O Mundo Da Caixa Mágica escrita por Rafaella Livio


Capítulo 18
Mais Encrenca


Notas iniciais do capítulo

hahahahaha, pena que tá acabando a história D:



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"Educação é o que resta depois de ter esquecido tudo que aprendeu na escola." (Albert Einstein)


Logo de manhã sou acordada por um balde de água fria. De manhã!

Olho para o lado e vejo uma criatura verde e baixinha e (depois de gritar) segurei suas orelhas de chacal bem forte e a criaturazinha arregalou os olhos.

- Vem cá, você não tem mais nada pra fazer, não? - perguntei, furiosa. E molhada. De manhã!

- D-desculpa, é que eu precisava falar com você.

- E por que de manhã, criatura?! Hoje eu não tenho escola, é quarta, tenho o dia todo para falar com você, seu imbecil!

- Olha o respeito, criança. D-dá pra você me soltar?

Soltei. Por mais que eu quisesse pegar ele de jeito e jogar pela janela. Pena que não era um prédio.

- Muito bem... - continuou o sapo. Adorei esse apelido! - Cansei de você ficar só no lengo-lengo com aquele teu namoradinho...

- Ele tem nome - interrompi.

- Tá, o Freddy Krueger, ou o quê for. - Revirei os olhos com o comentário estúpido. - Eu preciso. Gwen, está me ouvindo?

- Sim.

- Eu preciso que você comece a focar no seu objetivo: se tornar uma ótima feiticeira.

- Está bem. - sussurrei.

- O quê? Não ouvi. -Me provocou.

- Está bem!! Prometo que vou focar mais.

- Está bem. Amanhã você começa sua aula de Combate. Espero que esteja preparada, porque a qualquer momento o monstro pode voltar do abismo. - E cantou essa última frase. Can-tou.

Momentos depois, liguei para o Fredd e ele me disse que iria correndo me buscar para me levar em um lugar especial. (Não pense que eu não insisti para ele me contar, mas até aqui você já deve saber como o Fredd é misterioso...)

Mais ou menos às duas da tarde ele chegou com um carro enorme e azul, lindo e muito moderno.

- Aonde você arranjou isso, menino? - perguntei, já entrando no automóvel.

- Era do meu pai. - Ele engoliu alguma coisa que parecia não passar na garganta. - Ele deixou para a minha mãe, mas como aqui é tudo pertinho, ela não dirige.

- E por acaso VOCÊ dirige?

- Eu sei, só não tenho carta, mas isso eu improviso fácil. - Ele tirou a varinha do bolso esquerdo da bermuda, falou aquelas Palavrinhas Mágicas eplim! Ele tinha uma carta de motorista com foto e tudo.

- Nossa, como eu amo ter namorado semi-feiticeiro.

E ele me levou. Passamos por um salão de festas da terceira idade, mas não era a terceira idade dos humanos. Era a terceira idade dos monstros. Eu e Fredd rimos muito dos velhinhos dançando break e outros estilos esquisitos (pelo menos quando eles dançavam, era superesquisito). Passamos por uma avenida larga cheia de carros que nos levou à uma estrada cheia de curvas. E foi em uma delas que um policial monstrengo cheio de verrugas resolveu nos parar.

- Por favor, saia do carro.

- Como assim policial? Eu tenho carta! - respondeu Fredd indignado, mostrando a carta.

- Ah, me desculpe, é que você é muito novinho. - disse, analisando a carta com seu óculos Harry Potter. - Pode ir -, mas antes de entregar ele deu uma última olhada. - Espere aí!

- O quê foi?

- Aqui diz que você veio de Lumegan. Mas Lumegan foi invadida pelos vikings há mais de dois séculos!

- Hã... Diz? Ah, claro! É que meu pai é um viking, e eu tirei carta enquanto estava na casa dele.

- Seus pais são separados? - perguntou, com lágrimas nos olhos. LÁGRIMAS NOS OLHOS! - Que triste. Bom, sendo assim, sim.

E devolveu a carta. Depois do episódio, já quase terminando a estrada, eu e Fredd rimos muito do policial sensível, esquisito e burro.

Uns duzentos metros depois de a estrada ter acabado, ele estacionou em uma esquina em frente ao mar. Mar. Quanto tempo eu não tinha ido ao mar.

- É aqui? - perguntei, e ele acenou com a cabeça afirmativamente. Me puxou até o mar, tiramos os sapatos e caminhamos pela praia, indo de um lado para o outro, olhando os navios no píer e quando estava escurecendo fomos buscar nossos sapatos. Oh-oh. Os sapatos tinham sumido. Só então percebemos que a maré tinha subido e levado nossos tênis junto. Rimos também da situação, então olhei para um pedaço da praia e foi estranho. Eu... me senti em casa. Tinha uma casinha a uns vinte passos da gente e eu tive a sensação de que já tinha estado naquele lugar.

- Vamos embora, já está escurecendo - disse Fredd, me despertando do transe.

