Minha vida sempre foi marcada por momentos difíceis, afinal, ter que caçar para sustentar minha família não era nada fácil. Mas eu sempre tivera minha Catnip ao meu lado. Até isso a Capital tirou de mim.

Não foi nada fácil ter que assistir aos Jogos todos os dias enquanto ela estava lá. Eu sempre notara o modo como o filho do padeiro a olhava, desde que éramos pequenos, mas a Katniss nunca ligou pra essas coisas. Eu também não ligava, até perceber que, na verdade, ela era mais importante pra mim do que eu sempre imaginara. E agora, todo esse amor que eles pareciam ter um pelo outro dentro da arena... Eu conhecia Katniss suficientemente bem para saber que talvez aquilo fosse encenação, e isso me deu esperanças.

Para mim, nenhum beijo dos dois foi mais doloroso do que o momento ao final dos Jogos. O que foi uma centelha de esperança para os Distritos cansados, foi um momento de dolorosas revelações para mim. Katniss sugeriu que ela e Peeta morressem juntos, por meio das bagas envenenadas. Isso queria dizer que ele significava algo pra ela. Mais que sua família, pra quem voltaria se o matasse. Mais que eu.

Depois do fim dos Jogos, quando começou o Tour da Vitória, eu decidi que ela precisava saber sobre meus sentimentos. Eu não iria entrega-la ao garoto do pão sem lutar.

Foi por isso que a beijei quando saímos da floresta, e coloquei naquele beijo tudo o que sentia. Já havia beijado outras garotas antes, mas nunca de um modo tão verdadeiro e intenso. Foi curioso e bom.

Nunca deixei de me importar, mas acho que, até hoje, pra ela, sou apenas Gale, o garoto das armadilhas, seu melhor amigo. Aquele que só tem importância quando sente dor. A eterna segunda opção.