Jovens Americanos escrita por LaisaMiranda


Capítulo 10
Capítulo 10 - Laços de Familia




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Pov JAKE

Estavamos numa mesa rodiada de coisas para comer, em volta de outras mesas com garotas e suas mães, irmãs, primas, seja lá o que for. Eu não comia a comida eu a engolia. Estava com pressa, pois já era quase oito horas da manhã e todos os garotos, inclusive o Sr. Finn, já deveriam estar se preparando para a largada. Minha mãe não parecia nem se incomodar pelo jeito que eu estava comendo, acho que ela pensava que eu estava com muita fome.


– Bom. Está sendo ótimo - disse com a boca cheia de comida - Mas você tem que voltar para Nova York, certo? - eu verifiquei a hora no relógio no braço - Agora!


– Posso te perguntar uma coisa?


Fiquei com medo do que ela fosse perguntar. Ela não podia perguntar nada. Eu não queria mentir mais.


– Não - respondi indiferente.


– Por que você e Hamilton finge que não se conhecem. Sendo que está claro que sim.


Tentei me fazer de desentendida.


– Do que você está falando? - perguntei com a boca cheia.


– Está dormindo com ele?


– O que? - eu engasguei. Não sabia se engolia o resto da comida ou se jogava tudo para fora.


Como ela me pergunta uma coisa dessas?


– É só ver como vocês dois estavam ontem - ela fitou seus olhos nos meus - Podemos falar desse assunto, sabe?


Ela dizia isso como se fosse uma coisa confortável de se dizer. Mas não era. Pelo menos não para mim.


– Desse assunto? - eu peguei um copo de suco.


– Sexo - disse ela, normalmente. Eu fingi que não ouvi - Vamos falar de sexo.


Não! Eu não queria falar disso. Deus! Séra que ela não entendia?


– Mãe, eu não... - dicidi falar logo - Eu não estou fazendo isso. De verdade.


Ela me olhou normal, talvez já soubesse disso. Ou não. Já que ela não sabia nada sobre mim.


– Precisa saber dessas coisas. E comigo.


– É - respondi de má vontade. Ela ia começar a falar e eu teria que ouvir.


Quando achei que não teria saída o celular dela tocou. Nunca fiquei tão feliz que isso acontecesse.


– Olá - disse ela - Bonjour. Espera um minuto - ela falou para mim.


Aproveitei a deixa, eu precisava sair dali. Hamilton já devia estar me esperando no barco para chegarmos a tempo no campionato.


– Eu preciso ir no banheiro - me levantei. Eu precisava ir embora. Agora!


Sai andando até a escada, depois dali comecei a correr em direção ao lago de Rawley.



Pov HAMILTON


– Por que demorou tanto? - perguntei para Jake, enquanto guiava o barco em direção a Rawley para garotos.


– Sexo - respondeu ela, trocando de roupa ao mesmo tempo.


Dei uma virada no barco quando ela disse isso e quase que Jake caiu.


– Desculpa! - disse indo um pouco mais devagar, não tanto, porque já estavamos atrasados.


– Ela sabe sobre nós - gritou Jake. Eu me virei para olhá-la.


– Mas nós não...


– Fizemos isso - ela terminou a minha frase - Eu sei.


– Exatamente.


– Digo, eu nunca fiz...


– Eu muito menos - gritei, achei que não precisava esconder isso dela - Quer dizer, estou aberto, sabe? - deixei bem claro.


– Sério? - perguntou ela, colocando o blusão por cima do uniforme de Rawley - Nunca fez isso?


Olhei para ela, ainda com as mãos no volante do barco.


– Temos que praticar - respondi - Digo. Temos que ir praticando.


Ela sorriu e eu voltei minha atenção para o enorme lago à minha frente. Estavamos quase chegando.


Deixei o barco numa área onde ninguém podia notá-lo e Jake e eu corremos até onde todos deviam estar nos esperando.


– Já estava na hora, não é garotos? - disse o Sr. Finn para nós dois.


Todos os garotos já estavam prontos para entrar no barco de remo. Olhei para Jake e percebi que ela ainda estava com batom nos lábios. No impulso, limpei a boca dela e senti olharem em nós. Jake terminou limpando a boca sozinha.


– Ok. Vamos lá! - gritou o Sr. Finn - Para dentro!


A disputa foi ótima, acabamos ganhando a primeira largada de moleza, da escola de Aurélio, que também ficava na cidade.


– É isso ai, garotos! - gritou o Sr.Finn, todo animado - A primeira largada já ganhamos. Bom trabalho! Bom trabalho! Ânimo!


Saimos do barco e Jake e eu corremos de volta para o outro barco que nos trouxe até ali. Ela ainda precisava voltar para o lanche com a mãe dela.



Pov JAKE

Já de vestido, desci correndo a escada de Rawley para garotas e depois coloquei a sandalha. Minha mãe, pode acreditar, ainda estava falando no celular. Sentei ofegante e olhei para ela.


– Então nos vemos depois - disse ela ao telefone e então o desligou - Demorou bastante.


– Desculpa - falei, não queria inventar mais nenhuma desculpa.


– Então - começou ela de novo - Você e Hamilton.


– Ah, mãe. Isso não! - reclamei.


– Você tem vergonha de mim - disse ela e isso não foi uma pergunta.


– Não - respondi, indignada. Eu não tinha vergonha dela.


