Pov JAKE

Era o dia do Baile e eu estava simplesmente deitada na minha cama, chorando. Enquanto todos estavam se arrumando em seus quartos.

Um Baile era uma coisa muito importante para uma garota, e além de eu não ir vestida com um lindo vestido branco - como todas as garotas iriam - e sim com um terno branco, sem graça, eu não iria com quem eu realmente queria, quer dizer, se eu, ao menos, pensasse em ir para a droga dessa festa. Eu não aguentária ter que olhar para a cara de Hamilton e da idiota da Lena, juntos.

Fiquei deitada, chorando na cama por uns vinte minutos ou mais, pensando no que Hamilton faria se soubesse que eu era uma garota. Já havia pensando nisso, em algumas semanas atrás. Eu estava mesmo apaixonada por Hamilton e como um homem eu nunca poderia estar com ele, como eu realmente queria.

De repente, sem pensar em mais nada. Limpei as lágrimas, levantei da cama e peguei o saco de plástico onde estava o meu terno branco. Eu iria para essa festa e contária toda a verdade para Hamilton, tendo consequências, ou não.

Pov HAMILTON

Lena e eu chegamos ao baile um pouco atrasados. Lena demorara um século para se trocar e eu tive que ficar esperando. Quanto ao Baile não vi nada de surpreso, estava tudo como eu imaginava que seria. Todos de brancos se esbaldando de tanto dançar.

Olhei para os lados para ver se encontrava Jake, talvez ele viria, mas não o vi. Mas avistei Scout e Will com suas namoradas, porém havia alguma coisa errada ali. Will estava com uma garota loura, que deveria ser a tal de Bela, e Scout estava com uma japa que um dia eu vira com Will. Ao que parecia eles não estavam com quem queriam estar está noite.

Parei de prestar atenção neles e voltei a olhar Lena que estava ao meu lado. O cabelo ruivo dela dava uma cor a mais ao vestido branco que ela estava vestindo. Mas ela não estava olhando para mim.

– A sua paixão - disse ela olhando para algum lugar. Eu segui seu olhar e vi Jake, parado, conversando com Daniel.

– O quê? - disse, me dando conta do que ela havia falado.

– Eu também me apaixonei - disse Lena - Olha para ele. Ele é fantástico. Vocês dois são.

Do que ela estava falando? Perguntei-me, mas não deixei de notar como Jake estava bonito essa noite. Meu Deus! O que eu estava pensando?

Eu estava confuso, mas mesmo assim não conseguia para de olhá-lo. Jake fazia o mesmo, agora. Daniel conversava com ele, mas Jake olhava para mim.

– Vocês estão apaixonados - ouvi a voz de Lena, enquanto o olhava - É tão óbvio.

De repente eu acordei. O que estava dando em mim? Eu não era gay! Eu não sou gay.

– Espera! - disse enfim, olhando para ela - Nós não somos... - não consegui dizer isso em voz alta - Para de dizer isso, Deus!

– Eu estava a fim de ficar com vocês - disse Lena, como se nem tivesse ouvido o que eu tinha acabado de dizer para ela - Mas está claro que isso nunca vai acontecer.

– Eu não sei no que eu estava pensando para vir com você - eu deveria ter vindo com o Jake. Quer dizer, não! Mas que droga! Eu não podia nem mais pensar em paz! Deus, eu precisava de um médico.

– Pare de pensar - disse Lena, como se estivesse lendo os meus pensamentos - Às vezes temos que ter coragem e enfrentar nossos sentimentos. Entretando você ainda é jovem. Siga o seu coração.

Eu simplismente não conseguia falar.

– Eu sei que isso é muito clichê - disse Lena, rindo - Fale com Jake. Vou buscar um ponche. Acho que vocês precisam conversar essa noite.

Lena saiu e eu fiquei sem reação. Precisava sair dali o mais rápido possível.

