The Child Of The Lightning escrita por lullaby of the silence


Capítulo 1
Capítulo Um - Strike três, você está fora.


Notas iniciais do capítulo

Finalmente estou postando minha fanfic de Percy Jackson. Estou bolando ela a muito tempo, mas nunca tive o "empurrão" que faltava para começar a escrever.
Um agradecimento inicial a minha Beta Tory Ster (Tory_di_Ângelo) pelo empurrão que eu precisava.
Aproveitem a leitura.



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–Strike um! – gritou Erick da arquibancada, com as mãos em concha ao redor dos lábios. Cerrei os dentes.

–Eu sei! – gritei de volta. O treinador me olhava com uma expressão surpresa, não era um costume meu errar uma tacada, principalmente uma fácil que nem essa. – Manda!

O treinador hesitou e respirou fundo. Ergueu o braço e lançou outra bola, uma rápida desta vez. Girei o taco. Strike dois.

–Vamos lá, Alex, você pode fazer muito melhor que isso, garota! – Sarah me incentivou, ao lado do irmão. Ela estava dando uma bronca nele.

–Claro que sim, por isso está errando todas. – respondeu Erick, sorrindo maroto para a irmã. Sarah lhe deu um tapa.

–Deixe-a em paz, Erick! – murmurou ela estreitando os olhos.

Deixei o taco escorregar de meus dedos e me sentei na primeira base. Droga, eu sou ótima em baseball. Foi ele que evitou minha expulsão dessa escola há três anos e agora eu simplesmente não conseguia mais rebater uma bola que fosse.

–Tudo bem aí? – o treinador estendeu a mão para que eu me levantasse. Eu aceitei e suspirei.

–Eu errei.

–É, eu vi.

–Não erro uma tacada há messes, como posso ter errado tão feio agora? – cruzei os braços. Era tão frustrante!

–Suas mãos estavam tremendo quando você fez a tacada. É só nervosismo, Torrez. Quer me contar o que aconteceu?

Mordi o lábio, os olhos observando o meu taco na areia em volta da primeira base. Por longos segundos, tudo o que se ouvia era a discussão dos gêmeos loiros na arquibancada, estapeando-se e cuspindo respostas atrevidas misturadas a insultos engenhosos. A verdade é que eu odeio me sentir fraca, principalmente na frente do treinador Willians, que foi como um pai pra mim nos meus três anos no Reformatório para Delinqüentes Juvenis de Nova York. Eu entrei quando eu tinha treze anos e arrumei uma briga feia com uma líder de torcida quando a acusei de ter roubado meu boné do Red Sox. Peguei o meu taco e bati no seu joelho com a força que consegui arranjar, que foi suficiente para romper um ligamento. O diretor queria me mandar para um reformatório mais rígido e, quando ele estava prestes a ligar para a minha mãe, o treinador entrou e falou: “Bela tacada. Você joga?”. Não me lembro bem o que aconteceu naquela tarde, mas sei que entrei na diretoria em perigo de expulsão e saí como a nova rebatedora.

Mas o meu problema não era esse. O meu problema não era uma líder de torcida de cinqüenta quilos mal-educada, e sim uma formatura idiota que vai acontecer em dez horas.

–Willians, seja sincero. Você consegue me ver de vestido e salto alto sorrindo para o diretor? – respondi.

–Talvez. Se o sorriso for cínico e você estiver recebendo pra ficar naquele vestido. – ele abriu um sorriso quando me viu rindo. – Última noite. Acha que aguenta?

–Quem sabe. – apanhei meu taco e o coloquei sobre os ombros. Virei-me para a arquibancada. –Acha que devemos interromper?

Ele olhou para os gêmeos brigando.

–Não. Apostei com o professor de matemática que eles se matavam antes da formatura.


Ω

Meu nome é Alexandra Torrez, sou uma hispano-americana de dezesseis anos, filha única que sustenta a mãe (não deveria ser o contrário?) não sendo expulsa da escola reformatória e forçando nós duas a nos mudarmos para outro lugar novamente. Meu pai fugiu de volta para ex-namorada quando eu tinha seis anos, então a única memória que tenho dele são lembranças vazias, promessas nunca cumpridas de me levar para um jogo dos Red Sox e o seu boné velho do time mencionado anteriormente. Minha mãe é Susan Torrez, antes Maria Esperanza. Mudou nosso sobrenome e nossa cidade natal (uma cidadezinha no interior da Califórnia chamada Winchester) a fim de que meu pai nunca nos encontre. Ela diz que estamos melhores sem ele, se bem que o termo que usa é “estamos mais seguras”, mas vá entender, acho que ela respirou muito chumbo da tinta. Ela é uma artista e pintou cada centímetro quadrado de parede do nosso apartamento com temas de mitologia greco-romana.

