Contact escrita por Zchan


Capítulo 1
Invadindo algum lugar estranho




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Eu sinceramente não sei como vim parar aqui.
Tem um monte de gente maluca para todo lado, segurando espadas, arcos, lanças, usando camisetas laranja e falando sobre monstros e deuses.
Ok, é melhor eu começar do começo. Meu nome é Leon. Só Leon. E eu sou um fantasma.
Eu não lembro muito bem de quando estava vivo. Só lembro do meu nome. Nunca me importei com isso, na verdade. ;eu já estava morto mesmo. Para que queria saber de quando estava vivo?
Já faz um bom tempo que estou assim. Não sei quanto e nem me preocupo com isso. Tenho a eternidade toda pela frente. Não preciso saber quantos dias, meses ou anos se passaram desde que vim para o mundo dos vivos de novo.
O meu único objetivo era descobrir o porquê de eu ter virado um fantasma ao invés de simplesmente ficar no Mundo Inferior. De acordo com o que eu aprendi, isso nunca acontece sem querer. Você volta porque deixou algum arrependimento, alguma coisa por fazer.
Eu estava numa cidade em um dia normal, pensando na morte, quando vi um grupo de adolescentes que me chamaram a atenção. Era um grupo muito estranho. E quando digo estranho, é no sentido de esquisito mesmo. Eram quatro pessoas, três meninas e um menino. Eles se pareciam, e, ao mesmo tempo, eram totalmente diferentes uns dos outros.
Todos tinham uma expressão mal-encarada. A maior, uma garota de cabelo castanho-avermelhado, usava uma jaqueta de couro e coturnos e parecia ser a líder. As outras duas eram as mais parecidas, tinham a mesma idade, cabelo louro-escuro, talvez fossem gêmeas. E o garoto, de cabelo preto, era o menor dos quatro, mas mesmo assim mantinha aquela cara de valentão.
Alguma coisa me chamava a atenção neles. Não pelo fato de serem estranhos, isso eu já estava acostumado. Os vivos parecem estar sempre tentando se destacar mais do que os outros. Aquele grupo possuía algum poder estranho. Eu sentia algo vindo deles.
-- Vamos voltar para o Acampamento. - a garota mais alta resmungou, depois de um bom tempo de silêncio - Ele não está aqui.
-- Você é muito burra, Holly. Tá achando que só porque aqui é Nova York vai encontrar um deus andando pela rua? - uma das outras meninas debochou.
-- Eu precisava tentar, Nat! Ele não estava no Olimpo, lembra? O sr. D. se recusa a tentar chamá-lo. O Oráculo também não conseguiu contato. Nenhum dos filhos dele pode curar aquilo. E eu não vou deixar metade do nosso chalé morrer assim. - Holly respondeu ríspida.
-- Hol, você tá andando muito com os caras de Atena, tá falando que nem eles. Como tu consegue ficar perto daqueles otários sem arrebentar ninguém? - o menino entrou na conversa.
-- Cala a boca, Lewis. Eu ando com quem eu quiser. Não se meta na minha vida e talvez eu deixe você vivo no final.
-- Se você tentar me matar, sabe que a Ellie vai arrebentar você.
-- Neste momento, a Ellie está na enfermaria junto com metade do chalé de Ares esperando que alguém consiga uma droga de cura para aquela doença e a líder do chalé sou eu, então é melhor medir as palavras, pirralho, ou são três dias de floresta pra você.
Eu estava perplexo. Eles estavam no meio de uma cidade dos mortais, falando a plenos pulmões sobre deuses gregos, chalés e acamapmento. Por algum motivo, esse assunto me provocava uma nostalgia. Deuses gregos... Tinha alguma coisa no meu passado que se relacionava à isso.
Quando eles foram embora, achei melhor seguí-los. Não é sempre que você tem a chance de tentar descobrir a sua pendência de vida, e eu não tinha nada a perder.
Entraram numa van de algum lugar que vendia morangos. Dei um grito de susto quando vi o motorista. Eu posso estar morto, mas pessoas cobertas de olhos ainda me assustam, tá bom? Mortos também podem ser medrosos de vez em quando.
Segui eles por uma estrada durante algumas horas. Pararam num lugar aparentemente no meio do nada, cheio de campos de morangos. Eles subiram uma colina que tinha um pinheiro no topo. Nada de mais.
Até que eu passei pela barreira mágica.
Não foi muito fácil. A barreira estava ali provavelmente para impedir algo ruim de entrar no lugar. Ou algo pior ainda de sair, tanto faz. Só sei que precisei de várias tentativas até passar por ali.
Então eu teria sido feito em pedaços por um dragão se tivesse um corpo.
Sinceramente! Eu sou só um fantasma. Sou inofensivo.
O bicho não parecia ter feito de propósito, mas mesmo assim dei a volta longe dele. Dragões, deuses, magia. E por algum motivo eu achava tudo isso normal.
Andei junto com o grupo até uma enorme casa branca. Lá, eles andaram até a varanda, onde um homem numa cadeira de rodas jogava algum jogo de cartas com um cara gorducho usando uma camiseta havaiana com estampa de pele de leopardo.
O gorducho levantou os olhos e mirou bem no lugar onde eu estava. Franziu o cenho, depois deu de ombros e continuou o jogo. Quem era aquele cara? Ele conseguia me ver? Por que sua presença parecia ser tão poderosa?
-- Nada, Holly? - o homem na cadeira de rodas perguntou, tentando parecer descontraído.
Holly balançou a cabeça negativamente.
-- Nem um sinal. Também não conseguimos falar com os mais velhos que estão em missões.
-- Pelo visto você vai ter que tomar conta de tudo sozinha por enquanto. Não se preocupe, conseguiremos uma cura.
-- É, isso aí, e Srtª Polly, tente controlar seus irmãos um pouco melhor do que a outra fazia. Já disse que os filhos de Ares são os piores delinquentes que existem?
-- Sim, sr. D. E Quíron, eu estou tentando, mas mesmo assim, tenho só 14 anos. Não consigo mandar em todo mundo, eles não me respeitam.
-- Não se preocupe com isso. Logo Ellie estará de volta. Continuem se esforçando.
O grupo saiu da varanda cabisbaixo. Podiam estar brigando entre si e fazendo piadas, porém era visível que todos sofriam por causa dos irmãos doentes. Pelo menos foi isso que eu entendi.
Certo. Arrumando os pontos. Aquilo era um acampamento. Aqueles adolescentes, pelo que eu entendi, eram filhos de Ares, o deus grego da guerra. Eram semideuses.
Ou seja, aquele lugar provavelmente estava cheio de semideuses, filhos de vários deuses diferentes, desde os olimpianos até deuses menores.
Que coisa mais maluca.
Eu devia simplesmente virar as costas e ir embora. Podia ser também um acampamento de lunáticos que brincavam de mitologia grega com crianças inocentes. Mas isso não explicaria o estranho poder que eu sentia vindo de cada um deles.
Faz tempo que não acontecia nada de interessante comigo. A vida de um fantasma não é nem um pouco excitante. Você vê tudo, escuta tudo, entra em qualquer lugar... Mas ninguém te vê, ninguem te ouve, e você não consegue usar aquelas coisas loucas chamadas computadores ou videogames.
Novamente, eu não tinha nada a perder.
Afinal, eu já estava morto.
Foi o que eu pensei.


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