Acabara de amanhecer, era manhã de sábado e Bear já havia se levantado a algum tempo, na verdade ela sequer havia adormecido, sua face demonstrava o abatimento da noite em claro, a morena sentia o seu coração palpitar de uma forma forte e insuportável.

O sol que saíra estava forte e depois de quase uma semana, sem sequer olhar para o lado de fora da sua casa, ela se levantou do sofá, quase se sentindo destemida, e, sem medo de sair novamente. Abriu a porta que dava de frente para a casa de Clarice e sorriu levemente enquanto observava o ambiente.

Se sentindo depois de muito tempo, um vampiro se arriscando sem medo de sair ao sol.

Do outro lado da casa, a família estava reunida ainda, com a intenção de sairem em um passeio para uma cachoeira que havia próxima. Eles recolhiam algumas coisas no fundo da casa, como toalhas e até um guarda-sol, que a Ana não sabia exatamente onde a família iria colocar em meio às pedras.

Bear se espreguiçou virando a cabeça para o céu e sorrindo, ela não sabia que do outro lado, Clarice a olhava enquanto segurava algumas toalhas, ela também sorria, seus olhos brilhavam delicadamente enquanto ela estudava a face delicada e clara da morena.

A família se juntou a ela, por alguns segundos observando que a morena havia finalmente saído de casa após a briga da noite anterior, ela finalmente abaixou sua cabeça em direção a eles acenou para a família, sorriu suavemente e respirou fundo quando seus olhos encontraram os da pequena loira. A vontade de correr dali e pegá-la entre seus braços a consumiu por alguns segundos, a loira acenou com a cabeça, para que ela viesse. E 10 minutos depois ela estava junto à família.

- Nós todos não iremos caber nesse carro. – alertou Márcia após abrir a porta que levava ao banco de passageiros e rir.

Eles estavam em 7 naquele momento, e ela até podia imaginar os dois sobrinhos escolhidos entre as duas tias, mas agora com Bear era um número maior. Mas a família não se importou e começou a se apertar no carro, ocasionalmente após alguns empurrões Clarice e Bear foram as últimas a se arrastar para dentro do carro, mas só Bear acabou no colo de Rich, irmão da loira, que respirou fundo ao colocar as mãos na cintura de Bear sentindo o corpo da menina no seu.

 Aquele momento o estava agradando secretamente mais do que ele gostaria, ele e Bear  tinham a mesma idade e ele podia até ser um pouco atrativo, mais Bear era como o sonho de consumo inalcançável que um garoto como ele jamais teria e ele acreditava que se ela fosse lésbica, qualquer garota daquela escola a teria tão pouco. Mas isso não significava, que ele não podia se gabar por ser mais próximo dela, do que qualquer um dos outros meninos.

Bear riu com algumas coisas ditas pela família, não se incomodando tanto com as mãos do menino em sua cintura, ela praticamente havia crescido com ele também. Clarice coçou o pescoço, desviando o rosto para o vidro ao seu lado onde observou o reflexo dos dois, tentando discernir o que estava fazendo seu peito arfar furiosamente naquele momento. A morena se virou e olhou para o vidro, o olhar das duas se encararam no reflexo, intensamente, trocando faíscas que só elas puderam ouvir, Clarice se virou e encarou. Bear se jogou em cima do colo de Clarice, causando risadas e uma nova agitação.

-Você é pesada sabia? – fingiu reclamar Clarice, após a tensão ser quebrada. Na verdade, ela estava gostando do calor que a proximidade entre as duas estavam causando, Bear estava usando só um short jeans e a parte de cima do biquíni que era preto, a loira pressionou a cintura da morena automaticamente, tomada pelo reflexo.

A família se alojou em algumas pedras na cachoeira quando chegaram, que se encontrava vazia, talvez pelo horário, ela não costumava ser muito frequentada, mas fazia calor naquele dia e talvez outras famílias se unissem a eles. Eles se reuniram e pularam na água juntos.

Clara e Bear brincavam, jogando água uma na outra e nadando uma atrás da outra para se vingar em uma espécie de guerra de crianças, a morena segurou a loira pela cintura e a girou dentro d'água, os momentos giravam como flash na cabeça das duas meninas que riam e brincavam uma com a outra. Elas sempre faziam isso, era algo rotineiro para as duas, se provocarem, rirem e brincarem. Mas aquele momento estava carregado de uma tensão que elas reconheciam, mas preferiam demonstrar, ao invés de falar. Era saudade e o medo que havia estampado o sonho uma da outra, de que algo estaria diferente.

A família saiu para buscar em algum lugar algo para comerem e as duas nadaram para junto de uma pedra descansando ainda dentro d'água.

-Você viu o Rich? Achei ter visto ele a um segundo aqui. – falou Bear ofegante, mergulhando novamente para arrumar seus cabelos e voltando a superfície em seguida.

-É verdade... Acho que ele deve ter resolvido ir atrás dos nossos pais. – balbuciou a loira.

Rich havia se levantando para fazer xixi por entre algumas árvores, mas ouviu quando as duas se perguntaram onde ele estava e permaneceu onde estava, observando as duas meninas, elas jogaram água na cara uma na outra dessa vez mais delicadamente e ele revirou os olhos entediado. Pensando em sair e dar um susto nas duas.

As meninas sorriram uma pra outra timidamente. E a morena bagunçou os cabelos da loira com a mão. Ainda mantendo seus olhos no azul esverdeado dos da loira, colocando uma de suas mãos no cabelo dela, a loira não recuou quando a morena deu um passo em sua frente, ela prendeu suas mãos na cintura da morena e se aproximou ainda mais estabelecendo contato entre seus corpos, a boca da morena ofegante se guiou ao ouvido da loira a apertando o corpo da loira contra o dela em seguida.

Por trás de algumas árvores Rich se espantou diante da cena e se encolheu boquiaberto, pensou em sair de uma vez e interromper as duas. Mas uma sensação na boca do seu estômago o impediu, era o misto da curiosidade e a estranheza em ver um gesto de carinho que ele jamais havia visto entre elas.

-Você quer? – sussurrou Bear no ouvido da loira, sua voz tinha um tom meio rouco, diferente do doce que costumava exalar de sua garganta, enquanto segurava o cabelo dela entre suas mãos e a outra percorria as costas da loira dentro da água. A loira pressionou mais o corpo da morena contra o seu e apertou sua mão nas costas desta, balançou a cabeça em um sim e suspirou quando a outra a conduziu rapidamente até seus lábios, suas bocas se encontraram suavemente e de forma delicada, alguns segundos depois a loira forçava entrada com sua língua, que lhe foi concedida depois de um breve esforço com a urgência do contato. A morena segurou os cabelos da loira em sua mão, evitando pressionar suas unhas sobre a pele clara da outra, enquanto permitia que ela explorasse sua boca com a língua, para depois estabelecer uma dança com sua língua dentro de sua própria boca.

Elas se separaram e a loira jogou água no rosto da morena novamente.

-Idiota! O que você tá fazendo? – gritou rindo. Depois tentou nadar atrás da outra. As duas brincavam novamente e Rich voltou a se sentar nas pedras novamente, ainda atônito com o que tinha acabado de ver, ele se jogou na água e logo as duas se juntaram a ele nas brincadeiras. Ele não sabia se estava chateado, ou orgulhoso da irmã, mas um aperto dominou seu peito da mesma forma.