Samurai No Forbidden Love escrita por Kitty


Capítulo 14
Capítulo 14 - FIM




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Capítulo Catorze

 

1

 

Ele escolheu seguir em frente, mas não foi capaz de realizar sua vontade. Antes que desse um passo adiante, ele também reconheceu o inimigo de Nakamaru. E sua mente congelou. Para Ueda, a vida não podia ter sido mais irônica. Não conseguia entender o significado dessa situação, assim que só pode pensar em karma.



— Eu sinto muito. Isso não vai se repetir. – afirmou.

— Assim espero. Você não pode hesitar dessa forma. Você tinha um objetivo. Tinha que seguir em frente e abrir caminho para Yamashita.

— Eu sei. Eu sei muito bem disso.

— Então por você hesitou?

—...

— Eu sei porque, mas diga-me você. Diga em voz alta e se envergonhe.

—...

— Yuichi!!

— Eu pensei que tinham te acertado, está bem? Ouvi seu grito e pensei que talvez estivesse em perigo.

— Estamos todos em perigo em um campo de batalha. Você pode morrer. Eu posso morrer. Mas nós temos que priorizar a nossa missão. Se você não é capaz de cumprir as ordens que recebeu, não é digno de ser um samurai. Você está ouvindo, Yuichi? – ele o olhou de forma severa – O que aconteceu na última batalha não pode se repetir. Você tem que colocar em sua cabeça que não importa se eu morrer.

— Tatsuya! Não diga besteiras! Como pode pensar nisso?

— Besteira? Prejudicar o nosso senhor é a maior desonra para um samurai. E é isso que vai acontecer se você não parar de ser idiota e querer me proteger. Eu não preciso da sua proteção, Yuichi. Eu preciso que você cumpra com a sua obrigação. Eu não me importo em morrer. Eu não me importo que você morra.

 

Ueda era consciente de que deveria seguir em frente. Não importava que Nishikido Ryo fosse o oponente de Yuichi. A missão, o clã, sua obrigação deveria vir em primeiro lugar. Ele sempre acreditou que desta forma, agindo como um admirável samurai, era o melhor caminho para garantir a própria vida. E a de Yuichi.

 

— Por favor, Yuichi. Será que não entende que essa é a única forma de garantir que nosso clã vença essa batalha e que... Vencer esta batalha é uma forma de garantir a nossa própria sobrevivência? Eu quero que você sempre vença seus inimigos. Não entende o significado disso?

 

Mas desta vez o inimigo era Nishikido. Ueda conhecia as habilidades de Yuichi, jamais superariam as do traidor. Não confiava nem mesmo em sua própria técnica para derrotar aquele samurai. Contudo, o que realmente o afligia neste momento era o quão firme estava a sua convicção em desejar a derrota de Nishikido.

 

— Eu te amo, Tatsuya. Eu o quero e terei você totalmente pra mim.

 

Era consciente de que sentia algo pelo traidor, mesmo que, ao mesmo tempo, ele se condenasse por tais emoções. Não deveria, mas seu coração estava em conflito.

 

— Penso que se Nishikido se envolvesse mais com outras pessoas, descobriria que não sente nada por mim.

— O que está pensando, Ueda? Que não conheço meus próprios sentimentos?

— Não posso acreditar que me ame.

 

Ele novamente demorou a responder. Primeiro, largou de novo o pano no balde, mas desta vez virou o rosto para o samurai. Encontrou aquela expressão tranquila de sempre. Não condizia com o assunto que estavam discutindo. E esse rosto sempre inflamava em Ryo o seu ego, o seu orgulho e o desejo em provocar-lhe reações. Qualquer reação.

 

— Mas eu o amo. – disse firme e aproximou o rosto dele. Ueda não recuou ou perdeu a sua calma. – Eu apenas luto por aquilo que quero.

