A última festa do ano na escola.... O Encerramento o ano letivo..... O ultimo concurso de talento do ano...

- Estou nervoso... – disse Miyavi sentado na calçada, ainda era cedo, e havia poucas pessoas no salão de festas.

- Você nunca ficou assim Meevs... – sorriu Kai – É só a ultima apresentação do ano.

- Minha última chance... Sabe, do grupo, acho que sou o único que tem como opção profissional no futuro só carreira musical. – disse ele bagunçando o cabelo.

- Você tem muitas chances, mesmo se não ganhar o concurso... – sorriu Kaya. – E digo isso, não só por que sou seu namorado, mais sim por que eu vejo você um músico de talento excepcional.

- Obrigado, mas eu ainda continuo nervoso... – sorriu Miyavi apertando a mão de Kaya....

- Logo você vai ficar mais calmo... – disse Kai.

- A não ser que eu comece a rir, lá embaixo – disse Toshiya chegando.

- Totchi! – sorriu Kai. – Pensei que não viria...

- Fiquei entediado lá...  – sorriu ele se sentando ao lado dos três. – Mas vocês não falaram quem mais vai se apresentar hoje ...

- Ah... O Kyo..., Eu... O Kaya... O the Gazette.... A banda da turminha do fundo que eu nunca lembro o nome.

- Ah... O Kyo vai cantar sozinho... – falou Toshiya um tom quase melancólico.

- Que foi Totchi? – perguntou Kai.

- Ele só conseguiu participar do ultimo concurso graças à classificação do DeG.

- Eu sei que é injusto. Mas praticamente todos abandonaram a banda. – disse Kaya.

- Eu queria continuar com a banda... Era uma maneira de ficar longe da minha casa... Da minha mãe... – disse Toshiya.

- Você já vai ficar longe dela. – disse Kai.

- E consequentemente de você...

- Vamos parar de depressividade.. Por que hoje é dia de festa!. – disse Kaya se levantando e indo na direção do grupo que se aproximava

Toshiya ficou sem graça, e se levantou....

Kai olhou para ele, num pedido de desculpas, e ele apenas sorriu e entrou no salão.

- Você vai contar?  - perguntou Miyavi, olhando o  moreno de covinhas, que estava agora cabisbaixo.

- Como eles vão reagir? Eu tenho medo de que todos eles, inclusive o Uruha, me odeiem por ter escolhido o Totchi...

- Eles não podem reclamar de você estar seguindo em frente... – Miyavi deu um abraço no moreno, que se sentiu mais confortável...

-Vou tentar contar no fim da festa então... Terei tempo pra pensar em como vou falar, e de como vou reagir diante da resposta deles.

- Yo!Kai-chan... – Uruha praticamente pulou no colo de Kai. E isso fazia o coração dele falhar uma batida.

- Uruha-chan... Assim você  machuca o Kai! – riu Ruka que foi o segundo a se aproximar.

- Ele é leve... – riu Kai. – Muito leve.... Você não come, Uruha?

- O Uru, só não passa fome por que eu insisto muito pra que ele faça as refeições direito. – disse Ni-ya rindo, que estava carregando a guitarra do Uruha.

- Bom, acho melhor irmos entrando e preparar os nossos instrumentos nee... – disse Reita rindo.

- Vamos, vamos logo, antes que o Ruki fuja, por que ele não tá a fim de cantar hoje. – disse Aoi.

- Ah... Cala a boca...  – respondeu o loirinho que parecia estar muito bravo.

- Calma, Ru-san... –disse Ryosuke.

- O que foi Ru-chan? – perguntou Miyavi.

- O Yomi não pode vir... Está doente... – reclamou.

- Mas só por isso você vai ficar assim?.... Alguém filma você  se apresentando e depois você mostra pra ele. – disse Kai, com um ar de quem tinha resolvido tudo,

- O problema não é isso, e sim por que eu queria estar lá com ele...

- Ru-chan, é só você cantar e depois ir lá, todos vão entender. – concluiu Uruha.

- É isso... Muito bem, o Uruha é a única mente inteligente que está aqui nesse momento? – riu Ruki.

- O Kai tá de férias, é por isso... – riu Uruha. – Estou substituindo ele nesse período.

Todos riram...

Assim que entraram, Uruha olhou justamente no ponto onde o Toshiya estava. E por instinto se encolheu, e como o Kai era o mais próximo, segurou o braço do mesmo. Fazendo-o encarar Toshiya, por alguns segundos.

