Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 18
Regionais


Notas iniciais do capítulo

Hey pessoas!
Como vocês estão? Sentiram a minha falta ou nem tanto?
HSUASHUASHAUSHAUS
Brincadeiras à parte, estou de volta o/
As atualizações podem demorar, mas eu prometi e vou continuar escrevendo. Mesmo com a inspiração beirando o zero e tendo que sobreviver, como escritora, na base de uns surtos inspiradores na madrugada...
Mas enfim, espero que gostem desse capítulo. As coisas começam a se enrolar, mas é um dos meus preferidos da fanfic. Como o próprio nome diz, REGIONAIS!
As músicas cantadas pelo New Directions são:
- Uncharted, Sara Bareilles.
- Come Back Down, Greg Laswell feat. Sara Bareilles.
Espero que curtam! Boa leitura!



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            Quinn Fabray encarou o teto do seu quarto, perdida em alguma parte do caminho entre o tédio e a melancolia. Fazia quatro dias desde que Rachel saíra de seu apartamento e era um mistério como não surtara.

            Lógico, era um martírio passar por ela nos corredores do McKinley e vê-la desviar os olhos, amedrontada e ferida, como se ambas tivessem regredido e voltado ao ensino médio. Também era desagradável ver todas suas tentativas de reaproximação serem respondidas com uma simples palavra: tempo, ora dita, ora escrita e ora, enviada por outras pessoas. E ainda mais difícil era adormecer naquela cama que parecia ainda maior e mais fria sem o corpo pequeno e quente de Rachel abraçado ao seu.

            Rachel estava evitando-a, isso era claro. Mas Quinn não sabia qual era o motivo, quer dizer, no começo, era dor. Sabia que tinha ferido a morena ao dizer aquelas palavras rudes e trazendo os antigos pesadelos de Rachel de volta, mas agora, não sabia. Era mágoa? Raiva? Ódio? Quinn não sabia, aquela Rachel era tão mais forte que a Rachel que conhecera e igualmente misteriosa.

            A porta do quarto abriu-se, derrubando Quinn de seus pensamentos bruscamente. Por ela entrou Sam, com uma enorme bandeja de café-da-manhã a tira colo e um sorriso enorme e animado nos lábios. Meio relutante, Quinn retribuiu o sorriso tristemente, o rapaz suspirou e, ao fechar a porta com um pé, disse:

            - Bom dia, Q!

            - Olá, Sammy... – Quinn respondeu com um leve tom de riso, motivado pela careta que Sam tinha na face devido à menção do antigo apelido. A loira esperou o amigo acomodar-se com a bandeja a sua frente, na cama. Quinn deu uma leve observada na quantia enorme de alimento que tinha ali e silvou, impressionada. – Não quer mesmo me contar o motivo desse bom humor inesgotável que te faz preparar todas as minhas refeições com notável exagero?

            - Muito boa, Q. – Sam disse irônico, desviando os olhos da amiga e estendendo o prato de ovos e bacons a ela. Quinn acertou de bom grado, comendo uma tira de bacon e deliciando-se com o sabor. – Mas eu só vou contar da minha ida a Califórnia se a senhorita começar a me explicar direito o que aconteceu entre você e Rachel.

            - Sem chance. – Quinn anunciou decidida e desviando sua atenção para o prato de ovos com bacon, fechando-se em seu mundinho particular que se tornara freqüente em sua vida nos últimos dias.

            Sam, por sua vez, suspirou cansado e olhou preocupado para a amiga. Ele conhecia aquela expressão desolada, aqueles olhos pesados e vazios... Mas, principalmente, conhecia aquela inquietação nas mãos e aquele silêncio. Os anos passavam, a amizade deles se tornava cada vez mais forte, mas Quinn insistia em sofrer sozinha. Como sempre, Quinn preferia enfrentar seus problemas de forma solitária. Sam não sabia se aquilo era uma manobra defensiva para não demonstrar fraqueza a quem quer que fosse ou se era reflexo de tudo que ela enfrentara na adolescência.

            Sam, completamente diferente da amiga, tinha uma tendência natural a exteriorizar seus problemas. Era comum que ele atingisse seus amigos quando sofria. E aquela era uma característica marcante, vide a forma como Quinn reagira a Mercedes há alguns meses. Sempre foi um garoto de família e família dividia as coisas quando elas se tornavam pesadas demais... E Sam queria que Quinn fosse assim também.

            - Tudo bem, Q... Eu falo sobre a Califórnia. – Sam anunciou derrotado, com um sorriso de lado despojado, mas estranhamente nervoso. Quinn levantou os olhos do prato e parou de mastigar, arqueando a sobrancelha, desconfiada. A loira observou o melhor amigo tomar um gole de suco e disse em tom de desculpa:

            - Não precisa falar sobre isso, eu não estou dando um ultimato.

