Me sentei no pequeno sofá colorido no canto do estúdio e suspirei. Eram duas horas da tarde e Selena e o resto já haviam ido embora. Suspirei mais uma vez e joguei meu tronco para o lado, me deitando direito. 

Tadinho, eu ainda não sei como não tinha percebido antes. Ele estava tão mal, gostava mesmo dela. 

Levantei e guardei minha cãmera. Arrumei a bagunça que estava no chão branco e desliguei as luzes. Ia editar as fotos em casa. 

Dei tchau para Dina e a avisei que mandava algumas fotos ainda hoje. Desci o elevador um pouco mais vazio por causa do horário e fui até o carro.

Não estava mais tão frio por causa do sol, mas ainda era de matar.

Coloquei as coisas no porta-mala do carro e entrei. Antes de ligar qualquer coisa coloquei a testa no volante, suspirando de novo. 

Não sei, por pensar nele daquele jeito me dá uma dor no peito. Eu gosto muito dele, aliás foi a primeira pessoa que eu conheci aqui no Canadá e depois de três dias já viramos praticamente melhores amigos. 

Liguei o carro e fui até o supermercado. Minha geladeira estava vazia e daqui a algumas horas ia uma visita lá para casa. Mágico, imagina?

Comprei o necessário e passei na locadora para alugar um filme.

O carro estava mais gelado que antes e minha vontade era de deitar na minha cama, com meu cobertor gigante e dormir. 

Subi o elevador e entrei em casa. Coloquei as sacolas na cozinha e guardei as minhas coisas no quarto.

Arrumei as compras e peguei meu macbook.

De todas as duzentas fotos, arrumei seis. É um inicio. 

Eram quatro horas quando fui tomar banho. Coloquei uma calça Jeans duas camisas de frio e um suéter grande. 

Meu celular tocou.

- Alô? - Perguntei.

- Seu prédio é um amarelo antigo, né?

- Sim, já chegou? - Sorri.

- Estou aqui na frente, abre a garagem?

- Ta, to descendo.

Coloquei minha meia e uma pantufa e desci até o portão da garagem. 

Assim que abri uma Cadillac CTS vermelha entrou e estacionou na primeira vaga que viu. Fechei o portão e fui até o carro. 

A porta se abriu e a primeira coisa que vi foi o sorriso forçado de Justin.

O abracei e ele me levantou do chão. 

- Como está? - Perguntei o puxando até o elevador.

- Bem - mentiu.

O elevador se fechou e ele respirou fundo.

- Eu tirei fotos da Selena hoje - falei calmamente o olhando.

- É, Selena - ele abaixou o rosto e suspirou.

- Ei Justin, eu só disse isso para avisar que eu sei de tudo, mas eu não trouxe você aqui para ficarmos lembrando dela. Hoje a gente vai se divertir! - Levantei os braços e sorri com uma careta. Ele riu dela.

O elevador abriu e ele relaxou.

- O que foi, Biba? Tem medo de elevador? - Perguntei abrindo a porta.

- Sou claustrofóbico - coçou a cabeça, sem graça.

- Jura? Eu tenho sindrome do pânico - sorri

- É muito ruim? Licença - disse assim que entrou. - É bonito - sorriu.

- É simples. - Tranquei a porta e fui até a cozinha. - Quer água?

- O que? - ele balançou a cabeça dizendo que não - Thank you.

- O apartamento, - dei um gole na água - a sindrome é uma coisa sem explicação, nada simples.

Ficamos em silêncio por alguns segundos enquanto eu colocava o copo na pia. Ele riu alto e o olhei estranhando.

- O que? To suja?

- Não, você percebeu que a gente conversou sobre três assuntos diferentes ao mesmo tempo? - Se encostou na soleira da porta. 

- Verdade, somos experts, um assunto é pouco, bate aqui! - Levantei o braço e ele bateu sua mão na minha. - Eu aluguei um filme. Pensei em pedir que você fizesse isso, mas se você fosse não estaria mais aqui - sorri e peguei o filme de comédia.

- Parece ser bom - analisou-o e sorriu.

- O atendente disse que é um dos melhores. 
Pedi que colocasse o filme enquanto eu colocava  apipoca no microondas e levasse cobertores para a sala.
A pipoca já havia apitado quando Justin estava se aconchegando no sofá com o controle na mão.
- Anda logo, Lisa! - Gritou ele - eu vou colocar o filme, ein - ouvi a musica de inico.
- Espera Justin! - Gritei de volta e corri até a sala. - Só por causa disso vai ficar meia hora sem pipoca. - Abracei o pote.
- Ah, não, até lá você já vai ter acabado com ela toda.
- É essa a ideia - pisquei para ele e quando o vi levantando sai correndo. - Não, Biba, não sabe brincar não desce para o play!
- Eu que o diga, eu tava brincando com você, agora me dá um pouco de pipoca - ele tentou pegar por trás de mim, mas desviei, estava sem saida, encurralada na parede. - - Ah, é assim, é? - assenti de costas. - Então vamos ver.
Senti suas mãos em minha cintura e me arrepiei, só então senti as cossegas que ele me fazia. Tentei não derrubar a pipoca, mas não consegui evitar de rir.
- Ta bom, ta bom - tentei desviar, mas ele não parava. - Chega, Jus, vai derrubar a pipoca! - me virei e dei para ele.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, ele me olhava estranho, como se estivesse pasmo com alguma coisa.
- O que foi? - Perguntei e sai daquele canto me sentando no sofá.
- N-nada - riu e se sentou, colocando a pipoca entre a gente.
Ele colocou o filme e ficamos em silêncio.
Aquele troço era realmente muito bom, não sabíamos quem ria mais. A pipoca acabou em menos de meia hora e quando acabou olhamos um para o outro.
- Ta com sono? - Perguntou.
- Nenhum - sorri travesso.
- O que quer fazer, então?
- Hm - pensei por um momento. - Já sei! Vamos sair, quero te levar em um lugar.
- Mas a essa hora? Ta frio lá fora.
- Coloca o casaco. Vamos, vai ser legal - sorri com carinha de anjo.
- Não sei, pode ser perigoso.
- Vamos, por favor, - fiz beiço - ninguém vai ver a gente.
- Hm - fez a mesma feição que eu a alguns segundos atrás. - Ta bom, mas não podemos demorar.
- Sim, senhor Biba - fiz formação de soldado e me lembrei da nossa última despedida.
- Você tem que parar com esse apelidos, daqui a pouco você vai me chamar de algum animal - apertou minha barriga, fazendo-me pular.
- Bambi? - Ri e o olhei.
O legal é que ele leva esses apelidos na brincadeira. Ele riu junto comigo e se levantou do sofá.
- Eu vou colocar um tênis. - Me levantei junto e fui até o quarto pegar meu all star.
Colocamos os sapatos e alguns agasalhos.
Abri a porta e dei passagem para ele, a trancando logo em seguida.
O elevador chegou e o olhei preocupada. Ele respirou fundo e entramos. Não demorou muito e o silêncio não era insuportável. A porta se abriu e ele relaxou como da outra vez que andamos com o próprio.
Andei até meu carro e ele foi até o dele.
- Vai para onde? - Perguntei e ele me olhou confuso.
- Ligar o meu carro, para irmos?
- Primeiro, os paparazzi sabem cada detalhe do seu carro, segundo eu que dirijo e terceiro eu que sei onde é o lugar, lembra? - Sorri e abri a porta.
Ele assentiu como se tudo que falei tivesse feito sentido (e fez) e andou até a porta do carona.
Liguei o carro e sorri, lá vamos nós.