Bia POV

  Apesar de toda a minha covardia, tudo deu certo no final. Acho que não o decepcionei, e quanto a mim, me senti muito bem, tenho certeza de que não fiz a escolha errada. Eu teria me arrependido se não tivesse seguido meu coração, provavelmente ele pensaria que não sinto nada por ele e desistiria de mim. O único problema – que não saia da minha cabeça – era que nós não tínhamos usado camisinha e nenhum outro método preventivo. Eu aborreci tanto o coitado que ele provavelmente se esqueceu de usar.

  Agora era torcer para nada “dar errado”, ele poderia achar que fiz de propósito, como um golpe. A verdade é que eu não conseguia controlar minhas neuroses, as possibilidades (sempre negativas) que passavam pela minha cabeça.

  Havia um tempo que eu estava acordada, mas não ia me levantar sem ele. Ele se virou na cama e passou seus braços em volta de mim.

- Bom dia, meu amor! – ele disse me dando um selinho.

- Bom dia. Dormiu bem? – perguntei enquanto sorria e acariciava seu rosto.

- Muito bem! E você?

- Foi a melhor noite da minha vida. Também, não poderia ser diferente, com um anjo ao meu lado para me proteger... – eu disse ainda o acariciando.

- Meu amor, você me deixa sem palavras.

- Então me beije. – eu pedi de forma provocante. Depois da noite anterior eu tinha perdido meu bom senso, eu acho, estava muito atrevida, mas era incontrolável.

  Nos beijamos novamente. Mas fomos interrompidos por algumas batidas na porta. Sempre tinha alguém para atrapalhar.

- E agora Klaus? Me escondo? – eu perguntei confusa.

- Não, não tem o que esconder, não quero mais que seja um segredo. Além do mais deve ser o Rudolf e ele já sabe, ninguém da imprensa sobe aqui sem permissão. Se cubra e fique aí deitada, eu já volto.

  Ele vestiu um roupão e dirigiu-se até a porta. Tentei ouvir o que ele falava, mas estava difícil... Decidi então ligar para a Anna, contar o que tinha acontecido, não falava com ela há quase dois dias. Ela devia estar se divertindo muito com o Tom, esqueceu completamente de mim.

Klaus POV

  Abri a porta e dei de cara com o Rudolf, não era de se admirar que ele fosse investigar o que havíamos feito noite passada.

- Bom dia, Klaus. Como foi sua noite ontem? Se divertiram bastante? – Rudolf fez aquela tradicional cara de safado ao me questionar.

- Foi ótima, e a de vocês?

- Boa, mas aposto que não tanto quanto a sua. Mas me diz... Como foi?

- Ahh pelo amor de Deus! Não é legal para ninguém entrar em detalhes, não acha?

- Então você levou mesmo ela pra cama?

- Isso é sujo! Não fale assim, prefiro dizer que fizemos amor.

- Como quiser, usou camisinha não é?

- Nem me lembrei disso na hora, Rudy.

- E você fala com essa naturalidade? E se ela engravidar? O seu casamento com a Gabi já era!

- Acha mesmo que estou passando o tempo com a Bia? – eu disse surpreso, não achei que fossem pensar isso de mim.

- Se não está, o que pretende fazer então? Se casar com ela? Vocês acabaram de se conhecer.

- Qual o problema? Eu amo e confio nela o suficiente...

- Você não pode estar falando sério. Não vou me meter mais na sua vida, mas pense bem no que está fazendo, digo isso como seu amigo, por mais que ela seja um doce de pessoa, tome cuidado. Vá se preparar pro ensaio que é daqui a pouco.

- Pode deixar que sei muito bem o que faço, e já ia mesmo me arrumar.

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- Alô, Anna?

- A Anna ainda está dormindo... Quer que avise pra ela ligar quando acordar?

- TOM? O que você faz no quarto da Anna? Espere, que pergunta a minha, não responda! Sim, peça pra ela me ligar assim que puder.

  É, parece que esqueceu de mim porque não tinha mais moral pra me repreender. Eu mal podia esperar para jogar na cara dela, quem era o tarado e a irresponsável agora!

  Klaus já devia estar voltando, eu tinha usado o celular dele. Ia ficar bravo, pensar que eu estava espionando o celular dele se visse, então resolvi colocar de volta no lugar, quando percebi um detalhe muito desagradável. Uma mensagem tinha acabado de chegar. Era dela, preferia nem falar mais o nome, agora ela era como uma inimiga para mim, na verdade, nunca morri de amores por ela. Abri a mensagem, minha curiosidade ia matar se eu não tivesse visto.

“ Klaus, estou com saudades. Vou viajar para Berlin daqui à 5 dias, estarei aí para o show, afinal não posso perder o último show da banda do meu marido.”

  Aii que náuseas! Que palavras mais falsas, que vontade de vomitar! Meu sonho iria se transformar em pesadelo logo mais... Não iria comentar com o Klaus, iria esperar que ele me dissesse alguma coisa, tomasse alguma providência, decidisse o que faria. Agora era muito simples, era eu ou ela, ele teria que se decidir.

-Amor, vou ter ensaio de novo daqui a pouco, podemos nos ver quando eu voltar?

- Não posso ir junto como da última vez? – eu estava completamente desapontada, primeiro a mensagem, depois ele não quer me levar com ele ao ensaio. Eu não devia ficar me iludindo, era óbvio para mim que ele já estava sabendo da vinda dela, e era ainda mais óbvio que ele não iria largar a mulher dele. Eu era só mais uma, ela era a esposa dele – desde uma eternidade por sinal.

