Eu e Peter caminhamos até o pátio sozinhos, já que Annie e Cody sumiram numa nuvem de fumaça.

Ahh esses ninjas..

O céu está nublado, com cara de que não vai demorar para chover.

Nós sentamos em um banco que não é longe de onde estamos.

Até por que a preguiça mata, então, agente é o mais preguiçoso o possível aqui.

Esse pátio é estranho, é tipo um quadradão, ele me lembra uma fazenda, mais não tão grande, a grama é molhada, e escura, e em algumas partes, na verdade na maioria, a grama é morta, o pátio é cercado com arame farpado.

Nossa pra que tanta merda, isso aqui é um internato, não um asilo, nem uma prisão.

Tem uma grande árvore ao centro do pátio. Ela até que não é feia.

Tem uma pequena casa azul claro desbotado, com farpas de tinta caídas, e tenho que admitir que é sinistro. Deve se do Zelador, ou coisa parecida.

–Liza – levo um susto ao escutar Peter quebrando o silêncio – por que você veio pra cá?

– Minha mãe morreu, meu pai desiludido se mudou para Nova Iorque, e começou uma nova vida comigo, nisso ele já era rico, mais daí começou a ficar mesquinho, sabe? Não deu mais bola pra mim, e viu que já não dava mais pra ele ficar comigo, então, o único parente que lhe veio á cabeça, foi minha tia. Meu pai, não fala comigo, desde que me mudei pra minha tia. – digo cabisbaixa – minha tia, depois disso, já não agüentava eu, nem o Henrique meu primo, então resolveu colocar agente aqui.

– Nossa, me desculpe – ele diz baixando a cabeça, com voz de arrependimento.

– E você? Como veio parar aqui? – pergunto tentando alguma coisa nova.

– Ahh, meus pais, eles vivem viajando, e não podem me deixar sozinho, e não confiam em nenhuma babá, e pra complementar são ricos e mesquinhos, tipo o seu pai – ele diz com a voz chorosa. E ainda com a cabeça baixa.

– sim que nem o meu pai... MAIS não fique assim, tá vamos mudar de assunto! – digo me levantando á sua frente, depois percebendo que afundei meus pés numa poça de lama.

Claro que Peter viu, e já começou a rir.

–Tá isso não foi nada engraça.. AAHH – grito ao cair de bunda na lama, PORRA!

Ele começa a gargalhar junto comigo.

–Tá certo me animou, agora levanta daí, vamos - ele estende a mão, e eu a puxo para a lama junto comigo, vindo junto um Peter no capricho com chicken, bacon, cebola, pepperoni... mentira, é que do jeito que eu falei parece um pedido de hambúrguer.

– EII – ele grita e continuamos rindo.

– Não mandei rir da minha cara! – digo rindo e jogando uma bola de lama na cara dele.

–AH É ASSIM?! – ele fala, já fazendo uma bola de lama maior que a minha.

– É ASSIM MESMO... NÃÃÃO! – digo quando vejo que já é tarde, já to com lama na cara, sim cara.

– A monitora vai ficar furiosa! – ele diz rindo.

– A MAIS ELA VAI FICA MESMO! – pulo em cima dele e começo a empurrar sua cabeça em direção á lama.

Sento em sua barriga.

VIU?! VIU?! É BARRIGA, NÃO É OUTRA COISA.

HUMPFH

– VAMOS!!! Você tem que ceder!!! – continuo rindo – AAH CONSEGUI!!! – mergulhando o cabelo dele na lama.

– AHH É? – ele levanta pega meus pulsos, e me vira contra a lama – GANHEI RÁÁH. – fazendo o mesmo comigo OMG.

– Que lindo esse casal apaixonado – Annie diz se aproximando rindo da nossa cara.

Fico sem jeito, pelo visto Peter também.

Ficamos de pé.

–Nós só estávamos... – digo, encarando ele, e procurando o resto da resposta.

– Brincando na lama, por que? O que que tem demais, duas crianças brincando!- ele diz, e eu dou um soco de leve no ombro dele. PORRA ele tá todo sujo.

– Ah claro.. Liza eu te espero no quarto, é que eu vim avisar que a monitora já tá chamando para o descanso, é pra arrumar as coisas - ela diz firme.

– Ah, tá bom, tchau Peter – pego uma bola de lama, e o abraço, colocando a bola de lama nas suas costas. Mais com força, pra marca mesmo!

E saio correndo, quando uma bola de lama acerta meu cabelo, perto da nuca.

–Tchau Liza!!! – ele grita rindo.

[...]

Entro de fininho para a monitora não me ver, consigo entrar no quarto, e vou direto pro banho, NOSSA EU TO IMUNDA!

Aqueço a água, e entro.

Claro né besta, eu tirei a roupa, eu não tomo banho de roupa, mais como eu sou uma mula, PQP!

[...]

Termino meu banho, e coloco uma calça preta jeans nova que meu pai entregou junto á mala, uma flanela quentinha branca, azul, e preta, um Tênis all star preto, e uma meia da Hello Kitty, sim eu amo a Hello Kitty.

