Ok, eu não faço a mínima ideia de onde estou. Só sei que tenho uma mochila e um arco pendurado nas costas.

Não sei meu nome, minha idade ou qual é a cor dos meus olhos (por que não tem nenhum espelho á vista.) Estou usando uma camiseta dos Beatles e um short jeans. Meu cabelo (que não para de cair nos meus olhos ) é castanho claro e liso.

Procurei no celular que estava em meu bolso contatos como "Mãe", "Pai" ou "Ligue para descobrir sua identidade", mas os nomes que achei só me fizeram contastar em que circunstancias eu conheci alguém chamado "Clô" ou "Joroelso".

Pelo visto estou numa cidadezinha chamada "Cosmus" e acabei de entrar numa de suas únicas lanchonetes. Sentei na ultima mesa, de tampo vermelho encardido. Não fazia a mínima ideia se tinha dinheiro ou não, mas estava morrendo de fome.

Comecei a vasculhar na mochila de lona vermelha, e fiquei surpresa com o que vi: eu tinha 5.000 dólares em notas de 20 e 50. Ainda havia duas mudas de roupas, uma jaqueta de couro, barras de cereal, suprimento de flechas e uma garrafa térmica cheia de bebida energética..

A garçonete se aproximou, a saia do avental farfalhando em suas pernas.

– Posso ajudar?

–Hum... um x-burguer e uma coca.

– Mais alguma coisa? - perguntou, com um sorriso que me fez contastar por que uma garota tão bonita estaria trabalhando numa lanchonete tão decadente como essa.

– Bom, só se você tiver alguma dica.

– Só não peça o nº. 3. É uma droga. Ei, qual é o seu nome?

Meu coração parou. Eu não tinha nenhuma resposta, e falar "Desculpe, mas eu acordei aqui e não sei meu nome, nem minha idade. Mas foi um prazer te conhecer!" seria muito estranho.

– Lyn - inventei rapidamente, mas alguma coisa em mim dizia que não era mentira.

– Nome bonito... - e se afastou, sem dizer mais nada.

A porta da lanchonete se abriu, e um garoto, que usava jeans e uma camiseta laranja entrou, ajeitando o boné na cabeça. Sentou-se à mesa na frente da minha, e começou a me encarar sem disfarce, estudando meu rosto como se eu fosse a coisa mais interessante a vista.

Abaixei a cabeça e fingi estar muito interessada em minhas unhas, que, pintadas de preto, eram bem afiadas. Fechei a mochila quando a garçonete bonita trouxe um hambúrguer e uma coca-cola normal e colocou na minha frente... Olhei rapidamente para o garoto, mas ele estava absorto em uma revista sobre jardinagem chamada “Sátiro Feliz”. Vai saber.

Comi rapidamente, e olhei para os lados. Para onde iria agora? Estava escurecendo, e eu não fazia a mínima idéia de onde estava. A placa do lado do balcão dizia que ficavam abertos vinte e quatro horas, e talvez... bem, se eu ajeitasse a mochila... conseguiria ficar até confortável naquela mesa...