 

Nishikido era ousado, atrevido, sem caráter, mas definitivamente dono de uma personalidade forte e confiante. Sentir-se desejado por este samurai fazia o sangue de Ueda esquentar. Ele desejava sua morte, mas também cobiçava mais uma noite com ele.

 

— Eu sempre esperei por esta noite...

 

Ueda notou seus olhos vermelhos, ele parecia alterado. Seus dedos foram acariciados pela mão de Nishikido, que em seguida lhe tomou o copo da bebida para segurar melhor a sua mão. Não disse nada.

 

— Sempre o admirei, Tatsuya. E você pode não entender o que eu sinto, mas é forte o suficiente. Eu... O que eu sinto... É muito forte.

— De fato, não sou capaz de compreender. Mas é inútil discutir sobre isso agora. Faça o que quiser fazer, apenas cumpra com sua palavra de que não vai mais trazer problemas para o nosso clã.

— Eu prometo que não prejudicarei mais o meu senhor. Porque estou recebendo algo incrível esta noite. Você é tão bonito.

 

Ryo segurou o queixo dele e o fitou longamente. O seu deleite era evidente. Não estava mentindo sobre o quanto ansiava por uma noite com o outro samurai. Praticamente desde que colocou os olhos sobre Ueda, desejou experimentar o seu gosto. Tomar os lábios carnudos e ver a expressão de dor e prazer naquele rosto quase sempre sem emoção.

 

Ryo se aproximou, tocando a cintura dele. Sua mão deslizou sobre o tecido do hakama enquanto seu rosto seguia em direção ao beijo. Finalmente, os lábios macios. A boca ainda hesitou em se abrir, mas rendeu-se logo depois. Ueda fechou os olhos e se entregou.

 

Lembrar-se das carícias daquele homem naquele momento era uma vergonha. Como tinha chegado a este estado? Precisava recuperar sua sobriedade. Focar sua mente em sua missão, sufocar qualquer outro sentimento que lhe pertubasse a razão e o desviasse de seu caminho.

 

Quando Ueda conseguiu derrubar-lhe no chão, colocou-se sobre ele de modo a imobilizá-lo, não foi com muita surpresa que Nishikido o viu retirar uma faca de seu quimono e aproximá-la do seu pescoço. Eles se encararam. Por fim, Nishikido sorriu de canto.

 

— Enfie com força... E observe meu sangue esguichar... Manche o seu quimono com o meu sangue. Seria uma imagem bonita... O seu rosto com o meu sangue. Mas isso não vai acontecer. – ele disse e sentiu a pressão em seu pescoço aumentar. – Não vai porque Tatsuya é, antes de um homem passional, um samurai. Seu sentido de obrigação não o permite...

— Está enganado. É justamente pelo meu sentido de obrigação que estou fazendo isso. Preciso me concentrar apenas na guerra.

— Isso significa que os pensamentos de Tatsuya estão divididos? Então... Tatsuya tem pensado em mim? – e, pela primeira vez, as palavras ditas por ele não pareciam irônicas. Nishikido estava surpreso de verdade e parecia contente.

 

Ueda odiou-se pela sua distração e por ter revelado este segredo. E neste instante em que se descuidou, abriu uma brecha e Nishikido aproveitou. Aproveitou-se da sua desatenção e conseguiu virá-lo, colocando-se por cima e obrigando a mão de Tatsuya a soltar a arma.

 

— Eu disse que você não queria isso de verdade... Caso contrário, eu já estaria morto... Pare de resistir Tatsuya. – ele pediu, antes de beijá-lo.

 

Ele resistiu. Por pouco tempo. E, então, suas mãos se moveram para abraçar o corpo em cima do seu. O beijo foi intensificado e, pela primeira vez, correspondido...

 

Ueda viu Nishikido avançar com velocidade e força incríveis. E sabia, Yuichi não conseguiria correr a tempo com aquela pesada armadura. Ele precisava tomar uma decisão, rápida e irremediável, entre aqueles dois samurais. Seu senso de justiça, dever e sua racionalidade ordenava que interrompesse a luta e ajudasse a Yuichi.