            - Mas você merece saber, além disso, não há nada demais. – Sam respondeu mais tranqüilo, roubando um pedaço de bacon do prato de Quinn. A loira olhou surpresa para ele, Sam parecia estranhamente tranqüilo para alguém que queria manter segredo. – Eu viajei com Mercedes até a Califórnia.

            - Você o quê?! – Quinn exclamou desconcertada para, depois, engasgar-se e tossir compulsivamente. Sam arregalou os olhos claros e bateu, de forma desajeitada, nas costas da amiga querendo ajudá-la. Quinn acabou por esbofeteá-lo, Sam recuou diante das agressões e perguntou assustado:

            - O que é isso, Fabray?!

            - Você diz que não é nada? Porra, Evans! – Quinn exclamou furiosa, os olhos vermelhos e cheios de lágrimas devido aos esforços para se recuperar do engasgo. Sam encolheu-se, amedrontado, Quinn apontou o dedo em sua face. – Você viajou com Mercedes Jones, sua paixonite adolescente, e me diz que não foi nada?!

            - Mas não foi nada mesmo, Q... Nós dois viajamos. Aliás, eu fui com ela porque ela me pediu uma chance. – Sam justificou-se apressado, com medo de mais agressões. Aos poucos, a expressão de Quinn se abrandou e ela inclinou a cabeça, confusa. – Viajamos juntos, ficamos hospedados no mesmo quarto, curtimos a praia... Mas nada, além disso, simplesmente, não teve química. Era como se não fôssemos mais os mesmos.

            Quinn observou os olhos claros de Sam, ele estava sendo sincero e, principalmente, estava feliz com isso. O rapaz tinha uma expressão bem mais leve e o peito dele parecia não estar mais esmagado como antes. A cabeça de Quinn, inevitavelmente, pensou em como seria se uma coisa do tipo acontecesse com ela e Rachel... Será que as duas simplesmente poderiam esquecer uma da outra?

            A professora respirou fundo, apanhou mais um pedaço de bacon e o mastigou com uma força desnecessária. Depois, suspirou e desanimada, perguntou:

            - E vocês simplesmente decidiram que nunca dariam certo?

            - Claro que não! Mercedes ainda tentou, mas desistiu. Viu que a vida dela era com Shane e que a minha, era aqui, em Lima... – Sam respondeu tranquilamente, com um brilho satisfeito e sonhador nos olhos. Quinn sorriu tristemente, por ele. Mas o rapaz percebeu e fechou a expressão, preocupado. – E antes que me pergunte, eu acho que isso não vai acontecer com você e a Rach.

            - Estamos na mesma que vocês... Uma não confia na outra e ambas estão machucadas o bastante para quererem conversar. – Quinn justificou-se com um tom que indicava desespero, Sam colocou a mão sobre o ombro dela e apertou-o, tentando passar um pouco de sua força recém-adquirida. A loira olhou para ele, os olhos brilhantes e prestes a derreterem-se em lágrimas. Sam pigarreou e seguro, aconselhou:

            - Vá com calma, Q... Rach te ama e essa é a grande diferença entre ela e Mercedes. E só fez isso porque vocês duas precisavam de um tempo.

            - E se esse tempo for longo demais? Eu não posso mais esperar por ela, não depois do que eu vivi com ela. Rach trouxe um lado de mim de volta e um lado bom... – Quinn respondeu com um ar melancólico e inquieto, apertando as mãos sobre o colo. Sam a observou preocupado, mas com a calma necessária, envolveu as mãos dela nas suas e com um sorriso esperançoso, reforçou:

            - Então não espere, lute por ela. Mas respeite o espaço que ela solicitou. Seja a Quinn que a fez se apaixonar, seja a amiga antes de ser a namorada.

            Os olhos de Quinn revelaram a compreensão, estes brilharam afoitos e esperançosos quando Sam terminou de falar. A professora aproximou-se e apertou o amigo em seus braços, Sam riu roucamente sentindo o seu coração inchar-se de felicidade. Ele não sabia que a felicidade alheia era mais especial que a própria. Ainda mais a felicidade de sua melhor amiga.

###

            Rachel já escutara os chamados do pai para tomar café-da-manhã, mas estava com a cabeça ocupada demais para querer mastigar alguma coisa.

            Em primeiro lugar, havia as Regionais que estavam consumindo toda a sua energia. A extensa lista de músicas para o set-list diminuíra significativamente, mas ainda era grande. Rachel queria estabelecer um tema para a apresentação e a volta de Christine parecia ser uma boa ideia, o problema era encontrar músicas com esse tema. Esperava, sinceramente, que Claire aparecesse com uma ideia fenomenal, da mesma forma que ela fazia em sua época de Glee.

            E em segundo lugar, mas não menos importante, tinha Quinn. Os quatro dias distantes da professora estavam afetando-a mais do que o esperado. Não que não esperasse que fosse sentir falta de Quinn, mas porque tudo aquilo estava sendo mais intenso do que qualquer término de namoro pelo qual passara e olha que elas sequer tinham terminado.

