Tártaro escrita por Mito


Capítulo 1
Apocalipse


Notas iniciais do capítulo

Apesar de ser uma fic com vários avisos como homossexualismo, estupro e etc, não é uma fic que foque no lado erótico, por isso o +16, e não +18.
Qualquer dúvida, crítica ou sugestão, não hesite em dizer, seja por review, seja por mensagem privada.



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Era um dia como outro qualquer. Fazia calor, lembro-me disso porque os homens que se ajoelhavam diante de meu pai estavam sempre suando. Eu também estava, apesar de não ser visível. Meu pai obrigava todos os juízes a usarem máscaras. Eram umas coisinhas feias, negras, que mais pareciam algo usado por um carrasco do que por um príncipe, um rei, ou um conselheiro, mas ele dizia que aquilo simbolizava a imparcialidade.

- Nos tribunais, você é apenas um juiz. Não tem rosto, não tem nome, e sua existência cessa após o fim do julgamento, de modo que toda e qualquer afeição ou desafeto que tenha pelo acusado deve ser deixada de lado. Havia me dito em mais de uma ocasião, geralmente quando eu reclamava que a máscara me fazia suar como um porco, mesmo no inverno.

Havia apenas duas ocasiões em que meu pai liberava a entrada do castelo para os servos e pessoas que não faziam parte da nobreza: No dia de agradecimento, quando algumas pessoas, em sua maioria comerciantes ricos, agradeciam ao meu pai dando-lhe generosos presentes, claro que em troca de alguns favores futuros, e o dia de julgamento, quando todos os crimes pequenos feitos na semana eram julgados. Coisas bestas, como a mudança de uma marcação de território, uma briga de bêbados que acabou em morte, pequenos roubos, como gado ou objetos de valor, e, algumas vezes, assassinato.

Estávamos reunidos àquele dia para discutir sobre esse último caso. Lembro-me de estar achando tudo aquilo um tédio, apenas ouvindo enquanto meu pai punia com confisco de bens um lenhador que havia cortado árvores fora de seu terreno, cortava a mão direita de um garotinho que havia roubado algumas joias, e até mesmo lembro-me das queixas de uma prostituta que dizia ser constantemente estuprada por seu patrão. Não via motivos para reclamar, já que ela vivia disso, mas ela estava ali, e as queixas estavam me deixando com dor de cabeça. Ou talvez fosse o calor.

Olhei ao redor para ver quantas pessoas ainda haviam sobrado. Nosso salão principal era grande, com tamanho o suficiente para abrigar um grande exército de mil e duzentos, talvez mil e trezentos homens. Era todo feito de pedra, mas tinha uma pintura branca, que parecia deixar o local mais iluminado. Nunca gostei daquela escolha de cor, mas eu era apenas uma criança aos olhos do mundo, com 17 para 18 anos, ainda em treinamento na arte da luta e da magia. Minha opinião era tão útil quanto uma mulher feia e estéril. Apenas era chamado para os julgamentos porque era filho do rei, mas nunca pediam minha opinião para nada.

Foi durante um desses devaneios que ele apareceu. Um homem selvagem, o corpo todo ferido por golpes de lança e espada, e mesmo assim, ele achava energia para se debater. Debatia-se tanto, na verdade, que foi levado ao meu pai preso numa gaiola de ferro. Ele lutava, arranhava as barras com seus dedos tortos, deixando marcas que provavam sua vontade de sair de lá. Lembro-me como se fosse ontem. Meu pai se eriçou quando o homem foi colocado no chão, e sua surpresa não era sem motivo.

O homem tinha os cabelos curtos e bem cuidados, mas era apenas isso que podia se elogiar nele. Sua pele estava acinzentada, cheia de cortes nos braços, pernas e rosto. Suas roupas estavam em frangalhos. Havia sido golpeado várias vezes por armas cortantes e perfurantes, com força o suficiente para matar um guerreiro treinado, mas ele sequer sangrava, apenas grunhia e rosnava para todos ao redor. Finalmente, o rei se sentou, e um dos guardas se ajoelhou, um pouco afastado da gaiola.

