Samurai No Forbidden Love escrita por Kitty


Capítulo 1
Capítulo 1




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Capítulo um

1

Era o fim. Sob o céu alaranjado do final da tarde, ele andava com dificuldades entre os corpos, ouvindo gritos de dor e de incentivos ecoando por todo o descampado. Ele sabia que o seu fim estava próximo. Sua armadura tinha cedido às investidas e um hábil espadachim o atingiu pela lateral, perfurando sua carne no lado esquerdo. Também estava ferido na perna. Embora ainda tivesse condições de lutar, ele sabia que não adiantaria nada.

Kamenashi Kazuya forçou a sua visão a se enquadrar. Não havia mais esperança. Os homens de seu clã estavam abatidos, poucos ainda resistiam. A sua identidade havia sido revelada. Ele precisava cometer o seppuku antes que caísse nas mãos dos inimigos. Era por esse objetivo que ele reuniu suas forças e se embrenhou entre a mata para escapar da visão dos homens de Akanishi.

Quando julgou que estava em um bom local, ajoelhou-se para sentar em posição seiza. Retirou o kabuto vermelho, cujo símbolo centralizado era a cabeça de um dragão dourado, e o deixou no chão. Sentiu-se mais leve e a sensação do vento em sua nuca molhada de suor e sangue foi agradável. Era feliz por poder apreciar a natureza uma última vez.

Soltou a parte que protegia seu peito, deixando à mostra o shitagi que, originalmente branco, agora se via borrões rubros indicando os locais atingidos durante a batalha. Abaixou o shitagi até a cintura, desnudando o seu torso até deixar sua barriga à mostra.

Pegou a sua wakisashi e desembainhou diante de seus olhos. Agradeceu mentalmente mais uma vez a Shinohara-san por ter forjado as armas que o protegeu até o final. Segurava a arma com a mão trêmula. Respirou fundo para adquirir mais confiança.

– Pai... Eu sinto muito. Lutei ao máximo e agora retiro minha vida para manter a honra de nosso clã, da nossa família.

Levando a lâmina até a sua barriga, fechou os olhos, buscando tranqüilidade para o seu momento final. Respirou mais uma vez e, então, pressionou a arma contra a sua pele, mas...

Houve resistência. Alguém tinha se aproximado sorrateiramente e segurava a sua espada, impedindo que Kamenashi se golpeasse. Ao abrir os olhos, com horror, viu o samurai que usava a armadura negra, a armadura do clã Akanishi.

Encarou o samurai. Tão jovem quanto ele próprio, mas seu olhar estava carregado de uma determinação fria e consciente. Percebeu que estava diante de um homem poderoso daquele clã. Soube, então, que estava perdido. Um golpe em sua nuca o fez perder a consciência.

2

Acordou confuso e sentido fortes dores. Não se lembrou de imediato o que tinha acontecido antes de desmaiar e agora gemia pela dor enquanto seu corpo sacolejava. Demorou a perceber que estava dentro de um mikoshi ricamente decorado com sedas de tons escuros e fios de ouro. Apesar disso, grossas algemas apertavam seus pulsos. Era um prisioneiro, afinal, ainda que um importante prisioneiro.

Preciso morrer.

Olhou repetidas vezes no pequeno espaço que se encontrava. Obviamente não haveria nada que ele pudesse usar para se matar, além das grossas correntes das algemas. Mas não eram compridas o suficiente para que ele pudesse se enforcar.

– Estamos a meio dia de viagem. Logo o Sol vai desaparecer mais uma vez. Vamos acampar e continuamos nossa jornada ao amanhecer. Tanaka-san, você é o responsável pelo prisioneiro que capturou.
– Sim, senhor.

Ainda caminharam por algum tempo, certamente procurando por um lugar adequado, e, então, a liteira foi colocada vagarosamente ao chão, mesmo assim trazendo incômodos aos seus ferimentos.

Então, alguém afastou a cortina de seda e, mesmo que o dia estivesse terminando, a luz incomodou aos olhos de Kamenashi. Ele franziu a testa e fechou os olhos, gemendo.

– Inagaki-san, poderia olhar seus ferimentos? – o samurai, que deveria ser aquele que o capturou, tinha uma voz mais mansa que Kamenashi poderia supor.

Ele estava sem o elmo e Kamenashi pode ver melhor seu rosto. Era jovem, deveria ter a sua idade, mas sua expressão era mais séria. Os cabelos negros estavam presos em um coque acima da cabeça, com fios soltos caindo pelos lados do rosto.

– Com licença, Kamenashi-dono. – um homem sem armadura se aproximou. Usava quimono elegante e tinha a aparência respeitável com óculos redondo. Trazia consigo uma caixa de madeira com remédios. – Vamos trocar seus ferimentos.

Kamenashi, amargurado, não respondeu. Olhou para a esquerda, para a cortina da liteira. A vergonha que estava sentindo era insuportável. Fechou os punhos com toda a força que tinha naquele momento.

O seu shitagi foi aberto depois de um novo pedido de licença por parte do médico. Os movimentos foram lentos e gentis, mas a ferida recente causava muita dor. Cerrou os dentes com agressividade, não queria demonstrar mais um ato humilhante diante dos inimigos.

– A febre parece que está aumentando. – Inagaki comentou para o samurai de nome Tanaka. – Mas ele deve agüentar até chegarmos ao palácio, então não se preocupe. Eu voltarei na hora de dar os remédios.
– Está certo.