            Resumindo: sua cabeça estava perdida em tantas coisas que estava difícil pensar em comer, aliás, achava que tinha até emagrecido.

            - Estrelinha? Não vai vir tomar café?

            Ouviu o pai Leroy chamá-la novamente. A morena terminou de se vestir e saiu do quarto. Desceu as escadas e os pais a olharam assustados ao se deparar com a expressão entediada da filha. Hiram se aproximou, um pouco receoso e perguntou preocupado:

            - Você está bem, querida?

            - Sim... Mas preciso sair agora. – Rachel anunciou um pouco desconfortável, sentindo-se estranha. Ela tinha a necessidade de conversar com alguém, mas, inexplicavelmente, não era com os pais. Rachel precisava conversar com uma pessoa que sabia tudo que havia acontecido entre ela e Quinn. – Não estou brava com vocês, só não me sinto confortável em falar com vocês sobre Quinn, sabendo do que vocês pensam dela.

            Hiram e Leroy se entreolharam, Hiram tinha uma expressão tristonha no rosto, achava que a filha já tinha perdoado e ele mesmo estava disposto a mudar o que pensava sobre Quinn, mas seria difícil com Rachel colocando tantos obstáculos no caminho. Enquanto Leroy estava calado, observando os dois com uma expressão impassível, mas que, no fundo, estava preocupada.

            Os pais não puderam fazer nada, a não ser acenarem com a cabeça. Rachel abriu um tímido sorriso e deu um beijo na bochecha de cada pai, antes de sair para as ruas de Lima. Caminhou a passos lentos, pensativos e perdidos. Quando virou a esquina, sua mente lampejou uma ideia e ela a seguiu.

            A probabilidade de encontrar Quinn na livraria de Charlie era grande, talvez fosse por isso que seu inconsciente sugerira essa solução... Mas o senhor era o mais próximo que Quinn tivera de um pai nos últimos anos e também, era o mais próximo que ela tinha de um grande amigo. Rachel decidiu-se e, dessa vez, os passos foram apressados até a rua antiga onde ficava a “Letters, Love and Dreams”.

            Os pensamentos inevitavelmente seguiram o caminho até Quinn. Rachel respirava profundamente com cada incômodo doloroso que sentia ao recordar-se daqueles olhos esverdeados, chorosos, implorando para que ela ficasse. A morena temia ter abandonado Quinn em um momento crucial, ela acabara de reencontrar os pais e acabara de enfrentar Coach Sylvester. Mas nesses dois acontecimentos, Quinn a machucara e Rachel precisava erguer suas defesas antes de voltar a ser um porto seguro.

            Quinn, como sempre, trazia seu melhor e o seu pior quando bem queria. Fora assim no ensino médio e, pelo visto, as coisas haviam se mantido naquela relação recente. Rachel sabia que Quinn não fizera por mal, a loira tinha uma tendência a ser agressiva quando ficava acuada... Mas aquilo a machucava, ela não se importava com a dor, mas incomodava. Sentia-se como se não fosse capaz de administrar uma relação com Quinn Fabray, sentia como se não fosse feita para a ex-cheerio.

            Rachel balançou a cabeça quando seus pés pararam em frente à calçada da livraria, colocou o melhor sorriso em seus lábios... Mas quando olhou no reflexo, reparou em como ele estava sem graça. Suspirou, as mãos tocaram a maçaneta e a sineta tocou melodiosa novamente. Rachel entrou e escutou uma voz feminina e familiar anunciar apressada:

            - Só um momento!

            Rachel não conseguiu se manter impassível quando viu quem vinha caminhando por entre as estantes. Os cabelos ruivos estavam presos em um coque bem feito e a mulher tinha um sorriso agradável enquanto caminhava, mas que logo morreu quando seus olhos cinzentos alcançaram a morena baixinha que lhe encarava. As duas mulheres estavam impressionadas e trocavam olhares surpresos. Ambas tentaram falar algo, mas não conseguiram.

            - Vocês duas se conhecem? – A voz leve e questionadora de Charlie trouxe as duas de volta para a realidade. Julianne mordeu o lábio inferior, a expressão entregava que sim, as duas se conheciam. Mas a ruiva não conseguiu responder, Rachel percebeu o desconforto da outra mulher e rapidamente, deu um de seus melhores sorrisos e respondeu tranqüila:

            - Sim, temos amigas em comum.

            - Ah... Santana e Quinn? – Charlie perguntou com um sorriso satisfeito e virando-se para Julianne que apenas abaixou a cabeça e acenou afirmativamente, antes de sair a passos apressados da cena, deixando Charlie e Rachel a se entreolharem preocupados. O senhor respirou fundo e a expressão confusa. – Eu não sei o que acontece com ela.

            - Julianne tem um passado obscuro, Charlie... Na hora certa, ela vai contar. – Rachel aconselhou segura, aproximando-se do senhor e o engolfando em um abraço apertado que, instantaneamente, trouxe a paz que ela não encontrara nos pais. Ainda abraçada ao senhor, Rachel respirou fundo. – Nós sempre contamos e você sempre nos escuta, não é?