O salão começava a encher de pais e alunos, e alguns empresários da industria musical estavam por lá para observarem as apresentações e serem os jurados do concurso.

Miyavi quase não conseguia tocar a própria guitarra.

- Mudei de idéia... – disse  respirando fundo

- Como assim mudou de idéia? – perguntou Kaya, como se fosse dar um surto psicótico.

Ele deixou a guitarra com Kaya e correu para perto de Toshiya que estava sentado num ponto isolado do salão.

– Totchi...

- O que houve Taka? – perguntou ele surpreso pelo irmão estar ali.

- Você consegue tocar uma música? Lembra... Aquela que você ficou me ajudando lá em casa.

- Claro... Mas...

- O Kai ajuda com a batera... Vamos é só uma pra me ajudar! – sorriu.

- Mas eu tô sem meu baixo aqui... E ...

- O Reita me empresta... Ele vai entender...

- Tudo bem então... – Toshiya se levantou e seguiu o irmão, sendo observado por todos os garotos do Kei.

- Kai, me ajuda com a batera, aquela música que tocamos juntos no ultimo ensaio?

- Tá! – sorriu.

- Rei-chan... Você pode me emprestar seu baixo... Só por uma música...

- Empresto... – Reita entregou o baixo para o Miyavi. – Só  não desafina tá...

- Já devolvemos... – disse Miyavi entregando o baixo para o irmão...  – Vamos Totchi, Kai-chan... – ele pegou a guitarra que estava com o Kaya.

Os três subiram ao palco, já que iriam tocar primeiro, os jurados já estavam nos lugares, e Miyavi respirou fundo... Só tinha ensaiado aquela música uma vez.... Nada podia dar errado agora.

- Yo... Como alguns já sabem eu sou o Miyavi, e dessa vez eu conto com a ajuda do meu irmão, Toshiya e o Kai do the Gazette. A música é PAPA MAMA NOZOMERU NU BABY.

Eles deu os primeiros acordes e começou a cantar, com o Toshiya fazendo a segunda voz.

“Nakitakunaru you na Fuckin’ Days.... Mr. Godness.”

Uruha tentava olhar somente para o Miyavi, mas seus olhos temerosos desviavam para Toshiya.

- Eu tenho que superar isso... Eu tenho... Tenho... Tenho que parar de ter tanto medo dele. – pensou o loirinho, respirando fundo. – Isso faz mal pra mim....

- O que foi Koi? – perguntou Ni-ya abraçando ele.

- Nada Ni... Eu só estou apreciando o Myv... Ele nunca cantou dessa maneira agressiva...

- Bom... Essa música parece traduzir o que ele pensa sobre o pai dele. E olha quem está assistindo também... O pai dele. – disse Ni-ya apontando para o canto onde Toshi estava.

- Espero que ele entenda o recado... – disse Uruha.

- Eu também...

Assim que terminaram a canção, já era a vez do Kyo se apresentar, ele subiu no palco, acompanhado de sua namorada. E havia agora um piano no palco.

- Sou Kyo... Ao piano está a Myako.... Essa canção se chama Namakakeshiki, Ansoku Hooemi...

Assim que a garota deu as primeiras notas, aquela canção parecia que entraria pelas veias de todos ali presentes...

Mesmo que ninguém tivesse visto, Toshiya abraçou Kai por trás, e ficou assim por um tempo.

Assim que terminou a música, os dois se afastaram um do outro.

Foi algo automático, como se eles tivesse medo de todos ali presentes.

Era a vez do Kaya se apresentar, seu vestido era muito mais curto que o comum, chamando a atenção de todos, realmente.

A música que ele apresentou se chamava Psycho Butterfly, e que surpreendeu a todos, por que ele cantou sem o falsete, mostrando sua voz masculina.

Isso realmente impressionou a todos,e a ultima banda a se apresentar foi o the Gazette.

Ruki subiu ao palco, um pouco desanimado, mas ao ver tudo lá de cima, já se sentiu melhor... Adorava ver o publico...

Assim que todos preparam seus instrumentos, Ruki anunciou o nome da música, que se chamava ‘Remember the urge’.

A Banda escolhida seria anunciada somente no final da festa,  e enquanto isso, o som ficava por conta de um DJ.

 Kai se afastou de todos, procurando o Toshiya, que parecia ter desaparecido no meio de tanta gente.