- Acho melhor você ficar hoje, vá passar o dia com a sua amiga Anna, ela deve estar preocupada com você.

- Tudo bem Klaus. – mal acabei de dizer estas palavras e me tranquei no banheiro, ia me vestir e voltar para o meu quarto, pensar no erro que eu havia cometido. Ele só queria mesmo se aproveitar de mim, e eu pensando que ele era diferente.

Klaus POV

  Que ótimo, agora eu tinha magoado a Bia, e a culpa era do Rudolf por tentar me dar lições de moral e me fazer pensar que eu estava errado agindo com o coração. Agora teria que me desculpar com ela. Percebi então que meu celular não estava onde deixei pela última vez. Peguei e vi que estava na caixa de mensagens, abri a caixa de entrada e vi uma mensagem da Gabi. Ahh não! Então era esse o principal – mas não o único – motivo pelo qual ela ficou magoada. Não fiquei irritado com o fato de que ela estava mexendo no meu celular. Mas fiquei chateado, imaginei a dor que ela devia estar sentindo nesse momento.

  No mínimo estava pensando que eu não a amava, que havia voltado atrás, e queria que a minha vida continuasse como era antes. Não era isso que queria, sinceramente, iria ter uma conversa séria com a Gabi quando ela chegasse. Depois de todos esses anos, não havia mais tanto amor entre nós, o que havia era a preocupação porque tínhamos uma família.

  A Bia saiu do banheiro e eu a segurei pelo braço.

- Amor, quero falar com você.

- Não tenho nada para falar com você, com licença. – ela disse com tom arrogante, mas eu pude ver lágrimas em seus olhos.

  Deixei-a ir. Seria melhor que ela esfriasse a cabeça, depois conversaríamos melhor, quando ela estivesse mais calma.

  Fui até o quarto do Rudolf e bati na porta, precisava conversar com ele, precisava fazê-lo entender o quanto eu precisava dela e então pedir algumas opiniões.

Bia POV

  Entrei no meu quarto chorando e soltei um grito quando vi alguém na minha cama.

- Anna! Que susto, o que você faz aqui? E que história é essa do Tom atender seu telefone e estar no seu quarto, mocinha?

- Vim aqui porque Tom me deu o recado, por que você está chorando?

- Hey, calma, quem faz as perguntas sou eu, depois que eu terminar você pode fazer as suas.

- Tá, calma, eu vou contar tudo. Mas nada de lição de moral.

- Não, isso é sua parte do jogo hahaha!

- Finjo que não ouvi isso, ok?! Então, eu estava saindo com o Tom esses dias, e com ele as coisas acontecem muito rápido né, nós acabamos nos beijando e... Foi acontecendo, eu acho que estamos quase namorando.

- Tom Kaulitz namorando? O que você fez com ele?

- Eu disse quase!

- Mas você dormiu com ele, óbvio.

- Sim, e você com o Klaus, eu sei, Bill me contou.

- Como aquele Kaulitz folgado sabe disso?

- Acho que perguntou pro Matthias.

- Me lembre de matar o Matthias antes de ir embora.

- Já está pensando em ir embora? Me conte como foi sua noite com o Klaus! E quer me dizer por que diabos você está chorando?

- Podemos não falar no Klaus? É, é por causa dele que estou chorando.

- Ahh não, agora você vai contar, o que esse tarado fez com você?

- Nós tivemos uma noite maravilhosa, mas hoje de manhã ele parecia estar me evitando depois que falou com o Rudolf, e eu vi uma mensagem da Gabi no telefone dele, dizendo que ela virá para o show.

- Eu disse que ele só queria te usar! Diga que pelo menos você se preveniu...

- Por favor, não piore as coisas Anna... – eu comecei a chorar sem parar, ela não entendia, ninguém entendia, o quanto ele era importante para mim, doía saber que ele estava me usando – Não, não me preveni.

- O que? Você está louca? Cadê sua responsabilidade? E ele então, o que ele tem na cabeça?

- Pedi pra não piorar as coisas. Vá ver o Tom, eu preciso ficar sozinha.

- Ahh Bia! Não sei o que faço com você.

  Ela parecia realmente abalada com a situação, mas não ter usado camisinha era o menor dos meus problemas agora. Eu só queria acreditar que não era verdade, que ele me amava sim. Ou ouvir da boca dele que ele não me amava, assim quem sabe eu desistiria de tudo de uma vez.

Anna POV

  Eu odiava ver a Bia daquele jeito. Não era segredo para ela que eu nunca gostei muito do Klaus, mas agora eu realmente estava com muita raiva dele. Queria achar um jeito de animá-la. Foi então que tive uma idéia...

- Tom, me faz um favor?

- Depende...

- Ok, vou pedir pro Bill então.

- Fala, Anna, o que é?

- Precisava que você falasse com um dos caras do Rammstein e...

- Melhor pedir pro Bill mesmo.

- Covarde.

  Onde já se viu um homem daquele tamanho com medo de ir conversar com os caras do Rammstein. Garoto covarde o Tom. Bill estava sentado no mesmo quarto, vendo TV.

- Bill, me faz um favor?

- Claro! O que?

- Preciso que fale com um dos caras do Rammstein.

- O que? Ahh, o Tom não pode fazer isso não?

- Mas vocês dois hein! Estão com medo?

- Não, eu vou, mas pra que quer isso? – Bill disse confuso.

- A Bia está muito triste, talvez isso anime ela.

- Não posso ir animar ela eu mesmo?

- Engraçadinho! Vá falar com o Till.

- Poxaaa, justo o Till?

- Vai logo Bill!