            As palavras de Rachel e o tom de voz dolorido dela fizeram com que Charlie a afastasse gentilmente, a expressão melancólica no rosto da morena apertou o coração de Charlie. O senhor a observou com afinco, tentando descobrir todos os machucados que aquela expressão escondia. Doeu-lhe pressentir que, talvez, Quinn Fabray tivesse muito a ver com o estado emocional daquela pequena mulher a sua frente que tanto tocara seu coração. O velho senhor afagou a bochecha da morena e perguntou calmamente:

            - O que aconteceu, Rachel?

            - Eu e Quinn demos um tempo no nosso relacionamento. – Rachel respondeu rapidamente, como se a velocidade das palavras pudessem amenizar a dor que elas traziam. A morena sentiu os olhos azuis de Charlie em si, mas abaixou o rosto, ferida. O senhor não demonstrou reação, apenas respirou fundo. – Estávamos indo rápido demais, tudo adquiriu uma intensidade desproporcional ao tempo do nosso relacionamento.

            - Rachel, o que vocês duas vivem é e sempre será intenso. Já repararam em como vocês se olham? Em como se tocam? É muito sentimento canalizado em muito tempo. – Charlie aconselhou sabiamente, como já era tradicional. Uma tímida lágrima escorreu pelo rosto de Rachel e ela se deixou levar pelo toque do senhor que a colocou sentada em uma das poltronas de leitura. Rachel respirou fundo, brincou com os dedos das mãos sobre o colo e murmurou:

            - Estávamos nos machucando... Na verdade, eu estava me machucando por ela. E ela não estava percebendo o quanto eu fazia para vê-la feliz.

            - Não vou defender Quinn, mas ela ergueu todos os muros de uma vez e te deixou do lado de fora, não é? – Charlie perguntou com um sorrisinho tristonho, sem saber muito bem como lidar com a fragilidade de Rachel Berry. Ao contrário de Quinn, a morena relatava quão machucada estava em cada respiração pesada e em cada lágrima que ela enxugava. Era uma tristeza apresentada e não escondida, como a de Quinn.

            Rachel não respondeu, mas Charlie já sabia que acertara o ponto certo. Quando Quinn chegou às suas mãos há alguns anos, estava quebrada e sem qualquer premissa a seguir na vida, ele perdera a conta de quantas vezes teve que derrubar os muros que circundavam o coração daquela garota. E ele entendia o que Rachel dizia, porque em um momento distante do passado, ele fizera absolutamente o mesmo: deixara Quinn se encontrar para, depois, encontrar aquilo que a completava.

            Quinn era machucada, tão machucada quanto Rachel. Mas a morena trazia cicatrizes profundas, recém-curadas que ardiam e incomodavam enquanto Quinn trazia feridas abertas que jamais cicatrizaram. Eram duas faces da mesma moeda, eram os dois lados da cura: uma representava a recuperação e a outra, a degeneração.

            - Rachel, eu sei que é difícil escutar isso agora... – Charlie foi bem preciso e cuidadoso em suas palavras, atraindo a atenção de Rachel imediatamente. A morena ergueu os intensos olhos castanhos e suspirou à espera da resposta. Julianne entrou nesse momento com um jogo de chá e serviu os dois antes de se retirar para o balcão. Os dois não tocaram no chá. – Mas Quinn precisa ficar sozinha.

            - Eu sei disso, eu não teria a deixado à própria sorte se ela não merecesse. – As palavras de Rachel surpreenderam Charlie, ele notou ali que aquela mulher a sua frente conhecia mais da vida do que ele imaginava. A morena desviou os olhos do senhor e observou a janela da livraria, perdida. – Mas machuca ter que vê-la carregar esse fardo, sozinha...

             E Charlie viu pela expressão pesada e tristonha de Rachel que realmente doía nela tudo aquilo que Quinn estava vivendo. Mas também via na morena a esperança de que Quinn se conhecesse e enfim voltasse para ela. O velho senhor riu e tomou um gole de seu chá, olhou por cima dos ombros há tempos de ver Julianne limpar os livros, concentrada. Rachel também a observava com o olhar perdido.

            Então, de supetão, Rachel levantou-se. Ficar naquele lugar onde tinha encontrado Quinn pela primeira vez estava incomodando, a morena colocou-se em pé e ajeitou a saia rodada que usava. Depois, respirou fundo e abriu um sorriso triste antes de dizer:

            - Acho que já vou indo, Charlie... Os meninos me esperam para um ensaio extra.

            - Tudo bem, eu te acompanho até a porta. – Charlie prontificou-se com um sorriso gentil, estendendo o braço para a morena. Porém, Rachel mordeu o lábio inferior e em tom de desculpas, disse:

            - Na verdade, Charlie... Julianne pode me acompanhar?