Pov JAKE

Eu estava disposta a conversar com Hamilton, mas não conseguia. Só o vi quando ele estava com Lena - olhando para mim - porém depois disso ele sumiu.

Andei pelo baile e fiquei triste vendo todos dançando com os seus pares, todos estavam se divertindo. Menos eu. Mas eu não havia ido à festa para me divertir. Eu precisava falar com Hamilton. Foi então que o vi, parado, do outro lado do salão.

Caminhei até ele. Hamilton me viu e fez o mesmo.

– Oi - disse primeiro.

– Oi.

– Eu tenho que falar com você.

– Eu também.

Eu não sabia o que Hamilton tinha para falar comigo, mas sabia o que eu tinha para falar com ele.

– Mas não aqui - disse baixo, só para que ele escutasse.

Ficamos ali, nos olhando, por alguns segundos. Parecia que não havia mais ninguém no salão. Só Hamilton e eu.

– Desculpa - disse ele, de repente - Não posso fazer isso.

Então Hamilton virou as costas e saiu. Por um momento fiquei imóvel, então meus olhos se encheram de lágrimas e eu resolvi sair dali.

Pov HAMILTON

Não tinha jeito. Eu nunca conseguirira fazer isso. Sai andando, deixando Jake, parado, para trás. Ele queria me dizer algo. O que será que seria? Eu não quis ouvir. Eu não consegui fazer nada na verdade.

Quando olhava para ele eu ficava estranho, sentia coisas estranhas, coisas que nunca senti com ninguém em toda a minha vida.

De repente o que Lena disse em poucos minutos atrás, me fez querer virar para olhar para Jake. Só que quando fiz isso não o vi mais parado. Ele estava andando, indo em direção ao banheiro masculino. Sem pensar, minhas pernas começaram a se mexer e eu fui atrás dele.

Não sabia realmente o que estava preste a fazer, só sabia que eu queria muito e precisava fazer logo, antes que eu mudasse de ideia.

Entrei no banheiro e vi Jake perto do espelho. Me proximei dele e parei. Eu estava prestes a fazer uma coisa que nunca pensei que fosse querer na vida.

Andei até a porta do banheiro e a fechei, depois comecei a verificar se não tinha ninguém lá dentro. Eu precisava ter certeza de que estavamos sozinhos.

– O que você está fazendo? - perguntou Jake.

– Enfrentando os meu sentimentos - respondi, seguindo o conselho de Lena.

Depois que terminei de verificar o último reservado, me aproximei de Jake de novo e sem hesitar lhe dei um beijo.

Pov JAKE

Eu não acreditava no que estava acontecendo. Num momento eu estava falando com Hamilton e no outro eu estava beijando-o.

Senti a pressão daqueles lábios nos meus, ele estava desesperado. Deveria estar com mais vontade do que eu, que, pode acreditar, queria muito que isso acontecesse.

Esse beijo, com toda certeza, foi muito mais intenso do que quando o beijei naquele primeiro dia em Rawley. No outro dia não teve lingua, nem caricias, foi mais como um selinho rápido, como se tivessemos tomado um choque. Hamilton era muito mais carinhoso do que eu pensava.

Então ele se afastou e ficamos nos olhando. No momento não dissemos nada, até nos darmos conta do que tinha acontecido.

– Oh meu Deus! - disse Hamilton espantado - Isso foi...

– Eu sei - respondi - Mas isso não é...

Tentei explicar para Hamilton que não era o que ele estava pensando, mas ele não deixou...

– Nós somos gays! - disse ele, desesperado.

– Não! Não somos, Hamilton. Eu tenho que te dizer uma coisa, está bem? - eu precisava esclarecer as coisas.

Estava com dúvidas antes, mas depois do que acontecera, não tinha outra alternativa. Tinha que dizer a verdade, então Hamilton me escutou.

– Mas tem que me prometer que não vai contar para ningúem e nem vai parar de falar comigo, ok? - eu precisava ter essa certeza. Não aguentaria ficar sem ele agora.

