Bem Vindo Ao Mundo Real. escrita por LuluuhTeen, Luisa Druzik


Capítulo 3
Capítulo II: Continuação


Notas iniciais do capítulo

Pois é, acho que quem tiver o mínimo de senso entenderá a última frase.



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Cheguei aos fundos da escola, na parte de fora da cozinha, onde alguns adolescentes fumavam ou se beijavam. Eu simplesmente sentei ao lado de uma lixeira e fiquei lendo o meu livro. Logo, eu sabia, alguns de meus ‘amigos’ chegariam para me atormentar. Eu não considerava nenhum amigo, eram apenas pessoas destinadas a sofrer por ter me conhecido e simpatizado por uma criatura tão insignificante e ridícula quanto eu.

– Muito bem, vamos sair dessa imundice garotada! – Era me professor. Ótimo. Sr. Jolly, um homem calvo, com apenas uma faixa de cabelo contornando sua cabeça, como uma coroa de louros. Tinha uma barba rala e era de altura mediana. Ele me viu e suspirou. Esticou a mão e num gesto rápido eu o puxei para baixo.

– Não quero voltar Sr. Jolly, sinto não assistir sua aula. – Falei

– Criança, eu sei o que aconteceu no refeitório. Realmente, sinto muito. Prometo que tomarei providencias, mas não pode se esconder do mundo por que ele esconde as coisas de você. Tem que correr atrás. Todos na escola reconhecem o seu incrível talento, premiada em Literatura, Artes e Filosofia. Posso falar com toda a certeza que também achei incrível os diferentes pontos de vista com que você narrou a Segunda Guerra Mundial. Simplesmente fantástico o modo como você explicava tão claramente a opinião de cada pessoa sem tirar o narrador de cena. Como fez aquela redação? – Ele me olhou fundo e eu suspirei.

– Pesquisa. Procurei os livros que falavam sobre o assunto, tentei achar na internet livros das bibliotecas dos países que participaram da guerra, assim eu teria a opinião de cada país em uma prateleira. Eu achei incríveis aqueles livros, línguas e mais línguas que tive que dominar para terminar o trabalho a tempo. – Olhei para ele que me olhava surpreso. – Eu... Bem, você sabe... Consegui encomendar alguns livros do estrangeiro e fiz com que chegassem um pouco mais rápido que o normal para conseguir lê-los.

– Você é uma aluna exemplar, Sil... – ele se interrompeu. – Você é uma aluna exemplar. –disse apenas. O nome era um pouco vergonhoso, mais dia menos dia esse professor o deixaria escapar, e eu estaria sendo motivo de chacota por todo o colégio.

– Exemplar até de mais, chego a ser esquisita. Ninguém nesse colégio gosta de mim, além dos professores. – Acrescentou rapidamente antes que Sr. Jolly protestasse.

– Querida, não se preocupe com isso. Quando sua vida tiver realmente sentido, você terá que rir deles. Quantos naquele refeitório reprovaram vezes e vezes em quanto você passa e os deixa comendo poeira? – Yan Jolly sorriu afetuosamente.

– Sabe, Yan, o problema sou eu. Acho que eles não se encaixam em mim, não ao contrário. Eu não sou vulgar ou fútil, não sou patricinha ou gótica. Nesse colégio, não existem pessoas como eu. Por isso quero sair, fugir, morrer.

– Nem pense em uma coisa dessas! – Disse Yan batendo no assoalho de madeira atrás de nós.

– Acho que devo ir para a aula. Aguentar críticas e insultos até que eu possa sair desse inferno. – Disse me levantando. Sacudi a poeira e entrei na cozinha, pelas portas do fundo.

– Oi Si! Olá menina! Pega essa! – Falavam os castigados, que ficavam lavando os pratos por ter feito algo ruim. O último jogou uma faca, que peguei com destreza e usei para acertar um armário a sua esquerda, raspando em sua orelha. Peguei um morango e saí pela porta da frente. Perfeito. Joe, o capitão do time de basquete e alguns outros garotos estavam simplesmente ali, parados. Desejei não ter me livrado da faca.

– Ora, ora... O que acha de me dar um beijo agora doçura? – Falou o garoto que havia me provocado mais cedo.

– Claro, quem sabe se cuspir na sua boca. – Disse firme e friamente.

– Não benzinho, para que ser agressiva. Vamos resolver isso da maneira certa... – Joe puxou meu queixo e eu pisei seu pé. O garoto uivou de dor.

