POV Sarah

 Aqueles esqueletos idiotas me prenderam em uma cela, acho que era a mesma que eu fiquei da primeira vez. Sentei naquele chão duro e frio e fiquei esperando. Em algum momento alguém iria me tirar dali para eu conversar com Hades.

 E eles conseguiram a minha lagrima! Eu não acredito nisso! Levantei-me e comecei a fazer o que eu sempre faço quando estou triste. Já que eu não posso chorar eu faço diferente.

 Comecei a pular de raiva chutando tudo que estava na minha frente, eu gritava sem ligar para quem estava lá, eu já estava no inferno mesmo. Eu xingava a todos, todos mesmo. Os esqueletos nem ligaram para meu chilique.

 Acho que eu nunca gritei e xinguei tanto em minha vida. Eu chutei e pulei tanto que meus pés começaram a doer.

 Depois de ficar quase uma meia hora fazendo isso, eu me encostei à cela, sentei e coloquei minha cabeça em meus joelhos, comecei a fazer uma coisa que eu nunca fiz: chorar.

 Eu sei que é perigoso, mas eu sei chorar em silencio, ninguém percebeu isso. Alem do mais, só tinha um esqueleto tomando conta, e ele estava dormindo.

 Eu estava com medo de tudo isso. Eu prometi para meu pai que não iria chorar, mas por causa de um idiota eu acabei fazendo o que menos posso.

-Sarah? – senti alguém falar colocando uma mão em meu ombro.

Virei para trás. Nico estava na cela do lado, ou seja, já que era só grade nos separando, ele conseguia me ver.

-O que foi? – eu disse brava e limpando as lagrimas – Vai roubar essas lagrimas também?

-Não – ele disse triste – eu nunca faria isso.

-Não é o que parece.

-Você precisa acreditar em mim Sarinha.

-Você não pode me chamar mais assim. – eu disse me sentando de frente do outro lado da cela.

Nico bufou.

-Por que eu faria isso com você? – ele perguntou.

-Porque você é filho do Hades!

-Só porque ele é meu pai, não quer dizer que eu goste dele. – ele disse.

-Quer dizer sim! – eu disse.

-Eu fui o único que te ajudou. Você ainda acha que eu fingi o tempo todo?

-Acho. – eu disse – Filhos de Hades não tem sentimentos, não sei o porquê pensei o contrario.

Nico ficou calado por um tempo.

-Filhos de Hades pode sim ter sentimentos. – ele disse baixo e se virou, ficando encostado na grade e bufou.

Eu me levantei.

-Por sua causa eu chorei! – eu gritei fazendo ele se assustar e levantar. – Foi sua culpa, só sua! Eu nunca chorei, mas agora, por causa de um garoto, a promessa que eu fiz a meu pai quebrou.

Eu respirei fundo, Nico apenas me olhava.

-Agora – eu continuei gritando – Eu continuo sem família, sem amigos, estou morando em uma sela, não sei quem é minha mãe, seu pai conseguiu a droga da lagrima e eu não sei o que fazer!

Quando vi eu estava chorando.

-E você – eu continuei – Está conseguindo me fazer chorar de novo, uma coisa que eu nunca fiz. Por sua causa meus sentimentos estão fracos! Eu te odeio! – eu gritei mais ainda.

Nico só me olhava, sem nenhuma expressão, o que me deixou com raiva, ele também não dizia nada.

Fiquei um tempo quieta, tentando parar de chorar e não obtive resultados.

-Você precisa se acalmar – Nico disse por fim.

-Se acalmar? – eu gritei – Como eu posso ficar calma em uma situação como essa? Esse lugar está me dando medo, eu quero sair daqui, eu não gosto de ficar presa! Já fiquei muito tempo presa!

Fui até a porta da minha cela e comecei a chutá-la e a balançar ela, tudo para sair daquele cubículo de morte.

-Me tira daqui! – eu gritava sem parar, tudo para chamar a atenção.

-Parece que descobrimos o seu defeito – Nico disse. – Você não gosta de ficar presa.

-Serio? – eu disse sarcástica e continuei a balança a porta da cela.

 Fiquei tentando por três horas, isso mesmo, três horas, eu não me canso.

-Não adianta – Nico disse – Nem mesmo eu consigo sair daqui com meus poderes. Essa cela é enfeitiçada.

Chutei a cela com força e não obtive resultados. Depois de três horas tentando nem um amassado eu consegui.

 Sentei frustrada no chão, de novo, ao lado da cela do Nico.

-Eu entendo esse ódio que você sente por mim – ele disse.

O fuzilei com o olhar.

-Não adianta me olhar assim – ele disse – eu que olho assim para os outros e acredite, dá medo.

-Não tenho medo de você. – eu disse.

-Devia ter. Posso fazer muitas coisas que você não acredita.

-Tipo o que?

-Isso.

Ele foi chegando mais perto de mim. Ok, a intenção dele era me beijar. Como? Tem grades separando nós dois. E alem do mais eu não vou beijá-lo, não depois do que ele fez.

Ouvi um barulho, virei o rosto, agradecendo quem quer que fosse. Era um desses esqueletos. Demorei um pouco para raciocinar, mas ele estava abrindo a cela do Nico.

-Droga! – Nico disse baixinho.

Os esqueletos o levantaram.

-Eu vou te tirar daqui – Nico disse.

Os esqueletos tiraram Nico da cela, me deixando sozinha.

Fiquei um tempo lá, cantando algumas musicas. Outro esqueleto apareceu e abriu a minha cela.

-Obrigada! – eu disse abraçando o esqueleto, sim, eu sou estranha. – Me tira daqui. – eu implorei.

-Senhor Hades quer conversar com você. – o esqueleto disse me levando para o lugar onde Hades estava. Será que foi o Nico que mandou ele me tirar daqui? Ou foi Hades que pediu? Ou o Nico insistiu Hades a me tirar daqui?

-Você fala? – eu disse – Não sabia...