Já fazia quase meia hora desde que chegara ali e sua companhia havia se mostrado no mínimo intrigante. Cinco minutos depois que chegaram e se retiraram para a cozinha, ela achou que ele estava lhe atirando olhares, mas logo depois pode ver que ele estava lhe observando em silêncio, perdido nos seus próprios pensamentos como se tentasse desvendar algo sobre ela apenas com o olhar.

- Não obrigada. – negou um copo de wisk de fogo que Sirius lhe oferecia.

Não que não gostasse de uma boa bebida ás vezes, mas para tudo havia sua hora e no momento ela queria estar totalmente sóbria para enfrentar qualquer coisa que viesse daquela reunião.

Um estalo foi ouvido do lado de fora e também um ruído da lareira, os membros haviam chegado e agora era a hora da verdade. Um burburinho de conversa foi ouvido vindo da sala de estar.

- Bem acho que todos já chegaram. Melhor irmos para lá – disse se levantando e indicando a passagem para o outro cômodo.

- Pode ir à frente, preciso de um minuto. – e vendo a expressão confusa no rosto do homem argumentou novamente – Prometo que não demoro, por favor!

Ele apenas assentiu com a cabeça e se dirigiu ao cômodo ao lado com passadas leves.

Cassandra por sua vez realmente precisava de um momento a só, precisava por a cabeça no lugar antes de enfrentar aquelas pessoas que não via havia muito tempo, precisava estar preparada para qualquer argumento que Dumbledore lhe apresentasse.

Respirou fundo e seguiu para a sala de estar pronta para enfrentar qualquer coisa. Dos rostos que viraram para lhe focar, muitos já eram conhecidos, Kingsley, Lupin, Molly e Arthur Weasley, Dumbledore é claro, que lhe olhava por cima dos oclinhos meia-lua com uma expressão sorridente e satisfeita e uma pessoa que quando reconheceu quase caiu pra trás.

- Tonks? – chamou a menina que estava de costas

- Cassie? É você mesma? – a outra indagou no mesmo tom curioso quando se virou.

- Ah Tonks! – correu para abraçar a velha amiga dos cabelos cor-de-chiclete sem se importar com a expressão dos demais presentes.

Quanta falta não sentiu da metamorfomaga quando teve que sair de Hogwarts! Aquela sim era uma amiga confiável e leal. Confessava que quando a viu pela primeira vez a achou estranha e atrapalhada demais, mas um dia, no primeiro ano, quando encontrou a menina chorando no banheiro teve pena e tentou consolá-la e logo viu que tinham muito em comum, ela também tinha um dom espacial e as pessoas não entendiam. Quando viram já eram melhores amigas, uma amizade bem incomum entre uma sonserina e uma lufa-lufa, mas uma amizade sincera em que as duas se apoiavam.

- Nossa! Quanto tempo faz? Seis, sete anos? – Tonks sorria ainda abraçada à amiga.

- Na verdade, hoje faz seis anos. – explicou

- Espera se bem me lembro, você foi embora no seu... Ai Merlim! – abraçou a menina com mais força ainda, se é que isso era possível – Feliz aniversário Cassie!

- Ahñ, obrigada Tonks, mas eu acho que nós vamos ter que deixar essa conversa para depois – disse se referindo a Dumbledore.

Recompôs a postura e olhou para Dumbledore que aparentava estar se divertindo muito com a situação.

- Professor Dumbledore. – cumprimentou formalmente

- Oh! Não sabe que prazer enorme tenho em revê-la srtª. Knoxville! E a propósito deixe-me felicita-la pelos seus vinte anos, me parece que foi ontem quando seus pais anunciaram a sua chegada – disse apertando a minha mão.

- Obrigada professor, mas eu não quero parecer mal educada, mas eu tenho certeza de que o senhor não requere a minha presença aqui para relembrar do passado ou por que se lembrou do meu aniversário.

O semblante do ancião se tornou sério de repente, mas sem perder a suavidade da face.

- Ah sonserinos! – Sempre vão direto ao ponto, não gostam de rodeios. – deu um pequeno aceno com a cabeça.

