - Everwood


Fui para casa. O supermercado entregou tudo dez minutos depois que eu cheguei. Organizei a cozinha e fiz meu almoço. Depois, entediada, resolvi ver TV.

– Sabe, você devia procurar um emprego aqui. – Ela apareceu de repente, na minha frente. No início, eu me assustava com as aparições repentinas, mas nos últimos anos eu havia passado por tanta coisa, que me assustar não era tão fácil. – Faria mais amizades e estaria em contato com mais moradores da cidade.

– Estaria ocupada o tempo inteiro. – Contrapus. – Tenho que me focar na missão. Não posso passar o dia vendendo bijuterias, roupas ou qualquer outra coisa.

– Ouvi dizer que a escola está precisando de uma assistente na equipe de teatro. Não pagam bem, mas...

– Ashley. – Eu a cortei. – Quer que eu vá trabalhar em uma escola?

– Você costumava gostar de teatro. – Ela deu de ombros. – De qualquer forma, não apareci para falar sobre isso. Preciso de ajuda.

Apenas esperei que ela continuasse.

– Mataram um garoto achando que era meu irmão. Agora ele está procurando alguém para ajudá-lo a se vingar. Tanto da Central, quanto de Cale.

Suspirei. Ashley Bennett era minha melhor amiga. Há três anos atrás, ela foi capturada em uma missão e foi assassinada. Naquele mesmo dia, eu havia sido pega e mantida como refém pelo homem que a Central queria eliminar. Eu não pude reagir quando o homem me pegou, porque minhas ordens eram servir de isca para que o chefe de minha equipe, Dennis Howard, pudesse agir. Só que o plano dele deu errado.

Custou a vida de Ashley. E, desde então, eu nunca mais consegui sorrir espontaneamente. Claro, eu sorria sorrisos falsos, principalmente nas missões, quando eu tinha que fingir ser uma boa garota ou algo do tipo, mas desde aquele dia, nunca dei um sorriso sincero.

Ao menos, nunca para alguém vivo. Ashley ainda conseguia me fazer sorrir, mas era muito raro.

Depois da morte dela, seu irmão mais novo, Cale, rebelou-se contra a Central, e não foi o único: Os pais dela, que eram funcionários da área de computação, tentaram matar Howard.

Eles não conseguiram, Howard os matou com facilidade, e ninguém na Central o criticou. Na época, eu era apenas uma agente subordinada, não tinha voz para enfrentá-lo. E Cale...

Cale tentou vingar a irmã e os pais, mas eu o convenci a fugir. Eu era capaz de ver Ashley, e ela me ajudou a organizar a fuga do garoto. Sabíamos que seria questão de tempo para o colocarem como substituto de Ashley nas missões, e ela não queria deixar que o irmão caçula corresse perigo.

Desde então, Cale era procurado pela Central, mas nunca o encontravam. Nesse meio tempo, comecei a ser reconhecida pelo que fazia, e finalmente pude formar minha própria equipe. Dennis Howard se opôs, dizendo que eu era fraca demais.

A verdade? Ele sabia que nunca mais poderia me tocar.

Tirei aquelas lembranças da cabeça e me foquei em Ashley.

– Preciso que fale com o garoto. Eu posso trazê-lo aqui, mas ele está furioso.

– Sabe que posso forçá-lo a atravessar se ele representar um risco. – Falei. – Seu irmão não será encontrado, Ashley. E, mesmo que seja o caso, você mesma disse: Eu não o machucaria.

Ela pareceu relaxar um pouco, mas dava para notar que ainda estava insegura. Cale era o único motivo para ela não conseguir atravessar. E, por mais que eu pudesse atravessar os fantasmas à força, jamais o faria com ela.

Ashley desapareceu. Esperei, em silêncio, até que ela voltou com um garoto de, no máximo, treze anos. O menino a olhava com um misto de medo, raiva e indignação.

– Por que me trouxe aqui? Quem é você? – Ele disparou a perguntar a ela.

– Sou Ashley Bennett. Eu lhe trouxe aqui porque quero que pare de tentar machucar o meu irmão.

– Irmão? – Ele estranhou. – Você é irmã de Spencer Lockhart?

Ela assentiu.

– Eu morri por culpa dele. Porque a tal Central o está perseguindo, e acharam que fosse eu. Eu quero que ele morra! Ele é quem devia ter morrido.

O garoto começou a gritar e chorar, mas não desapareceu. Não parecia querer ir para outro lugar.

Ashley o abraçou, mas isso só o irritou ainda mais. Ele a empurrou com força.

– Você é irmã dele! Não se aproxime!

– Não foi culpa de Spencer. – Falei, finalmente me manifestando. O garoto parou de falar e me olhou, chocado. Dei um sorriso amigável. Tive que me conter para assustar o menino. – Eu sei que te mataram porque pensaram que você era Spencer, mas a culpa não é dele.

– Então de quem é?

– Minha. – Fiquei de pé, séria. – O garoto está sendo procurado pela Central porque eu o ajudei a fugir. – Contei. – Porque seria perigoso, para ele, continuar na CEAA. Se hoje o estão perseguindo, foi porque eu traí a Central. Culpe a mim.