- Não, eu... Preciso ir ver aquilo.

- Aquela casinha? Por quê?

- Não sei, eu... Só...

Nem completei a frase, só comecei a andar até lá, e Fredd veio me seguindo. Quando eu estava na frente da porta, hesitei por um instante, mas resolvi bater. Uma senhora que deveria ter a idade da minha mãe atendeu a porta. Usava uma blusa um pouco apagada por causa do avental de malha que estava por cima, calças compridas que acompanhavam suas pernas, coturnos pretos e prendia o cabelo em um coque malfeito.

- Olá, o quê deseja? - falou, com a voz doce. Senti que me olhava com um pouco de interesse.

- Olha, minha senhora. Eu sei que vai parecer loucura, mas quando olhei para sua casa, senti que já tinha estado aqui antes. E, agora olhando para você... Sinto que é um pouco familiar.

Ela olhou para Fredd um pouco impaciente.

- Entrem, por favor.

Entramos e senti mais do que nunca que aquele lugar era conhecido. Tinha um sofá alaranjado, poltronas da mesma cor, uma mesa de centro, um lustre de cristal e à direita uma lareira. Na cozinha, havia um fogão, uma geladeira, uma bancada de madeira e uma mesa branca. Para os quartos havia uma escada de corrimões dourados com tapete vermelho (não sei se eram os quartos realmente, mas alguma coisa dentro de mim disse que haviam dois quartos no piso superior). Me sentei no sofá confortável ao lado da mulher. Fredd se sentou na poltrona após fechar a porta.

- Eu... Eu presumo que seja Gwendoline.

- C-como sabe? - gaguejei.

- Eu... Não posso explicar. Venha comigo.

Ela foi em direção à escada com corrimões dourados, subiu-as e abriu a porta de um quarto. Eu entrei. Fiquei completamente pasma. Enrijeci. Acho que naquela hora, minha cor toda fugiu e eu fiquei albina. Era um quarto lilás e branco, com um berço, cômoda, armário, prateleiras, cadeira de balanço e cortina empoeirados. Haviam fotos espalhadas por todo o lugar. Fotos de uma menina. Mas não era uma menina comum. A menina era eu. Como eu sabia? Porque era igual à mim, mas era bebê. "Meus pais nunca me mostraram uma foto minha pequena, e agora essa estranha tem várias? E o pior: em outro mundo?", pensei. Fredd estava quase tão pálido quanto eu. Mas não me importava. Fiquei tocando nas fotos enquanto aquela mulher que eu nem sabia o nome revirava as gavetas da cômoda.

- Tem que estar aqui... - falou em voz baixa.

- O quê? - Fredd perguntou.

- Achei. - ela disse, se sentando na cadeira. Tinha nas mãos um álbum e um papel. Um documento. O primeiro que ela me estendeu foi o álbum. Havia meu nome, minha data de nascimento, fotos minhas, a marca do meu pé... Tudo. O segundo era... Minha data de nascimento.

- Você é... A minha mãe? - perguntei, já chorando, depois de ver toda aquela cerimônia e aquele santuário. E para o meu desespero ela acenou freneticamente com a cabeça, afirmando. Ela me abraçou e eu chorei. Chorei muito. Logo, fomos à sala de novo, e eu nem percebi, porque estava enrolada nos braços dela. Ela me explicou que era uma feiticeira e que na época, por causa de meu pai, não poderia ficar comigo, porque ele não queria filhos tão cedo, e ele disse que se ela ficasse comigo, mataria a nós duas. Ela disse que me mandou para a adoção, mas que logo largou as feitiçarias que fazia e ficou um pouco enferrujada. Depois, se arrependeu totalmente, foi até o abrigo que tinha me colocado para a adoção, mas eu já tinha sido transferida para outro Orfanato. Me disse que tentou descobrir para onde eu tinha sido transferida, mas disse que teve que procurar sozinha, já que o Orfanato não lhe dava informações. Disse que não conseguiu achar e com essa obsessão de me procurar, o marido (aparentemente meu pai) tinha largado-a, e ela ficou mais deprimida ainda. Eu senti uma felicidade por tê-la encontrado. Não me senti mal por ela ter me largado, foi por amor e proteção. E me procurou também por amor. Contei para ela como havia parado naquele lugar, sobre Andrus e dei meu endereço. Antes de ir tive uma ótima ideia:

- Quer ser minha professora de magia?

- Claro! Eu só estou um pouco enferrujada, mas acho que consigo...

- Ótimo! A partir de amanhã, na minha casa, às quatro horas.

- Combinado.

Saí de lá, muito feliz, pulando alegremente pela calçada suja, esquecendo que estava descalça. Fredd subitamente me pegou no colo e me levou ao carro desse jeito, apesar de eu pedir milhões de vezes para ele me soltar.

Ai, ai. Finalmente iria poder conhecer minha mãe de verdade, minha genitora.


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Notas finais do capítulo

hahahahaha, eu sei, demais né?



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