- Vossa majestade, trago-lhe o acusado de assassinar Richen Mawos e sua família. Disse, em tom solene. Mas meu pai, cujo nome também era Aedan, não estava prestando atenção. Olhava fissurado para aquela coisa, que agora estava babando e mordendo as barras, como se esperasse quebra-las com os dentes. Ele já estava assim quando chegamos senhor. Disse o soldado, observando o interesse do rei pelo acusado. Atacou aos soldados e, quando lhe perfuramos a garganta com uma lança, ele simplesmente continuou andando em nossa direção, como se a lança que o havia atravessado não fosse nada.

Olhei para o pescoço dele ao ouvir isso. Era verdade. Quando ele havia chegado, não estava a vista, mas agora podia ver nitidamente um buraco largo o bastante para que eu pudesse enfiar a mão dentro. Claro, não fiz isso, mas fiquei tentado. Ele não estava morto, mesmo com furos no coração, pescoço, e vários outros lugares em que atacamos um guerreiro para finalizar a luta.

- Alguém conhece esse homem? Perguntou meu pai às pessoas que assistiam ao julgamento. Sempre havia gente que gostava de ver as coisas andando na linha. Esses não usavam máscara, e sua opinião tinha pouco peso, mas agora o rei estava apreensivo, e abriria uma exceção. Uma mulher gorda deu um passo à frente.

- Ele é vizinho de um conhecido, senhor. Acho que se chamava Karl. Disse, com uma voz grossa, que poderia espantar os pássaros de uma árvore. Sempre foi pacífico, pelo que ouvi. Vivia da pesca, senhor.

- E porque alguém que vivia da pesca atacou um comerciante, Karl? Perguntou o rei para o prisioneiro, mas não obteve resposta além de rosnados e golpes contra a grade de ferro. Não parecia que havia ouvido. Talvez não se importasse, ou talvez não entendesse o que estava acontecendo. Truv, o braço direito de meu pai, deve ter pensado o mesmo, pois escolheu aquele momento para falar.

- Talvez ele tenha sido enfeitiçado. Feitiçaria negra deturpa a mente e modifica o corpo. Disse, e algumas pessoas seguraram em algo de ferro, uma superstição que dizia expulsar o mal. Mas, claro, nunca vi magia negra imortalizar alguém. Talvez ele seja um daimon, uma criatura das trevas trazida de outro mundo por magia negra, que assumiu a forma do pobre pescador. Se for o caso, posso exorciza-lo. Disse, e sem esperar a aprovação do rei, puxou um amuleto que levava no bolso. Era um objeto estranho. Havia centenas, milhares de deuses apenas no continente de Mayhem, mas dizia-se que o único deus capaz de eliminar espíritos malignos era a deusa Egle, senhora da luz. E seu símbolo era uma estrela de seis pontas, o que sempre achei estranho, pois o sol brilhava muito mais do que as estrelas.

Ele se aproximou do daimon de forma humana, e mostrou o amuleto a ele. Era pequeno, menor do que um dedo, mas dizia-se que expulsava as criaturas malignas, portanto, Truv o balançava de um lado para o outro, sempre a vista de Karl, e ele, hipnotizado, apenas seguia aquele objeto brilhante com os olhos. A exorcização parecia estar dando certo, pois a criatura havia se acalmado, mas, confiante com esse sucesso inicial, Truv colocou o braço dentro da gaiola para tocar o prisioneiro com o amuleto, e foi mordido.

Por um momento, não entendemos o que se passava. Tudo estava calmo, até que o conselheiro deu um grito de gelar a alma, e ouvimos o som de seu braço sendo partido em dois. Um dos guardas perfurou a cabeça de Karl, a lança se projetando pela testa dele, mas nem assim a mordida foi afrouxada. Perfuraram sua cabeça mais três vezes antes de ele finalmente parar de se mexer, mas já era tarde.

Estávamos todos condenados.

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Notas finais do capítulo

Existem algumas mitologias inseridas no texto, já que não tenho criatividade para criar um mundo inteiro do zero. Como perceberam, essa é uma fic de zumbis. Porém, difere-se das outras por ser na época medieval. Gostaria de receber opiniões nos reviews para continuar escrevendo.



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