Inagaki fechou o shitagi novamente e recomendou ao prisioneiro que não fizesse movimentos bruscos e foi para a tenda que improvisaram para ele.
Kamenashi arriscou uma olhada na direção do médico e depois para o samurai. Tanaka o fitava sem qualquer expressão. Agachou-se ao lado da liteira apenas para recomendar:

– Não adianta pensar em se matar. A minha missão é evitar isso. E eu nunca falho.

A voz mansa não foi o suficiente para esconder a arrogância daquelas palavras. O sangue de Kamenashi ferveu e ele teria cortado o pescoço daquele maldito se estivesse com a sua katana. Como aquele samurai se atrevia a lhe falar dessa forma?

Engoliu o seu orgulho novamente. Pouco depois, a dor o fez perder a consciência mais uma vez.

3

Nakamaru Yuichi notou quando ele se afastou do acampamento. Estavam longe da área de combate, aquela região era mais próxima dos aliados do que inimigos, então era um lugar seguro para a tropa passar a noite. Ainda assim, ele ficou preocupado e, discretamente terminou de comer a sua porção de arroz e o seguiu discretamente.

O rapaz que seguia parou de andar próximo ao rio. Aquela área era descampada demais e, do lado oposto ao rio, havia pinheiros suficiente para esconder alguém. Yuichi pensou. A flecha de um inimigo poderia acertá-lo. Estava sendo imprudente, principalmente porque só estava usando pares da armadura nas pernas. Então ele notou que ele próprio também estava do mesmo jeito. Dois imprudentes. 

Yuichi notou que ele se sentou sobre uma pedra e encarou a Lua. Ele podia ser um lobo, de tanto que gostava de admirá-la. Parecia sempre hipnotizado por ela. Naquela noite, a Lua estava cheia. O rosto dele foi banhado pela luz prata e Yuichi não pôde deixar de admirá-lo.

– Alguém poderia decepar sua cabeça. – ele disse sem olhar na direção de Yuichi – Se ficar parado desse jeito sem prestar atenção à sua volta. Venha aqui.

Ele sorriu de canto. Yuichi sempre o admirava. Ele era um guerreiro com habilidades muito superiores à sua. Obedeceu e se sentou ao lado do rapaz. Normalmente, Ueda Tatsuya não era de falar muito na frente de outras pessoas, mas com Yuichi era diferente porque, muito antes de se tornarem samurais, eles já eram amigos. E amantes.

– Yuichi... Eu vi o que você fez enquanto estávamos lutando.

Então era por isso que ele estava tão pensativo nos últimos dois dias. Yuichi sabia bem do que ele estava falando. A bronca viria e ele sabia que a merecia. Por um momento pensou que talvez Tatsuya não tivesse percebido... Tinha sido tão rápido, apenas alguns segundos. Foi só um momento de hesitação. Ele não tinha o autocontrole de Tatsuya.

– Eu sinto muito. Isso não vai se repetir. – afirmou.
– Assim espero. Você não pode hesitar dessa forma. Você tinha um objetivo. Tinha que seguir em frente e abrir caminho para Yamashita.
– Eu sei. Eu sei muito bem disso.
– Então por que você hesitou?
–...
– Eu sei por que, mas diga-me você. Diga em voz alta e se envergonhe.
–...
– Yuichi!!
– Eu pensei que tinham te acertado, está bem? Ouvi seu grito e pensei que talvez estivesse em perigo.
– Estamos todos em perigo em um campo de batalha. Você pode morrer. Eu posso morrer. – Ueda disse isso sem se abalar ou demonstrar algum sofrimento. Isso magoou o outro samurai, mas Yuichi sabia que Tatsuya não era tão emotivo quanto ele – Mas nós temos que priorizar a nossa missão. Se você não é capaz de cumprir as ordens que recebeu, não é digno de ser um samurai.

Aquelas palavras eram duras, mas eles tinham feito uma promessa. E era ele, Yuichi, quem não estava cumprindo. Poucas vezes estiveram em batalhas e menos ainda na mesma tropa. Quando foram recrutados para seguirem o comandante Kimura, Tatsuya logo o chamou para acertarem a situação. Não deviam, em hipótese alguma, deixar que o que eles sentiam um pelo outro atrapalhassem a missão. Não importa se o amante estiver morrendo, feche os olhos e termine o que tiver que fazer. Na época e longe do campo de batalha, a proposta de Tatsuya foi sensata. Porém, na realidade, quando aquela dor o atingia... Aquela que surgia com a possibilidade de perder Tatsuya, ele não era mais capaz de ser racional.

– Você está ouvindo, Yuichi? – ele o olhou de forma severa – O que aconteceu na última batalha não pode se repetir. Você tem que colocar em sua cabeça que não importa se eu morrer.
– Tatsuya! Não diga besteiras! Como pode pensar nisso?
– Besteira? Prejudicar o nosso senhor é a maior desonra para um samurai. E é isso que vai acontecer se você não parar de ser idiota e querer me proteger. Eu não preciso da sua proteção, Yuichi. Eu preciso que você cumpra com a sua obrigação. Eu não me importo em morrer. Eu não me importo que você morra.