- Kai-chan...  – Ni-ya segurou o braço dele.

- Ni-ya.... – sorriu o moreno se virando.

- Você viu para onde o Uruha foi?

- Não... – Kai já ficou preocupado... O Uruha tem muito medo do Toshiya, e caso os dois se esbarrem, mesmo que o Toshiya nem faça nada, ele pode ter um ataque... E... – Eu procuro ele pra você.... – sorriu se soltando

- Obrigado... – Ni-ya se afastou dele, e assim que o fez, Kai saiu correndo pelo salão.

E a cena que nunca imaginou ter visto, era de Uruha se aproximando por vontade própria de Toshiya, que estava distraído no canto.

Assim que Toshiya percebeu a aproximação, estranhou, e muito.

- Eu não posso chegar perto de você, sabe disso... – disse ele deixando a latinha de refrigerante, que estava na sua mão, em cima da mesa.

Uruha só ficou olhando ele, de uma distancia que considerou segura.

- Eu sei... – respondeu com a voz tremula. – Mas eu preciso superar o medo que eu tenho de você... Isso atrapalha minha vida...

- Me perdoa? – perguntou Toshiya, surpreendendo Uruha. – Eu agi de maneira impensada com você... Mas no fundo acho que nunca quis machucar você.

- Mas machucou... Me assustou... – disse Uruha se controlando, para que as lágrimas que enchiam seus olhos não caíssem e borrassem sua maquiagem.

- Já paguei por isso, na minha opinião...

- Pagou...

- Então, a única coisa que falta na minha vida, é o seu perdão... – Toshiya se levantou, mas não se aproximou de Uruha.

O loirinho se encolheu com o movimento de Toshiya.

- Perdoar?.... – Uruha sentiu alguém lhe abraçando, se virou, e era o Kai, que até agora tinha só observado de longe. – Kai-chan...

- Finja que eu não estou aqui...  – sussurrou o moreno.

- Tá... – Uruha voltou o olhar para Toshiya. Seu corpo ainda tremia de medo, mas estavam cercados de pessoas, mesmo que Toshiya fosse fazer qualquer coisa contra ele, tinha muita pessoa ali observando, e também havia o Kai, mais perto o possível de Uruha. – Não sei se consigo Toshiya... Eu não sei se posso lhe conceder isso.

Toshiya abaixou a cabeça, aquilo era a única coisa que queria ouvir de Uruha, dali a um dia ele iria embora, e queria ir perdoado, para poder recomeçar sua vida direito. Não podendo conter as próprias lágrimas, as deixou correrem pelo seu rosto.

Kai queria ir abraçar Toshiya nesse momento, mas se conteve o máximo que pode. Ele se viu dividido entre seu amor e seu amigo... e aquilo doía muito.

- Você está chorando, da mesma maneira que eu chorei por dias... Você sabe que eu me senti um lixo? Que eu fiquei me perguntando o porquê de você ter feito aquilo comigo?... – Uruha secou as lágrimas teimosas, que ‘fugiram’ de seus olhos.

Toshiya começou a chorar com mais intensidade... Ele não sabia a dimensão da dor de Uruha, e saber isso agora, estava lhe destruindo. Ele levantou o rosto, para encarar o loirinho, que pode ver mais claramente suas lagrimas.

- Mas algo me diz que você quer mudar... Quer apagar o passado, eu deveria tentar fazer isso também? Eu deveria esquecer essa dor? Esse medo?

- Uruha... Eu fui um inútil, sempre fui...

- Eu... – quando Uruha ia responder, todos os garotos do grupo Kei se aproximaram, fazendo Toshiya se encolher, se afastar ainda mais.

Quando Ni-ya foi para cima de Toshiya, Kai soltou Uruha e imediatamente segurou Ni-ya para que ele não se aproximasse mais

- Ni-ya não... Eles estavam só conversando... O Totchi não fez nada... Vamos deixar eles terminarem o assunto, e depois tomar as atitudes... Continua Uruha-chan...

- Eu... – Uruha respirou fundo, só uma palavra poderia mudar tudo? Era isso que se passava por sua mente... – Te perdôo Toshiya, te perdôo, por que eu quero superar isso, eu quero superar você... – disse ele se afastando.

Todos do grupo ficaram espantados com as palavras de Uruha, nunca o ouviram tão ‘decidido’.

Kai soltou Ni-ya, e todos se afastaram, seguindo Uruha, somente Kai, Miyavi e Kaya ficaram.

