Já era o primeiro intervalo e eu não tinha visto Hibari ou Mukuro. Estava na biblioteca terminando um trabalho com Kyoko, até que senti um pouco de fome. Não tive tempo para tomar café da manhã.
- O que houve, Chrome-chan? Está se sentindo mal?
- S-sim. Mas acho que quando eu almoçar ficarei melhor... - Menti. Se eu dissesse que não comi, Kyoko ficaria preocupada demais. Mais do que com essa resposta. Aproveitei o momento para dar uma desculpa sobre minha futura fuga no almoço. - E ah, Kyoko, na hora do almoço vou... Er...
- Chrome, hoje vou ficar com meu irmão na hora do almoço... Ele ¹tropeçou numa roda de caminhão que estava no caminho e não está conseguindo andar direito... Vou levar o almoço dele...
- Ah, tudo bem, eu ia dizer que não ia poder almoçar com você hoje... - Falei, agradecendo mentalmente por ter tocado mais no assunto, e por não me perguntar o porquê , Já que eu não fazia idéia de uma desculpa para isso.

Na hora do almoço, fui indo até o telhado como de costume, passando por Hibari, no corredor, que parecia estar indo fazer algo importante. Não parecia ter me visto.
Ao chegar lá em cima, Mukuro estava sentado próximo a grade, e virou-se em minha direção quando abri a porta.
- Chrome-chan, ainda bem que você veio. - Ele disse, sorrindo. Fechei a porta atrás de mim e fui em direção a ele, que estava com um curativo próximo a boca. - Pensei que depois daquela briga com Hibari, você poderia não vir...
- Tenho perguntas a fazer... - Falei, sentando-me do lado dele, ainda um pouco insegura.
- Vou te responder, mas primeiro você precisa provar a macarronada que fiz para você.
Mukuro abriu um pote bem grande e bem bonito. Logo um cheiro muito bom se espalhou, me fazendo ficar ainda com mais fome e minha barriga roncar. Ele riu, pegando um garfo, provavelmente importado do país de onde ele vinha, e enrolou um pouco do macarrão, levando até a minha boca. Eu olhei confusa para ele, que sorria e abri um pouco minha boca, deixando-o fazer aquilo. Quando comecei a mastigar, senti um gosto incrível, eu nunca tinha comido algo tão bom assim. Eu não sabia ao certo se minha fome estava ajudando com isso, mas era divino. Sorri involuntariamente, querendo comer mais, mas sem querer pedir.
- Hm, você gostou?
- É... É muito bom... - Falei, desviando o olhar.
- Coma mais. - Ele disse, levando o garfo a minha boca novamente. Peguei o garfo da mão dele, comendo por mim mesma.
- Não vai comer? - Falei, comendo devagar. Ele puxou o garfo da minha mão, enrolou um pouco de macarrão e comeu, depois me devolveu.
- Não estou com fome, na verdade. E além disso, só trouxe um garfo.
- E.... Por que fez isso?
- Estava provando. E... - Enquanto eu colocava o garfo na boca novamente, meio desconfiado. - Acabei de lhe dar um beijo indireto. - Não consegui evitar de não corar, mas fiquei um pouco irritada.

- Posso te perguntar agora? -  Ele balançou a cabeça positivamente, olhando o pote vazio ali perto dele. Comecei com uma pergunta que não era muito do meu interesse, só para testar que tipo de resposta ele daria. Também porque ele imaginava que eu faria essa pergunta. - Por que faz isso com as meninas?
- Porque elas me fazem enjoar delas. São todas iguais. É divertido ver quanto tempo elas são diferentes das outras.
- Por que me segue, se pensa isso das meninas?
- Porque você não parece ser igual a elas.
- Na aparência?
- Não só isso. Você é pequena, tem olhos expressivos,  fica linda quando cora, sua pele é muito macia, assim como seus lábios. - Ele disse, sorrindo. Seus olhos ficavam fixos ao meu enquanto ele falava. Não parecia mentir. - Mas suas reações, o modo como age é bem diferente do das outras. É... Fofo. - Tentei disfarçar o quanto estava sem jeito, mesmo sabendo que estava corada, e finalmente perguntei algo que realmente queria saber.
- Como sabia o meu nome?
- Eu planejava te conquistar desde antes de terminar com aquela menina. Foi uma surpresa ter lhe visto naquele dia.
- E acha que vai dar certo agora, que está se entregando?
- Não pretendo te tratar como elas. Você não é do tipo pra jogar. Também estava te seguindo porque queria te conhecer melhor. Saber o que gosta. Eu parei de fazer isso porque percebi que lhe incomoda. Eu mesmo queria saber o porque da minha obsessão por você.
Minhas bochechas estavam coradas, quase explodindo, eu tinha certeza disso. Então resolvi perguntar algo que mexia bastante comigo. Que me fez conseguir desviar os olhos dos dele para o chão.
- Por que me beijou naquele dia?
- Quando ouvi aquela conversa, eu fiquei irritado. - A voz dele mudara um pouco, olhei para ele e vi que ele não tinha mais aquela expressão serena. - Não sei bem porque, mas eu não consegui aceitar que você pudesse ter feito algo com aquele cara. Me desculpe por não considerar seus sentimentos, eu não planejei aquilo. Mas... Vocês realmente tem algo com ele?
Quando eu ia responde-lo, talvez até explicar tudo, já que ele estava sendo tão sincero comigo, a porta se abriu.
- Chrome, o que você está fazendo com esse cara?