Ele quis retrucar. Tatsuya não podia ter sido mais cruel. Sentiu-se machucado, mas não tinha argumentos. No fundo, ele admitia que Tatsuya estava certo. Não devia sobrepor seus sentimentos à razão. E, no entanto, ele repentinamente puxou o queixo do mais velho e o beijou. Usou todo o seu corpo para cair sobre ele e prensá-lo contra o chão.

Como manter-se racional diante da possibilidade de perder aquele homem? Beijou-o com fúria, como se isso fosse se tornar um argumento válido contra as palavras de Tatsuya.

4

Suas mãos tremiam quando ele retirou a pequena bolsa de pano com o dinheiro que sua mãe lhe entregara quando ele se despediu. Aquela era a quantia exata para um enterro decente. Essa era a preocupação de todas as famílias quando algum membro partia para a guerra. Mas, desta vez, para ele não foi necessário. Ia regressar para casa.

– É um tecido bonito.

Tegoshi Yuya se atrapalhou com aquela voz tão próxima de si. Notou que a pessoa sentou ao seu lado, no mesmo tronco de árvore, e ele ficou ainda mais nervoso com essa aproximação. Admirava aquele rapaz que já tinha tanto prestígio dentro do clã Akanishi apesar dele ser poucos anos mais velho. Além disso, suas habilidades com a katana e a sua coragem demonstrada em campo de batalha eram incríveis. Tegoshi realmente admirava aquele rapaz.

Yamashita Tomohisa lhe sorriu e estendeu um pedaço de peixe.

– Vi que comeu pouco, pegue a minha parte.
– Iie... Yamashita-sama deve se alimentar melhor.
– Nada disso, nós estamos voltando para casa, não precisa dessas formalidades agora. Vamos, não contarei a ninguém. – e ele empurrou novamente o pedaço de peixe.
– Nesse caso... Estou agradecido. Muito obrigado. – ele realmente ainda estava com fome e achou atencioso da parte dele ter reparado nisso.
– Você me lembra o meu irmão... – ele comentou de repente – Se tivesse sobrevivido, ele teria mais ou menos a sua idade hoje. Ele era tímido e muito esforçado. Como você.
– Seu irmão morreu muito novo?
– Aos dez anos... Caiu no rio e a correnteza o levou. Ele não sabia nadar direito, mas estava se esforçando para aprender. Normalmente eu o acompanhava, mas meus treinos e obrigações começaram a tomar maior parte do meu tempo e eu o limitei aos finais de semana. Mineji foi escondido nadar naquele dia.
– Deve ter sido doloroso... Eu sinto muito.
– É sempre triste quando a morte chega tão cedo, mas isso me fez valorizar ainda mais a vida. – ele sorriu – Você tem que ter isso em mente nas batalhas. A sua vida é muito preciosa para alguém. Lute sempre pensando no sorriso dessa pessoa quando voltarem a se encontrar...
– Demo... Nós, samurais, não devemos estar preparados para a morte?
– Sim, é claro... Mas estar preparado para a morte é diferente de se jogar para ela. Você tem que lutar até o fim.
– Wakarimashita.
– Foi sua primeira missão?
– Hai. Eu estava aprendendo com Nakai-sensei quando a guerra começou. Fui recrutado com outros alunos, mas não esperávamos que seríamos enviados tão rápido.
– Nakai? Nakai Masahiro-sensei? Ele foi meu primeiro professor, antes de me mudar para o palácio do clã. Isso quer dizer que você é da mesma cidade que eu?
– Oh! Que coincidência!
– Yoshi. Eu me decidi. Ficarei de olho em sua evolução com a espada. Vamos treinar quando chegarmos ao palácio.
– Seria uma honra, Yamashita-dono!

Yamashita riu, aquele era um rapaz interessante. Não devia ser tão mais novo, mas seu rosto ainda tinha muitos traços infantis que realmente o faziam se lembrar de seu caçula. Quando esses pensamentos o atingiam, ele realmente ficava triste por tantas pessoas jovens se envolverem numa guerra. Mas sacrifícios eram necessários.

5

O senhor do clã, Kamenashi Oda, uma figura altiva trajando vestes escuras, estava no jardim de seu palácio quando vieram anunciar a derrota de sua milícia e a prisão de seu terceiro filho. Ele estava sentado entre as pétalas de sakura, escrevendo tranquilamente um poema. Ouviu a má notícia sem se sobressaltar.

– Kouji? – perguntou, ao final do relato.
– Parece que teve melhor sorte com seus homens. Arrasaram os homens de Akanishi no Vale Leste e vão montar acampamento. Necessitam de mantimentos.
– Yuichiro?
– O embate ainda não começou.
– Entendo. Prepare homens para levar o que Kouji estiver precisando.

A frieza daquele homem era uma da suas características mais reconhecidas. Foi por causa dela que ele teve a sobriedade para cuidar da população quando um grande incêndio, anos antes, devastou as plantações e metade das moradias. Assim, muitos o apoiavam para ser o grande Daimyo daquela região.

Por outro lado, o senhor do clã Akanishi era popular pela sua benevolência. Dono de grandes terras, ele sempre ajudava aqueles que fossem procurá-lo. Ajudava no que fosse mais urgente e orientava para que a própria pessoa pudesse buscar as soluções dos futuros problemas. Assim, era igualmente apoiado para ser o senhor do povoado.