 

Mas eram realmente fortes os sentimentos que o inimigo lhe despertava. Não podia mais negar tais desejos. Se ao menos pudesse existir uma realidade em que fosse possível terem uma nova chance… Se ao menos eles tivessem se conhecido de forma diferente. Em outras vidas, talvez, numa época distante e sem guerras…

 

Vamos fugir.

O que está dizendo?

Vamos para longe desta guerra. Podemos escapar. Eles nunca vão nos encontrar... Viveremos em paz... Só nós dois.

Isso não faz sentido. Cale-se. Concentre-se em servir ao seu senhor.

Tatsuya ainda vai se arrepender dessas palavras... – ele suspirou.  

 

… Porque nesta era de batalhas, seus destinos estavam traçados e Ueda não era forte suficiente para modificar este karma. Não havia escolha a não ser se resignar. Ueda, então, decidiu o que devia fazer.

 

2

 

Suas meias estavam sujas de lama, havia perdido suas sandálias em algum momento depois que decidiu fugir e embrenhou entre as árvores, ele mal conseguia andar sem escorregar. Estava escuro, o incêndio, distante, não era suficiente para lhe iluminar o caminho com nitidez e ele não tinha certeza sobre a direção que havia tomado. Ofegava e suas mãos tremiam quando se afastava a árvore para se apoiar à seguinte. Neste momento, tão pouco estava confiante se aqueles samurais que vira antes estariam mesmo seguindo em sua direção. Não parecia que alguém estivesse lhe seguindo, mas, justamente por isso, por não avistar ninguém, o medo se tornou ainda maior.

 

Ainda era capaz de ouvir os gritos vindo da batalha, não estava seguro se devia segui-los ou se manter ali, escondido, até tudo terminar. Além do mais, o cansaço era terrível, ele nunca antes vivera tal experiência. Suas pernas dobraram de forma automática e ele escorou-se ao tronco de uma árvore. Sua respiração normalizou pouco depois, mas sentiu o sono deixar seu corpo muito pesado. O frio também começou a se fazer presente. Estava a ponto de perder a consciência quando escutou passos se aproximando e, pouco depois, a luz de uma tocha caiu sobre si. Jin fechou os olhos de forma automática ao sentir a ardência pela claridade repentina. Sentiu medo, que se desfez rapidamente ao ser chamado. Aquela voz lhe trouxe o conforto e a segurança que seu coração há muito desejava.

 

— Akanishi-dono!

 

Abriu os olhos e apenas constatou o fato. Seu samurai estava ali. De pé, diante dele, segurando uma tocha. Rapidamente ele se ajoelhou ao seu lado, de forma que Jin foi capaz de notar o olhar aflito e amoroso. Como sentira falta desse olhar que havia sido substituído por outro mais frio e formal nos últimos tempos, à exceção daquela última reunião em seu quarto em que tomaram chá; esse olhar caloroso e gentil.

— Tomohisa… - murmurou e estendeu sua mão para acariciar o rosto moreno. - Finalmente...

— Jin-dono, não se preocupe mais. Estou aqui com meu senhor.

— Para sempre?

— Para sempre.

 

Tomohisa o puxou em um abraço apertado e percebeu o corpo frio. Por sua vez, Jin recebeu o alento daquele outro corpo, mais quente e mais forte, cobrindo o seu. Sentiu-se protegido e, por aquele instante, tudo ao redor havia desaparecido. Não tinha mais nada a temer, estava com seu fiel guardião mais uma vez.

 

— Temos que voltar para perto das tropas. - Tomohisa o alertou, puxando-o de volta para a realidade. -  Trouxemos médicos e uma liteira apropriada para conduzi-lo de volta ao clã.

 

Ele assentiu.