            Precisou de apenas um olhar para Charlie entendeu que Rachel precisava dar uma palavrinha com Julianne. A ruiva saiu afobada de trás do balcão e colocou-se ao lado de Rachel, caminhando com ela até a saída. Charlie observou aquelas duas figuras estranhas, caminhando lado a lado, mas apenas deu as costas e levou a bandeja de chá para o fundo da loja.

            Rachel pigarreou, sua garganta pareceu ter perdido todas as cordas vocais necessárias. A morena olhou de esguelha para a ruiva ao seu lado, Julianne respirou fundo e parou a meio caminho da porta. Rachel, surpresa, parou ao lado dela e esperou. Julianne suspirou e disse nervosa:

            - Por favor, não conte a ela que estou aqui.

            - Não tem como eu contar a ela, Julianne. – Rachel sentenciou séria, mas abrindo um sorriso tranqüilo que fez Julianne soltar todo o ar que não sabia ter prendido. A ruiva esboçou um sorriso de lado, aquela mulher lhe passava uma confiança enorme, como se já a conhecesse há anos... Mas Rachel abandou a expressão mais calma, uma tristeza escondia assumiu sua expressão. – E mesmo que tivesse, eu não contaria.

            - Aconteceu alguma coisa, Rachel? – Julianne perguntou prestativa e visivelmente preocupada com a morena a sua frente, Rachel deu um sorriso triste para os próprios pés e agitou a cabeça, negativamente, várias vezes. Julianne suspirou. – Algo que queira contar?

            - Eu prometo contar quando você me disser o que aconteceu entre você e Santana. – Rachel rebateu com um sorriso astuto, mais por brincadeira do que por sinceridade. Julianne teve uma expressão assustada tomando seu rosto antes de entender a brincadeira e abrandá-la, seu coração encheu-se de segurança e ela sorriu.

            Rachel acenou para ela e saiu da livraria, a passos pesados e lentos... Ali, Julianne percebeu que não era a única que parecia carregar a culpa do mundo nas costas.

***

            Rachel tinha que parar de brincar com a sorte. A morena observava o auditório do McKinley High repleto de pais, corais competidores e de admiradores. Com certeza não teria a cara para enfiar ali se Claire não tivesse surgido com dois números prontos no começo da semana. Os ensaios tinham sido corridos e Rachel sabia que teria que fazer mais caso passassem pelas Regionais e quisessem as Nacionais.

            Mas por agora, depois de toda a confusão pela qual passara, parecia ser bom.

            Rachel caminhou rapidamente pelas coxias e abriu, de supetão, a porta do camarim. Todos os jovens e ansiosos olhares viraram-se contra ela. A morena sorriu, o coração preenchendo-se de uma energia quente e renovadora, estava orgulhosa daqueles garotos, eles estavam sendo uma fonte inesgotável de apoio, tanto para ela como para Christine. E mais, estava aprendendo a gostar de cada um deles.

            Claire aproximou-se alisando as pregas do vestido azul que usava. O modelo tinha uma fita branca amarrada a cintura e as sandálias pretas, de salto. Os meninos usavam a camisa azul de mangas curtas, os suspensórios e calças pretos e a gravata borboleta branca. A treinadora voltou a olhar para Claire atentamente, o cabelo da jovem estava solto, a franja solta na frente... Rachel sorriu melancolicamente, aquela garota realmente parecia-se com ela. Claire retribuiu o sorriso sem jeito e perguntou nervosa:

            - O auditório está muito cheio?

            Aparentemente, os demais escutaram a pergunta da líder do grupo porque, imediatamente, calaram-se e viraram-se abruptamente para a sua treinadora. Rachel viu a ansiedade e o pequeno desespero naqueles olhos amedrontados, viu-se refletida neles e sentiu como Mr. Schue ficava confuso quando tinha que encorajá-los há quase dez anos... A morena pigarreou e com um tom de voz firme, disse otimista:

            - Sim, está muito cheio... Mas isso não importa. Vocês enfrentam slushies e humilhações na maior parte de suas semanas, não devem e nem vão se abalar com olhares repreensivos ou expressões descontentes. Ninguém acredita em nós e é por isso que vamos vencer!

            - Miss Berry, isso que você disse não fez sentido algum. – Richard comentou com desdém, mas tinha um sorriso nervoso nos lábios enquanto revirava os olhos. Rachel sorriu para ele e juntou todos no meio do camarim, formando uma imensa corrente.

            Os jovens se abraçaram pelos ombros e olharam-se confusos. Rachel apertou os ombros fortes de Arthur e os frágeis de Christine e esbravejou:

            - Nós somos o New Directions, tradicionalmente, ninguém acredita em nós além de nós mesmos. Todos aqui sabem o quanto ensaiamos, todos aqui sabem o quanto queremos voltar a disputarmos as Nacionais! Por isso, vamos lá e vamos surpreender. Vamos mostrar que fizemos jus a nossa volta, vamos surpreender não só a eles... Mas como a nós mesmos!