– Quanto a Kazuya-sama? – perguntou o oficial.
– Deixe-me pensar. Primeiro, certifiquem-se de encaminhar um recado para Kazuya. Diga a ele para não se matar. Podemos usá-lo de alguma forma, uma vez que estiver dentro dos domínios dos Akanishi.
– Entendido.

Após a sua saída, Oda voltou a se concentrar em seu poema.

6

– Você realmente não se importa se eu morrer?

O olhar de Tatsuya era duro e ele tentou vencer aquela batalha silenciosa, mas rendeu-se ao final. Desviou o olhar e virou o rosto, sentindo a grama úmida molhar sua bochecha.

– Eu te amo, Yuichi. – e a voz dele amoleceu – Mas não podemos deixar que nosso amor se transforme em algo prejudicial, você não entende isso?
– Eu entendo. Por tudo o que é mais sagrado, eu entendo. Mas as reações de meu corpo são incontroláveis.
– Precisa dominá-las.
–...
– Por favor, Yuichi. Será que não entende que essa é a única forma de garantir que nosso clã vença essa batalha e que... Vencer esta batalha é uma forma de garantir a nossa própria sobrevivência? Eu quero que você sempre vença seus inimigos. Não entende o significado disso?

Nakamaru tocou seu rosto e ele fechou os olhos para sentir melhor o calor de sua mão. A guerra era assustadora, Yuichi pensou. Até mesmo Tatsuya sentia medo, mas ele conseguia não demonstrá-la. Apenas de vez em quando. Apenas quando estavam sozinhos. E finalmente Yuichi sentiu o medo que o outro rapaz tinha em perdê-lo. Tatsuya estava certo, ele sempre estava certo. Eles deviam ser racionais... E sobreviver. Assim seriam capazes de viver em paz quando a guerra terminasse.

– Prometa, Yuichi. Prometa que você não vai mais hesitar de novo!
– Tatsuya...
– Prometa!
– Está bem... Da próxima vez vou seguir em frente. Não vou hesitar. Não vou voltar nem mesmo por você.
– Ótimo. – ele disse, mas sua expressão era de profunda amargura.

Yuichi o beijou novamente e depois o ajudou a se levantar para voltarem ao acampamento.

7

Puxou o ar daquela manhã úmida para dentro do seu corpo com delicadeza, apreciando o perfume das sakuras. Aquela era a sua estação preferida e quando tinha mais prazer em caminhar pelos jardins do palácio. Daquele ponto, também podia enxergar a montanha que protegia o palácio pelo lado oeste. Uma visão magnífica e que ele podia se perder por horas incalculáveis. Era um incômodo, porém, que não pudesse fazer sozinho, aquelas duas figuras andando a uma distância respeitável, mas carregando as horríveis katanas estragavam o seu momento de lazer.

Não eram aquelas companhias que ele desejava naquele momento. Suspirou e se aproximou do lago, erguendo um pouco o hakama de seda branco enquanto se sentava com as pernas cruzadas sobre o gramado. Não agüentava mais esperar. Haviam anunciado o regresso para aquela manhã, mas ainda não havia sinal da infantaria. Olhou para o seu rosto refletido no lago.

– É uma bela visão, não é? – comentou um dos homens que estavam cuidando do primogênito do clã Akanishi naquele dia.

De onde estavam, enxergavam entre as cerejeiras floridas o jovem vestido com um quimono de seda branco com contornos de flores desenhados com fios vermelhos, delicados, nas barras das mangas e do hakama. Os cabelos castanhos escuros estavam presos por um laço branco e escorregavam pelas costas.

– Un. – assentiu o segundo guarda – Akanishi Jin-sama certamente não nasceu para a guerra. Por isso lhe foi concedida uma saúde tão delicada.

Os comentários não foram altos o suficiente para alcançar o rapaz, mas ele também pensava sobre sua beleza naquele momento enquanto observava sua imagem refletida no lago e se misturando com as carpas douradas e brancas. Diziam que era bonito, mas a figura que ele enxergava era a de uma pessoa doente que não podia fazer nada de útil para seus pais e para o povoado. Sempre dependendo da proteção de outras pessoas, mesmo agora, no auge da sua juventude, quando deveria estar no topo de sua força... Era um fraco.

Nunca se sentiu tão deprimido sobre esse assunto quanto agora, que efetivamente o seu povoado estava em guerra pelo título de Daimyo local. Seu irmão caçula era muito novo para entrar em combate, havia recém completado treze anos, mas estava sendo treinado há algum tempo. Também não podia ajudar seu pai. Era certo que contavam com bons homens para ajudá-lo, como os Yamashita. Sempre servindo à família Akanishi de geração em geração. Tomohisa, que cresceu junto a Jin, já era um dos homens no comando das batalhas. Era o melhor espadachim do clã inteiro. Era o segurança particular de Jin, quando não estava no campo de batalha.

Também havia a família Tanaka, sempre emprestando excelentes samurais para o exército do clã Akanishi. O segundo filho já estava conquistando vitórias consideráveis e, pelo que Jin escutou sobre a última batalha, fora ele quem rendeu um dos filhos do clã Kamenashi, antes que praticasse o seppuku.