— Apenas por um instante, espere mais um pouco. - Jin pediu e encostou seu rosto na armadura fria e suja. - Deixe-me sentir que Tomohisa realmente está aqui… Comigo.

— Não se procupe, Akanishi-dono. - ele pediu, gentilmente - Este servo estará com o senhor por toda a eternidade… - afirmou, tocando-lhe o rosto e puxando seu queixo para que seu senhor o fitasse - Não voltarei a cometer o mesmo erro.

— Tomohisa está dizendo…

— Sim, Jin. Ficaremos juntos. - ele o fitou intensamente - Vai ficar tudo bem. Vamos ficar bem. - garantiu. - Mas temos que sair daqui.

 

Mais uma vez, Jin assentiu e se deixou guiar pelo samurai. Ainda não compreendia de fato o que estava acontecendo. O que havia levado o clã Akanishi a uma ofensiva tão ousada? Embora fosse algo que o incomodava, naquele momento já não era algo assim tão necessário saber. Porque ele finalmente estava com seu samurai outra vez.

 

3

 

Nakamaru não seria rápido o suficiente para se esquivar daquele golpe. Sua mente o alertou antes mesmo que seu corpo pudesse reagir. Então ele só pode esperar pela morte.

 

Gomen ne, Tatsuya.

Não fui forte o suficiente para proteger o clã, para protegê-lo… Nem mesmo a mim. Talvez, quem sabe, numa próxima vida seremos capazes de vivermos em paz… Juntos.

 

Sayonara.

 

E, então, a lâmina de Nishikido perfurou a carrne sem hesitação, sem parar uma vez até atravessar o corpo, o sangue tingindo a lâmina prateada e esparramando pelo torso de seu oponente. Ouviu o gemido de dor e se regojizou por um breve instante antes de ser, também, tomado pela dor.

 

Ele sentiu o líquido quente e viscoso fugindo de seu corpo pela ferida produzida em seu corpo. Sangue. Muito sangue. O líquido rubro jorrava de Nishikido, no local em que a espada de Ueda entrou em seu corpo, e também fugia por sua boca…

 

Nakamaru abriu os olhos e não acreditou naquela cena. A sua frente, Ueda, com a espada de Nishikido atravessada em seu peito, descoberto, ele não seria capaz de impedir o ataque a tempo se continuasse com sua armadura, enquanto sustentava a sua lâmina na estreita falha da armadura do oponente na altura do coração.

 

—  Tatsuya…

 

Foi surpreendente que aquele sussurro não tivesse saído de sua boca, pensou Nakamaru, mas sim da de Nishikido. O traidor não escondia o seu espanto pela presença de Ueda, não fazia questão de esconder, seus destinos estavam selados para sempre nesta noite. Nada mais importava, portanto.

 

Eles puxaram suas espadas ao mesmo tempo. Ryo gemeu de dor antes de desabar no chão, Ueda cambaleou, sendo amparado por Nakamaru até o chão. Era uma grande ferida, respirava com dificuldades, mas foi capaz de perceber as mãos quentes de Nakamaru tentando conter a hemorragia.

— ... Você precisa seguir… - ele se esforçou em dizer - O clã precisa…

— O que você está dizendo, seu idiota?? Por que está aqui?? Por que fez isso?? Você devia ter seguido em frente como sempre me disse para fazer.

— Ora, ora… - ele tentou sorrir - Se não estou tomando um sermão do medroso Yuichi… - e ele segurou o pulso do rapaz, interrompendo aquele trabalho inútil. - Está tudo bem, Yuichi.

— N-não diga isso. - e ele tentou voltar a improvisar um curativo.

— Está tudo bem. Apenas… Prometa que vai cumprir seu papel no clã… Até o fim. Não pense em me seguir. Seja fiel ao nosso senhor…. Ou eu chuto sua bunda quando nos encontrarmos no outro mundo.

