POV Daniel

O que aconteceu? Como aconteceu?

É, isso mesmo que aconteceu. Eu beijei a Julie, coisa que eu nunca planejei... Não agora. Não sei como aconteceu, mas tenho certeza que aconteceu.

Estou ficando maluco, pois acho que estou gostando dela. Aqueles olhos negros, olhos da noite, sempre escondendo um mistério, sempre me hipnotizas. O grande problema é que ela gosta daquele mané do Nicolas. Ah! Coloca na lista: Eu sou uma fantasma, tem o Demétrius no meu pé e não podemos nos envolver com humanas. Quer mais?

Por outro lado, eu nunca respeitei as regras mesmo... Sorri travesso com meus queridos pensamentos.

Ainda estava sentado no mesmo lugar desda hora que a Julie saiu correndo. Eu não conseguia levantar, muito menos mexer o meu corpo. Ainda parecia que o corpo dela estava no meu lado. Eu não tive nem tempo para analisar o que houve, quando o Félix e o Martim entrando.

– Cade a Julie? – Martim perguntou. – Cara, parece que você viu um fantasma.

– Ou melhor, um vivo. – O Félix completou. – Brigou com ela, de novo?! – Ele disse, quase afirmando.

– Nada disso. Ela foi dormi, estava cansada. – Eu não iria contar o que aconteceu. Se eu contasse, eles iriam me sacanear. Conheço muito bem os irmãozinhos que tenho.

– Ainda bem, ou eu teria quer te matar de novo. – Martim disse.

– Oh besta! Não da para matar outra vez, quando é um fantasma. – Revirei os olhos.

– Ah, é mesmo! Mas é uma pena. – Martim disse pensativo. Eu e o Félix rimos da cara dele. Me levantei, fui em direção da parede.

– Estou saindo. – Disse atravessando a parede.

Eu precisava conversar com ela, antes de ela dormir. Eu estava com aquela luta interior, sabe. Por um lado, eu sei que não deveria ter feito aquilo. Mas por outro, algo acendeu em mim. Sinceramente, não sei explicar.

Passei pelos cômodos da casa e fui para quarto dela, entrei e vi ela deitada para cima, com os olhos fechado. Sai do quarto e bati.

– Quem é?– Ela falou, meio sonolenta.

– Adivinha. – Disse sussurrando. Estava esperando ela deixar entra no quarto.

– Sai daqui, não estou afim de falar contigo.

– Julie, eu necessito falar contigo. Por favor, deixa entra. – Tentei ser o mais calmo que eu pude.

– Hum... Entra então! - Ela falou totalmente seca.

– Julie, eu sei que ultrapassei o limite e que ...

– Então você veio pedir desculpas e acha que foi um erro?! Certo?! – Ela me interrompeu, quase afirmando. A voz dela parecia estranha... Ela sentou na cama e olho nos meus olhos.

– Não, eu não vim aqui te pedir desculpas e não acho que foi um erro... Nunca vai ser. Na verdade, queria saber se esta tudo bem? E como voce tocou no assunto, queria saber se você achou errado? Você saiu tão rápido que nem consegui falar contigo. – Sorri para ela. Ela não sorri com a boca, mas com os olhos...

– Daniel, sabe aquele ditado: “Quando um não quer... dois não brigam.” Então... Eu também não acho que foi errado, talvez não deveria ter acontecido...

– Mas aconteceu... Vai mudar alguma coisa?

– Sinceramente, não sei. Da tempo ao tempo. Posso ir dormi? Estou morta de sono – Ela disse, com a voz mais leve. Ate apareceu um sorriso calmo no rosto.

– Amanha a gente termina de conversar. Boa noite, dorme com os fantasmas.

– Daniel! Por favor né?! – Disse rindo. – Pode sair agora. –Me aproximei dela, e beijei a testa dela. Em contra partida, ela beijou meu rosto. – Boa noite. – Ela deitou na cama.

– Oks bestinha! Estou sendo expulso! – Atravessei a parede. – Tchau. – Disse do outro lado...

O bom de ser fantasma é que você pode andar em qualquer lugar sem ser visto. Voltei para o quarto dela, invisível. Ela era tão linda, igual a Primavera. Doce, dedicada, maravilhosa, guerreira, teimosa... Ela é perfeita, principalmente agora. Dormindo, calma, sem mostrar as suas teimosias. – Sorri com esse pensamento.

Fiquei ate ela adormecer totalmente. Por um momento, ouvi ela chamar o nome do Nicolas. Me lembrei da promessa que fiz para ela, tinha que descobrir coisa sobre ele. Coisa que eu não queria. Esse idiota é um completo mané, e ainda ela gostava dele. A vontade era matar ele. A minha querida raiva estava aumentando. Como ela podia dizer o nome dele?! Aff QUE ODIO! A minha vontade era acordar ela e perguntar por que ela gostava desse cretino.

Mas algo aconteceu naquele exato momento, algo que me acalmou. Pude respirar mais feliz. Algo que não acreditei na hora e me deixou transbordando alegria.

– Dan.. niel.