Emily sentava na cadeira da janela no jato particular de sua mãe; ao seu lado, sentava Victoria, e à sua frente, Richard. Ela não se sentia como uma vela, essa vez, já que Richard não olhava para outro lugar a não ser seu celular e Victoria começara a falar com ela em voz relativamente baixa.

                - Você só fez... – Vic corou – coisinhas com o Jensen, né? – ela sussurrou. Emily franziu a testa e chegou mais perto.

                - Que tipo de pergunta é essa?

                - Nós queremos saber, em caso de que Will tenha um ataque de ciúmes quando chegarmos à Paris. – Richard explicou do nada. Emily riu. – Porque, sem querer ser meloso, Paris é a cidade do amor.

                - Não tem nenhum parisiano apaixonado por mim, não que eu- Merda.

                - Que foi?

                - Jacques Dubois. – a loira suspirou. – Quando eu fiz dezesseis, Charlotte me mandou para Paris para aprender “etiqueta”. Eu conheci Jacques tem uns vinte anos agora, mas quando nos conhecemos ele tinha dezenove. Nós meio que ficamos juntos... várias vezes durante aquele verão. Quando fui embora, ele disse que iria me esperar.

                - Vai rolar briga nessa cidade hein?

                - Ele pode ter se mudado – Emily disse, esperançosa. – Vai ver ele se casou ou sei lá. Não sou tão memorável assim, modéstia à parte.

                - Ou ele vai apanhar quando encontrarmos ele. – Victoria disse, sorrindo.

                - Mas você adora um barraco. – Emily acusou, cruzando os braços. – Paris é grande; provavelmente não vamos nos ver.

                - Ai, Paris... – Victoria suspirou, mudando de assunto involuntariamente. – Aquela cidade deve ser linda. Vamos comer croissants ao acordar, em cafés à beira da rua, andar por Champs Elysées...

                - Não vamos para muitos lugares turísticos não, por favor. No máximo, eu levo vocês pra Cathédrale Notre-Dame, mas só. – a anfitriã disse, com pouco sotaque ao falar da catedral.

                - Ah não – Richard sorriu. – Não venha me dizer que também fala francês?

                - Sou uma mulher de múltiplos talentos. – Emily fez pose. – Mas não, é que meu sonho sempre foi morar aqui em Paris. Passou, já, mas ainda amo esse país.

                - Adoraria ir a Veneza antes de ir embora da Europa. – Victoria disse contente. – Emily, você tem que mostrar pra mim lojas em Paris.

                - ‘Tá louca? Claro! – Emily disse, entrando no estado mulher fútil. – Nós vamos ao Le Bom Marché, óbvio, na Doursoux pra comprar jaquetas militares, na Emanuelle Zysman, onde eu comprei aquela pulseira pra você, lembra?

                - A com a cor-

                - Não; a outra.

                - Aquela com o negocinho...

                - Essa mesmo!

                - Não entendi uma palavra do que vocês falaram. – disse Richard. – Repete.

                - Então – Emily ignorou o coitado. – Na Saint-Germain, tem a Kerstin Adolphson com um milhão de tipos de bolsas diferentes. E sabe aquela bolsa carteiro minha, eu comprei em Saint-Bernoit.

                - É muita roupa para pouca eu. – Victoria bateu palmas enquanto ria. – Mas nós temos quer ir aos Champs Elysées pra eu poder dar uma volta com meu ruivo.

                - Essa parte eu entendi. – Richard sorriu como um garotinho. Emily bagunçou seus cabelos e Victoria piscou para ele.

                - Vamos ficar aonde?

                - No prédio Lafayette. – Emily explicou. – São cinco minutos, a pé, até a Torre Eiffel. Carrie é uma grande estilista, e meu sobrenome já é meio famoso nas ruas de lá; então ela conseguiu, como sempre, comprar uma coisa que originalmente não estava à venda.

                - Tem quantos quartos? – Richard se inclinou para frente.

                - Eu acho que tem cinco, porque ela tem um de dois andares. Vamos ter que dividir, provavelmente. Você e Vic; Hanna e Chaz; Jen e Justin; Alison, Nyx e eu... e Will vai ter que ficar no quarto do Joseph.

                - Que dó. Vai acabar acordando com pasta de dente no nariz. – Todos riram. – Achei que você iria querer dividir um quarto com William.

                - Não... – Emily hesitou. – Não acho uma boa ideia. Nós não nos acertamos, ainda, e eu não quero que ele pense que eu não levo nós dois a serio.

                - Nosso bebê está crescendo, Richard. – Victoria pôs a mão ao peito e fingiu chorar. Richard se juntou à brincadeira.

                - Parece que era essa manhã quando ela queria passar o dia nos braços de um, e agora ela quer casar já.

                - Vocês dois bem que podiam se explodir. – Emily resmungou.

                - Se eu explodisse – Richard começou. – minhas tripas iriam direto na sua cara.

                - Meu Zeus, Richard, disgustoso! – ela exclamou a última palavra em italiano.

                - Gostoso? – ele levantou uma sobrancelha.

                - Disgustoso! Significa que nojo!

                - Fala a minha língua, mulher.

                - A boca é minha, eu falo o que quiser. – Emily deu a língua. – Sei geloso di come bella e intelligente, io sono.

                - HÃ?

                - Deixa meu homem em paz. – Victoria riu, sem estar realmente irritada. – Ele é meio burrinho, mas eu o adoro.

                - Dá até pra saber quem manda nesse relacionamentozinho de vocês. – Emily rolou os olhos. - Lui è così innamorato di te, Victoria.

                - Parece que eu moro com uma embaixada. – Richard resmungou. Emily finalmente parou de irritar o pobre garoto e endireitou seus cabelos. Richard fez bico para sua namorada. – Uma hora sua amiga tá sendo legal comigo, outra hora ela tá me xingando em outras línguas.

                - Desculpa, fratello. – ela disse, sorrindo fraternalmente, fazendo cafuné no ruivo. Ele pôs o rosto na mesa do avião.

                Victoria sorriu para Emily, seus olhos castanhos brilhando com a luz que entrava pela janela semiaberta. – Trate melhor seu futuro cunhado, Emily Rose.

                - Pode deixar, Capitã.

                - Yo, gatinhos. – disse Alison, sentando ao lado de Richard. Seu cabelo estava preso num coque frouxo e ela usava sua camisa Dear John folgada, que caia de um ombro. – Tive que sair de lá; Hanna e Chaz são melosos demais.

                - Não é?

                - Eu te amei por tantos anos – Richard falou numa voz grave, imitando Chaz. – Não sei como sobrevivi sem você.

                - Meu Deus, Chaz – Alison disse com a voz esganiçada. – Vamos nos casar e cavalgar pelos campos ingleses com camisas bufantes e anéis de ouro com setenta diamantes!

                Eles rolaram de rir e os alvos da brincadeira permaneceram ignorantes do mundo ao seu redor. O barulho do anúncio do piloto tocou, e ele disse:

                - Mais duas horas de viagem e descemos em Paris, galera.