Assim, havia bons homens ao lado de seu pai, mas nunca é o suficiente para tranqüilizar aqueles que ficam de fora das batalhas. Sempre que um grupo parte para um confronto, a aflição toma a todos. Para ele, toda vez que Tomohisa é chamado para uma batalha, passa a desconhecer o significado da tranqüilidade. Dia após dia sempre espera pelo seu regresso em seu antigo quarto de estudos, que agora havia se transformado em um posto de vigilância, já que era localizado na colina mais alta do território do palácio, e de onde podia ser o primeiro a vê-los retornarem. Nessas ocasiões, ele sempre desobedecia às ordens de se manter afastado dos assuntos sobre a guerra e subia a colina, arriscando-se ao cansaço que poderia provocar um agravamento em sua saúde, apenas para poder enxergar o momento em que a infantaria cruzasse no horizonte.

Desta vez, por mais que ele implorasse aos Deuses, eles não apareceram. Não houve uma informação sobre o atraso. A sua agonia foi tamanha que teve que ser convencido a retornar para a ala segura do palácio, pois estava pálido demais.

Se ao menos ele fosse saudável e forte, poderia estar com Tomohisa enfrentando o que fosse, mas garantindo a sua segurança. Era terrivelmente frustrante não poder protegê-lo da mesma forma como era protegido. Tendo a saúde que possuía, restava-lhe apenas rezar para que ele retornasse com segurança.

– Oh! Okaerinasai. É uma felicidade que tenha retornado em segurança, Yamashita-dono.

Dessa vez, as vozes exclamaram em um tom audível e Akanishi virou o rosto naquela direção. Emocionou-se ao vê-lo andando com seus passos tranqüilos, um breve sorriso no rosto agradecendo aos cumprimentos e um olhar brilhante em sua direção.

Akanishi se levantou o mais rápido que pôde, tropeçando em seus próprios pés e Yamashita correu para auxiliá-lo, mas ele se recuperou sozinho.

– Dispensados! – Jin disse rápido para os outros dois guardas.

Yamashita assentiu para eles, querendo dizer que ele próprio continuaria com a proteção do seu senhor. Akanishi parou diante do samurai, que ainda estava usando a armadura, segurando o kabuto colado ao corpo com a mão esquerda. Os cabelos negros estavam presos apenas pela metade e o rosto, que Jin observava com bastante atenção enquanto tentava fazer sua respiração voltar ao normal, ainda estava sujo pelos vestígios da batalha e pela viagem longa. Mas ele estava ali e estava a salvo. Era tudo o que importava naquele momento.

E quando os dois samurais desapareceram de vista, Akanishi se jogou nos braços do jovem guerreiro, que o segurou pela cintura com as mãos fortes e calejadas. E, de forma ainda mais imprudente, beijou-o com paixão.

– Estou feliz que esteja de volta! – ele exclamou, sua voz soando abafada entre os lábios do amante. – Okaerinasai!
– Tadaima, Jin-dono... Seu quimono... Seria uma pena que ele fosse contaminado pela sujeira impregnada nesta armadura e corpo.
– Baka, como se eu pudesse me importar com isto agora!
– Mas... Alguém pode suspeitar... – ele disse e o afastou com delicadeza – Vim até aqui porque a primeira pessoa que eu queria ver... É Jin-dono. Para que fique tranqüilo e veja que estou bem com seus próprios olhos. – e, ao dizer isso, tocou de leve no rosto do rapaz, logo abaixo do olho direito. 
– Graças aos Deuses você está bem! Porque o atraso?
– Está tudo bem Jin-dono. – ele garantiu – Contarei tudo mais tarde.
– Está certo. – assim como o seu nome, as decisões de Yamashita eram firmes como uma montanha, então teve que se conformar em esperar mais um pouco. – Vamos entrar. Tome um banho e vá para o meu quarto. Vamos jantar juntos hoje.
– Sim, meu senhor. – e fez uma reverência carregada de gracejo.
– Baka...

Fingiu irritação e caminhou na frente. Por sorte, não era possível escutarem as batidas do seu coração, agitado e, agora, completamente aliviado.

Tomohisa estava de volta.

8

Quando acordou novamente, estava nu, deitado em um futom enquanto serviçais lavavam seu corpo com panos de algodão. As malditas algemas ainda estavam em seus pulsos e presas a um ferro, de modo que seus braços estavam erguidos.

Era um quarto grande, com um lindo desenho de flores de sakura em uma das paredes. Três lanternas iluminavam o ambiente de forma precária, deixando os cantos no escuro. Ainda assim, não era um quarto de prisioneiro. Estava sendo tratado com cordialidade porque sabiam que era o terceiro filho de Kamenashi.

Deixou de observar o local quando sentiu dor. Gemeu e praguejou alto quando um deles, de forma descuidada, acertou o ferimento em seu abdômen. O menino, que não devia ter sequer doze anos, estremeceu com seu berro e pelas ameaças que se seguiram.

– Parece que está recuperando a energia.

Aquela voz mansa. Franziu a testa porque não tinha percebido que ele estava no quarto. Mas ali, no canto mais escuro, fora do alcance das velas, ele notou um vulto. Quando sua visão se acostumou, ele percebeu que Tanaka não estava mais com a armadura. Quanto tempo estaria ali? Quando teriam chegado ao palácio de Akanishi?

Ele se aproximou da luz e Kamenashi pode ver melhor que agora ele estava com um quimono preto, as katana e wakisashi penduradas na lateral do corpo, os cabelos presos em um rabo de cavalo e a franja caindo rente acima dos olhos. Ele parecia ainda mais jovem desse jeito.

– Podem se retirar. Eu vou terminar o serviço.