Hamilton assentiu. Eu respirei fundo e disse, olhando nos olhos dele.

– Eu sou uma garota - Hamilton não disse nada de inicio, acho que estava raciocinando.

– O que você está falando? - perguntou ele, sem entender nada. É claro que ele não acreditaria.

– É verdade, Hamilton - afirmei.

– Jake! Para!

– Eu vou provar para você, ok? - eu tinha que provar de algum jeito, então comecei a desabotoar minha camiseta - Não acredita em mim?

Enquanto desabotoava a camiseta fui desabafando e explicando, ao mesmo tempo, as coisas para Hamilton.

– Eu sou 100% feminina. Eu sou obsecada por Brad Pitt e tenho assinatura para revista seventeen - eu ri dizendo essa última parte. Hamilton estava com uma cara que eu não conseguia explicar - Minha cor preferida é rosa e eu estou me sentindo gorda em biquinis.

Terminei de falar - não tudo - porque ainda tinha muita coisa, mas o que veio primeiro na minha cabeça. Enquanto eu ofegava, Hamilton estava completamente confuso.

Puxei ele para dentro de um dos reservados e abri a camiseta junto com a cinta que escondia meus seios.

– E isso. Não é falso.

Hamilton olhou para os meus seios, sustentados pelo sutiã, e simplismente não disse nada. Ele olhou para mim, sacudiu a cabeça de modo negativo e saiu do banheiro, me deixando sozinha de novo.

Pov HAMILTON

Não consegui pregar os olhos à noite toda. Já era quase cinco horas da manhã e eu só conseguia pensar em Jake e no que ele me contara, sobre ser uma mulher.

Como isso era possível? Uma garota fingindo, esse tempo todo, que era um garoto? E como ele, ou ela, sei lá, conseguiu entrar na escola, sem que ninguém descobrisse a verdade? Eu não sabia. Não entendia nada, para falar a verdade.

Mas uma coisa que me chamou atenção foi que se Jake era uma garota, então significava que eu não era gay? É claro que significava isso. Pelo menos se fosse verdade eu sairia com essa vantagem. Não que gay fosse uma coisa ruim. Eu não sou preconceituoso. Mas digamos que meu pai não aceitaria muito bem essa ideia. E se Jake realmente fosse uma garota eu precisava falar com "ela''.

Pov JAKE

Nunca tive uma noite tão ruim quanto essa. Hamilton não saia da minha cabeça, nem por um segundo. Queria saber no que ele estava pensando, agora que sabia a verdade, mas eu não tinha ideia.

Não consegui dormir direito só pensando nisso. Também estava com medo de que ele contasse para alguém, mas no final das contas acabei não acreditando nisso. Não achei que ele fosse me trair dessa forma.

Já estava de manhã e eu ainda estava com uma camiseta regata de calsinha e samba canção por cima. Passei a noite em claro e agora tentava escrever alguma coisa no caderno que estava em minhas mãos. Não sei bem porque estava fazendo isso, talvez para parar de pensar um pouco em o que Hamilton estava pensando de mim.

Estava concentrada em o que escreveria quando escutei uma batida na porta. Hesitei um pouco antes de abrir, afinal eu não estava vestida apropriadamente como um menino. Abri a porta um pouco mais que cinco centimetros e espiei para ver quem era.

Era Hamilton.

Pov HAMILTON

Vi o rosto de Jake entre a porta e então ele ou ela, tanto faz, abriu a porta. Entrei e andei até a janela.

– Se... - olhei para Jake e me aproximei dela. Como era estranho falar assim - Se você for um cara. Eu vou te socar.

– É, esse é o ponto - disse Jake e eu percebi que estava olhando para boca dele. Dela– Eu não sou.

Depois que Jake disse isso, não aguentei e puxei seu rosto para poder beijá-la. Jake retribuiu o beijo com vontande. Pelo menos agora, eu não me sentia estranho beijando alguém, pois sabia agora, que ela era uma garota.