- Professor... –começou a dizer sem paciência

-Falando muito sério agora senhorita, creio que você mesma saiba o motivo que está aqui.

- Sim eu sei, e acho que o senhor também já sabe da minha resposta – disse com uma cara de poucos amigos.

- Sim, eu sei, mas antes quero lhe alertar que você já foi localizada e uma pessoa sofreu com isso. – disse olhando a garota com um ar preocupado.

Sabia que estava se tratando do seu irmão, mas antes que pudesse raciocinar sobre o turbilhão de pensamentos que atravessaram sua mente naquela hora, Dumbledore resolveu continuar.

- Aparentemente seu irmão, não se sabe como, conseguiu ir até o vilarejo de Hogsmeade às escondidas, parece que ele queria lhe comprar um presente de aniversário para mandar hoje.

Sua cabeça rodava e ela teve que sentar para respirar antes que se descontrolasse e colocasse a casa abaixo.

- O que aconteceu com meu irmão? E como aconteceu? – perguntou entre dentes

- Senhorita, a senhorita por um acaso não sentiu como se estivessem lhe vigiando ou invadindo sua mente. – Dumbledore perguntou ignorando a pergunta

Foi então que se deu conta: o episódio do banheiro!  A sensação de ter a mente invadida! Havia sido rastreada!

- Sim! Aconteceu algo assim! – disse desesperada – Então no momento em que me acharam... – seus pensamentos estavam todos certos.

- Eles, também a querem Cassandra – Tonks disse num fio de voz numa tentativa de acalmá-la.

- Descobriram que você tem um irmão e durante o passeio dele o atacaram. – o ancião despejou de uma vez.

- Não! Não, não! Isso não pode estar acontecendo! – gritou ignorando o espanto dos demais.

- Senhorita, por favor, acalme-se. – pediu com a voz calma.

- Como você quer que eu me acalme Alvo? Eu passei anos da minha vida tentando proteger o meu irmão de todos, a minha vida depois que os meus pais morreram se resumiu à apenas isso! E agora você simplesmente me diz que ele foi atacado! – gritou sentindo as lágrimas escorrendo.

- Acreditamos que o ataque foi uma espécie de aviso. Um tipo de ameaça para que você se junte a eles. – Lupin tomou a palavra em meio aos soluços de Cassandra.

- Oh! Não diga! É claro que foi um aviso! – esbravejou – E agora eu... – não sei o que fazer! –pensou, mas ela sempre sabia o que fazer, e sua mente simplesmente não aceitava essa resposta.

- Como William está? – foi a única pergunta plausível que lhe veio a mente

_ Agora ele está bem sob os cuidados de Papoula, mas o pior de tudo e que durante o ataque num momento de desespero seu irmão usou os poderes e agora Tom já deve saber que há mais um Controlador.

- Controlador? – uma voz grave veio da porta.

Cassandra não sabia o que a assustou mais, se era a notícia de que haviam descoberto também os poderes de seu irmão ou a figura imponente de Snape que acabara de aparecer na Sede da Ordem.

- Ah Severus! Eu já estava começando a estranhar a sua demora, nada de grave aconteceu espero? – o diretor olhou para o amigo.

- Tirando o fato de que um dos seus adorados Grifinórios quase explodiu minha sala, nada de mais. – se virou seriamente na direção da menina e um misto de surpresa e indiferença passou por sua cabeça.

- Severus está é a senhorita Knoxville, eu já havia comentado antes a respeito dela com você – o ancião disse.

O homem a sua frente apenas a olhou de cima abaixo, mas sua expressão era indecifrável. Cassandra por sua vez sentiu um estranho rubor subir por seu pescoço e decidiu interferir na situação.

- Senhor Snape. – acenou com a cabeça em cumprimento.

- Alvo, você não respondeu minha pergunta, então a retomando: Controlador? – ignorou totalmente a presença da garota

- Ah sim, é claro. Como estava dizendo a senhorita Knoville pertence a uma espécie muito rara de humanos denominados “Controladores” – “velho cínico” pensou, falava dela como se ela não estivesse ali.

- Eu creio que a senhorita Knoville tem maior condição de explicar o que se passa aqui Alvo – Severus se dirigiu a garota.