- Totchi... Você está bem? – perguntou Kai preocupado.

- Eu acho melhor eu voltar para casa... Desculpa Kai, Myv, Kaya... Não vou estar aqui para saber o resultado...

- O que houve, Toshimasa, você está bem? – perguntou Toshi se aproximando do pequeno grupo.

- Estou bem,pai, só estou um pouco cansado.... Vou indo... – Toshiya se despediu de Kai com um breve selinho, e acenou para o Miyavi e para o Kaya e se afastou deles.

- Vá direto para casa, tudo bem? Eu vou depois... – disse Toshi.

Depois de alguns segundos sem ninguém se pronunciar.

- Takamasa, Tatsuya... Sobre a apresentação de vocês... Vocês tem talento... – Toshi deu um meio sorriso, e se afastou .

Miyavi se espantou.

- Ele prestou atenção em nós?  -disse ele olhando Kaya.

- Acho que sim... – sorriu Kaya abraçando o namorado.

- Eu não consegui falar pra eles... No fim das contas... – disse Kai de cabeça baixa.

- Kai... Sinceramente... Acho que não dá pra você contar mesmo... – Kaya olhou para ele – Todos ainda estão com raiva do Totchi... E vão te julgar mal, e eu não quero isso.

- É mesmo... – concordou o covinhas. – Eu posso deixar isso pra depois...

[Fim da festa...]

- Agora vai ser anunciado a apresentação vencedora do concurso... – disse o DJ.

Um dos jurados subiu ao pouco e tomou a palavra.

- É com muita satisfação, que venho anunciar que foram dois escolhidos esse ano... As apresentações foram bem criativas, e dinâmicas com o publico. E sem delongas... o segundo lugar fica com......... Tooru Nishimura... com a canção Namamekashiki, Ansoku Hooemi. – assim que ouviu isso, o coração de Miyavi, acelerou, por que agora teria somente uma chance. – E primeiro lugar.... ficará com... – o jurado deu uma pausa... que foi uma tortura para os outros participantes.  – Takamasa Ishihara.... com Papa Mama Nozomeru nu Baby.

Miyavi quase teve um surto,girou Kaya no ar, depois o Kai e o Uruha, que eram os mais leves..

Kyo se aproximou dele, e o cumprimentou educadamente.

Os dois subiram no palco juntos, como se fossem amigos..

Miyavi não se agüentava de emoção, sua chance estava ali... o single que podia abrir as portas para uma carreira musical...

- Bom, os jurados queriam ver mais uma apresentação dos dois, então qual irá se apresentar primeiro? – perguntou o jurado

- O Miyavi... – disse Kyo descendo do palco.

- Tá.... – Miyavi estava tão elétrico que já foi pegando a guitarra que estava largada no fundo do palco, e dando os primeiros acordes. – Kai-chan me ajuda... – disse ao microfone.

Kai subiu ao palco... e os dois embalaram o publico com o som de “Coo coo quack cluck”

[...]

Toshiya estava sentado na parque observando a movimentação das pessoas. Quando se sentiu mal, os remédios que tomava ainda eram tão fortes quanto os da quimioterapia, e voltar a tomá-los depois de algumas semanas sem eles, parecia que os efeitos colaterais eram piores que antes.

- Droga...  –Ele abaixou a cabeça,estava com ânsia de vomito.  Ele começou a suar frio... 

- Tem certeza, Mayumi? – Kenichi e Mayumi caminhavam pelo parque, e Mayumi percebeu que Toshiya passava mal.

- Kenichi, eu não vou deixar esse menino passando mal ai... sozinho... – ela se aproximou de Toshiya. – Hey... você está bem...

- Eu... tô... é só... os efeitos.... dos remédios que eu tomo... Logo passa...

- Eu te levo pra minha casa, não posso deixá-lo aqui.Assim que você se sentir melhor... você pode ir...

- O mundo é cruel mesmo... Todos a quem eu fiz algum mal, de alguma forma acabam me ajudando.  – disse ele ainda de cabeça baixa.

Mayumi e Kenichi se encararam por alguns segundos e logo ajudaram ele a se levantar.

[...]

- Obrigado, Kenichi-san, Mayumi-san... – disse Toshiya assim que terminou de beber a água que Mayumi havia lhe dado.

- O que você tem, que você toma remédios tão fortes? – perguntou Mayumi.

- Pensei que já sabiam....

