A Bordo Do Titanic escrita por Sara Matias


Capítulo 9
Capítulo 8 - Memórias do Passado...


Notas iniciais do capítulo

Olááááá minhas queridas ♥
Eu peço imensa desculpa pela minha ausência tão prolongada
:((
Eu não vos queria fazer esperar tanto pelo capítulo seguinte mas é que eu tenho tido alguns problemas pessoais e a minha professora de Desenho não perdoa, manda trabalhos atrás de trabalhos para eu fazer --.
Mas eu não me esqueci da minha fic, muito pelo contrário!
Tenho andado este tempo todo a fazer inumeras pesquisas e resumos especialmente para a fic, Assim em termos de conteúdo histórico será muito mais completa minhas queridas.
TUDO por vocês! ♥333
Espero que vocês me perdooem pela minha ausência e demora :/
Eu estou de volta novamente, não se preocupem minhas amoras :3
Nesta última semana finalmente consegui ter tempo para a fic... escrevi este capítulo só com o ponto de vista de Bella, como vocês já viram ela ficou chocada quando soube o nome do navio dos sonhos de Alice. O que é que vai acontecer a seguir? Leiam e descubram minhas flores ;)
Chega de discursos eheh
Boa leitura minhas queridas :D



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Bella

Eu senti… o momento em que aquele espaço foi bruscamente mergulhado num silêncio que não se poderia evitar de forma alguma. Como seria possível que uma única palavra conseguisse submeter de uma só vez todos a que a ouviam debaixo da incredulidade? Talvez a possível explicação estivesse na perigosa proximidade com que a mesma se encontrava da dura realidade. Mas… para quem não soubesse de absolutamente nada não acharia de todo a ligação que unia agora esta palavra ao medo e receio de algo possivelmente terrível ocorrer num futuro próximo...

Os olhos de Alice espelhavam um medo tão evidente que eu própria senti um inevitável arrepio percorrer-me a espinha. O silêncio voltou a ser infringido por novos acordes melodiosos vindouros dos instrumentos que compunham a orquestra presente no navio, naquele momento esses mesmos acordes pareceram-me mais ruidosos do que nunca e isso deixou sobre mim um pesado desconforto, pois eu sabia que teria de haver algo que de alguma forma quebrasse o silêncio imposto por aquela palavra.

 - Bella…

Ouvi a voz da minha irmã murmurar o meu nome, mas em vez de lhe responder limitei-me a deixar que o meu olhar recaísse na minha estimada colecção de obras de arte e depois sobre o seu rosto, havia um pedido de resposta nos seus olhos.

- É… demasiado assustador… – Murmurei com uma voz que saiu mais estrangulada do que eu desejava. Já á muito que o tom alegre e despreocupado que eu adoptara se tinha desvanecido. – Associar os teus sonhos estranhos com o nome do Navio mais famoso da actualidade atinge claramente este patamar… Assustador!

- Então poderás imaginar minha irmã, o que eu senti assim que os meus olhos pousaram sobre este navio em que agora nós estamos. – Respondeu a Alice com uma voz pesada que ameaçava o surgimento de lágrimas.

Eu agora conseguia entender o que se perpetuara desde a nossa chegada ao Cais de Southampton, pobre Alice… não poderia imaginar em toda a sua integridade a confusão de sentimentos que se tinham travado sobre a mente dela naquele breve decorrer do presente. Mais uma vez, as imagens que se tinham formado na minha imaginação com as palavras descritivas de Alice voltaram a invadir-me sem permissão. As pessoas congeladas, já sem vida sobre um mar de temperaturas cortantes, o tal barulho estranho debaixo dos corpos imóveis e daqueles que ainda, por algum milagre ainda continuavam a respirar e a lutar, na esperança de serem resgatados das águas geladas, os outros que já teriam partido deste mundo, fazendo suar os gritos e os gemidos das suas almas a reclamar por socorro, um navio sem nome…

- Titanic… Tens a certeza de que é este o nome do Navio que povoa os teus sonhos, Alice?

Dei por mim a fazer esta mesma pergunta a Alice… eu ainda conseguia ter as minhas dúvidas, mesmo depois de relembrar de todos os sonhos que perturbavam o sono da minha irmã, elas ainda persistiam. Talvez mais do que nunca, porque eu no fundo sempre acharia demasiado improvável que algo de terrível como aquilo pudesse de facto acontecer algum dia. Eu tinha consciência da teimosia com que a minha mente lutava para não cair na crença de que aquilo poderia efectivamente passar para a dura realidade… Mas como evitar tal alerta se as provas eram mais que muitas? Os sonhos de Alice atingiam de uma forma atemorizante o estatuto de sonhos proféticos. Quase inacreditável devo dizer, um fruto mero da fantasia… pertencente a um mundo onde quem reina são as desgraças mais vis e cruéis, teriam estes sonhos a ousadia de se concretizarem? Era um medo incertamente seguro, mas as minhas esperanças eram que nunca se atrevessem a realizar. Pois certamente seria a infelicidade de todos os que se encontravam a bordo.