— Idiota… - Yuichi riu levemente. - Não vá Tatsuya… Fique comigo.

— Eu ficarei.

 

Mas ele fechou os olhos.

 

4

 

A chuva que o amanhecer trouxera apagou os vestígios de incêndio que não foi possível ser controlado pelos samurais ao final da batalha. Ele caminhava por entre os mortos, em busca de feridos, quando encontrou o corpo de Nishikido Ryo.

 

Ele tinha estranhado a demora do samurai em cumprir o que havia sido ordenado. Então percebeu que ele tinha falhado e precisou modificar seus planos, ele próprio iria atrás do primogênito se não tivesse chegado a informação de que Yamashita já estava com Akanishi-sama.

 

Encarou o corpo por um longo tempo. Não podia dizer que não havia se afeiçoado aquele moleque insolente e orgulhoso cuja determinação o fez continuar o caminho de um samurai mesmo depois de tantas adversidades. Ele aprendeu rápido tudo o que ele tinha a ensinar sobre a espada. Se tornou um espadachim realmente poderoso. Sobretudo, leal. Alguns que o conheceram superficialmente poderiam rir de tal afirmação, mas ele, o capitão Kimura, sabia a quem pertencia a sua lealdade. Lealdade essa que fez Nishikido abrir mão até mesmo do seu orgulho quando foi entregue por Kimura para o clã vizinho. Naquela época começavam as suspeitas de um possível confronto entre os clãs, apenas rumores em boates pobres, mas não seria ruim ter um par de ouvidos dentro do território dos Kamenashi, ele cogitou. Por antever os eventos que sucederiam, os deuses presentearam sua astúcia com a escolha de Nishikido como espião para os Kamenashi. De fato, sua melhor decisão havia sido a de ajudar aquele menino anos antes.

 

Kimura, então, ordenou que levassem seu corpo. Certamente o clã Murakami ficaria feliz em realizar um velório decente.

 

5

 

Do corredor do palácio dos Akanishi era possível escutar o belo som do shamisen vindo dos aposentos do primogênito. A guerra terminara um mês antes com a vitória do clã Akanishi e seu líder tendo sido reconhecido como Daimiyo da região pelo xogum. Aos poucos, a vida voltava a sua tranquilidade.

 

Ao final da música, Jin deixou o instrumento de lado e se dirigiu para seus convidados: Tanaka Koki, Kamenashi Kazuya e um contrariado Yamashita mais afastado do trio. Apesar da grande demonstração de que Kazuya agora pertencia ao clã, o samurai havia deixado claro que ainda não era do seu agrado a amizade do primogênito com Kazuya.

 

— Então vocês vão partir para o Sul? - Jin indagou, enquanto servia o chá.

— É desejo de vosso pai que tomemos conta das novas terras do clã, presentes do Xogum. - explicou Tanaka. - Assim que iremos o quanto antes.

— Por ter nos convidado para o jantar e nos graciado com sua música, estou realmente agradecido. - disse Kamenashi.

— Espero que possamos nos encontrar em breve. - disse Jin - Não esqueçam de responder minhas cartas.

 

Os samurais assentiram e, então, despediram-se educadamente e se retiraram. Uma vez a sós, Jin riu e comentou:

 

— Agora pode desfazer este bico, Tomohisa.

— Do que está falando? - respondeu mau humorado.

— Tem idade e corpo de adulto, mas a cabeça às vezes é imatura.

— Não mereço ouvir isso de meu senhor.

— Ora, mas é este insolente samurai o meu preferido. Tome mais um pouco de chá. Então… Nishikido era realmente um homem do nosso clã?

— Soube que ele ficou sob os cuidados de Kimura-dono enquanto criança. - Tomohisa levou um biscoito a boca. - Mas ele passou alguns anos no clã Kamenashi realmente. Recebeu treinamento e aprendeu tudo o que foi possível sobre o lugar e as pessoas.