- O meu irmão não comenta coisas sobre você...

- Mas os amigos dele sim... – disse ele respirando fundo. – Eu tive leucemia, e ainda estou em tratamento.

- Nossa... – Mayumi levou a mão a boca, surpreendida.

- Eu.. vou indo... não quero atrapalhar.

- Eu te acompanho... – disse Kenichi – Não pode  andar sozinho por ai...

- Não precisa, Kenichi-san... eu consigo ir sozinho... – ele agradeceu e saiu.

-Não parece ser o mesmo garoto daquele dia, no julgamento.

- A doença muda as pessoas... – disse Kenichi.

[...]

Miyavi desceu do palco, parecia em êxtase

- Meevs... você ganhou... cara.... – Reita grudou nele sendo imitado por todos os garotos do KEI.

- Devolvam me namorado! – riu Kaya.

- Já devolvemos... – disse Ruka.

- Bobo! – riu Kaya.

- Gente, eu tenho que ir falar com os jurados.

Miyavi puxou Kaya, e foi conversar com os jurados.

- O Myv merecia, ele lutou muito por isso... – disse Uruha abraçando  Ni-ya.

- E também acho... – disse Ni-ya selando os lábios do loirinho.

- Vamos ir embora agora? – perguntou Uruha.

- Quer ir já? – estranhou Ni-ya.

- O Myv tem que comemorar com o Kaya... – riu

- É isso é verdade, vamos ficar só mais um pouquinho... depois eu te levo.

- Tá...

Eles comemoraram com o Miyavi e realmente saíram somente no finalzinho da festa.

- Nos vemos amanhã... – disse Miyavi. – Vou organizar uma festa pra gente...

- Eba! – comemorou Hitsugi.

- Amanhã então nee? Vamos esperar! – disse Aoi que estava carregando nas costas, como já de costume, o Ryosuke.

- Combinado, ligo para vocês amanhã... – riu Miyavi.

[...]

- Ni-ya... o que você achou sobre eu ter perdoado o Toshiya? – disse Uruha.

- Uru... eu não tenho que criticar suas atitudes, o que você achou certo fez...

- Ni.... – Uruha o beijou.

- Adoro quando você me pega desprevenido....

Uruha sorriu. As primeiras gotas da chuva caíram com certa força, assustando Uruha, que olhou para cima.

- Vai chover forte.... – fez um bico. – E minha casa tá longe ainda.

- Mas logo passa.... vamos pra casa do meu tio, é mais perto, e assim que passar a chuva eu te levo embora. – sorriu o outro, após o convite.

- Tá bom... – Uruha segurou a mão dele, e Ni-ya o guiou até a casa, que estava  à uns cinco passos deles.

 Uruha não tinha ido ali antes.

- Não se preocupe, meu tio não se incomoda de ficarmos aqui. – disse Ni-ya abrindo a porta.  – Tadaima... – disse ao entrar.

Não obteve resposta, então supôs que o tio havia saído.

- Seu tio não tá? – perguntou Uruha.

- Acho que não... deve ter saído com alguma pessoa. Como sempre... – sorriu.

Os dois seguiram até a sala.

Ni-ya colocou num canal qualquer, onde passava um anime, Uruha deitou no colo dele, e ficou distraído pelo desenho.

- Uru...  – Ni-ya olhou para Uruha.

O loirinho voltou os olhos para o namorado.

-  Você realmente  perdoou o Toshiya?

- O medo e o ódio estavam me destruindo... eu estava me afundando na mesma lama que ele... eu estava sendo como ele, odiando. Sabe, Ni... eu não quero mais ficar preso ao passado, eu vou tentar superar tudo... e não vou mais fazer ninguém se preocupar comigo...

- Você está agindo tão decidido... – sorriu o mais velho.

- Eu tenho que crescer... – Uruha sorriu. – tenho que amadurecer...não posso ser o bebê de todos pra sempre...

- Você que decide... – Ni-ya selou os lábios do loirinho.

Uruha sorriu e voltou a prestar atenção no desenho.

Na verdade, Uruha nunca mudaria seu jeitinho doce de ser, quase infantil, que fazia Ni-ya se apaixonar cada dia mais.

[...]

- Totchi... – Kai entrou no quarto dele, e o viu dormindo.

Sorriu, e se sentou ao lado dele.

Isso o fez despertar.

- Kai-chan... – sorriu - Você está aqui há muito tempo?