   Alice não pareceu ter mais forças para suportar algo que estava claramente para além das suas capacidades, grossas lágrimas mancharam-lhe o rosto lívido.

- Oh Bella… Quem me dera poder responder-te que não. Mas eu temo que não esteja enganada. O Titanic é de facto o Navio dos meus sonhos!

Alice desmoronou-se á minha frente, entregando-se às suas lágrimas e aos seus soluços angustiantes. Ver assim a minha irmã feriu-me o coração, apressei-me a ir no seu encalço amparando-a. Fiz com que ela se sentasse numa das poltronas imponentes, ajoelhando-me á sua frente e abraçando-a instintivamente.

- Não é fácil… Não é fácil quando somos confrontados com tais coisas. – Soluçou Alice. – Estes sonhos… são sonhos que tocam o lado mais obscuro do assustador, deixam-me tão aterrorizada Bella, tão desesperada e com um medo de morte! Já desejei inúmeras vezes nunca adormecer para então nunca mais voltar a ser confrontada com o medo e a crueldade que habita nestes sonhos…

As suas palavras comoveram-me, impelindo-me numa furtiva vontade de a abraçar com mais força. Tentando daquela forma tranquiliza-la, demonstrar-lhe que ela não estava sozinha perante aquela posição tão perturbadora e difícil de se lidar. Não era justo que uma jovem de 16 anos passasse por semelhante experiência macabra… o mais atemorizante era sem dúvida o facto em que não se conseguia achar quaisquer explicações plausíveis para tais ocorrências. Já era considerado um milagre que Alice apesar dos seus ainda tenros 16 anos conseguisse digerir tal situação. Daria tudo para que ela fosse privada destes malditos sonhos, construir uma nova realidade onde não existiria estes dilemas confusos e com certeza extenuantes. No meu interior eu fiz uma promessa a mim mesma, desejando com todo o meu amor e carinho que sentia pela minha irmã, jamais deixaria que algo de mal a viesse a deitar abaixo, jamais! Quais fossem as circunstâncias eu iria protege-la, mesmo que parecesse impossível quando tocasse na questão dos sonhos que lhe invadiam a mente nas horas sombrias da noite. Eu estaria ali para a amparar e mostrar-lhe que eu a compreendia.

- Minha querida Alice, tais extremos não serão necessários… - tranquilizei-a, mantendo-a nos meus braços e levando a minha mão á sua cabeça, dando-lhe festas meigas sobre os cabelos sedosos. – Eu prometo que independentemente do que possa vir a acontecer no futuro, jamais deixarei que algo te perturbe, te magoe… Eu estarei aqui para te proteger minha querida irmã…

Alice soltou um soluço, as lágrimas continuavam a mancharem-lhe as maçãs do rosto mas aos poucos foram diminuindo, o seu choro aflitivo foi perdendo a força e eu senti-me tranquila á medida que Alice voltava a adquirir aos poucos a postura forte, delicada mas ao mesmo tempo perspicaz e determinada que era a personalidade dela com apenas os seus tenros 16 anos. Por fim, Alice decidiu que tinha chegado a altura certa para se soltar do meu abraço e olhou para mim. Os seus olhos vermelhos do choro, o rosto ainda húmido das lágrimas…

- O que seria de mim sem ti Bella… - murmurou Alice, fazendo nascer vagarosamente um sorriso franco. – Certamente eu estaria perdida neste mundo se tu não estivesses ao meu lado em todas a situações... como eu poderei agradecer a Deus por ter sido tão generoso ao dar-me a melhor das irmãs?!

As suas palavras, tão afectuosas fizeram-me ruborizar, sentindo as minhas bochechas aquecerem num rubro vermelho claro. Alice tinha a capacidade de tecer elogios tão francos e amáveis…

- E o que eu poderei dizer Alice? Deus presenteou-me de igual forma. Dando-me a melhor das melhores irmãs, tão doce, terna, meiga, jovial… - fiz uma pausa para tomar fôlego. - São inúmeros os elogios minha irmã… - disse alargando um sorriso sobre os lábios. - Ficaria certamente aqui, a tarde toda a mencionar os apelidos e os adjectivos mais gentis e justos só para demonstrar o quanto eu estou satisfeita por te ter como irmã.

Foi a vez de Alice inevitavelmente corar, transparecendo um embaraço enorme. Mas os seus olhos gritavam o quanto ela exultava de alegria por ter ouvido as minhas palavras…

    Acontecesse o que acontecesse, viesse ou não viesse uma terrível catástrofe que abalasse dali em diante o nosso futuro, nós estaríamos juntas e eu arriscaria-me a dizer que seria para todo o sempre. Na vida e na morte, eu estaria sempre ao seu lado… Mas… O momento era inevitável, o motivo pelo qual Alice estava ali comigo, na minha suite conseguia sempre sobressair no meio de todos aqueles sentimentos afectuosos… por mais intencionalmente positivos que fossem. As coincidências existentes entre os sonhos de Alice e o Titanic tinham aquela magnitude de nos fazer prender a nossa inteira atenção sobre elas…. Passado o choque inicial de ouvir aquela revelação perturbadora a minha mente começou finalmente a pensar de uma forma completamente racional para o meu grande alívio.