Como também amo fotografar.

WOW

Saio do banheiro e vejo Annie arrumando suas coisas no Guarda-Roupa.

Abro minha mala, e começo a pesquisar o que que meu pai me deu.

Tem várias roupas do meu estilo, UFA.

OLHA! Ganhei um celular, legal.

Eu não tinha’ celular.

Ele é pretinho, fofinho, e pequeno.

Eu não fico tão, tipo, ALEEEEGREEE, mais eu fico naquela expectativa né.

Olho o celular, e vejo que meu pai já colocou o numero dele aqui.

Começo a ligar,

– Alô? – um homem diz do outro lado da linha – filha?

FILHA O CARALHO, TU SÓ ME CHAMOU ASSIM UMA VEZ NA VIDA, E OLHE LÁ.

– sim, oi pai, eu ia te pedir umas coisas – digo.

– Ah claro pode falar. – ele diz ansioso.

– é que, sabe, eu ia te pedir dinheiro, pra arrumar o meu quarto aqui do internato, e uma câmera profissional. –sim eu falei isso, TOMA VERGONHA MENINA!!, apesar que ele é meu pai né. Pode ser um Filho de um corno, mais continua sendo meu pai.

Felizmente, ou Infelizmente.

– Ahn, claro filha, quanto você precisa? – ele pergunta, como se nada tivesse acontecendo, como se eu tivesse pedido uma bala pra ele.

– Ahn, perai . – começo a calcular as merdas que tenho em mente para o meu quarto.Desisto, é muita coisa – Agente poderia sair hoje, ou amanhã, para comprar as coisas?

– Ah, desculpa filha, eu não tenho tempo, será que se incomodaria em sair para comprar esse material com a Valeria? – Valeria ,sim sem o acento, é a secretária dele, até que ela é fofa, e bem sociável, e amiga de um cara puto. Meu pai.

– Ahn, tá pode ser, mais e a câmera? Tipo, eu quero ela pra ontem.- digo, já tentando mostrar “superioridade”, tipo : ‘’ EU QUE MANDO NESSA BAGAÇA TODA AQUI NEGADA!!!”

– Sim, agora eu tenho uma reunião, na volta, eu já compro, e já te envio, ela chega amanhã, ou depois de amanhã. Pode ser? – ele diz, já começando um “tititi” na mesma linha.

– Claro pode ser.- digo. – Tá era só isso tchau pai.

– Tchau filha, só isso mesmo? – ele pergunta COMO SE FOSSE O PODEROSO CHEFÃO, mais porra, ele é o poderoso chefão, ARGH!

– sim pai só isso, tchau – desligo. – SEU FILHO DA PUTA, EU TE ODEIO CARALHO!

E jogo meu celular na cama.

– O QUE HOUVE?! – Annie pergunta assustada

– AH É O MEU PAI, ele fala como se eu tivesse pedindo a coisa mais barata do mundo, tipo, na boa. Aii eu falo pra ele ir comigo comprar as coisas para o nosso quarto, e ele diz “NÃO, TU PODE IR COM A VALERIA?” PORRA ELE É MEU PAI, TÁ CERTO QUE NUNCA ELE ME DEU MUITA BOLA, MAIS PUTA QUE PARIU VELHO!.

– Tá se acalma, tá bem? – ela fala com uma voz tranqüilizadora. – você quer que eu arrume seu armário, enquanto tu fica tentando te acalma, irritadinha?

–tu faria isso por mim? – pergunto.

– Claro, olha só, você vai reformar nosso quarto, por que eu não faria uma coisa simples dessa sua loca. – ela diz, enquanto me aconchego na cama.

– Ah, me diz uma coisa, á quanto tempo tu conhece o Cody? – pergunto curiosa.

– ah – ela arruma o cabelo para trás da orelha. – eu conheço ele á 10 anos.

– OQUE?! – sento na cama rapidamente, me arrependendo depois que sinto dor no pescoço por causa do puxão,

Ela se senta na cama dela, e começa a olhar para mim, com cara de choro.

– o que que houve Annie? – pergunto ficando á sua frente, sentada na minha cama.

– é que, é... que – ela coloca o rosto entre as mãos. – eu gosto dele, desde que o vi pela primeira vez, e nunca tive coragem de contar – ela começa a ficar com a voz rouca – ele, já namorou uma garota, loira, sempre loira.., e vivia me falando de como gostava dela, e eu nunca tive coragem de contar á ele que eu gosto dele.

– Ah, velho, sério? – fico observando ela, quando ela começa a chorar – não, não chore, não, por favor não.

Chego, sento ao seu lado, e a envolvo com o braço esquerdo, sério não chora, enxuga essas lágrimas mulher! VAMO LÁ, QUEM MANDA NESSA BAGAÇA SOMOS NÓS! – digo vendo o sorriso que se forma em seu rosto – tu que ir comigo comprar os materiais?

– sim – ela responde recuperando a voz.