Sakito estava sentado na calçada escrevendo em seu caderno, distraidamente, quando viu Hitsugi se sentando ao seu lado.

- De onde você surgiu? – sorriu Sakito.

- Ah... eu tava andando por ai, e vi você aqui. – sorriu o ruivo.

- É chato não ter nada para fazer a tarde, então sai aqui fora para buscar inspiração.

- Satty, eu, ontem te vi chorando... aconteceu alguma coisa? – perguntou

- Ontem?....

- Não venha dizer que não foi nada... por que você passou por mim correndo.

- Uma decepção... só isso, não fique preocupado.

- Satty, eu te conheço a um tempão, e nunca vi você chorando daquele jeito.

- Sabe, Hitsugi... eu simplesmente me apaixonei por uma pessoa que não pensa do mesmo jeito que eu. E o vi beijando uma garota, e isso machucou tanto

- Você falou sobre isso com ele?

- Hitsu... não dá pra chegar falando essas coisas de uma hora pra outra.

- Bom, não entendo de relacionamentos homossexuais, mas você deveria tentar....

- Hitsu...

- Quem é?

- Eu não sei se devo dizer...

- Então eu vou chutar... a única pessoa que não vi com ninguém até então, é o Mikaru.

Sakito ficou vermelho.

- Acertei... nee

O rapaz assentiu com a cabeça.

- Bom isso pode ser um tanto difícil... mas não custa nada tentar...

- Hitsugi.... ele não pensa como o Myv, ou como o Ni-Ya ou até mesmo como o Kaoru.

- Você nunca conversou com ele, como pode saber?

- Essas coisas, você percebe no olhar...

- Nem todo mundo sabe se expressar, Satty, e o Mikaru é um bom exemplo disso. Por favor diz que vai tentar, não quero ver você chorando.

- Eu não vou saber enfrentar uma rejeição verbal...

- Não desista sem tentar pelo menos umas sete vezes.... – sorriu

Sakito o encarou.

- Você vai comigo? Se eu for falar com ele você me acompanha?

- Ok. Eu fico de longe olhando...

- Então vamos agora, vou tentar acabar logo com esse sofrimento silencioso.

Sakito se levantou e Hitsugi também, ele correu pra casa guardou o caderno, e saiu.

- Vamos...

Os dois seguiram calmamente, até a casa de Mikaru, e por sorte o loiro estava sentado na frente da casa, olhando pro nada.

Hitsugi parou antes que Mikaru o visse, e Sakito seguiu em frente, tremulo.

- Mikaru-kun

- Sakito-chan... olá – o loiro acenou para o recém chegado

- Posso conversar com você? – disse de maneira incerta.

- Claro...  – Mikaru não era alguém que sorria 24hrs., mas seu jeito poderia ser agradável, mesmo que não estivesse sorrindo.

- Eu nem sei como começar...

 Mikaru se levantou, e encarou Sakito

- Sobre o quê?

- Mikaru, eu sei que isso pode ser idiota, ou até mesmo nojento. Mas eu preciso dizer isso... Eu amo você... eu amo você desde o dia em que te vi... E eu não sei como controlar isso, apenas aconteceu...

Mikaru arregalou os olhos...

- Muita informação, Satty... – ele levou a mão à cabeça. – Eu...

Sakito se encolheu , se preparando para ouvir um não... mas seu coração estava doendo, e não conseguia ficar ali encarando Mikaru... Ele correu deixando Mikaru sem ação.

- Satty... – Hitsugi o segurou.

- Eu não consigo, eu sei que ele não vai me aceitar... e eu não quero ouvir um não. Me leva embora, me leva embora daqui, por favor!  - Sakito abraçou o ruivo, que o levou.

Mikaru ainda estava parado na frente da casa.

Com a feição confusa, continuou olhando para o nada, como estava fazendo antes.

Kaya e Miyavi estavam saindo da casa.

- O que foi Mikaru? Tá com cara de tacho... – sorriu Kaya abraçando o irmão.

