In Love With My Guitar escrita por Roli Cruz


Capítulo 19
Capítulo 19 – Zoe




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- Vocês prometeram! – Yara olhava furiosa para os amigos.

 - Nós sabemos, mas é que surgiu um imprevisto... – Samuel tentava acalmá-la.

 - NÃO! Vocês prometeram que iriam comigo! – Ela retrucava.

 - Calma, Yara. – Leo tentou segurá-la, mas ela desviou e lançou um olhar fulminante para o garoto.

 - Você prometeu que iria comigo no orfanato pegar a menina!

 - Eu sei o que eu prometi. Mas você tem que entender... – O moreno tentava tranquilizá-la.

 - Que gritaria é essa? – Hanna apareceu na sala, onde os outros estavam. – O que está acontecendo?

 - O seu namoradinho é um mentiroso! – Yara vociferava.

 - Hey, ele não é meu namorado! – Hanna parecia ofendida. – E o que ele fez?

 - Prometeu que iria comigo no orfanato, o lugar que eu mais odeio nesse mundo! E agora vem dizer que tem um compromisso e não vai poder ir!

 A morena de olhos verdes olhava aturdida para seu irmão, procurando algum indício que aquilo era mentira. Richard apenas levantou os ombros.

 Hanna suspirou e deu meia volta.

 - Aah! Ninguém me ouve nessa merda! – A loira disse chutando o estofado do sofá com raiva.

 - Vem, Yara – A morena apareceu novamente na sala, segurando um molho de chaves. – Eu te levo lá.

 - Desde quando você se importa comigo? – A mais nova olhou-a desconfiada.

 - Quando você vai aprender a aceitar ajuda sem questionar? – A outra rebateu.

 Sem falar mais nada, as duas saíram da casa e foram até o carro. A morena deu partida e saiu da garagem.

 - Vai me dizendo qual rua pegar. – Hanna pediu.

 - Porque está fazendo isso? – Yara ainda não conseguia entender.

 - Estou começando a rever meus atos.

 A loira riu.

 - Desde quando?

 Hanna respirou profundamente.

 - Desde que certa pessoa me recusou.

 Essa frase fez a viagem ficar silenciosa, a não ser pelas direções que Yara apontava.

*

 Vinte minutos depois, tinham chegado a uma grande casa que estava em estado precário.

 - É enorme. – A morena disse, espantada.

 - É... – Yara abriu a porta. – Você vai entrar comigo?

 - A não ser que...

 - Ah, por favor, entre. Não sei se vou aguentar muito tempo até endoidar de vez.

 - Nossa – Hanna se surpreendeu ao sair do carro. – Foi tão ruim assim?

 - Você nem imagina.

 Subiram alguns degraus e ficaram de frente com uma enorme porta de madeira. Parecia que os cupins moravam ali há séculos.

 Yara tocou a campainha receosa.

 Ninguém apareceu.

 Ela tocou novamente e dois segundos depois a porta foi aberta.

Uma mulher baixa de cabelos grisalhos e um vestido que mais parecia uma camisola, media as duas da cabeça aos pés.

 - Olá. Meu nome é Yara e eu vim...

 - Você é Yara? – A idosa cortou a garota, colocando os óculos, que estavam pendurados no pescoço, para poder enxergar melhor. – É VOCÊ! Como cresceu! – E dizendo isso, puxou a loira para um grande abraço desajeitado.

 - Desculpe senhora, mas eu te conheço? – A garota tentava falar, sufocada com o abraço.

 A idosa soltou Yara e a encarou com seus pequeninos olhos através das lentes fundo de garrafa.

 - Não se lembra de mim, minha jovem? – Yara fez que não com a cabeça. – Não se lembra daquela que te criou desde os nove meses de idade?

 A loira vasculhou sua mente e memórias, até que abriu um largo sorriso e abriu os braços:

 - NANA! – Ela gritou de felicidade, abraçando a senhora carinhosamente.

 - E quem é sua amiga? – Nana perguntou assim que o abraço se desfez.

 - Desculpe. Meu nome é Hanna. – Ela estendeu a mão para a senhora formalmente, mas assim que Nana a pegou, puxou a morena para um abraço também.

 - Deixa disso minha jovem! Venha dar um abraço nessa velha! – Ela dizia, forçando Hanna a se curvar para poder abraçá-la direito.

 - Nana. – Yara chamou.

 - Sim, querida? – A senhora soltou a morena para poder olhar a outra.

 - Onde está minha... Irmã?

 - Ah sim, aquela menininha linda que chegou há poucos dias? Ela se parece muito com você, Yara. – A senhora foi entrando na casa, acompanhada pelas duas garotas.

 O interior da casa era bem melhor que o lado de fora. Era aconchegante até. Havia uma pequena lareira no lado esquerdo da sala e várias portas do lado direito.