Certamente que existia inúmeros factos que contrabalançavam com uma perspectiva tão negativa quanto a possibilidade de acontecer uma grande tragédia marítima. Mas era chegada a hora de enfrentar a situação de frente e não tremer diante dela.  

- Alice… - Iniciei, preparando-me para dizer as coisas, organizando-as dentro da minha cabeça.

Ela olhou para mim, eu tinha agora a sua atenção sobre mim, esperando para ouvir então o que eu tinha para lhe dizer.

- Por mais que as coincidências entre o Titanic e o navio dos teus sonhos sejam aterradoras, e nos dê a impressão que se poderão concretizar num futuro próximo há factos em que nos devemos debruçar e calibrar com essas mesmas consequências… – Tentei dizer.

O rosto de Alice empalideceu em segundos, levantou-se de onde estava, com a incredulidade a inundar-lhe o olhar repentinamente. Afastou-se de mim e da poltrona onde ainda á pouco se entregara ao choro sofredor. Virou-me as costas, encarando a lareira majestosa por segundos e depois virou-se para mim com o olhar lívido.

- Não achas que são provas mais do que suficientes? – Ripostou a minha irmã Alice. – Quase todas as noites! Aliás, arrisco a dizer que não houve uma única noite em que eu não visualizasse o maldito navio. – Rematou com o dedo indicador em riste mas depois ponderou em silêncio, voltando a falar desta vez com um tom de voz mais contido. – Eu até compreendo que digas essas coisas Bella, mas não esperes que eu as aceite… não quando eu tenho a certeza de que algo está errado. Algo me diz que nunca deveríamos ter embarcado no Titanic…

Uma afirmação perfeitamente natural, compreensível, de quem a proferia era perfeitamente normal. Não era eu que sufocava em sonhos horríveis como aqueles que ela já me tinha contado a meia voz, devido ao medo que ela tinha de que a nossa mãe um dia viesse a saber. Mas os factos racionais existiam, estavam lá e eu era inteiramente de acordo de que eles não deviam de ser ignorados. A influência destes sonhos já começavam a tomar a pose de quase tudo, tinham chegado ao ponto em que era a preocupação principal de cada dia, da minha vida e a da Alice… e eu senti que isso não era de todo o correcto. Já transparecia um início de implantação sobre os nossos espíritos o medo de algo que ainda nem sequer havia certeza de algum dia vir a acontecer. Era preciso contrariar isso…

- Alice… pensa comigo. – Tentei faze-la raciocinar. – Eu não descarto completamente essa hipótese de algo a vir acontecer… Aliás, eu não sou como esses tolos e tolas que pensam que um navio como este é inafundavel. Seria estúpido pensar dessa forma, o Titanic é um navio como tantos outros, tem os seus pontos fortes e os seus pontos fracos como todos os navios que andam a atravessar de um lado ao outro os grandes mares… Mas por aquilo que as manchetes dos grandes jornais andam por aí a espalhar aos quatro ventos é que o Titanic é inovador, tem atributos que jamais os seus antecessores terão alguma vez. O Titanic teve o privilégio de ser o primeiro a adquirir esses atributos… entendes? Um conjunto de sistemas que outrora o homem nem ousou sonhar… - ponderei um pouco antes de prosseguir, aproximando-me dela.

Alice fintou-me com os seus olhos atentos, esperando pelo final dos meus argumentos. Pois então ela falaria. Sim, eu via na sua linguagem corporal que ela estava agitada, queria expressar o que estava a sentir naquele momento. Mas ela teria que esperar, até que eu terminasse. Desviei o olhar dela, deslizando-o por breves momentos para a porta que se encontrava meio escondida pelas cortinas faustosas e que conduziam-nos até ao alpendre exterior. Voltei a finta-la.

- Pelo menos é o que dizem. Não sei quais são mas, receio de que não precisaremos de esperar muito tempo para o saber. Ora, estamos a viajar no próprio Titanic, Alice! Em breve saberemos do que este navio é capaz de fazer…

- Ora, se eu não te conhecesse a fundo Bella, eu diria que falas como a nossa mãe. – Murmurou amargamente.

Deixei descair a minha boca em espanto.

- Eu jamais me comportaria como a nossa mãe Alice! – Exclamei. – Quando ela se atreve a falar a única coisa que vejo são conversas fúteis e vazias… nem imaginas como isso me magoa, ao comparares-me a ela…

- Desculpa… - Murmurou a minha irmã, de olhar pesaroso momentos depois de um duro silêncio, encolhendo os ombros. – Desculpa… desculpa, eu apenas… é apenas o meu desespero a falar.

Acabei com a distância que nos separava e abracei-a novamente, desta vez a Alice retribuiu o abraço, apertando-me com força.