- Vocês não sabe o que eu acabei de ouvir... – disse ele pasmo.

- O quê? – perguntou Miyavi curioso.

- O Sakito... disse que gosta se mim... – disse ele levando, mais uma vez a mão à cabeça, em sinal da sua confusão.

Miyavi e Kaya se surpreenderam.

- E o que você disse? – perguntou Kaya.

- Nada... eu não entendo... por que eu... tem o Aoi... tem o Hitsugi que anda com ele...porque eu?

- Nii-san... o amor não escolhe quem ou quando... só acontece... – disse Kaya intensificando o abraço.

- Pense no que você vai dizer pra ele, para não magoá-lo... – disse Miyavi.

- Eu... eu estou confuso... – Mikaru se soltou do irmão... e correu para dentro da casa.

- Isso vai ser tenso... – disse Miyavi.

- Com certeza... O Mikaru é um tanto que ‘confuso’ em expressar algo, mas se o Satty insistir, talvez ele aceite...

- Kaya... o Satty não vai insistir, ele é tímido...não gosta muito de exibir o que sente...

- Tipo, ele desiste fácil?

- De vez em quando... – Miyavi segurou a cintura de Kaya – Mas vamos, antes que eu desista de sair com você.

-Okay... Mas vamos falar com o Satty antes.

- Tá...

[...]

Kaya e Miyavi seguiram até perto de onde o Sakito morava e encontraram ele e o Hitsugi sentados na calçada.

- Satty-chan... – Kaya se abaixou perto de Sakito.

- Kaya... você.... – Sakito olhou para Kaya, seu rosto estava vermelho por chorar.

- Não quero ver você chorando por ninguém... – disse Kaya abraçando-o.

- Eu não consigo....eu sempre fui assim... eu tenho medo de ser rejeitado...

- Não fique assim Satty... – Hitsugi o abraçou também... – e você não esperou ele responder, você nem deu tempo dele pensar no que você disse...

- Eu não tenho forças para ouvir um não... – disse entre os soluços.

- Você nem sabe se ele ia falar um não... já teve seu pensamento pessimista. – disse Miyavi se sentando ao lado deles...

- A feição dele não seria de quem me diria um sim...

- Eu conheço o meu irmão mais que tudo, e sei que ele não sabe se expressar direito... – disse Kaya soltando Sakito.

- Não acredito nisso, não há pessoas que não sabem se expressar direito. – disse Sakito enxugando as lágrimas.

- Satty, tudo no mundo pode ir contra nossos conceitos.... – disse Miyavi – Tente seguir em frente, quem sabe as forças do universo, vão a seu favor.

- Não sei....

[...]

Toshiya ficou praticamente brincado com a comida, ao invés de comer.

- Toshimasa-san... porque você está sem comer? – perguntou Dra. Sayuri.

- Não tenho vontade agora...

- Você nem tem se alimentado direito desde quando?

- Porque você quer saber?

- Eu estou preocupada, você está pálido. E aqui está na minha responsabilidade.

- Três ou quatro dias.

- Você não come por que não quer ou por que não tem vontade?

- Não tenho vontade...

A médica pegou o braço dele, que tinha a mancha roxa, e analisou.

- Você está com essa mancha desde quando?

- Hoje de manhã meu braço tava normal. – disse ele puxando o braço.

- Posso te levar até o hospital? Fazer um exame, só pra saber o que você tem?

- Eu... eu não tenho nada... por que acha isso? – disse ele

- Não quero assustar você... mas isso pode ser sintomas de uma doença séria.

Toshiya arregalou os olhos, e nada respondeu.

- Vamos? Meu marido trabalha lá... é muito mais fácil para você fazer qualquer exame.

- Se eu não tiver nada?

- Voltamos aqui, e você continua monitorando as crianças. Ok?

- Tá... – disse ele se levantando.

- Vou só buscar o Koichi. Me espere aqui.

[...]