Ashley me olhava boquiaberta. O que ela pensava que eu diria, afinal?

– Você... – Percebi que a raiva do garoto estava crescendo. – Você está mentindo! – Ele gritou. Um vaso de flores que eu acabara de comprar explodiu. Suspirei.

– Relaxe, garoto. Que diferença fará se ele morrer ou não? Certo, você teria vencido. E depois?

– O que...

– E depois, o que pretende? O que acha que vai acontecer com você? Uma criança que, mesmo depois de morta, fez de tudo para tentar matar outra criança. Acha que haverá algum paraíso ou coisa parecida esperando por você? Pare com isso, conforme-se com o que houve e atravesse o véu. Você pode vê-lo, não é?

Fantasmas mais velhos só viam o véu depois de terminarem o que quer que tivessem deixado incompleto no mundo dos vivos. No entanto, crianças eram capazes de ver o véu desde o momento em que acordavam como fantasmas.

O garoto parecia pensar no que eu disse. Então, com os olhos cheios d’água, ele desapareceu.

Eu sabia que ele atravessara o véu. Eu sempre sentia algo diferente quando acontecia. Olhei para Ashley, que me agradeceu.

A campainha tocou.

– Cassie Pierce está aqui. – Ashley contou, olhando para a porta.

Alguns fantasmas tinham certos poderes especiais. No caso de Ashley, ela era capaz de dizer com facilidade quem estava por perto. Era como se ela sentisse a presença das pessoas.

No entanto, só funcionava com aqueles realmente próximos. Ela não poderia me dizer, por exemplo, quem estava na praça.

Ainda assim, era uma habilidade muito útil.

Abri a porta e, de fato, Cassie estava ali, sorrindo sem jeito com uma bandeja de doces nas mãos.

– A Sra. Jenks contou que alguém havia se mudado para essa casa. Imaginei que fosse você. – Ela contou. – Moro há três casas de distância, nesse mesmo lado da rua. – Sorriu.

Deixei que ela entrasse, me controlando para não perder a paciência. Aja como uma garota qualquer. Sorria, seja gentil. Repeti mentalmente para mim mesma.

Cassie colocou a bandeja na bancada da cozinha e fomos para a sala. Sentei-me e fiz sinal para que ela sentasse também.

– Sabe, o Sr. Hell ficou bem irritado depois que você saiu. – Contou. – Mas ele quis saber seu nome. Eu disse que não me lembrava, porque você já tinha se apresentado. Ele devia ter prestado atenção.

– Onde ele mora?

– Há cinco quarteirões daqui. A casa dele é a maior da cidade, então não há como não encontrá-la. Haverá uma festa amanhã à noite. Por que você não aparece?

– Sem convite?

– É uma das festas da cidade. A maioria é feita na praça, mas algumas são feitas na casa dele. Significa que é aberta a todos. Não precisa de convite.

Pensei naquilo. Ir a uma festa não era má idéia, principalmente sendo uma festa na casa dele.

– Acho que não é má idéia. – Falei. – Mas acho que meus primos chegam amanhã. Terei que convencê-los a ir. – Acrescentei. Eu tinha certeza de que minha equipe chegaria no dia seguinte.

Ela me entregou um pequeno cartão e se levantou.

– Meu irmão deve estar me esperando. Aí tem o telefone da loja, estarei lá amanhã durante a tarde. Ligue caso resolva ir. Mark e eu podemos lhe dar carona.

Assenti, agradecendo, e a acompanhei até a porta. Assim que ela saiu, subi para meu quarto, peguei meu notebook e algumas pastas no cofre. Comecei a lê-las e pesquisar mais sobre a cidade na internet.

Digitei Nathaniel Hell no google, mas nada apareceu. Então ele nem ao menos tinha facebook? Aquela rede social tinha virado uma febre.

Li tudo o que havia nas pastas, constatando que não havia informações sobre a família Pierce. A Central realmente tinha me dado informações incompletas. Aquilo era incomum.

Abri meus e-mails, mas não havia nada. Por fim, desliguei o computador e liguei a televisão do quarto. Agradeci mentalmente por estar passando Criminal Minds.

Então, enquanto via o agente Morgan interrogar uma adolescente em uma festa, lembrei-me que tinha que escolher uma roupa para a festa. Teria que sair no dia seguinte.

Com esse pensamento, tomei um banho, verifiquei se a casa estava trancada, guardei as pastas e o notebook no cofre e me deitei. Adormeci instantaneamente.



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Notas finais do capítulo

E então? Eu sei que esse capítulo foi parado, nao aconteceu nada, mas eu tenho que mostrar partes do passado da Arya de vez em quando, né?
Enfim, eu não pretendia colocar esse capítulo assim, ele nem existia, mas percebi que todos os outros capítulos usavam informações do passado dela que eu não tinha escrito ainda. Então criei esse capítulo, e "empurrei" os outros.
O que quero dizer é que o próximo capítulo tem mais ação. Provavelmente será atualização dupla pra garantir isso.
Obrigada se você leu até aqui, ou se só leu a história. Espero que esteja gostando ;**



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