 - Esse lugar mudou muito desde a última vez que eu estive aqui! – Yara olhava tudo encantada. – O que houve com o uniforme das crianças e as paredes cinzentas? – Ela apontava para tudo que via.

 - Minha querida, faz quase dois anos que você saiu daqui. Muita coisa mudou. – A senhora continuava andando por aquela imensidão de crianças brincando e correndo de um lado para o outro. – Dona Leila morreu.

 - Jura? – Yara não sabia se ficava feliz ou triste. Feliz por causa das crianças que ainda estavam abrigadas no orfanato sem as terríveis ordens de Dona Leila. “Fala sério, aquela mulher era a reencarnação de Hitler. Ninguém aguentava as ordens dela.” Yara pensava. Mas a garota também não sabia se ficava triste, afinal, foi a tal mulher que fundou o orfanato. Há... Sessenta anos atrás. – Você que está cuidando de todos agora, Nana?

 - É. Eu e minhas duas filhas. Lembra delas?

 - Não muito. Bom... Este lugar está muito melhor que antes.

 - Obrigada, querida. – A mulher sorriu maternalmente. Isso fez o coração da loira se encher de compaixão. Ela sempre adorou aquela mulher. Era mais que uma mãe para Yara. – Sua irmãzinha estava dormindo na última vez que eu a vi.

 As três subiram uma escadaria e foram parar no terceiro andar da casa.

 - Aonde a senhora arranja fôlego para subir e descer isso todo dia? – Hanna perguntou arfando.

 A idosa e Yara compartilharam um olhar cúmplice.

 - Por favor, querida. Me chame de Nana. Ainda não estou acostumada com “senhora”. – Ela sorriu. – E respondendo a sua pergunta. Uso essas escadas há mais de cinquenta anos. Quase não sinto as pernas latejarem.

 Continuaram a subir até o quarto – e último – andar da casa.

 No corredor inteiro, havia apenas uma pequena porta que estava entreaberta.
As três foram se aproximando cuidadosamente, até que Yara pôde ouvir uma voz baixa e delicada lá de dentro.

 - É. Daqui a pouco ela chega. Papai nunca me falou como era ela. Você tem ideia, Anabela? – A voz continuou falando de dentro do quarto. – Ela não deve ser tão legal igual à mamãe. Nem tão inteligente que nem o papai.

 Nana bateu levemente na porta, fazendo uma garotinha pequena virar em sua direção. Yara ainda não conseguia vê-la totalmente, mas pôde perceber de relance que seus cabelos eram loiros. Iguais os dela.

 - Zoe? – A idosa chamou. – Você tem visita.

 - É ela? – A voz delicada perguntou.

 Nana assentiu. Depois saiu da porta deixando que Yara entrasse.

 - Entre também. – A loira pediu.

 - Não. Ela é sua irmã. Vocês têm que conversar. – Hanna retrucou.

 - Hanna. Por favor. – Yara insistiu.

O cômodo era bem pequeno, apenas tinha uma cama de solteiro, uma penteadeira e um guarda roupa.
 Por ficar próximo ao teto da casa, uma das paredes era na diagonal, com uma única janela, iluminando tudo.

 Zoe tinha ficado de costas para a porta, estava olhando para uma casa de bonecas.

Depois de hesitar, as duas finalmente entraram no quarto.

Yara se aproximou da garota e sentou no chão, ao seu lado.

 - Olá, Zoe.

 - Você é minha irmã? – A menina perguntou, ainda não olhando para ela.

 - Sim. – Yara respondeu. Tentando olhar nos olhos da pequena.

 - Para onde você vai me levar?

 - Para minha casa. – A mais velha hesitou por um momento, não tinha pensando na hipótese da irmã não... – Você quer ir comigo?

 E então pela primeira vez Zoe olhou nos olhos da irmã.

 - Eu não tenho escolha. Tenho? – A garotinha perguntou.

 - Acho que não. – Yara admitiu. Ela não conseguia parar de olhar nos olhos da mais nova. Eram verdes como... Como... Como os olhos do Sr. Jackson.

 - Então, vamos. – Zoe levantou, segurando uma boneca de pano. – Quem é você? – Ela perguntou para a morena que olhava o quarto, totalmente admirada.

 - Oi. Sou Hanna. – Ela sorriu. – Amiga da sua irmã.

 Yara levantou do chão e se dirigiu até cama. Havia uma pequena maleta amarela em cima do travesseiro. A loira pegou a bagagem de Zoe e passou pela porta, dando um sorriso para Nana, que se forçava ao máximo para não chorar.

 Todas se despediram carinhosamente da velha senhora e entraram no carro.

“Foi mais fácil do que pensei” Yara pensava durante a viagem de volta para casa.


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