- Só te peço uma coisa… confia em mim, nos meus argumentos. – Disse apartando-me do seu abraço e atrevendo-me a sorrir-lhe, afagando-lhe o rosto num gesto maternal. – Verás que afinal esses teus sonhos são apenas um inequívoco e que afinal não têm quaisquer relações com o navio em que viajamos.

Alice pareceu reflectir naquele momento a sério nas minhas palavras. Foi então que aos poucos foi deixando que um sorriso doce e travesso lhe fosse ocupando a boca, desde uma ponta á outra, fazendo os seus olhos brilhar.

- Ok… neste momento, aqui e agora. Eu decido esquecer estes malditos sonhos, deitando-os, varrendo-os para o lugar mais solitário e mais escuro que existir no meu esquecimento. E a partir de hoje, irei aproveitar a viagem.

- Sensata decisão minha irmã… - Respondi-lhe com o maior dos sorrisos. Agradando-me o tom de convicção que lhe habitava agora na voz.

- Bem, e por falar em desfrutar da viagem… tenho que regressar á minha suite Bella. – Exclamou Alice deslizando elegantemente até á porta. – A minha criada pessoal provavelmente já me espera para que sejam desfeitas as minhas malas.

- É uma boa ideia. – Respondi satisfeita.

Aproximei-me novamente dos caixotes esverdeados, pronta para já retomar a minha tarefa de retirar toda a minha colecção para o exterior.

- E para além disso preciso de descansar antes da hora do jantar que terá lugar, obviamente, no grande salão da 1ª classe… - Murmurou Alice seguido de um risinho lírico.  

Olhei para ela, vindo inevitavelmente á minha memória que dentro de poucas horas teria que estar pronta para o jantar, deslumbrante, elegante… limitei-me a acenar em afirmação e Alice saiu de sorriso sincero no rosto, fechando a porta atrás de si. Ouvi os seus passos sobre a alcatifa requintada do corredor, depois a porta da sua suite a ser aberta e depois por fim fechada. Depressa virei o meu olhar em atenção para os caixotes onde entavam enclausurados as minhas preciosidades. Observei com olhos atentos todo o perímetro da sala de estar, aquele compartimento carecia de cor, era de natural urgência que fizesse inverter essa tendência. Voltei a pensar em Alice, sentindo o meu coração ansioso por saber que ela temia de morte uma súbita chegada do pior. Mas nesse aspecto o meu coração agora estava dividido, uma parte dele agora tinha esperança de que Alice cumprisse com o que havia prometido e aproveitasse de facto a viagem. Mas gradualmente a minha mente foi tomando outros caminhos diferentes, agora, mentalmente dava por mim a repetir as palavras de que Alice tinha-me dito antes de se retirar.

“ (…)preciso de descansar antes da hora do jantar que terá lugar, obviamente, no grande salão da 1ª classe…”       

As horas que antecediam o inevitável 1º jantar no grande salão já começavam a esvair-se, diminuindo minuto a minuto, esgotando segundo atrás de segundo. Não foi difícil, ou mesmo preciso esgotar as minhas forças num trabalho extenuante para imaginar quem pudesse naquele preciso momento estar a arfar de impaciência e expectativa para que a tão esperada hora chegasse… Renée Bukater, claro.

Conseguia imagina-la, na sua suite, dando ordens com mão de ferro e exigindo para que a suite ficasse totalmente de acordo com o seu gosto extravagante. Escravizando as suas pobres criadas, ao todo duas jovens, que agora com certeza desejariam ter ficado ao serviço de uma outra Senhora de grandes posses e muito mais amável. Já deveria estar a escolher o vestido, as jóias a usar na ocasião, os sapatos, o penteado mais adequado e vistoso… enquanto pensaria em mil e uma formas de criar amizades por entre os mais famosos e abastados passageiros da distinta e elegante 1ª classe, apesar de ainda ser uma hora demasiado matinal para já se ocupar a mente com esse tipo de coisas. Mas Renée era implacável nesse tipo de coisas, levava demasiado a sério quando a questão era se apresentar em público.

Eu já conseguia ver no horizonte um futuro dos acontecimentos que eu já tinha convicção de que se iriam concretizar. Não se esperaria outra coisa da sua parte, Renée iria pavonear-se pelo salão inteiro, não descansaria enquanto não deixasse bem claro que ela estava naquele momento, ali, presente com toda a sua garra e alma aristocrática… exibindo cada detalhe do seu vestido, cada pedra preciosa das suas jóias brilhando num fogo revelador da sua extrema vaidade, como se fosse ela a única ali a merecedora de todos os títulos nobres, de todos os ducados e de todos os elogios que seriam possíveis de se fazer á sua pessoa. Renée tinha espírito e ousadia suficientes para pronunciar de bom grado que algumas das outras mulheres que estivessem presentes na mesma divisão não teriam nem forças para se igualarem ou chegando ao nível do que ela dizia ser o nível simples dos seus tornozelos. Certamente que ela chamaria á atenção, disso eu não tinha qualquer dúvida. Mas seria pelos motivos mais vergonhosos e não pelos motivos ilustres. Será que a minha mãe não tinha a consciência suficiente para ver que os seus modos exagerados, que ela julgava serem de extrema elegância, só transpiravam de segundas intenções e hipocrisia? Tocavam deveras o ridículo…

    O desejo de não comparecer àquele jantar começou a nascer dentro de mim, tão fugazmente e arrebatador que deixou-me logo com aquele sensação de grande alívio só de imaginar que poderia ficar na minha inteira privacidade na suite, escapando ao grande e prometido jantar no salão, se apresentasse uma desculpa suficientemente credível. Cantaria de alívio se conseguisse escapar á vergonha de assistir aos momentos ridículos que Renée produziria em frente de todos.