– O que foi? Machuquei o pé da mocinha? Desculpe, não sei os passos dessa dança. – Falei e olhei para os outros monstros que me cercavam, desafiando qualquer um.

– Olhe, fizemos uma aposta. Você poderia me ajudar a ganhar. O que acha? – Falou outro garoto que dessa vez me puxou pelos cabelos. Estava fazendo meu coro cabeludo gemer de dor e frustração. Quando ele chegou perto o suficiente cuspi em seu rosto. O restante não sabia como agir, eles precisavam ter um vencedor na aposta. Ótimo. Ela estava encurralada até que beijasse alguém. Charlie passou no corredor e por sorte, ou destino, olhou através da porta, quando me visualizou brigando sozinha contra todos aqueles garotos.

– Charlie! – Gritei, mas ele havia corrido pelo corredor.

– Você não tem amigos, não tem família, não tem nome, o que você quer mais? Perder sua dignidade? – Falou um garoto.

– Garota, você está no 3º ano! Por Deus! O que pensa que faz recusando um jogador? Sabe quantas rasgariam as roupas por essa oportunidade? – Disse outro. O sangue fluía em minhas veias. Eu tinha amigos. Eu tinha família. Eu tinha um nome. E eu parecia ser a única que tinha dignidade ali.

– Bom, então por que não me deixam em paz e pedem para alguma delas vir rasgar as roupas? – Falei, quase gritando.

– Por que ninguém sabe nada sobre você. – Falou Joe se recompondo do pesado golpe.

– Se você pelo menos deixasse escapar alguma coisa, sabemos que Charlie e Yan sabem. Conte pra gente também.

– Me deixam em paz? Depois disso? – Eu vi o quanto eles recuaram, havia esquecido de desligar o tom ameaçador da voz. Eles assentiram e eu me sentei na bancada.

– Vai contar? – Falou um dos garotos.

– Sim. Bem, eu... Eu acordei, um dia, aos sete anos em uma casa enorme. Não me lembro de nada antes disso. Meu nome é... – hesitei, a quanto tempo não o pronunciava? Será que ainda me lembrava? – Silensce.

–O que? Está tirando com a minha cara? – Perguntou Joe.

– Não. Um homem, um mordomo me educou e me ensinou tudo que precisava saber. Ele me falou que meus pais era um tanto estranhos e que com isso meu nome acabou resultando de música. – Um dos garotos estava prestes a interromper quando fiz sinal para que não falasse. – Eu morava em uma mansão e não sabia o que tinha acontecido. Fui criada para ser uma Lady, uma perfeita dama, sempre com muita educação. Eu... eu tenho uma... –parte difícil. Eu não sei se eles mereciam saber. Mas que se dane, vamos terminar logo com isso! – Uma herança, milionária, para ser mais exata. Sempre comprei livros. Aos oito anos tinha todas as Barbies que você possa imaginar. Aos dez uma centena de contos e romances. Hoje, coleciono tudo isso. Cada Barbie tem uma placa e está guardada em uma espécie de museu. Os meus livros estão nas prateleiras de minha biblioteca. Ninguém nunca foi a minha casa. Nem mesmo eu vou até lá a dias. Estou me acostumando a passar a noite no meu carro.

– Você tem carro? Não vai embora de bicicleta? – Perguntou um deles confuso. Meu Deus, estariam me vigiando a quanto tempo?

– Sim e não. Eu levo minha bicicleta até o clube de poesia e fico lá e na biblioteca até que fechem, então como algo na rua e durmo no meu carro, que fica estacionado no mesmo lugar, desde sempre. Deve ter teias de aranhas e tudo o mais. – Algumas pessoas riram e então percebi a chegada de Charlie e Yan na porta. Os jogadores se viraram para ver o que estava olhando. Charlie arregalou os olhos, deduzindo. Eu acenei levemente com a cabeça fechando os olhos por um instante. Meu maior erro. Eu senti um barulho de coisa quebrando e um lustre caiu do teto bem na minha cabeça. Um pássaro bateu nele e morreu ao meu lado. Ele não era o único defunto dali.



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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo eu apaguei (eu sei, eu sei...) Você pode pensar que sou idiota, mas na verdade foi intencional. Eu vou reescrevê-lo, estava uma droga. Na verdade estava bom, mas eu quero que fique melhor, então, aguardem uma semana. Eu sei também que estou falando com as paredes mas que se dane.



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