Dakota Lessons escrita por Nebbia


Capítulo 1
Prólogo - Parte 1




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 Via o sol pôr-se preguiçoso atrás das montanhas, e seu coração bateu mais forte. Em poucos minutos não haveria mais luz e ele ali, perdido no meio do deserto, com medo, frio, fome e, para completar, não tinha armas e nem que tivesse ajudaria, poir não sabia manuseá-las.

 Fora uma caminhada como as que sempre fazia: De manhã, esperava o pai sair para fugir de casa e explorar os arredores vazios da cidade.

 Sim, fugir. Porque seu pai nunca o deixaria sair por aí descobrindo tudo. Ele nunca permitiu sequer que ele saísse da cidade desde que chegaram da Inglaterra a pedido de alguns oficiais estadunidenses.

 Óbviamente sentia falta de seu país, onde tinha seus amigos – certo, nem tantos – e sempre algo novo ou pelo menos interessante para fazer. Ali estava no meio do nada, em uma cidadela que nem chegava a 50 habitantes, sendo o melhor “programa“ vasculhar o deserto que era praticamente o seu quintal. E para isso tinha que fugir e voltar de noite, antes da madrugada. Seu pai era tenente do exército britânico em seu país e, nos Estados Unidos, xerife da cidade, e portanto ficava muito pouco em casa durante o dia, o que facilitava muito para ele.

 Mas, naquele dia, sequer acreditava que conseguiria retornar. Teria que dormir ali e voltar a procurar sua cidade no dia seguinte; será que pelo menos conseguiria algo para comer? Nunca teve que se preocupar com nada disso antes.

 Sentou-se em uma pedra, olhando em volta. Nem ao menos sabia como dormir no deserto. E queria muito, MUITO ir para casa. Mesmo que também tivesse medo de voltar. Podia escapar dos animais selvagens – e, quem sabe, dos tão terríveis índios de que ouvira falar-, mas não escaparia dos castigos de seu pai.

 Quando saiu de suas reflexões, percebeu que anoitecera completamente. E ele se viu cercado pela escuridão, sem nenhum sinal de luz, por barulhos estranhos... E, ao mesmo tempo, pelo mais absoluto nada.

 “ Tudo bem...”, sussurrou de si para consigo, “ Não há nada aqui, é só a sua fértil imaginação...”

 Não mentia quando chamava-a de “fértil”.

 Repetia e repetia aquilo enquanto seus olhos varriam o local temendo qualquer sinal de perigo. Não havia nada. Nem suas fadas habituais apareciam para ajudá-lo, aquelas com quem ele conversava praticamente todo o dia.

 De repente, viu um movimento não muito longe. Movimento esse que vinha em sua direção a velocidade considerável.

 Petrificou, apenas os olhos acompanhando a criatura até o momento não-identificada. Só alguns segundos depois, quando esta apareceu a poucos centímetros dele, identificou-a como sendo uma simples iguana.

 O animal olhou para ele.

 Ele olhou para o animal.

 Logo pensou que, se conseguisse pegá-lo, talvez pudesse fazer fogo e... Comer. Não deveria ser tão difícil.

 Sorriu para o pequeno réptil, lentamente se levantando. O bicho não se mexeu.

 Levou as mãos para baixo e logo a iguana fugiu, sumindo de sua vista num piscar de olhos. Ele não desistiu; rastreou os arredores, já conseguindo reconhecer alguns contornos na escuridão. Voltou a achá-la não muito longe e tornou a correr atrás dela, tentando acompanhar sua velocidade. Aquele bicho era rápido demais...

 Súbitamente, ouviu um farfalhar de folhas.

 O animal havia se metido em um monte de arbustos.

 Suspirou e abaixou-se, tentando enxergar algo por debaixo dos galhos. Via-o ali, parado. Quem sabe se esticasse a mão esquerda poderia conseguir...

 Com um impulso, se enfiou junto nos arbustos. Viu a figura se mexendo e esticou a mão, mas ela fugiu novamente. Incansável, se expremeu ali, atrás da iguana. Seu corpo todo já estava dentro do bando de arbustos, já entrava em fadiga e só ouvia mais folhas raspando umas nas outras adiante, sinal de que a iguana ainda estava lá.

 Até que o barulho parou.

 O garoto parou junto do barulho.

 Ainda via o animal ali, parado, já fora das folhagens.

 Em um último esforço, esticou o braço mais uma vez. Mas o simples barulho das folhas já assustou o bicho, fazendo-o fugir novamente. Desistiu. Empenhou-se apenas em sair dali. Arrastou-se para fora dos arbustos, ficando porém preso da cintura para baixo.

 Proferiu uma série de palavrões enquanto pensava consigo mesmo sobre sua má sorte, até que reparou que algo bem maior que a iguana estava à sua frente.

 Seu coração disparou.


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Notas finais do capítulo

Bom... Esses são os primeiros parágrafos da longfic que desde metade desse ano tomou conta dos meus pensamentos, e... Não, não vou parar de postar ela porque já está completa, não importa qual seja a aceitação do público.
Mesmo assim, estou com expectativas meio... Altas. Eu realmente queria reviews nela, gente ;_;