*Flashback On*

26 de Abril de 1902 – Mansão dos Dewitt Bukater.

O jantar estava delicioso, toda a família estava naquele momento reunida na grande sala da mansão, debruçados sobre a comida tremendamente deliciosa que a cozinheira preparara com tanto esmero a pedido do dono da casa. Aquela era uma noite especial, Charlie tinha conseguido finalmente fazer um bom negócio com o Lorde Henry Carter, depois de tantas semanas a oscilar entre o sucesso e o fracasso. Renée estava sem dúvida exultante, naquele mesmo dia Charlie a levara até ao centro de Londres com a intenção de lhe comprar mais uma jóia, a 4ª naquele espaço de um mês, depois de ter regressado das vastas propriedades de Lorde Carter. Renée estendia o braço tanto quanto lhe era permitido, admirando e dando para a contemplação de outros a sua nova peça de joelharia. Uma bracelete cravejada de minuciosos diamantes que flamejavam intensamente com a luz límpida da iluminação dos candeeiros e do lustre de cristal que pendia sobre o tecto da sala. No meio de tantos incontáveis diamantes sobressaía grandes safiras azuis. Renée mal cabia em si de contente, o seu olhar lascivo oscilava entre a bonita peça e em Charlie que se encontrava extremamente contente, sentia-se feliz por a sua esposa também estar feliz.

   Renée até mesmo se esquecia da boa comida que jazia no prato de porcelana, fumegante e apetitosa. A sua inteira atenção era melhor empregada sobre o seu recente bem adquirido.

- Ohh Charlie…! - exclamou Renée, subindo o tom de voz mais do que necessitaria. – Esta bracelete é maravilhosa! Adoro-a!

E Renée mais uma vez erguia o seu braço onde pendia a dita jóia, não se cansando de a admirar. Quem assistia a tudo isto, de olhos muito abertos e atentos eram as suas duas filhas, Bella e Alice. Que com pequenos intervalos levavam o garfo de ouro de lei á boca com pequeninos pedaços de carne assada que a ama cortara cuidadosamente… não desviavam por muito tempo os seus olhares da mãe, ora olhando para o prato com a comida, ora olhando para a mãe, tentando compreender porque é que a mãe em vez de se limitar a comer o que lhe tinha sido disposto no prato admirava sem cessar o objecto brilhante que colocara no pulso esquerdo naquela noite.

- É pena que eu não a possa mostrar hoje esta peça maravilhosa em público Charlie… - Lamentou-se Renée, demonstrando um olhar pesaroso. – Poderíamos ter ido de bom grado á festa de chá dos Walton. São uma família tão ilustre e de grandes fortunas! Arrisco a dizer que é quase uma ofensa não ter aceitado o seu bom convite.

- Lamento minha querida, mas certamente que os convites para as festas na herdade dos Walton não cessaram de todo. Haverá com certeza muitas mais… - Respondeu Charlie, mantendo o olhar atento na comida, remexendo com os talheres a carne.

- Lady Anne Carter deve ter ficado tão desapontada connosco Charlie… - Exclamou Renée, teimando em continuar com aquela conversa. Seria muito difícil dissuadi-la daquela sua ideia de comparecer á festa de chá dos Carter. – Ela mesma me disse, na última ocasião em que compareceu ao meu convite para uma sessão de poesia e jogos de criquete nos jardins… que fazia muito gosto em nos ter presentes na sua festa de chá.

- Renée, minha querida, eu tenho a ousadia de te dizer que prefiro muito mais ficar aqui, no nosso conforto, por entre aquilo que me é familiar e acolhedor. Estar com a minha família num momento como este. Do que comparecer a mais um convívio de alta sociedade.

Caso Charlie tivesse cedido às insistências da sua esposa, esta seria a 5ª festa que a família Dewitt Bukater teria comparecido num espaço de um mês. Renée nunca parecia se cansar de comparecer em festas, enriquecidas com os seus convívios privados, sessões de chá das 5 para as senhoras, competições de criquete e de pólo para os senhores. Embora a maioria das vezes também as damas participassem com toda a sua elegância nestes desportos...