Kamenashi os observou saindo após gestos educados para Tanaka. A última moça ajoelhou-se do lado de fora para correr a porta até fechá-la. Ficaram em silêncio enquanto os passos dela se afastavam.

Tanaka se aproximou com uma caixa de remédios e colocou em um pequeno móvel de bambu ao lado do futom. Pegou o pedaço de pano molhado que o menino estava usando para limpá-lo. Tanaka repetia os movimentos suaves nas regiões feridas. Kamenashi notou que seus ferimentos haviam sido costurados. Então realmente fazia um tempo considerável que já estavam nos domínios do clã Akanishi.

– Onde está o médico? – ele perguntou.
– Morto. – e Tanaka sorriu de lado – Agente duplo. O recado de seu pai para não se matar. Você vai obedecer?

Ele se lembrava vagamente. Durante a noite, Inagaki-sensei se aproximou da liteira, aproximou a boca de seu ouvido, o hálito carregado de álcool, certamente para lhe dar coragem para completar a missão – Inagaki não era do tipo valente – e deu o recado de seu pai. Após alguns minutos, um tumulto aconteceu do lado de fora, mas Kamenashi não pôde ver porque alguém fechou a cortina.

Estava com febre e não teve certeza do que o médico lhe dissera, mas agora Tanaka lhe confirmava. A ordem de seu pai era para que não cometesse o seppuku e isso era tão contraditório. Não sabia quais eram as reais intenções dele. A primeira vista, Kamenashi pensava que era para aproveitar a oportunidade para encontrar uma brecha do inimigo. Mas seu pai deveria saber que ele seria torturado para revelar segredos do seu clã. Assim, o seppuku era a melhor opção.

Poderia ser um jogo. Inagaki poderia estar vivo e tudo ser apenas uma mentira para que ele não se matasse e os Akanishi pudessem usá-lo com trunfo. Assim, ele precisava se matar. Contudo, se fosse verdade, estaria atrapalhando os planos de seu pai. Não sabia o que fazer, mas não precisava demonstrar isso.

Olhou para Tanaka. Ele estava limpando as suas pernas. Na perna que estava boa, os movimentos eram mais firmes.

– Ainda que eu quisesse desobedecê-lo e decidisse morrer... Tanaka-san não me disse que é um homem que nunca falha? E não disse que me impediria? – um pouco mais consciente desde quando acordou ainda na liteira, começou a demonstrar melhor a sua personalidade. A fama de Kamenashi era a de que ele podia ser tão perigoso com sua katana quanto com a sua língua. – Sendo assim... Eu não tenho opção além de continuar vivo. A mão de Tanaka-san é muito hábil para a medicina, mesmo com as marcas de um treinamento tão árduo. Porque escolheu o caminho da espada?
– Não gaste sua energia em vão. – recomendou-lhe. – Faço perguntas, mas não responderei as suas.
– Que simpático. – e ele preferiu olhar para o teto.

Um sorriso curto de deboche foi tudo o que Kamenashi conseguiu arrancar daquele homem. Tanaka voltou a vestir seu manto de frieza e nada mais foi dito entre eles. Kamenashi estava fraco, cansado, queria dormir e sentia-se terrivelmente humilhado. Depois pensaria com calma na mensagem de seu pai. Tinha que ter algum significado por trás delas. Aprendeu desde menino que a maior vergonha era ser tomado prisioneiro pelos inimigos. Não fazia o menor sentido que logo quando isso se tornou uma realidade seu pai o impedisse de cometer o seppuku.

Seu pai não o abandonaria às humilhações, logo a ele, um filho seu, sem uma razão justa. Em seu íntimo, porém, odiava o fato de que poderia existir uma razão tão importante a esse ponto.

9

– Qual o objetivo desta pergunta?  – disse Yamashita, quando Akanishi protestou e quis saber por que ele trouxe suas armas para o seu quarto.

Naquele momento estavam a sós. Alguns serviçais estiveram ali por alguns instantes para prepararem a mesa e trazerem o jantar. Uma mesa pequena, quadrada e baixa, mantinha a distância entre eles. O quarto possuía lanternas suficientes para uma boa iluminação, mas Jin preferiu manter apenas três acesas para tornar o ambiente mais confortável. Sabia que Tomohisa preferia assim.

O samurai estava agora vestindo um belo quimono de seda escura e lisa na parte superior, enquanto o hakama era cinza com riscas claras e finas. Os cabelos estavam soltos, ainda molhados, mas sabia que seu senhor não se incomodaria com esta informalidade.

Jin estava usando o quimono que sabia ser o preferido de Tomohisa. Também feito de seda preta, mas a gola e as mangas eram em um tom rubro. Próximo à gola havia detalhes no mesmo tom vermelho. O hakama era preto. Seus cabelos, em um rabo de cavalo alto, deixando sua nuca à vista.

Akanishi tinha se desculpado com seus pais e irmão e alegou não estar se sentindo bem para permanecer em seu quarto. Era comum que alguém lhe fizesse companhia e, como Yamashita tinha crescido com Jin, não era algo estranho que ele quisesse jantar com seu amigo, certamente para conversarem sobre o campo de batalha. O senhor Akanishi tinha consciência de que a visão do mundo de seu filho mais velho era através dos olhos de Yamashita, uma vez que sua saúde frágil mal o permitia sair do palácio. Assim, dispensou a ambos do jantar com a família e mandou chamar o capitão das tropas, Kimura Takuya, para ouvir o relato do último confronto.