Estou falando sério. Durmo de cara para uma ninfa da floresta com margaridas no cabelo.

Nós moramos em um antigo apartamento de tijolos vermelhos que fica em cima de uma pizzaria e tem uma escada de incêndio. Congelamos no inverno e torramos no verão, mas é o nosso lar assim mesmo. E eu não via a hora de voltar para lá novamente.

Mas, por enquanto, eu estava presa no reformatório. Andei em silêncio até o meu quarto, os fones de ouvido gritando a melodia de Holiday ¹ nos meus ouvidos. Quando cheguei ao início do meu corredor, fechei os olhos e comecei a fazer um solo de bateria, acompanhando o ritmo perfeito de Tré Cool² enquanto sacudia a cabeça. Quando a movi para frente com violência, senti que bati em alguma coisa. Ou melhor, em alguém. Eu estava prestes a pedir desculpas quando vi no que tinha batido. Jéssica.

Jéssica Delay é uma daquelas pessoas insuportáveis que você não quer ter como amigo ou como inimigo. Pelo menos, se você é alguém como eu. Ela nunca foi com a minha cara e o sentimento é recíproco.

–Olha por onde anda Torrez! – ela gritou exageradamente. A voz era tão aguda que conseguia ser mais alta que os acordes da guitarra. Coloquei a música em pausa e olhei para ela.

–Eu só estava apreciando um pouco de boa música, Delay. Se você soubesse o que é isso, saberia que é um pecado fazê-lo de olhos abertos. Corrompe a pureza instrumental dela. – falei e lhe dei meu melhor sorriso presunçoso.

–Até parece. Essa coisa não devia ser chamada de música! É só barulho!

Trinquei os dentes. Me bater pode. Xingar os meus netos que nem sonham em existir, pode. Mas falar mal da minha banda favorita?

Essa garota vai apanhar.

Ela deve ter percebido a minha intenção ofensiva, por que apontou para o topo da parede e sorriu

–Oh, não vai querer que o diretor veja você bater em outra líder de torcida, vai?

Olhei para a direção em que ela estava apontando e meu punho amoleceu. Quase me esqueci que o colégio monitora os alunos com câmeras de segurança para garantir uma prova em vídeo caso eles façam alguma coisa que possa ser suspeitamente ilícita. Baixei o braço e a olhei.

–Não vai ter essas câmeras e o seu pai para te proteger lá fora, Delay.

–Isso foi uma ameaça? – ela colocou a mão em concha ao lado do ouvido para ouvir melhor. – Por que meu pai vai adorar te—

–Isso foi um aviso amigável. – falei entre dentes, com a expressão mais seca que pude formular. – Lá fora, você é carne fresca para garotas como, bem, eu. Fica bancando a durona, mas é covarde demais para lutar as próprias lutas. Aliás, o que você fez para estar aqui mesmo?

Ela perdeu a expressão de superioridade por um momento.

–Foi o que pensei. Adeus, Jéssica.

Caminhei o resto do corredor e me recusei a olhar para trás. Em outras ocasiões, eu adoraria puxar briga com ela, mesmo. Mas a única coisa que poderia me manter por mais tempo nessa escola era arranjar confusão e nada me deixaria mais um segundo a mais longe da minha mãe e de seus cookies de chocolate.

Ω

–É aqui, obrigada! – entreguei uma nota de vinte dólares ao taxista. – Pode ficar com o troco!

Desci do táxi munida de nada mais que o meu boné de baseball e o taco do mesmo. Meu primeiro dia fora do reformatório em três anos. A minha mãe passava lá para me ver sempre que podia, mas era bom estar em casa novamente. Sorri para a familiar construção de tijolos vermelhos.

A porta da Pizzaria do Henry estava com a placa virada com os dizeres “Sentimos muito, estamos fechados! Reabriremos às 12h.”, mas eu sabia que ele só fazia isso no meio da semana quando ele estava contando o caixa do mês. Empurrei a porta e o vi sentado em uma das mesas com uma calculadora, maços de dólares e um caderno. Na sua orelha tinha um lápis e ele olhava concentrado para o número na calculadora.

