A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 16
CAPITULO XIV: Estranha desigualdade




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Malachie sai de uma das vielas do gueto. Caminhando tranquilamente, ele se põe a subir o primeiro lance de escadas na direção da porta. Ele chega numa plataforma onde esta primeira série de escadas conduzia, do outro lado da plataforma, próximo ao segundo lance de escadas, os seguranças o encaram, enquanto funcionários da porta observam das plataformas acima. Os seguranças empunham as armas e gritam um “Parado!”, o Cavaleiro continua caminhando, sem qualquer reação. Uma segunda ordem para se deter é dada, e novamente ignorada, na guarida o segurança engatilha a metralhadora e a aponta para o Cavaleiro. “Se não se deter agora, iremos abrir fogo!”, um dos seguranças alerta e é novamente ignorado. O segurança se volta para o companheiro da guarida e dá a ordem: “Faz ele se arrepender de ter nascido.” O gatilho da arma é apertado e a rajada de disparos se inicia. Devido a dispersão da mira os primeiro tiros acertam o chão nas proximidades de Malachie, levantando nuvens de poeira, porém logo ele começa a ser atingido. Os impactos das balas o fazem recuar e, depois, a se desequilibrar, diversos tiros acertam as suas cercanias, levandando uma nuvem de poeira. Logo ele se desequilibra e vai ao chão, sendo encoberto pela nuvem de poeira que se levantara no local. Leva menos de 10 segundos até que o cinto de balas acabe e a arma se ponha descarregada, porém, diante do medonho som da mortífera arma, este tempo se multiplica indescritivelmente.

 

Cartuchos vazios se espalham em torno da guarida e rolam pelo chão rompendo o estranho silêncio do local. A poeira começa a baixar e se percebe o corpo do Cavaleiro deitado no chão, os seguranças abrem um discreto e malicioso sorriso em seus rostos. Mas, estes sorrisos, rapidamente se convertem em expressões de espanto, quando Malachie começa a se mexer e  se levanta. “Demônios...”, o homem na guarida murmura, enquanto outro lhe grita: “Recarrega essa bosta e acaba com ele!” O segundo cinto de balas é posto na metralhadora, ela é armada, mira-se e uma nova rajada de disparos se inicia. Se repete o ocorrido da primeira vez, porém agora se tem a impressão da arma se descarregar mais rapidamente. Quando a poeira abaixa, Malachie esta prostrado, porém não demonstrando nenhum ferimento. Ele se levanta novamente e segue na direção dos seguranças. “Eu descarreguei duas cintas nele... e nada...”, o segurança na guarida comenta estupefato, ao que um outro lhe grita nervoso: “Então vai no arsenal e pega outra!”, ele volta a si e corre na direção do arsenal. Os outros dois seguranças empunham os rifles e começam a disparar contra o Cavaleiro. Este avança velozmente na direção deles. Tiros o atingem enquanto ele desembainha sua espada, porém, ainda que ele demonstre sentir pelo menos um pouco dos impactos, estes não atravessam suas vestes e não lhe causam dano. Ele chega até os homens e os executa com golpes rápidos e sequenciais de sua lâmina. O terceiro segurança retorna do Arsenal com algumas cintas de munição para a metralhadora, porém, antes mesmo dele se aproximar da guarida, ele é interceptado por Malachie, que lhe dá o mesmo destino que seus companheiros.

O Cavaleiro logo se põe a subir o próximo lance de escalas, até a próxima plataforma, onde se localizavam as salas de comando dos mecanismos de abertura e fechamento da porta. A sala de Stanley, onde este se escondia, se localizava neste nível, e pela soleira de uma das janelas da sala, ele observava, atônito, a aproximação de Malachie. Ele tenta, inutilmente, buscar uma saída, andando agachado pela sala, esforçando-se em não ser visto.

 

O Cavaleiro arromba a porta e adentra a sala, deparando-se com Stanley, ainda de cócoras, detrás de uma mesa. Tal mesa era retangular, feita de metal, já um tanto oxidada, porém sua principal característica eram as rodinhas que possuía nos pés, dando-lhe grande mobilidade. E Stanley, num ato que mesclava desespero e ousadia, usaria desta mobilidade. Ao ver o Cavaleiro adentrar a porta de sua sala, em um reflexo, ele se levanta, firma as mãos na mesa com rodinhas e a empurra na direção do invasor usando de toda sua força (que, de fato, não era muita, mas, na adrenalina e na busca por se salvar que aquele momento gerava, parecia se multiplicar exponencialmente). Malachie é atingido pela mesa, e Stanley o empurra para fora da sala. Conseguindo este feito, ele confere a mesa um ultimo empurrão, o qual acaba por precipitar o Cavaleiro, juntamente com a mesa, ao chão. Ao ver o inimigo caído, Stanley vê uma chance de fugir, e corre desesperadamente até o próximo lance de escadas e as sobe apressadamente, em alguns momentos chegando a usar também as mãos para se apoiar nos degraus e manter a velocidade de subida. Ele chega ao próximo nível e busca refugio em uma das salas, na sala de observação, onde ficava o periscópio através do qual enxergavam o mundo exterior. Ali, também se encontrava um tipo já de certa idade, corcunda e que usava grandes óculos de lentes grossas e de auto grau de correção visual, o qual era oportunamente apelidado de “Zóio”.