- Não, cheguei agora... Está tudo bem?

- Tá, tudo bem... não se preocupe...

- Eu não consegui falar... para nenhum deles...

- Não importa... não quero que eles fiquem longe de você, enquanto eu não estiver aqui.

Kai selou os lábios dele, num agradecimento.

[Fim de Semana...]

- Você vai me ligar nee? Todo fim de semana? – Kai estava sentado no colo do Toshiya, e disse isso num tom monótono.

- Todo dia se for possível...  – Toshiya tentou sorrir, mas não conseguia. Tinha pouco tempo para aproveitar estar ao lado do Kai. Ele o abraçou forte, como se não quisesse se afastar dele.

- Toshimasa-san – uma das empregadas se aproximou deles. – Seu pai falou que já está na hora de ir. – ela se afastou dos dois, saindo da sala.

Toshiya abaixou a cabeça, e sussurrou um ‘já estou indo’.

Kai se levantou e o encarou.

- Eu vou sentir sua falta...

- Eu.. eu também... – Toshiya se levantou e encostou sua testa na do Kai.

- Aishiteru...

- Aishiterumo... – os dois se beijaram, um beijo profundo e já cheio de saudade.Ficariam muito tempo sem se ver, sem ao menos se tocarem... e nem fazia um mês que eles começaram esse relacionamento.

- Desculpa... eu ... – Toshiya deixou as lágrimas caírem.

- Para de se desculpar... Eu entendo que você tenha que ir... só não me esquece... – Kai limpou as lagrimas dele. E selou seus lábios brevemente. – Vamos, senão seu pai vem te buscar pela orelha...

Kai  seguiu com Toshiya até fora da casa, e ficou o olhando entrar no carro.

- Tchau... – Kai tentou sorrir mas, as lagrimas  correram pelo seu rosto.

Toshiya ficou olhando pelo vidro traseiro do  carro enquanto se afastava.  As lágrimas também corriam por seu rosto.

Kai seguiu assim que o carro desapareceu na esquina. Não sabia se seguia para casa ou se simplesmente ficava ali sentado na calçada.

Seu celular tocou e ele atendeu rapidamente.

- Uruha-chan... – tentou disfarçar a voz chorosa, mas não conseguia.

- Kai-chan... você está chorando?! O que aconteceu?! Onde você está?! – Uruha mostrou-se desesperado no outro lado da linha.

- Calma Uru... eu tô bem tá... não se preocupe... – Kai tentou acalmá-lo mas foi em vão.

- Não Kai, onde você tá, eu e o Ni-ya vamos te buscar... Por favor?!

Kai respirou fundo.

- Ok. Eu estou aqui perto do parque...

- Já vamos ai, tá. Fica bem. – Uruha desligou o telefone, e Kai se permitiu sorrir por um segundo. Uruha era extremamente fofo e cuidadoso, e isso não ia mudar nunca.

Em alguns minutos, Uruha e Ni-ya chegaram. Kai estava sentado chorando.

- Kai-chan o que foi? – Uruha se sentou ao lado dele, e o abraçou.

- Se eu contar, tenho certeza que vocês vão me odiar... – disse num tom quase inaudível.

Uruha e Ni-ya se encararam por alguns segundos.

- Se você nos contar... talvez possamos resolver tudo agora. – disse Ni-ya.

- Uru-chan.. Eu só tô assim, por que... – Kai não tinha coragem para contar, não conseguia. – Eu acho melhor eu ficar sem falar nada, nee. Eu só preciso de carinho por enquanto.

Uruha abraçou o moreno com mais força, Não iria obrigá-lo a falar o que tinha acontecido, mas sua mente cogitava algumas idéias.

- Kai-chan... eu ia te chamar pra jogar vídeo game... – sorriu Uruha. – Eu ganhei um e o Ni-ya não quer jogar... Vamos lá?

Kai olhou para ele, e viu ele fazendo bico, sorriu assentindo com a cabeça.

Toshiya tinha razão, poderia contar aquilo em outro momento, aproveitaria a companhia de todos os seus amigos.

E os teria por muito tempo, aquelas amizades durariam anos, mesmo depois de chegarem ao ponto de se verem uma vez ou outra na rua, isso não seria motivo para  que eles deixassem de gostar uns dos outros, de ligar pelo menos no aniversário ou no natal.

Mas uma coisa ainda não tinha sido dita, mesmo passando tanto tempo assim...