Grissom procurou um livro em sua estante. Estava um pouco apreensivo.

Desenterrar aquele fantasma em sua vida não era bom para ele, não exatamente porque era um perito criminal, mas por causa da estranha semelhança entre a vítima e a mulher que dominava seus pensamentos desde que a vira pela primeira vez, linda com um rabo de cavalo, em São Francisco.

A porta estava entre aberta quando ela entrou.

SS – Griss, descobri o que manchou os sapatos de Kelly. É água e aguarrás, um componente que serve para remover tinta de pinceis com cerdas naturais, também achei vários pelos de  pinceis grudados em baixo do sapato.

GG – Se fizermos a ligação  com o artista que está expondo na galeria, descobriremos onde e talvez com quem esteve.

Sara se aproximou da estante e encostou-se nela.

GG – Você fechou a porta?

SS – Sim, mas se o que você quer saber é se tranquei a porta a resposta é não.

Ele a puxou para perto de onde estava, levou-a para o canto entre a estante e a parede da sala. Um lugar bem escondido onde a iluminação quase não alcançava.

Ficou na frente dela de modo que seria difícil alguém percebê-la ali.

Acariciou o rosto dela como se tocasse em porcelana. Tocou o pescoço, na nuca, sentiu os cabelos macios e perfumados.

GG – Eu tentei de toda forma possível te manter fora do caso anterior.

SS – Eu sei.

GG – Desculpa. Eu fiquei tão confuso quando vi Debbie...no banheiro, senti pânico, medo que ali fosse...

SS – Shiiii...- ela tocou os lábios dele com o indicador – não precisa se justificar.

O romantismo entre os dois era diferente. Não precisavam de longas declarações de amor, nem de demonstrações explicitas. Era um código de olhares profundos, sentidos nos toques suaves dos dedos. Toques que chegavam a alma.

Com as mão no rosto dele, Sara o beijou. Sentiu que ele a agarrava pela cintura aprofundando o contato dos corpos.

Um beijo profundo e calmo, com o poder de fazê-los esquecer de onde estavam. Segundos que duraram como uma eternidade, um gesto sem palavras mas que dizia tudo o que sentiam um pelo outro.

Tinha que parar de beijar o homem magnífico que a cercava com os braços ou então a quantidade de endorfina liberada pelo seu cérebro seria fulminante. Os magníficos olhos azuis a fitavam com admiração.

GG – Tenho que perguntar uma coisa: o que tanto Nick quer com você?

SS – Não é nada demais.

GG – Antes que eu esqueça, Greg anda desconfiando que você tem um namorado, disse que anda muito misteriosa e feliz.

SS – Então eu acho que vou ter que ceder aos galanteios de Nick.

GG – Se está tentando testar minha capacidade de auto controle, saiba que isso vai além do meu limite.

SS – Não se preocupe nós vamos...

Greg entrou rapidamente na sala, assustando o casal.

GS – Grissom você não vai acreditar...-parou procurando o supervisor- Grissom?

GG – Estou aqui, você costuma entrar sem bater?

GS – Desculpe, eu me empolguei com a descoberta.

SS – Encontrei Grissom! Surgiu sorrindo com um livro na mão.

GS – Que susto! De onde você surgiu?

SS – Estava procurando um livro de psicologia com o Griss. O que você descobriu?

GS – O irmão de Kelly comunicou seu desaparecimento. Ela dirigia o carro dele quando sumiu. Não atende o celular e o carro não tem GPS. Bráss já emitiu um alerta para a placa.

GG – Vamos ao necrotério, preciso saber a causa da morte.