   Renée não parecia nada satisfeita, o rosto alvo expressava um receio de que ao recusar o convite cortês de Lady Anne Carter para a festa de chá fosse o mesmo que perder a sua boa amizade e por consequência um pouco de prestígio no salão de Lady Anne. Renée não queria de todo que isso acontecesse. Deixou, por momentos, transparecer no seu semblante uma centelha de ódio para depois se suavizar. Charlie não se apercebeu dessa mudança brusca, continuando a degustar a deliciosa comida. Renée estava a ferver por dentro, queria explodir e dizer que também ela mandava naquela Mansão, impunha também ordens quando bem lhe apetecesse. Mas Renée pensou melhor, não iria explodir numa ira gigantesca e arruinar aquele jantar… havia uma opção muito melhor, muito mais subtil...

- Bom, se tiveres sempre essa atitude para todos os momentos e em todos os aspectos, meu querido. Receio de que nunca consigamos perpetuar uma nova descendência que dê continuação á nossa família… - Disse Renée num tom calmo de voz, desprendendo o olhar por uns meros segundos da bracelete e olhando para Charlie, estreitando o olhar na sua direcção.

- O que é que queres dizer com isso? – Respondeu Charlie, surpreendendo-se com a expressão da sua esposa que o continuava a fintar com um olhar manhoso.

Renée voltou a desviar o olhar de si, voltando ao encantamento irresistível de admirar indefinidamente a sua bracelete, estendendo o braço desta vez não muito alto. Deu-lhe a resposta de que ela achava ser certeira.

- Se não frequentarmos as esferas das grandes elites da sociedade, como é que queres que de futuro as nossas duas filhas encontrem um bom partido? Achas que é ao ficarem em casa, fechadas e isoladas do mundo que elas encontrarão um marido? Achas? Cuidado meu querido… as nossas filhas não têm uma beleza eterna. Não durará para sempre…

Bella e Alice olhavam para aquele espectáculo com curiosidade e incompreensão. Afinal do que é que os pais estariam a falar em concreto? Bella com 7 anos e Alice com 6 anos pouco se preocupavam com aquele tipo de conversas. Para o deleite de ambas as suas cabeças estavam apenas focadas na próxima brincadeira que iriam organizar. Pouco lhes importava o que os pais discutiam á mesa naquele momento. Apenas se fizeram deter por um pouco, dispensando uns segundos das suas vidas para tentarem perceber o porquê de ambas terem sido mencionadas no meio daquele diálogo.

Renée olhou para ambas e esboçou um meio sorriso, para depois olhar para Charlie e continuar com a sua chantagem, fazendo gestos na direcção das suas filhas.

- Olha para os seus rostos querido… tão bonitos e de pele sedosa. Tu achas que os rostos delas serão assim para toda a vida? Claro que não! As rugas surgirão, inoportunas, a frescura das suas peles será perdida e então aí é que elas nunca conseguirão nenhum bom partido. Ficarão para tias, solteiras para sempre e a linhagem da nossa família irá se perder… queres que isso aconteça, é?!

Charlie olhou na direcção da mulher, do outro lado oposto da mesa comprida de carvalho, deixando bater os talheres no prato de porcelana com um som inesperado e irritante, o que Renée estava a querer insinuar?! Que era ele o causador, num futuro próximo de as suas filhas nunca encontrarem a felicidade?! Charlie sentiu-se chocado quando chegou a essa conclusão, sentia-se igualmente magoado por saber que a sua esposa pensava daquela maneira. Ele tinha a perfeita noção, sabia que as dívidas estavam a acumular-se a uma velocidade estonteante, mal ele tomava consciência de que tinha mais uma dívida sobre as suas costas aparecia inesperadamente mais uma, duas ou três dívidas… Á muito que ele deixara de ver os inúmeros lucros surgirem com os negócios que fazia com as mais prestigiadas famílias de França, Irlanda, Escócia, Inglaterra, Espanha, Portugal e até mesmo nos países além-mar como a América, México e Brasil. Charlie via o seu negócio, outrora próspero, a definhar-se a olhos vistos. Charlie dedicara-se á Criação de Cavalos, dos mais prestigiados puro-sangue e agora via-o a enfraquecer devido á súbita enchente de carros que surgiam nas ruas de Londres e assim começava a ser por toda a Europa. Os carros começavam a ser já uma enorme revolução na história dos meios de transporte. Conseguiam ser muito mais confortáveis do que a cela de um cavalo… e isso preocupava deveras Charlie, pois temia que o seu negócio não aguentasse por muito mais tempo.

   Ainda não conseguia acreditar que tivesse conseguido um excelente negócio com Lorde Henry Carter. Conseguira vender-lhe 4 cavalos lusitanos de puro-sangue e 2 fêmeas da mesma raça para perpetuar a linhagem seguinte. Lorde Carter dera-lhe uma quantia avultada pelos 6 exemplares, o suficiente para já pagar pelo menos duas dívidas que tinha deixado em Londres ao comprar uma gargantilha de esmeraldas com diamantes e uns brincos a condizer para Renée. Assim que chegou a casa fez questão de contar o bom negócio que tinha feito com Lorde Carter, pois quem tinha feito com que aquele negócio fosse possível foi sem dúvida Renée que mencionara uma vez a Lady Anne que ele vendia cavalos de raças prestigiadas. Numa aparição seguinte de Lady Anne na Mansão dos Bukater a própria confessara que tinha informado o seu marido e que este tinha demonstrado um fervor interesse de lhe adquirir uns quantos animais para os seus estábulos a fim de proporcionar momentos de lazer às suas 4 filhas, todas elas já bem casadas, quando decidiam aparecer na casa dos seus pais.