— Uma grande sorte que ele tenha sido o enviado para se infiltrar em nosso clã…

— Sorte não seria bem a palavra. Entender para que lado o vento irá soprar faz parte de ser um grande estrategista. Nosso capitão é muito habilidoso nessa questão. Porém, ele foi muito imprudente… Não consigo acreditar que Kimura-dono ousou colocar sua vida em perigo dessa forma...

Eu não teria me importado se tivesse sido informado, ao menos seria uma forma de ajudar… Penso que Kimura-dono deve ter outros espiões dentro do clã Kamenashi. Ele deve ter acredito que era realmente seguro… Mas... Se era tudo planejado… Muitas mortes foram desnecessárias, não? - Jin baixou o olhar.

 

Tomohisa entendeu a quem ele se referia.

— Não se culpe mais por isso. Tenho certeza de que Keiko se sentiu honrada em poder lhe ser útil. Essas mortes foram inevitáveis. Nishikido não podia estragar seu disfarce.

— Eu acho que ele se divertiu… Ele era um homem esquisito.

— Se foi assim, ele recebeu o que merecia. Em todo caso, meu senhor fará melhor se deixar essas lembranças para trás. Agora vamos nos focar em reconstruir nosso clã e trabalhar para que as vidas perdidas não tenham sido em vão. Cuide de sua saúde, vossa benevolência e serenidade é do que precisa este clã agora.

— Tem razão, Tomohisa. É uma alegria que possamos viver tempos mais tranquilos a partir de agora.

— Tranquilos? Meu senhor vai ter que estudar muito mais agora que terei tempo para apreciar suas artes. - ele riu com a careta que recebeu. 

 

6

— Kazuya, você pode seguir primeiro e terminar de arrumar seus pertences. Partiremos logo cedo. - disse Tanaka - Eu preciso verificar os detalhes com Kimura-dono.

 

O samurai fez que sim e Tanaka o observou se afastar. Depois, ele seguiu em direção aos aposentos de Kimura. Foi anunciado e esperou que lhe permitissem entrar. O mais velho estava arrumando o tabuleiro de xadrez.

— Uma partida?

— Faz muito tempo desde que pudemos jogar tranquilamente pela última vez. - Tanaka aceitou com um grande sorriso.

— Não terei misericórdia.

— Não espero menos do senhor. - e o ajudou a arrumar as peças. - Soube que viajou até o clã Murakami.

— Eles ainda precisam de ajuda para se reconstruírem, mas aos poucos estão continuando com o clã. Nishikido ficaria satisfeito.

— Não acredito que ele morreu. - comentou, enquanto servia saquê para ambos.

— Suas habilidades eram boas, mas às vezes o golpe vem de onde menos esperamos. Algo andava incomodando Nishikido. Não consegui descobrir o que era, contudo.

— Kimura-dono é muito atento aos sentimentos humanos. Conseguiu não só antever esta guerra, tomando medidas que dariam frutos anos depois, como conseguiu prever as reações dos envolvidos. Percebeu que Kazuya era a ponta mais fraca do clã, não possuía um vínculo real e leal à família e concentrou todo o ataque nele. Desde o começo nosso objetivo era capturá-lo com vida.

— … E foi devidamente alcançado graças a Tanaka-kun. Graças a sua dupla habilidade com a espada - ele levantou o copo com a bebida em um brinde irônico.

— Não esperava por uma piada suja de Kimura-dono. - ele riu.

Por falar em surpresas… Não consegui prever muitas coisas, eu não cogitei a possibilidade de Tanaka-kun viajar com Kamenashi, por exemplo. - Kimura exibiu um sorriso malicioso.

Isso é porque Kamenashi-dono também é um excelente espadachim. - ele devolveu a piada, provocando um riso alto no mais velho.

— Xeque-mate.

—... Não previ isso também. - o mais velho arqueou uma sobrancelha. - Mais uma partida!

 


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