Cassandra deu um sorriso cínico, via alguns rostos confusos ali, eles não tinham culpa, alguns deles nem sequer sabiam quem ela era.

- A senhorita se importaria? – Dumbledore levantou uma sobrancelha em seu questionamento.

- Absolutamente – se era pra ser cínica, daria uma “amostra grátis”.

Foi até a lareira que agora se encontrava acesa e para surpresa de muito simplesmente levou a mão ao fogo e modelou uma bola incandescente como se fosse massa.

- Um controlador senhores – começaria uma pequena palestra com um toque de sarcasmo – é como o nosso anfitrião disse uma “espécie” muito rara, posso como vêem brincar com fogo sem me queimar – disse de maneira provocadora brincando com o dito popular.

Depois simplesmente fechou as mãos e o que antes era um labareda se transformou em vapor, viu o copo na mão de Sirius; - Posso controlar tudo, qualquer coisa que tenha ligação direta com os quatro elementos – levitou um pouco da bebida de Sirius até aboca e ingeriu sentindo queimar a garganta.

Àquela altura todas as atenções estavam voltadas para si, Molly Weasley parecia que iria desmaiar e Sirius Black estava com um sorriso mais do que safado no rosto.

- Quanta sujeira sinto por aqui, quer ajuda com a limpeza Black? – parou bem em frente ao mesmo com um sorriso provocador no rosto.

- Com toda certeza – respondeu e deu mais uma golada em seu copo.

Com um gesto das mãos toda a mínima quantidade de terra e poeira que se encontrava no chão da mansão e nos calçados dos presentes foi se modelando em uma esfera levitante em suas mãos.

- Ora senhores, vejo que muitos de vocês estão sem fôlego... – começou a sentir seu controle se esvaindo de si, mas experimentar o próprio poder daquela maneira depois de tanto tempo fazia com que sua alma pedisse mais e mais.

- Cassie... – escutou ao longe a voz de Tonks lhe chamando.

- Mas se quiserem realmente perder o fôlego eu posso dar um jeito nisso – já não tinha o menor controle de suas palavras ou atos quando disse aquilo olhando bem nos olhos de Snape – Não é mesmo Severus, uma vez você me deixou sem fôlego, nada mais justo que eu retribua – parou a milímetros do rosto do homem que até agora se mantinha impassível, mas começou a suar lentamente pelas têmporas quando a mulher começou a retirara a força o ar de seus pulmões.

- Já chega senhorita! – a voz calma, mas firme de Dumbledore a fez voltar a si e ver o que tinha feito quando viu um Snape a sua frente respirando profundamente.

- Eu, eu ... – perdi o controle – me desculpe não foi por mal, eu peço desculpas a todos.

- Acho que agora nós entendemos realmente o que você quis dizer quando mencionou a garota na semana passada Alvo – Arthur Weasley resolveu se pronunciar pela primeira vez na noite – Mas eu não acho que ela vá concordar com o seu plano.

- Como assim concordar com seu plano? – mais um joguinho para cima dela? – Será que eu posso saber o que realmente me trouxe aqui?

- Eu não vou permitir que vocês façam um absurdo desses! Ela é só uma menina! Achei que tinha ficado combinado que isso não seria necessário! – Molly Weasley explodiu ficando tão vermelha quanto seus cabelos.

- Isso realmente não teria sido necessário minha cara, mas desde o ataque ao jovem Knoxville a situação mudou. – Alvo respondeu.

Tonks permanecia de cabeça baixa, Remus olhava para a garota como se estivesse esperando sua reação, e Snape tinha os olhos estreitos e era evidente que sabia daquela conversa tanto quanto ela.

- Diga logo a ela Alvo! – Sirius disse parecendo aborrecido.

- Dizer o que a ela? – irritou-se também.

- Senhorita em primeiro lugar quero deixar claro que eu não lhe pediria isso caso não fosse de extrema urgência tanto para mim quanto para a senhorita – deu um suspiro – preciso que trabalhe em favor da ordem como agente dupla.

Molly soltou uma reação irritada no ar, Tonks engoliu o choro e ela sentiu como se o chão abrisse aos seus pés.

- O que?

Continua...