            Os murmurinhos de excitação tomaram o camarim e as expressões que antes estavam fechadas e sem confiança, tornarem-se mais amenas e até mesmo alguns corajosos sorrisos se faziam presentes. Os olhos de Rachel encontraram-se os de Claire, a menina a observava com admiração e, imediatamente, aquela expressão tomou conta de Rachel, fazendo o coração da professora quase explodir de... Carinho.

            Claire desviou os olhos de Rachel e separou-se de Ryan e Michael que a seguravam. A pequena líder entrou no meio da corrente e gritou:

            - Quem nós somos?

            - New Directions! – O grupo respondeu em uníssono e Rachel riu sonoramente do ânimo renovado de seus alunos. Claire bateu palmos e pulou em seus saltos, pelo canto dos olhos marejados, Rachel viu que Christine ria da amiga. Claire assoviou e gritou mais alto:

            - E o que nós vamos fazer?

            - Vamos lá e vamos derrubar qualquer coralzinho de quinta que se coloque a nossa frente! – Richard gritou esganiçado, e extremamente animado, fazendo gestos de boxe, que só provocaram risos no grupo. Richard deu de ombros ofendido, mas riu em seguida quando Michael lhe desarrumou o cabelo antes alinhado. – Vamos lá, galera! É a nossa vez!

            As luzes piscaram e Rachel deixou-se ficar para trás enquanto seus alunos corriam pelos corredores das coxias, gritando como loucos e assustando a equipe técnica. A morena apressou o passo e estava saindo do camarim quando seu celular vibrou em seu bolso. Rachel o apanhou e a tela indicava uma mensagem de poucas palavras que acalentaram ainda mais seu coração.

Eu estou aqui e eu te amo... Boa sorte, Rach! – Quinn

            Com um sorriso, Rachel deixou o camarim e rumou para a platéia, sentou-se na frente e suspirou. Seus olhos focalizaram a platéia e ela achou ter visto uma figura alta no fundo do auditório, semicerrou os olhos, mas não conseguiu enxergar. Logo, as luzes se apagaram e a apresentação começou. Rachel se sentou, as mãos trêmulas sobre o colo.

            O piano começou as notas da primeira música. O feixe de luz foi direcionado para o fundo do auditório. Claire surgiu no meio da escuridão, um sorriso enorme que iluminava tudo ao seu redor. As mãos coladas ao corpo, ela suspirou e os primeiros versos ecoaram:

No words

But tears won’t make any room for more

And it don’t hurt

Like anything I’ve ever felt before

This is no broken heart

No familiar scars

This territory goes uncharted

            O coração de Rachel não agüentou quando o auditório encheu-se de aplausos, as pessoas ainda ficaram em pé e ela as acompanhou. Os olhos cheios de lágrimas que não eram para cair. Claire caminhou por entre as poltronas com as mãos na cintura, a postura descontraída e um sorriso imenso. Ela estava tocando o coração das pessoas... Por quê?

            Porque Rachel sabia que havia verdade naquilo que ela cantava.

Just me

In a room suck down in a house in a town

And I don’t breathe

Though I never meant to let it get away from me

Now I’ve too much to hold

Everybody has to get their hands on a gold

And I want uncharted

            Claire continuou sua caminhada, a diversão tomava conta da sua performance. De uma forma mágica, todos sabiam que ela estava divertindo-se ao cantar aquela música. Rachel bateu palmas freneticamente quando a sua aluna passou por si, Claire deu um sorriso envergonhado a ela e a técnica apertou a mão de sua aluna. Claire fez a ponte entre um verso e outro, para depois cantar:

I’m stuck under this ceiling I made

I can’t help but feeling

I’m going down

Follow if you wanna won’t just hang around

Like you’ll show me where to go

I’m already out

Of foolproof ideas

So don’t ask me how

To get started

It’s all uncharted

            Mais palmas. Claire subiu ao pouco, os olhos brilhando diante do solo que fazia. Os demais membros do New Directions entraram, nesse momento. Os sorrisos tão grandes quanto os de Claire. A coreografia conjunta não exigia muita coisa, apenas se moviam com extrema coordenação.

Each day
I count up the minutes til I get along
Cuz I can't stay
In the middle of it all
It's nobody's fault
But I'm so alone
Never knew how much I didn't know
Oh everything is uncharted

            Os integrantes do New Directions dispersaram-se quando a deixa para mais um refrão veio. Claire tomou a frente com as meninas, extremamente confiante. Christine, ao seu lado, sorria divertida. Mas olhava de esguelha para a amiga, extremamente confusa. Rachel sorriu orgulhosa, algo lhe dizia que a ex-cheerio tinha percebido qualquer que tenha sido a indireta que Claire quisesse ter jogado.

