Terrified escrita por asasdecetim


Capítulo 4
Finalmente


Notas iniciais do capítulo

Depois de tanto tempo, e tanta espera, finalmente o amor fala mais alto.



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Emma desceu as escadas da estação às pressas. Algo em sua mente implorava para que ela parasse e refletisse, mas ela simplesmente não queria. Ela estava envergonhada por ter tratado Will daquela forma, ciente de que nada do que ele falara justificava sua reação de sair correndo. Afinal, o que era realmente errado dentro de tudo o que ele dissera?

Veio à tona toda a angústia que ela sentiu ao cogitar que não o veria na volta a Lima. Talvez, em seu inconsciente, ela tivesse tomado a decisão de retornar a Ohio no intuito de reaver seu passado – no qual Will Schuester estaria incluído. Mas agora...

Emma comprou o ticket e atravessou a catraca. Procurou mais uma vez pela localização correta da parada do trem e se direcionou a uma barra próxima. Olhando em volta, notou que a estação ainda estava vazia, mas que, naquele momento, não parecia refletir suas emoções. Emma estava agitada, aquecida e em movimento.

Tão agitada que não notou, novamente, o som de uma catraca girando ao longe.

O trem chegou. Emma se projetou para dentro com rapidez e procurou o assento mais próximo para despejar-se sem cuidado. Ela encostou a cabeça no apoio traseiro do banco e se desfez em lágrimas. Naquele momento, não havia preocupações com germes ou limpeza. As lágrimas pareciam suficientes para lavar seu corpo de quaisquer impurezas – e sua alma de quaisquer sentimentos.

Emma estava ciente de que não queria lutar, e de que estava errada ao culpar Will por uma decisão que ela tinha tomado. Ela se sentia egoísta ao perceber que poderia ter ferido seus sentimentos por não querer repensar uma decisão covarde.

Uma voz nos autofalantes avisou a próxima parada.

Will estava com pressa. Ele não havia conseguido chegar próximo ao trem a tempo de subir no mesmo vagão que ela, contentando-se com um mais distante. Com medo de que as poucas pessoas no trem o estranhassem, ele se controlava entre não parecer alarmado ao atravessar os vagões e ser rápido a tempo de alcançá-la. O acesso para o vagão de Emma parecia estar emperrado, e ele fazia uma força descomunal para abri-lo. Quando finalmente a porta cedeu e ele respirou de alívio, a imagem de Emma descendo do trem por uma porta quase do outro lado fez com que Will se desesperasse novamente e se lançasse na direção da primeira porta de saída que encontrara, já ouvindo o bipe de aviso para o seu fechamento. A silhueta de Emma se afastando era, aos poucos, interrompida por duas portas de metal que se aproximavam perigosamente. Will se virou de lado para aproveitar o pequeno espaço de saída e se lançou com tudo para fora, superando o vão entre o trem e a elevação de embarque. Emma havia sumido de vista.

Enquanto andava desesperadamente pela estação vazia, Will procurava uma explicação para que Emma resolvesse descer uma estação antes da correta. Passou por sua cabeça que ela o estivesse despistando, ou até mesmo mentido para ele sobre o hotel onde estava. Mas era tudo muito diferente dela, e ele sabia que nem todo o tempo do mundo a faria mudar seu jeito de ser – o jeito como ela era quando se conheceram e o mesmo jeito que havia conquistado seu coração.

Um murmúrio baixo fez com que ele olhasse para trás. Emma estava sentada em um banco, de frente para o vão onde esteve o trem do qual haviam saído há pouco.

Will se aproximou por trás, cautelosamente. Agora, mais do que nunca, estava preocupado quanto ao que dizer para ela. Era o momento de procurar o melhor de si e entregar-lhe sem ressalvas, para que ela sentisse que podia confiar em seu amor.

- Emma... – disse, encostando-se em uma pilastra. Ela se virou prontamente, com a mesma sensação de fragilidade diante de um conhecido antigo. Mas, novamente, era Will. E, embora o rosto estivesse inchado devido ao choro compulsivo, sua face pareceu revigorar-se apenas com o sorriso de alívio e surpresa que dera ao vê-lo.

- Você desceu na estação errada. – disse, divertindo-se.

- É, eu sei – ela retribuiu o tom engraçado – eu acabei de perceber – apontou para a placa indicando o nome da estação que estava atrás dela.

- Eu... Bom, eu te segui para pedir desculpas sobre hoje mais cedo. Eu só queria... – aproximou-se dela, ao passo que sua expressão mudava de arrependido para decidido – Eu só queria te dizer, Emma, que isso é culpa do efeito que você causa em mim. - Os olhos de Emma reagiram ao impacto das palavras com um brilho diferente. – Eu só ajo assim, só digo coisas que não quero, porque estar perto de você é sempre uma oportunidade de dizer tudo aquilo que eu já disse antes, e... Emma, eu só faço tudo isso porque eu te amo. Eu te amo e sempre vou te amar. E eu notei isso quando te vi naquela estação; a sua imagem foi suficiente pra me provar que não foi em vão ter sonhado com você durante o tempo em que nós ficamos distantes um do outro. Era só isso que me enchia de esperança e me envolvia enquanto eu fiquei sem você.

Emma se lembrou com perfeição daquele dia. O momento em que ele repetiu as palavras fez com que ela se arrepiasse. Ao dizer aquilo de novo, seu coração palpitou; cada palavra parecia uma estrela cadente, a promessa da realização de um desejo.

- Você – ela dizia, forçando-se a manter a calma – tem certeza do que acabou de dizer, Will? – ela desejava, do fundo do seu coração, que sim.

Will se aproximou mais, abaixando-se para acariciar o queixo de Emma com sua mão direita.

- Se eu disse isso, Emma, é porque eu quis dizer. E, se eu quis dizer, é porque é verdade.

O tom de voz de Will abaixou gradativamente, e os dois rostos se aproximaram. O beijo era inevitável.

Dois anos de saudade foram descarregados em um contato longo e emocionado, em que Will experimentava cada segundo do prazer que era estar envolvido com a mulher de seus sonhos novamente. Emma se sentiu abraçada por um anjo, sentindo uma felicidade que não sabia que existia.

Os lábios se separaram quando o contato dos olhos se fez novamente necessário. Will ainda a desejava, mas ela precisava ainda mais da segurança de seus sentimentos.

- Eu disse que isso não estava acabado entre nós. Não disse?

Emma sorriu, e o abraçou. Will suspirou, feliz por estar com ela novamente. Emma ainda estava assustada com a velocidade de tudo, mas sabia também que aquela seria a última vez em que ela passaria por aquele tipo de surpresa em sua vida.

Aquela estação, agora, não parecia tão diferente dela. Como ela, Emma tinha a possibilidade de receber quem ela quisesse, mas ela havia feito a escolha de permitir que Will invadisse todo o território. E ela, finalmente, havia deixado para trás a solidão, e atravessado a estação de sua vida para o outro lado – onde podia estar com Will.

E, quanto às portas de seu coração... Bem, finalmente ela percebeu que sua vida era uma estação não só de despedidas, mas de encontros; o mesmo lugar em que Carl descia era o que Will subia.

E ela estava feliz por tê-lo encontrado por acaso naquela estação, e por ter encontrado uma explicação para tudo aquilo.

You said it again, my heart's in motion,
Every word feels like a shooting star
I'm at the edge of my emotions
Watching the shadows burning in the dark,
And I'm in love,
And I'm terrified
For the first time and the last time
In my only life
.

Terrified - Katharine McPhee feat. Zachary Levi


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