- Pois é, participei de uma promoção que ouvi no rádio... Estou concorrendo a uma viagem para a Alemanha com tudo pago, para assistir o show de encerramento da carreira do Scorpions. – eu disse.

- Poxa Bia, essa é sua chance! Não tem como sabotar o resultado?

- Não Day, não tem. Mas já pensou como seria perfeito? Ver ele na minha frente já seria maravilhoso, quanto mais conhecê-lo pessoalmente!

- Hey, dessa parte você não falou! – Amanda exclamou indignada.

- Ahh pois é. Achei que não importava, detalhes...

- Detalhes? Isso te dá mais chances ainda. – dessa vez foi Biazinha quem disse.

- Claro! Vai ser amor à primeira vista, sabia? Acho que já volto de lá casada.

- Nunca se sabe, Bia. – Dayane

- Queria ter essa convicção! – Bem que Deus podia ouvir as palavras da Dayane e fazer delas realidade, seria bem legal da parte dele.

  Os dias que se seguiram foram os mais tediosos possíveis. Eu já disse e torno a dizer: Para que ter aula quando as médias já estão fechadas? Oh coisa irritante essa escola...

  O resultado daquele concurso sai hoje. Finalmente. Acordei de muito bom-humor, o que é bem raro. Isso poderia ser um bom sinal. Ok, chega de fantasiar.

  Liguei o computador já morrendo de ansiedade. Se eu não ganhei, preciso saber logo. Quanto antes souber, mais cedo minha depressão que ainda está por vir vai acabar.

   Ao entrar no site, dei de cara com o banner informando que o resultado havia saído. Ok, é agora ou nunca, literalmente.

  OMG! EU SIMPLESMENTE NÃO CONSIGO ACREDITAR!!

   Eu devo ser a pessoa mais sortuda do mundo, mas diante de uma situação dessas nem consigo ter alguma reação. Nem me mexer eu conseguia... É difícil de acreditar, querer tanto uma coisa e ela simplesmente cair do céu quando menos se espera. É claro que se Deus acha que eu mereço, eu é que não vou discordar dele.

  Agora eu tinha que achar um acompanhante, eu não tinha nem prestado atenção nesse detalhe. Com a minha mãe é que eu não vou... Vai que a Dayane esteja certa, nunca se sabe. E mãe é igual ao extermínio de toda e qualquer chance que eu poderia vir a ter.

  Agora é só o mais fácil: entrar em contato com a rádio, arranjar acompanhante e, é claro, contar pra minha mãe. Talvez este último item não seja lá tão fácil assim, mas ela vai ter que aceitar. Ahh se vai.

   Deixei a rádio pra depois. Peguei o telefone e disquei o número da minha amiga Anna.

- Alô.

- Hallo, Anna! Como vai?

- Bem, Bia. E você?

- Ótima, melhor impossível. O dia está lindo hoje, não está?

- O que aconteceu? Andou passeando no jardim da felicidade?

- Não. Quero te fazer um convite, mas é O Convite, e não um simples convite.

- Fala logo.

- Quer ir pra Alemanha comigo ver o último show do Scorpions? – eu disse isso mais rápido do que um narrador de jogo de futebol.

- COMO É QUE É? Diz que eu não ouvi direito! Você quer que eu vá com você pra Alemanha?

- Exato!

- Acha que minha mãe vai deixar?

- Claro, eu falo com ela, aproveitamos e falamos com a minha também.

- Você não falou com a sua mãe ainda?

- Não, acabei de saber que ganhei o concurso!

- Mas que concurso?

- Chega de perguntas! Não estou conseguindo pensar. Vou ligar na rádio e ver o que tenho que fazer e depois te retorno a ligação, beijos.

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- Olá, eu ganhei o concurso do Scorpions e...

- Ah sim! Entraremos em contato por e-mail ainda hoje!

- Ahh...Ok, obrigada.

  Ótimo, não gosto mesmo de falar ao telefone. 

  Ouvi o barulho da porta. Era minha mãe que havia acabado de entrar, acho que essa era uma ótima hora pra contar pra ela. Ou não.

- Mãe, o que você diria se eu ganhasse um concurso e viajasse pra Alemanha pra ver o último show do Scorpions?

- Oi, Bia. Bom, acho que eu diria ‘Ahh que ótimo! Mas eu vou junto’.

- Ahh legal. Então, eu ganhei um concurso e agora acho que vou com a Anna.

- Com a Anna?

- Sim, posso? *-*

- Bom, você já tem 17 anos e eu não posso te segurar para sempre. Além do mais, vocês vão com mais alguém, alguma equipe ou sei lá...

- Sério? Não acredito que estou ouvindo isso! Ta bom mãe, tchau, vou até a casa da Anna.

  O melhor era sair de cena rapidamente antes que ela mudasse de idéia.

  Agora só faltava acertar as coisas com a rádio e convencer a mãe da Anna, agora sim eu diria que a pior parte passou. De uns tempos pra cá tudo estava dando certo. Fascinante! Pela primeira vez estou vendo a parte bonita dessa bosta que é a vida!