– Então não entendo. Por que finge que não conhece alguém, sendo que conhece, só para me contrariar? Por que tanto mistério?


Eu não respondi. Não podia falar que o verdadeiro motivo de tudo isso era porque eu estava fingindo ser um garoto.


– Você é uma garota da mãe errada - disse ela, e estava rindo.


– É, são o que as pessoas dizem - respondi.


– Ok. vamos - ela levantou da cadeira.


– Para onde vamos?


– Para Rawley para garotos. Não é lá que está Hamilton?


O que?


– Não. Sim, sim - me atrapalhei toda e levantei - Mas você tem que voltar para Nova York, certo?


Ela não podia ir pra lá. Não podia!


– Jacqueline, eu não quero te envergonhar. Me sentarei, conversaremos e desligarei o telefone. Eu prometo - ela levantou o celular para me mostrar. Eu não consegui dizer nada. Não sabia o que fazer. Estava perdida - Querida, deveria passar um brilho nos lábios - disse e depois saiu andando.


Coloquei a mão na boca. Havia me esquecido de passar o batom de novo.



Pov HAMILTON


Cadê ela? Onde ela está?

Estavamos no meio do discurso do pai de Scout, o governador da cidade, e nem sinal de Jake. Tive que voltar com o barco sozinho e ela me garantiu que conseguiria chegar correndo, à tempo. Mas o discurso já estava acabando e ela não tinha chegado ainda.


Rezei para que o pai de Scout demorasse mais um pouco, assim tinha mais chances de Jake conseguir chegar, antes que começasse a segunda largada. Porém ele acabou o discurso e nós fomos nos preparar para começar.


Eu já estava perdendo as esperanças, quando vi Jake chegando correndo, com roupas masculinas, se aproximando de onde nós estavamos.


– Olá - disse Scout, cinicamente - Obrigado por apreciar o discurso do meu pai.


– Ah. Ok. Deixe ele em paz - disse para Scout.


– Oh, deixe ele em paz - debochou ele, me imitando.


– Escuta Scout - disse Jake, ainda ofegante - Estava com a minha familia - explicou ela.


– Eu estava com o meu pai, todo o dia e aqui.


– Pois eu não tenho pai e não estava com ele - debateu ela.


– E seu pai vive aqui - afirmei - Pode vê-lo todo o final de semana.


– Todas as crianças com problemas de papai e mamãe - debochou Will - Que meigo.


– Garotos - ouvi a voz do Sr.Finn. Ele estava falando com a gente - Teremos obstáculos no caminho até a vitória. E isso é para você Sr. Kruski.


– O que? - perguntou Will - Eu só estava...


Scout começou a rir.


– Você também Sr. Calhoun - ele parou de rir - E você e você e você - ele apontou para todos os garotos que estavam ali - Cada um de vocês ganharão pela capacidade de ganhar e também pela capacidade de possibilitar a vitória.


Ele nos encarou.


– Sim, são regras importantes. Mas não para mostrarmos que somos melhores que os que desejam ser - ele deu uma pausa - Porque nós somos.


Todos riram.


– Mas sim - continuou ele - Para mostrarmos que cada um de vocês é melhor que os obstáculos que enfrentarão. Não á fácil, mas se entenderem, será mais uma vitória em suas carreiras.


Ele esticou sua mão direita para que todos a tocassem.


– Vamos ganhar! - gritou ele.


Depois dessas palavras inspiradoras do Sr.Finn, conseguimos ganhar. Não tão fácil como foi a primeira largada, mas com suor e determinação levamos a taça da vitória.



Pov JAKE

Após termos tirado a foto da vitória com a taça nas mãos eu corri para me encontrar com a minha mãe.


Havia dito a ela que esperasse por Hamilton e por mim na escadaria principal de Rawley para garotas. Só que acabamos não comparecendo. A disputa foi muito acerrada no remo e não consegui chegar a tempo.


Quando cheguei ela já estava indo em direção ao seu carro.


– Mãe! - gritei me aproximando - Me desculpa por ter ficado sozinha.


– Não é nada novo - ela parecia chateada - Você nunca me conta o que está acontecendo na sua vida.


– Mãe, não... - Não era bem assim. Ela que não tinha muito tempo para mim.


Essa era a verdade. Mas eu não disse isso a ela.


– Deixe-me terminar, por favor - eu fiquei quieta - Não vou te dizer o que fazer. Esta fazendo o que deve fazer. Nunca precisou de mim antes - ela deu uma pausa e me observou - Só estou dizendo que está diferente.


– Não é verdade - tentei dizer.


– Está - afirmou ela e depois abriu um sorriso - E estou feliz. O que quer que esteja fazendo continue. Está funcionando.


Eu sorri para ela. Que bom que ela não estava tão chatiada como eu pensava. Eu queria contar toda a verdade para ela. Mas não podia. Mônica Pratt não aceitaria isso.


– Esse vestido ficou bem em você - disse ela, me olhando de novo - Não é nada parecido com o que você tinha quando era pequena.


Nossa, não acreditava que ela lembrava daquele vestido. Pensei que ela tinha se esquecido.


– É, é verdade - passei a mão por ele.


– Então, você sabe - ela levantou o celular para me mostar - Necessitam de mim.


Eu sorri e dei um abraço nela.


– Fique bem - ela se afastou e entrou no carro - Até mais.


– Até - respondi e acenei para ela enquanto ia embora.


Pelo menos, tudo acabou bem.



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