A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 24
CAPÍTULO II: Anelo benevolente




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178257/chapter/24

No centro da grande cidade abandonada, ao entardecer de mais um dia, Deborah ainda corria através de uma avenida, margeada por prédios e casarões históricos, que demonstravam estar iniciando-se ao estado de ruínas. Logo, ela percebeu que ninguém mais a perseguia e diminuiu o passo, parando um pouco, apoiando as mãos em seus joelhos para descansar e recuperar o fôlego.

Do meio das construções abandonadas, algo passa a espreitar a garota, e não demora muito até que um infectado abandone os escuros escombros da fachada de um dos prédios próximos e avance veloz e violentamente contra ela. Em um reflexo, a garota saca sua submetralhadora e, em uma precisa rajada, estoura o crânio da criatura, que despenca ao chão. Ao que Deborah solta um nervoso: - “Não enche o saco, merda...” Mas não demora muito até ela perceber diversas daquelas criaturas negras e malditas surgindo do meio das construções abandonadas e começando a espreitá-la.

Se ouvem gritos e urros emitidos pelas criaturas, até que uma delas toma a frente das demais, se pondo em posição ostentativa e soltando um longo e agudo guinado. Enquanto ainda urrava ferozmente, uma segunda rajada disparada pela garota lhe estoura a fronte. Logo os demais infectados partem para o ataque. Deborah fecha o rosto e, em uma sequencia que até parecia coreografada, passa a disparar rajadas curtas com sua arma, atingindo uma após a outra, as criaturas que se aproximavam. O pente se esvazia, ela o retira da arma e o deixa cair ao chão, ouve-se fracamente, abafado pelos sons das criaturas em ataque, o quicar do carregador vazio caindo no solo. A garota apanha um outro pente em um de seus bolsos. Antes de pô-lo na arma, um dos infectados a alcança, violentamente a garota lhe acerta um golpe com o corpo da arma vazia, a criatura se desequilibra e cai ao chão. De forma rápida, precisa e até um pouco brusca, ela “soca” o carregador na arma, a engatilha e dispara contra outra criatura que se aproximava, eliminando-a. Após isto, ela gira o corpo, a criatura que derrubara a pouco acabara de se levantar, mas apenas o fizera para receber um letal tiro na cabeça, com o cano da arma praticamente encostado em sua testa.

A sequencia de combate se segue, até o novo pente da arma se esvaziar, vendo que o numero de monstros ali aumentara quase que em escala exponencial, e que cada vez se mostrava mais díficil mantê-los afastados, ela guarda a arma em sua cintura e puxa as duas lâminas losangonais que guardava nas bainhas transversais em suas costas, e cujos cabos possuíam cordas elásticas amarradas, e ataca as bestas.

Em um ataque inicial, ela gira das lâminas por cima da cabeça, fazendo um circulo completo e acertando todas as criaturas mais próximo ao seu redor, depois elas começa a lançar e recolher as lâminas, com o uso das cordas elásticas pressas em seus cabos, numa sequencia letal de acrobacias e malabares, com movimentos que muitas vezes mesclavam elementos de sutileza e bruscalidade. Contra uma das criaturas, ela gira as duas lâminas no ar, uma de cada lado de seu corpo, e então as lançam contra o infectado, as duas lâminas o acertam ao mesmo tempo, porém uma de cada lado, partindo seu corpo ao meio. O embate continua, porém, mesmo com sua extrema destreza, a garata começa a se cansar, e percebe que não conseguiria deter as ondas massivas daqueles monstros que pareciam surgir do nada. Ela recolhe as lâminas, as empunha firmemente, e parte para o combate corpo-a-corpo, buscando sempre atingir golpes nas cabeças. Diversas criaturas são derrubadas, o sangue delas respinga por sobre suas roupas e até mesmo mancha sua tez queimada pelo sol. Porém uma das criaturas consegue se aproximar por trás, lhe agarrando e lhe desferindo uma brutal mordida no ombro direito, a garota se ajoelha no chão, sentindo a mordida e o peso daquele ser maldito por sobre ela, enquanto emite um grito de dor. Em um impulso raivoso, ela desfere um violento golpe com a lâmina que segurava na mão esquerda, enfincando completamente a arma na face de seu atacante.

Mais um monstro vai ao chão, porém mais e mais deles se aproximam, ela ainda tenta empunhar a suas armas, mas nesse momento ela ouve o som de algo metálico caindo e quicando no chão, logo uma pequena lata escura rola por seu lado direito, parando um pouco à sua frente, ele reconhece se tratar de uma granada e apenas tem tempo de soltar um “Ahn?!” antes da granada começar a girar freneticamente enquanto soltava uma grande quantia de uma fumaça de coloração branca-amarelada. Logo outras duas destas granadas são lançadas, caindo nas proximidades da garota e detonando. A estranha fumaça logo a envolve totalmente, porém mais do que isso, ela logo percebe que aquele gás com um cheiro estranho (semelhante à canela), realizava uma estranha reação nas criaturas que a atacavam. Em contato com aquele gás, os infectados entram em pânico e começam a gritar e se debater histericamente. Ignorando completamente a garota, eles fugem do local o mais depressa que conseguiam.

Deborah, vendo-se salva, começa a abrir um sorriso, apesar do ombro ensanguentado, mas logo a alegria que sentira começa a ser substituída por náuseas e fortes cólicas abdominais. Ela se ajoelha no chão e se curva de dor, e neste instante ela vê um vulto se aproximando através da fumaça. Um homem vestindo um longo jaleco, branco e sujo, e tendo o rosto encoberto por uma máscara de gás se revela. Ele se aproxima velozmente, a apanha, apoiando-a em seu ombro e a carrega para fora da nuvem de gás que havia se formado no local.

Nauseada e aturdizada, a garota sente a cabeça se tornar cada vez mais pesada, e presente um desmaio eminente. O homem que a carregava parece também prever isto. Ele a olha através do acrílico transparante da máscara que cobria sua face, Deborah percebe seus olhos e a pele um pouco enrrugada ao redor deles enquanto ouve uma voz, que apesar de distorcida pelos filtros respiratórios, lhe soava benevolente: “Não se preocupe minha jovem, você ficará bem...”, antes da visão escurecer...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Esperança Dos Renegados" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.