No one getting no where
When I only sit and stare
Like I'm going down
Follow if you wanna won't just hang around
Like you'll show me where to go
I'm already out
Of foolproof ideas so don't ask me how
To get started
It's all uncharted

            Os meninos voltaram ao centro do palco... Claire desapareceu por entre eles. Logo, tornou a surgiu por trás de Ryan que tinha um sorriso confiante. A pequena morena olhou para o rapaz e piscou para ele, Ryan riu e a ergueu em seus braços, depois, colocou-a em pé no centro do palco. Todos os membros do grupo desapareceram e, sozinha, Claire deu seu show pessoal.

Jumpstart
My kaleidoscope heart
Love to watch the colors fade
They may not make sense
But they sure as hell made me
I won't go as a passenger no
Waiting for the road to be late
Though I may be going down
I'll take in flame over burning out

            O auditório explodiu em palmas. Claire chamou todos de volta para o palco e naquela confusão, ela respirou fundo para entoar o último verso.

I'm going down
Follow if you wanna or just hang around
Like you'll show me where to go
I'm already out
Of foolproof ideas
So don't ask me how
To get started
It's all uncharted

            A melodia acabou, mas as palmas não. Enquanto o New Directions se arrumava para o número em grupo, Rachel ficava em pé e gritava, aplaudindo seus pupilos como se estivesse aplaudindo a si mesma. Ela não esperava que Claire conseguisse segurar a atenção de toda a audiência com aquela música, aliás, ela odiava admitir... Mas ela não esperava que Claire fosse tão melhor que ela...

            Mas não foi inveja que tomou o coração de Rachel e sim, o orgulho por estar no caminho daquela garota que só começava a ser traçado.

            Rachel, antes de ver as luzes se apagarem de novo, procurou Quinn pelo auditório e achou que seus olhos focalizaram o par certo de olhos verdes. Porque sorriu ao mesmo tempo em que sentou. Aquilo não era desconhecido para ela, muito menos aquele acelerar das batidas de seu coração...

            Novamente, as luzes se apagaram.

            O piano, a batida enérgica. Rachel surpreendeu-se quando as palmas começaram a acompanhar o ritmo da música de seus pupilos. Arthur subiu ao lado do palco, um olhar brincalhão tomava a sua face. A postura calma, o ar de liderança... Algo nele lhe lembrava Finn, mas o lado bom de Finn. O rapaz focalizou os olhos de sua treinadora na platéia e com energia, iniciou a música:

Come on
All your good friends are here
Waiting this one out
You've got to come back down
You've got to come back down

            Nesse instante, Christine entrou pelo outro lado do palco. Sua beleza monopolizando a atenção da audiência, exatamente como Quinn fazia há anos. A ex-cheerio sorriu envergonhada quando Arthur piscou para ela e lhe ofereceu a mão. Os dois deram-se as mãos e, juntos, cantaram:

Look around you
You're the only one
Dragging this out
You've got to come back down
You've got to come back down

            Depois, o casal deu um passo para trás e Claire entrava no palco em meio a aplausos, o sorriso hipnotizante nos lábios. Rachel sorriu quando a viu piscar para Christine, a líder do ND executou um pequeno giro em torno de si e uma voz angelical fez-se erguer por cima da batida... Claire cantava com uma concentração digna da diva que tanto idolatrava.

All of you wallowing is unbecoming
All of you wallowing is unbecoming

            A batida ficou mais agressiva. Ryan entrou correndo no palco e pegou Claire em seus braços, girando com ela no ar. Rachel podia ver como eles se divertiam quando escutou uma tímida gargalhada tomar o fôlego de Claire. Os dois estavam afoitos o bastante para não perceberem que Christine errara uma pequena parte da coreografia os observando. Em seguida, a voz dos quatro jovens uniu-se no refrão:

You've got take on your own from here
It's getting pathetic
And I'm almost done here

            Após o refrão, todo o New Directions entrou no palco. Rachel observou satisfeita quando todos conseguiram realizar a coreografia dificílima que Michael e Richard tinham criado ao longo da semana. Claire era jogada ao ar por Ryan, assim como Christine era jogada ao ar por Arthur. Mellody e Nancy tomaram a frente do grupo, os sorrisos charmosos e as expressões arrogantes.

What you set out to kill off
Has been gone sometime now
You've got to come back down
You've got to come back down

            Richard e Michael aproximaram-se correndo, pegaram as duas cheerios no colo para depois, tomarem a música para eles:

Head out any further
And you might just forget how
You've got to come back down
You've got to come back down

            Mais uma vez, Claire foi o centro dos holofotes. Mas Rachel fez uma careta quando viu a sua líder sair da coreografia e ir ao outro lado do palco, apanhar Christine pela mão e puxá-la para frente do palco. As duas se entreolharam, as lágrimas quase rolaram pelos outros de Rachel ao escutar as vozes de ambas juntas, em perfeita harmonia, como em uma sinfonia bem construída:

All of you wallowing is unbecoming
All of you wallowing is unbecoming

            Depois, as duas tornaram a se afastar e um Arthur confuso, mas estranhamente centrado, tomou a frente do grupo. Os demais se aproximaram, se abraçaram pelos ombros e em frente à platéia. Rachel os observou, pela primeira vez, como um grupo. Todos sorrindo, o brilho era o mesmo em todos aqueles pares de olhos... A melodia foi cortada, Arthur e os demais entoaram o último verso enquanto Claire atingia uma altíssima nota ao fundo:

You've got take on your own from here
It's getting pathetic
And I'm almost done here

            Palmas.