Jin e Tomohisa cresceram juntos e, tudo o que Yamashita aprendia fora dos muros, repassava para Jin com tamanha riqueza de detalhes que Jin podia dizer que aquelas experiências eram suas. Foi por isso que, tendo sempre relatado sobre suas aulas e os preceitos do bushido, que o samurai se surpreendeu com a reclamação de seu amigo. Ele era consciente de que um samurai nunca largava a sua espada.

– Essa guerra... Não faz sentido algum. Não a traga para o meu quarto.

Não respondeu. Observou o outro rapaz por um longo e silencioso tempo. Jin odiava quando ele agia dessa forma. O fazia sempre parecer tão mimado e infantil que nem ao menos merecia alguma resposta de Tomohisa. Contudo, não era nisso que seu amigo pensava. O samurai sempre se entristecia pela forma como era notável a frustração de Jin. Apesar de realmente detestar mortes sem sentido – e para Jin de fato aquela guerra era sem sentido, para ele seu pai poderia muito bem abrir mão de ser um Daimyo e se tornar um dos principais vassalos do clã Kamenashi, se isso trouxesse a paz para o povoado. Uma visão ingênua e nobre –, mas, o que também o incomodava e talvez fosse mais forte que o desejo pela paz, era a impotência de não poder entrar em combate.

– Gomen nasai. – e ele se curvou em direção ao mais velho – Não posso atender a este seu pedido. 
– Eu não gosto que esteja arriscando sua vida por um motivo estúpido. – comentou.
– Devo discordar desse comentário. Arrisco minha vida por este clã, pelo seu pai, por você. Definitivamente, não é um motivo estúpido. Vamos encerrar esta conversa. – pediu e tomou a tigela com misoshiro. – Itadakimasu.

Ainda estava irritado, mas Jin sabia que Tomohisa estava certo. Além disso, não queria que a primeira noite depois de dois meses separados fosse contaminada com essa atmosfera ruim entre eles. Colocou um sorriso nos lábios e retribuiu a reverência pela comida, provando ele também do gosto salgado do caldo.

Por cima da tigela, Tomohisa o observou. O rosto de Jin era aquele que sempre imaginava durante as batalhas. Mesmo doente, a sua beleza era enorme. Seus gestos eram sempre leves e delicados por sempre ter que andar devagar e evitar movimentos bruscos que pudessem causar um cansaço desnecessário. Seus movimentos se tornaram muito elegantes e o simples gesto de levar a tigela aos lábios e sorver o caldo era suficiente para encantar o samurai. Um deleite maior era quando ele afastava a tigela, deixava seu sorriso crescer enquanto seus olhos se estreitavam e ele exclamava:

– Está delicioso.
– Un. Delicioso. – concordou o samurai.

O jantar foi agradável. Tomohisa pôde escutar sobre como as artes de Jin estavam melhores. Novos professores vieram lhe fazer companhia e ele aprendeu sobre novos escritores, novas formas de desenho e estava começando a melhorar seu desempenho com o shamisen. Nos próximos dias tocaria para Tomohisa, ele prometeu.

De repente, Jin ficou mais sério. Apesar do seu pedido em manter a guerra fora do seu quarto, não resistiu e ele mesmo voltou ao assunto quando terminaram a refeição e apreciavam um pouco de saquê.

– É verdade que prenderam Kamenashi Kazuya?
– Tanaka o pegou quando estava prestes a cometer o seppuku.
– O que farão com ele? – levou a porcelana decorada com a imagem de um rouxinol aos lábios e tomou mais um gole de saquê.
– Provavelmente obter informações.
– Tortura?
– É um dos métodos. Honestamente, não sei. Quem deve decidir isso será Kimura-dono.
– Entendo...
– Não é bom ter piedade com os inimigos, Jin-dono.
– O seppuku existe para garantir a honra aos samurais, não é assim?

Não respondeu, assim que Jin se viu livre para prosseguir.

– Não é horrível, então, não é a vergonha maior para Kamenashi que não possa cometer o seppuku?
– Ele falhou. Ele não merece compaixão. Um verdadeiro samurai não hesita. Ele hesitou e por isso Tanaka foi capaz de impedi-lo e capturá-lo. Não fomos nós que impedimos o seppuku. Ele fracassou em realizá-lo.
– Ainda assim... Ainda assim... Acho que esta guerra está indo longe demais. Estamos capturando e maltratando nossos vizinhos por uma questão de status. Apenas para garantir quem tem mais poder?
– Não é assim. Sabe que não é. A forma de proteger nosso povo é diferente no clã Kamenashi. Eles têm uma política mais violenta para garantir o bem da maioria. Não quero pensar em como seria em tempos de crise se eles estiverem no poder. Seu pai é mais benevolente, ele é capaz de compreender o sofrimento e as necessidades do nosso povo. O racionamento exagerado de comida por causa do Grande Incêndio fez com que dezenas de crianças viessem a falecer subnutridas, enquanto seu pai conseguiu mobilizar um número grande de pessoas para caçarem, pescarem e colherem frutos que fosse possível alimentar as pessoas. Seu pai é o líder que nós precisamos, não Kamenashi.
– Meu pai realmente pensa mais no ser humano e em suas necessidades, diferente do clã Kamenashi que pensa no povoado como um todo e tenta suprir somente as urgências, mas... Capturando e torturando outro humano... Não consigo reconhecer meu próprio pai.
– Chega desse assunto. Não quero que fique triste. E pare de beber saquê, já é o suficiente para você.