Renée não deixou passar este facto em branco quando Charlie mencionou que iria a Londres ao Joelheiro onde costumavam ir, não mencionando os motivos que o levava lá. A sua esposa fez questão de o acompanhar, já sabendo o que aconteceria caso fosse com ele… e assim aconteceu. Renée, assim que entrou dentro da loja e posou o seu olhar sobre as novidades que o Joelheiro tinha na montra exigiu a peça mais bonita e vistosa que o Joelheiro tinha em exibição.

Charlie não conseguiu dizer que não… o pagamento da gargantilha de esmeraldas com diamantes e os brincos teria que esperar. Sentiu um súbito impulso de lhe comprar tudo o que lhe agradasse fazendo-a sorrir. Tudo o que Charlie queria era ver Renée sorrir de felicidade. Ele amava-a, tinha-lhe prometido o mundo… pois então daria-lhe o mundo. Disse que levaria a bracelete de diamantes e safiras para grande alegria de Renée. A mente de Charlie viajou por todos aqueles pensamentos, sentindo-se magoado pelas palavras de Renée… depois de tudo o que ele tinha feito por ela.

Ele tinha a consciência que uma das causas para a sua desgraça eram os caprichos e as cobiças de Renée, mas nada podia fazer… ele amava-a.

   Alice parou subitamente de comer, tinha-se lembrado de algo… algo que o seu pai lhe tinha prometido á 3 dias, pela ocasião em que tinham passado ocasionalmente pela mais prestigiada das lojas de brinquedos, em Londres.

- Papá… - Iniciou Alice, na sua voz fininha de criança doce. – Quando é que voltamos á loja de brinquedos? Eu gostava tanto de ter aquela boneca tão bonita que estava no expositor… Compras-me papá, compras-me a boneca?

Charlie olhou para Alice, sentindo o seu coração a transbordar de amor por ela. Claro que se lembrava de ter prometido á sua adorada Alice que lhe compraria aquela boneca de porcelana. Mas quando se preparava para responder, Renée falou numa voz áspera e autoritária. Abaixou o seu braço esquerdo bruscamente e olhou com reprovação na direcção da sua filha mais nova.

- Alice! Isso não são modos de se estar á mesa! Pedir brinquedos á hora da refeição?! Que falta de educação…

Alice fintou a mãe, de olhos arregalados e o seu lábio inferior começou a tremer ligeiramente. Os seus olhos rapidamente ficaram marejados de lágrimas, mas lutando para que elas não se soltassem. Temia o que a mãe lhe pudesse dizer se começasse a chorar.

- E não me faças essa cara por favor… - Continuou Renée ainda ríspida. – Eu não estou disposta a criar uma menina que chora porque o seu pai não lhe dá aquilo que ela quer. Comporta-te como uma jovem já crescida Alice. Já tens brinquedos e bonecas de porcelana mais do que suficientes a inundarem o teu quarto e o mesmo posso dizer no caso de Bella. Eu quero que vocês as duas se comportem. E lembrem-se nada de pedir coisas á mesa!

Alice reprimiu as lágrimas, que inevitavelmente escorreram em silêncio pelas suas bochechas rosadas, respondendo. – Sim… mamã.

Charlie teve vontade de falar, não gostava que a Renée responde e tratasse assim as suas duas filhas. Com tanto desdém…

Mas deixou-se ficar calado, continuando a saborear a comida, quando a vontade já não era muita. A sua última vontade era criar uma discussão ao final daquela noite… Bella simplesmente olhou e assistiu a tudo em silêncio, não tendo nada para dizer. Apenas olhando a mãe fixamente, condenando-a com apenas um olhar e depois voltando á tarefa de continuar a comer. O silêncio que se instalara foi novamente rasgado pela voz de Renée, desta vez mais delicada e alegre.

- Charlie, meu querido… espero que não te tenhas esquecido que muito em breve temos o jantar na propriedade de Lorde Anthony Chapman… - Murmurou gentilmente.

- Claro que não me esqueci… - Respondeu Charlie com uma voz indiferente.

O assunto pareceu encerrar ali mesmo. Charlie fizera para que isso acontecesse, aparentemente não haveria mais nada a ser dito mas Renée não ficara satisfeita. Ela queria impor algo que ainda não tinha mencionado. Por isso, fazendo uma curta pausa, como se hesitasse expressou o que realmente queria dizer.

- Bem… como se trata de um jantar importante, eu quero muito adquirir um vestido novo para a ocasião…

Charlie reprimiu uma gargalhada. Aquela era a mesma mulher que tinha repreendido a sua filha mais nova por causa de uma simples boneca de porcelana?! Não era ela contra os pedidos inoportunos á hora da refeição?

- Já não tens vestidos suficientes, minha querida? – Questionou-a, aproveitando a oportunidade de se referir ao que ela tinha dito ainda á pouco a Alice.