            Rachel conseguiu escutar palmas e gritos. O New Directions tinha voltado, de vez. A morena não sabia o que fazia, mas sentiu os apertos em seus ombros vindos dos demais técnicos das demais equipes. Eram apertos de solidariedade, eles sabiam que tinham perdido e ela sabia que tinha vencido. Só que Rachel não sabia que a sensação de ser uma professora era tão diferente do que ela sentia quando era uma líder... Era estranhamente gratificante ser aplaudida, mesmo estando por trás das cortinas.

            Rachel sorriu para seus pupilos no palco e fez sinal para que eles seguissem para as coxias. Tão emocionada e tão satisfeita que não notou uma figura saindo em seu encalço logo que ela entrou pelos bastidores.

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            - Tudo bem, galera! – Rachel tentou se fazer ouvir em meio ao escarcéu que seus alunos faziam, mas deu-se por vencida quando Ryan passou correndo por ela, de mãos dadas com Claire e lhe beijando a bochecha. A morena sorriu para aquele grupo heterogêneo que, agora, ria e dançava.

            A técnica e professora observou cada cantinho daquele camarim, com um ar orgulhoso e um sorriso tão grande que não podia ser ignorado. Os olhos brilhavam, Rachel se surpreendeu quando, ao observar-se no espelho, enxergou uma Rachel que só tinha visto nos palcos... Estranhamente, aquele bando de jovens atrapalhados e cheios de hormônios, estava lhe trazendo de volta para a música.

            Rachel suspirou e virou-se, deixando-os sozinho para curtirem aquele momento de vitória da qual ela se lembrava tão bem. Porém, assim que abriu a porta, deparou-se com um buquê de rosas brancas em seu rosto. Rachel abriu um sorriso e estendeu as mãos pequenas para apanhá-lo, com um sorriso enorme nos lábios que transfigurou-se em uma careta quando viu quem era o dono das flores.

            Fazia exatos 8 anos desde que vira aquele sorriso torto e bobo pela última vez. Aliás, na última vez que se encontraram, nenhum dos dois sorria enquanto terminavam um relacionamento de anos em meio a gritos e xingamentos. Mas, depois de todo aquele tempo, ali estava Finn Hudson. Parado a sua frente, com a mesma expressão inocente e ar gentil, quilos mais magro e músculos mais forte. Rachel ouvira dizer que ele se tornara jogador de futebol profissional...

            - Flores para a mais bela treinadora de corais que já conheci. – Finn cumprimentou com um sorriso de lado e um ar timidamente galanteador. Rachel, recuperando-se do choque, deu um sorriso sem graça e fechou a porta atrás de si. Os dois ex-namorados ficaram se olhando no meio do corredor, em silêncio.

            Rachel o observava enquanto sentia as lembranças voltarem aos poucos, porém, tudo parecia danificado. Não sabia se era por causa do término violento dos dois ou se porque, durante todo aquele tempo, existia outra pessoa em sua mente, mesmo que ela não soubesse quem. A morena suspirou e, educadamente, respondeu:

            - Obrigada pelas flores... É bom te ver de novo, Finn.

            - Digo o mesmo. – Finn dissera afoito e Rachel sorriu verdadeiramente ao perceber que ainda exercia influência sobre ele, o rapaz segurara a respiração discretamente ao ver que ela não lhe dera abertura. – Como estão as coisas?

            - Bem, na medida do possível. Estou treinando o ND como você pode ver. – Rachel respondeu orgulhos. O peito inchando-se, de um carinho enorme por aqueles adolescentes que faziam barulho dentro do camarim. Finn tinha uma expressão amistosa ao colocar as mãos nos bolsos e responder:

            - Foi a melhor apresentação e isso conta muito vindo de um dos jurados, Rach.

            - Rach...! – Uma voz feminina excitada fez-se ouvir entre eles, Rachel virou a cabeça abruptamente em direção aquele som que não ouvia há dias.

            Quinn Fabray caminhava pelo corredor, estranhamente insegura, alisando as pregas do vestido verde que usava. Os olhos verdes afoitos e solitários iam de Finn, para Rachel e para as flores que a morena tinha nas mãos. A expressão trazia resquícios de um sorriso há muito quebrado. Rachel baixou os olhos, covardemente, incapaz de encará-la.

            - Quinn! Quanto tempo! – Finn cumprimentou entusiasmado, aproximando-se da loira para um abraço. