XXI
(Ponto de Vista: Kuran Yukki)

Quem eu achava que era a perfeição em pessoa na verdade não se passava de um monstro.
Um lindo monstro no qual eu fui apaixonada por tantos anos.

- Não me deixaram terminar de falar. Vocês podem ir, mas não saíram vivos daqui.

Havia uma arma apontada para nossas cabeças. A que ponto Kaname foi chegar?
Ameaçar de morte a mulher que ele tanto fala que ama e que sempre ira proteger.

- Kaname, voce se rebaixou a esse nível? Nem parecer o tão aclamado e nobre Sangue Puro Kuran Kaname. – debochei para esconder o meu aparente desespero
- Vejamos minha amada Yukki, por amor qualquer um pode fazer qualquer coisa.
- Pelo jeito não prestou atenção alguma na minha aula de ética não é mesmo Kuran? – perguntou Yagari aparecendo na praça, esmagando seu cigarro em uma arvore
- E de quando você sabe alguma coisa de ética Yagari?

Kaname ficou olhando mortalmente para Yagari que ria da sua expressão. Apesar de tentar ser durona, eu não estava conseguindo.
Eu estava com medo
Muito medo do que algo muito ruim acontecesse.
O tempo não estava contribuindo nada para esse dia. Senti alguns flocos de neves caírem lentamente nos meus curtos cabelos amarronzados e neve não era um bom sinal para mim.
Yagari e Kaname continuavam a trocar ofensas e instantes depois, começaram a lutar.
Zero olhou para mim por alguns instantes e me puxou lentamente para perto dele

- Yukki... – chamou ele
- O que foi?
- Me deixa tentar pelo menos salvar a sua vida?

Não entendi muito bem a pergunta, ele estava disposta a salvar minha vida ou dar a vida dele para salvar a minha?
Em todas as alternativas, não estava me agradando nada. Olhei discretamente para a luta de Yagari e Kaname, ambos estavam bastanre machucados.
Não tinha outra escolha a não dizer...

- Eu confio em você Zero...

Zero assentiu, pegou rapidamente minha mão e saiu correndo daquele lugar tão horrendo.
Corri sem olhar para trás, até minhas pernas não agüentarem mais correrem. Meu coração parecia explodir a qualquer momento, e para meu desespero o cansaço estava começando a me vencer.
Paramos até uma casa abandonada, parecia ser uma bela casa tirando a falta de higiene e cuidados dos antigos moradores.
Parecia àquelas casas antigas, feito de filmes românticos.
Mas, para minha infelicidade eu estava prestes a entrar em um filme de terror.

- Onde fomos parar? – resmungou Zero ao abrir a velha e suja porta de madeira

Por dentro, aparentava ser uma casa bastante simples. Uma boa faxina e ela ficaria como sempre foi, mas não estava nenhum pouco com clima de fazer serviços domésticos.
Sentei-me no piso de madeira e abracei minhas pernas, tudo que vivi não se passava de uma farsa agora.
O homen que sempre cuidou de mim, me acolheu e me tratou com carinho e atenção na verdade não se passava de uma cafajeste sem coração.
Minha vida não se passava um conto de fadas mal escrito.

- Yukki? – perguntou Zero me balançando para ver se sair dos meus pensamentos
- Eu estou aqui Zero, só estava pensando na minha vida ou a parte dela que não é conto de fadas mal escrito pelo Kaname.
- Eu não vou deixar que ele te faça nenhum mal está bem?
- Zero, eu estou com medo. – confensei ao olhar para baixo
- Ei, sei que aqui não é o lugar mais confortável e seguro do mundo. Mas enquanto eu estiver do seu lado, você não vai precisar ter medo. – disse Zero me abraçando e afagando meus cabelos.

Por algum tempo eu consegui ficar calma. A presença de Zero me acalmava de certa forma, me deixava imensamente feliz ter sua proteção e o mais importante saber que ele ama mais que tudo nessa vida.
Acabei adormecendo – mesmo que isso seja humanamente impossível com isso tudo acontecendo – e acordei com Zero me olhando fixamente sorrindo.
Aquele sorriso torto e sem graça que me fazia rir nos momentos mais críticos da minha vida.
Quem dera que com aquele sorriso meus problemas desaparecem...
                                 -x-
Ela dormia angelicalmente sobre meu ombro esquerdo.
Era tão angelicalmente que parecia que todos os problemas delas se resolvessem apenas com um belo cochilo.
Aquele infeliz do Kaname iria vir atrás de nós e estava disposto a fazer tudo para salvar a vida de Yukki.
Ouvi batidas na porta, saquei minha Bloody Rose e andei vagarosamente até lá.

- Abre logo essa merda Zero. – gritou a voz que parecia ser de Yagari.

Yagari? O que esse imprestável estava fazendo aqui e como ele nos achou?
Acho bom ele não ter trazido compania

- Porra Yagari, como conseguiu chegar aqui?
- Faro de um Hunter nunca se engana.
- O que fez com o Kaname?
- Aquele cachorrinho castrado desapareceu quando ia lhe dar o golpe final. E fica de olho, ele pode muito bem chegar por aqui.
- Estou disposto a dar minha vida para salvar Yukki das mãos deles – afirmei olhando para Yukki que continuava dormindo
- O que amor não faz com as pessoas. Mas está ciente que só ela pode derrotar o Kaname não é mesmo?
- Como assim? – perguntei
- Ela não é só a amada dele. A Yukki é irmã do Kaname.

Olhei para Yagari assustado. Yukki era irmã do Kaname? Bem, isso explica o sobrenome igual, mas porque ela não tem poderes e nem sede por sangue?
A mulher que eu amo na verdade é a criatura que mais odeio nesse mundo: Sangue Puro

- Yukki é uma vampira...
- Você é lento Zero. O sobrenome são iguais, eles vivem grudados o que voce queria. – bufou Yagari olhando para o relógio – Merda tem que ir. Aula de ética para aqueles bastardos
- Tá. – foi o que consegui falar
- E você, cuida bem da sua Yukki. Sei que se ela morrer você não agüentaria...

Yagari saiu, me deixando ainda perplexo.
Como não havia percebido isso antes? Minha pequena era uma vampira...
A olhei demoradamente. Ela tão linda, mas parecia um anjo na verdade era um monstro.
Mas isso nunca iria mudar o fato de eu estar completamente apaixonado por ela.

-  Zero? – perguntou Yukki bocejando
- Eu estou aqui Yukki.
- Obrigado.
- Porque está me agradecendo?
- Por me fazer feliz, me fazer rir nos momentos ruins. Por me proteger, obrigado por tudo Zero.
- ... – e as palavras?

Yukki lentamente se levantou e me deu um longo e demorado abraço. Senti meu coração disparar, suspirei demoradamente e sorri.

- Eu te amo Zero.
- Eu também te amo, Yukki.

Era tudo que precisava ouvir naquele momento.

- E eu irei amar tirar a vida de quem tirou a única coisa que me faz viver.

Era a voz daquele infeliz do Kaname. Yukki me soltou do abraço e encolheu perto do meu braço esquerdo, ela estava com medo.
E quem deixa minha menina desse jeito merece morrer.

- Já que quer tirar tanto a vida de quem tirou sua razão de viver, porque não se mata? Seria um grande favor. – pedi ao saquar minha arma
- Quer ser o primeiro?
- Kaname, por favor, não faça nada ao Zero. Eu te imploro – pediu Yukki se colocando na minha frente
- Saí daqui Yukki. – pedi
- Kaname, eu realmente não te conheço mais. Onde está aquele cara que me protegeu?- perguntou Yukki

Não sei exatamente o porquê. Mas essa frase me causou um ódio muito mais doentio, minha vontade era estourar a cabeça do Kaname e era isso que ia fazer agora.

- Talvez ele esteja no mesmo lugar em que seu amantezinho vai agora.

Foi em poucos minutos, mas foi uma dor que parecia não acabar nunca mais.
Não tive tempo de desviar a tempo, na intenção de salvar Yukki aquela bala foi diretamente na minha direção.
Uma dor insuportável corria meu corpo. Me fazendo cair no chão tonto, desorientado

- Zero! – gritou Yukki ao se colocar do meu lado

Minha visão estava embaçada, minha cabeça latejava muita e sentia a cada segundo meu sangue sair do meu corpo.
Meu sangue e também minha vida.
Olhei para Yukki e a mesma chorava muito. Droga irá morrer deixando a garota chorando, morte muito digna Zero.
Sempre me diziam que o amor pode deixar de repente e mexer com nossos corações. Só não sabia que um vilão feito eu ia me apaixonar pela mocinha mais linda que já vi, Yukki.
Como já dizia naquele filme.
Nunca havia pensado como ia morrer, mas morrer no lugar de quem eu amava parecia uma boa forma de partir.
E era exatamente o que estava fazendo.
Minha visão quase nula e meus gritos de dor quase abafavam a voz tremula de Yukki e as risadas de Kaname em me ver daquele estado.
E a única coisa que consegui dizer foi.

- Eu te amo Yukki.