Renée não gostou da insinuação, isso via-se bem na expressão que ela tomara… mas manteve com mestria a sua máscara de esposa atenciosa e meiga. - Ohh mas Charlie… Sim, na verdade tenho mas… este jantar é uma ocasião extremamente especial. Por acaso já te esqueceste que a família Chapman é uma família das mais importantes na sociedade Londrina? Certamente que são nobres e com grandes ligações á corte… imagina Charlie! Caso eu compareça no jantar dos Chapman com um vestido já usado imensas vezes, e surgirem para o jantar as pessoas mais ilustres, seria uma vergonha não só para mim… mas para toda a nossa família. Pensariam o quê… que a esposa de Charlie Dewitt Bukater não tem a mínima decência e o dinheiro suficiente para comparecer a um jantar tão importante com um vestido velho em vez de um novo.   

Renée choramingou um pouco, forçando-se para que caísse uma lágrima ou outra dos seus olhos fingidos. Quando queria ela sabia muito bem representar, pois Charlie pareceu render-se às investidas da sua esposa. Deixou descair os ombros e apenas as suas palavras perpetuaram o que ele já tinha decidido.

- Muito bem… amanhã mesmo irei contigo e poderás escolher o vestido mais deslumbrante que houver…

Renée quase pulou da cadeira de tanta satisfação, controlando-se logo com grande facilidade. Mas sorriu abertamente para Charlie, pegando logo nos talheres parecendo finalmente interessada na comida. Mas Charlie tinha mais algo a dizer:

- E as minhas filhas, Bella e Alice também irão connosco. – Rematou Charlie satisfeito. - Poderão escolher os vestidos mais bonitos que houver.

Foi a vez de Bella e Alice festejarem a sua sorte, soltando risinhos e sorrindo maravilhosamente na direcção do pai que lhes retribuiu com um provido de todo o seu amor, enquanto o sorriso de triunfo de Renée esmorecia bruscamente, os seus olhos faiscando de raiva reprimida que foi logo disfarçada. Olhou para elas com uma cara fechada, sisuda, sorrindo por fim com um sorriso forçado… não dizendo nada.     

*Flashback Off*

   Fui desperta da recordação daquela noite de 1902, relembrei com carinho o meu falecido pai, admitindo para mim mesma o quanto ele ainda me faz tanta falta. Aliás, sempre me fará falta, o mundo nunca seria o mesmo sem Charlie, eu sabia disso muito bem… Já me tinha decidido quanto ao 1º jantar que teria lugar naquela noite no Titanic… não iria. Dispensava de boa vontade o espectáculo barato da sua mãe. Empenhei-me arduamente por buscar uma desculpa plausível para a minha ausência nesse jantar. Aliás, eu duvidava muito que alguém deve de facto pela minha ausência… Mas as minhas buscas foram temporariamente suspensas quando uma leve pancada na porta fez-se ouvir pela sala de estar da suite. Eu, com alguma resignação foi abri-la e deparou-se diante de mim finalmente com a minha criada pessoal.

- Aqui estou Miss, ao seu serviço… - Disse a jovem pequena, de uniforme branco e preto, avental de linho e renda que atava atrás com um laço apertado, vestido preto e touca na cabeça de linho branca com um folho discreto. Tinha o cabelo muito bem penteado num coque alto agora escondido debaixo da touca. – Madame Bukater disse para que a viesse ajudar…

- A preparar-me para descansar certo? – Completei a frase da criada, que se calou educadamente, olhando para mim com um olhar profissional e afável.

- Sim Miss… ela deu-me essas mesmas ordens. Para que a Miss Bukater descanse o máximo possível para mais logo comparecer ao jantar com um ar mais… - A jovem hesitou por um momento. - …Apresentável.

Deu-me vontade de rir, as ordens de Renée conseguiam ser realmente ridículas, aliás, tudo o que viesse dela era sempre cómico e ridículo. Dei a ordem para que a minha criada pessoal entrasse dentro da minha suite… ela esperou ordens minhas, e agora? Vi-me novamente na indecisão. Iria ou não iria ao 1º jantar?

Alice… A minha irmã Alice não mencionara que recusava ir ao jantar, isso fez-me pensar melhor na minha decisão. Se fosse, acompanhada da minha irmã poderia ser menos pesaroso. E… eu tinha que ser sincera, eu queria ver qual seria a reacção dos outros passageiros ao encararem a minha mãe. Era um facto a Admitir…

A decisão estava tomada, iria comparecer ao jantar. Dei ordens para que a minha criada pessoal me ajudasse a preparar para o descanso, queria estar… como a minha mãe disse… Apresentável para ver o seu orgulho cair no rídiculo.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram minhas lindas? Digam algo, deixem muitas reviews por favoorrrr! :D
Acreditem são vocês que me dão a força para escrever nesta fic. Comentem muito digam o que acham, se está bem ou se está mal, se é preciso mudar algo...
Até á próximas minhas flores lindas ♥333
Fico á espera! :D
BEijoooSSS***