Jin não lhe respondeu, mas deixou o copo sobre a mesa. Seu olhar ainda indicava que estava incomodado com aquele assunto e, por isso, Tomohisa se levantou e se acomodou pouco atrás dele. Abraçou-o gentilmente. As mãos fortes escorregando pelo torso, seguindo pela diagonal até alcançar a cintura, acariciando-o enquanto sussurrava em seu ouvido o quanto o amava e sentira sua falta nesses dias.

– Tomohisa... – suspirou, levando uma mão ao rosto dele. – Não vá mais para longe. E isto é uma ordem.
– Meu senhor não precisa se preocupar. Não importa o quão longe eu vá, eu sempre voltarei.
– Não, não serve. Eu não quero que você parta. – disse isso enquanto entrelaçava seus dedos aos de Tomohisa, segurando sua mão com força – Eu cresci temendo a morte dia após dia. Minha saúde debilitada fez com que cada dia fosse uma batalha contra a morte. Mas um dia eu compreendi que há um medo maior. O medo daqueles que ficam. Por favor, não me deixe experimentar isso. Eu imploro.

Tomohisa esfregou a sua nuca para acalmá-lo. Depositou pequenos beijos em seu rosto e apertou a mão que o segurava com tanto receio.

– A Jin-dono farei experimentar apenas felicidades. Não se preocupe mais.
– Onegai shimasu. – a mão livre subiu até a gola do quimono de Tomohisa – Não morra nessa maldita guerra.

Calou-se com os lábios quentes de Tomohisa sobre os seus. Eles se movimentaram procurando por uma abertura de sua boca. Cedeu. As línguas, enfim, se encontraram. A saudade parecendo que explodiria o seu peito. Quando o samurai o beijava dessa forma era o único momento em que Jin podia realmente experimentar a vida sem medo. Tomohisa era, sem dúvida alguma, a sua vida.

A mão áspera invadiu o quimono sem desamarrar o obi rubro. A diferença das peles era tamanha que era sempre um choque quando elas se encontravam. Um choque agradável para ambos. Tomohisa sentia a suavidade de uma seda quando tocava aquela pele que cresceu longe dos exercícios físicos, mantendo uma delicadeza infantil. Jin sentia a força e a segurança das mãos que praticaram a arte da espada desde criança. Sentia-se sempre protegido e gostava de sonhar que ninguém poderia ser mais forte que seu amigo de infância. Consolava-o, este pensamento, do temor de uma morte prematura em campo de batalha.

Um ombro já desnudo, Tomohisa mirou ali como alvo de seus lábios. Pequenos beijos já eram suficientes para marcá-lo e essa era uma imagem que o regozijava. Aquele homem em seus braços era para sempre seu.

Como se fosse o maior dos tesouros, ele desatou o nó de seu obi e o fez se deitar. Abriu o quimono e deixou suas mãos tocaram a barriga, sentindo a sua respiração já um pouco alterada. Sempre tomava o máximo de cuidado quando se amavam, tinha medo de quebrá-lo ou prejudicar sua saúde. E também sempre queria aproveitar cada segundo, cada instante que seus olhos podiam apreciar aquele corpo.

Tocou o membro de Jin por dentro do hakama e massageou por alguns instantes, esfregando-o contra o tecido. Viu o amante morder os lábios e era a imagem mais bonita em todo o mundo. Por fim, retirou o hakama e beijou novamente sua barriga. Sua cintura. Sua virilha. Mantinha os beijos enquanto segurava com as mãos em cada coxa e pressionava o polegar em movimentos circulares contra a pele dele. Então o masturbou, lentamente, movimentando sua língua nos pontos que sabia de cor que proporcionavam maior prazer para o mais velho. Em determinado momento, as mãos de Jin agarraram-se aos cabelos de Tomohisa e seu corpo arqueou devido ao prazer.

– Tomo... Hisa... – sua voz foi abafada pelos gemidos de prazer.

Quando seu corpo parou de tremer, Jin se ergueu e voltou a se sentar diante de Tomohisa. Admiraram-se. O primeiro soltou os cabelos, que bateram suavemente em suas costas e escorregaram por seus ombros, os lábios vermelhos entreabertos. Seu rosto estava corado e algumas gotas de suor escorriam em sua testa.

Jin agarrou-se novamente à gola de Tomohisa para beijá-lo, e depois suas mãos desceram para soltar o nó de seu obi, a ansiedade em reencontrar aquele corpo fazendo-o se atrapalhar com seus movimentos, mas, por fim, conseguiu admirar o peito moreno e musculoso. Suas mãos desceram pelo corpo, tateando pelas laterais, cobiçando e invejando a boa forma física do seu samurai. Beijou-o no pescoço, mordiscou sua orelha, subiu suas mãos para embrenhar-se entre os fios de cabelos negros enquanto ainda o beijava com paixão.

Em seguida o despiu de seu hakama e Tomohisa o puxou para que se acomodasse em suas coxas. Posicionou o quadril de Jin, cujas mãos estavam ocupadas com o sexo de Tomohisa até que estivesse pronto para tomá-lo.

E, então, Tomohisa o fez seu mais uma vez.


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