 

Em pouco tempo o Cavaleiro chega também a este nível, a porta da sala é arrombada. Zóio, que estava na parte principal da sala, num reflexo amedrontado, apanha um revolver calibre 38, o qual ficava escondido em uma das gavetas da sala, e aponta para o invasor. Porém o medo o fazia tremer de tal forma que não conseguia nem mesmo empunhar a arma com firmeza. O Cavaleiro se aproxima do homem, põe sua mão por cima do revólver segurado tremulamente, e o abaixa. Zóio volta o olhar para a face do invasor, a qual permanecia encoberta pela mascara metálica na qual fora esculpido uma face humana de expressão fria e indiferente, e que apenas permitia ver o olhos de seu atacante, nos quais ele se concentra, como se, com o olhar, lhe pedisse compaixão e que poupasse aquele pobre diabo que estava à sua frente. Enquanto ainda buscava um traço de humanidade em Malachie, ele sente a lâmina atravessando seu ventre, respirar se torna impossível, e num desengasgo, sangue vem a sua boca. O Cavaleiro recolhe a espada e Zóio caí ao chão, para agonizar seus últimos segundos. Em uma outra sala, a sala de comandos, que ficava no mesmo nível, outro homem, que era chamado pelos companheiros de “Negão” (sendo um tanto desnecessário dizer que isto era motivado pelo seu grande porte físico e a cor de sua pele), observa seu amigo sendo cruelmente assassinado. Ele se torna visivelmente transtornado, mudando a face, fixando o olhar e cerrando os punhos.

 

Adentrando mais a sala, o Cavaleiro se aproxima de Stanley, que o questiona sobre o que queria, ao que Malachie responde: “Precisamos conversar.”, enquanto o apanha pela camisa e o lança para fora da sala. Saindo da sala e se aproximando novamente dele, o cavaleiro questiona: “Para onde foi a ladra chamada Deborah?”, o rapaz tenta disfarçar com um “Não sei de quem está falando”, porém o Cavaleiro insiste, dizendo saber que ele saberia algo, enquanto começa a desembainhar sua espada, diante de tal intimidação, Stanley desabafa: “Está bem, está bem, aquela garota não me deve nada mesmo... Ela... foi para o sul, na direção das campinas, ela disse que lá Al-Naum quase não tem influência, então ela poderia descansar um pouco desta guerra que esta tendo entre ladrões e assassinos...” Malachie reflete um pouco no que lhe fora dito; então, desembainha a espada e a enfinca na barriga do homem, o encarando e dizendo: “Você até tem coragem em mentir assim para mim. Você tentou proteger esta ladra, mas tudo o que fez foi provocar sua própria morte, espero que tenha valido a pena. Pois, eu vou encontrá-la, mesmo sem sua ajuda, e ela terá um destino pior que o seu.” Ele ainda falava quando tiros são disparados e alguns impactos são sentidos em suas costas. O Cavaleiro se vira, e se depara com o tal "Negão" empunhando um revólver e lhe disparando. O tambor é rapidamente descarregado, sendo que o ultimo tiro acerta o Cavaleiro na cabeça, por sobre sua mascara. Ele recua com a cabeça para trás pelo impacto, porém a bala não é capaz de atravessar a máscara metálica que usava, na verdade nem mesmo a risca. O projetil cai no chão ao lado de Malachie, amassado pelo impacto.

 

Malachie avança contra seu atacante, o qual, usando um JelLoader, recarrega sua arma e volta disparar contra ele. Porém, antes do tambor ser novamente descarregado, o Cavaleiro o alcança e, com um rápido golpe de sua espada, lhe decepa a mão que segurava a arma. Em uma rápida sequencia, Malachie atravessa o ventre daquele grande homem com sua lâmina, o encara e diz: “Como ousa me atacar?!” Porém o homem ignora a arrogância com a qual isto lhe é dito e reúne suas ultimas forças para levantar a mão e lhe acertar um fraco golpe no rosto de seu atacante. Tal atitude enfurece o Cavaleiro, o qual recolhe a espada e, em um novo golpe, lhe decepa a cabeça.

 

Do lado de fora do abrigo, próximo ao tampão de sua entrada, uma matilha de hellhounds vasculhava em busca de alimento. Quando o tampão dá indício de que se abriria, os cães infectados se concentram nela e começam a rosnar, aguardando quem sairia de seu interior. Porém quando o Cavaleiro surge na saída, os cães se acovardam e pareciam abrir caminho para ele, abaixando a cabeça, colocando o rabo entre as pernas e emitindo choramingos. Após passar por eles, e deixar a entrada do abrigo aberta. Malachie os encara, eles parecem se submeter a aterradora figura, que fala para eles: “Lá dentro tem comida para vocês.” O Cavaleiro segue seu caminho, enquanto os cães saltam para dentro do abrigo, rosnando e latindo.


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