Henry Burton não era um homem namorador, mas era por escolha própria. Ele gostava de dedicar-se a sua pizzaria e pretendia abrir outra mais próxima da cidade para aumentar os lucros e comprar o barco que sempre sonhou. Ele tinha cabelos encaracolados loiros escuros, olhos castanhos e uma barba curta por fazer toda vez que eu o via. Nunca o vi sem aquela barba e eu acho que ele nunca se barbeou pra alguém.

–E aí Henry? – eu tirei a cadeira que estava ao seu lado de cima da mesa e sentei nela. Ele levantou os olhos de sua calculadora e sorriu para mim.

–E aí Alex. – respondeu, recostando-se na cadeira e cruzando os braços – Grande dia hoje, hã?

–Nem me lembre disso. Vestido, salto alto, pulseira com flores, argh. – resmunguei, apoiando os cotovelos na mesa e o rosto nas mãos. – E adivinhe só: ninguém me convidou.

–Aqueles caras não são bons o bastante para você. Um dia você encontra alguém, confie em mim.

–Hm. – dei de ombros. Henry voltou as suas contas e eu fiquei observando ele enquanto isso. Ele tinha uma expressão preocupada no rosto. – Tudo bem aí, parceiro?

–Nada bem. Tem dinheiro suficiente para pagar Jack e Damen, mas não para pagar as contas...

Notei o desespero na sua voz. Sem dinheiro para as contas também queria dizer que ele não tinha dinheiro para o aluguel da pizzaria. E, bom, sem aluguel... Sem pizza de graça para o jantar. Peguei a carteira no bolso.

–De quanto você precisa?

–Alex, eu não posso pedir seu dinheiro, você tem dezesseis anos e também tem as contas do apartamento para pagar. Mas pode deixar, eu vou dar um jeito. – e então, ele sorriu – Eu sempre dou, não é mesmo?

Hesitei. Tudo bem, de uma forma milagrosa, o dinheiro sempre aparecia, nem que fosse no dia em que o senhorio vinha cobrar o aluguel, e as contas estavam sempre pagas. Alguém lá em cima com certeza estava olhando por ele. Sorri e guardei a carteira.

–Tem razão. Vou subir e falar com ela, nos vemos no jantar.

Ω

Tinta fresca e cookies de chocolate. É esse o cheiro da minha casa.

Bem ao lado da Pizzaria do Henry você pode ver – a não ser que tenha ficado vidrado com o cheiro de pizza fresquinha – uma porta verde cor-de-musgo. Não é a cor mais bonita do mundo, mas minha mãe adora. Está vendo a porta? Pois bem. Esse é o único local que não é pintado com ninfas, sátiros, naíades, musas, ciclopes, harpias, monstros em geral ou deuses. O único fora o teto, mas é só por que minha mãe ainda não arranjou um modo de pintá-lo.

Girei a maçaneta e entrei no que para muitos pareceria um sonho irreal. As paredes, os corrimãos da escada e até as lâmpadas na parede tinham pinturas. Eu estava no meio de sátiros e ninfas que corriam por entre as árvores e me seguiam conforme eu subia a escadaria. Todas elas sorriam mas eu apenas olhava para os degraus e os subia o mais rápido que podia. Vasculhei a sala com o olhos e larguei o taco no chão.

–Mamãe? – chamei, sem resposta. Eu estava prestes a chamar de novo quando o som de alguma coisa caindo veio da cozinha e a minha mãe adoravelmente descabelada apareceu na porta, sorrindo de orelha a orelha.

–Alex! – ela gritou e correu para me abraçar. Nos encontramos no meio do caminho porque eu corri de imediato para seus braços. Ela beijou os meus cabelos e desfez o abraço para espremer meu rosto entre as mãos – Eu senti tanto a sua falta! Olha pra você, está tão crescida!

–Mãe, eu não cresci um milímetro que fosse nos últimos três meses, você deve estar respirando muito chumbo dessa tinta... –respondi, rindo.

Ela acompanhou minha risada, os olhos inundados de lágrimas. Tinha tinta na sua bochecha e farinha na sua blusa, mas ela continuava linda para mim, de qualquer forma. Os olhos dela são castanhos escuros, assim como seus cabelos e as bochechas são salpicadas de sardas. Ela me abraçou novamente com o dobro da força anterior e depois segurou minha mão, me puxando para a cozinha.

–Vamos, fiz uma fornada de cookies de chocolate só para você. Quero saber tudo o que aconteceu.



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Notas finais do capítulo

Muito obrigada pela atençao, e que tal deixar um review? Não dói nem aparece pra te matar no meio da noite...
...Diferente de mim. e_e
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¹: Hollyday é uma música da banda Green Day.
²: Tré Cool é o baterista atual da banda Green Day.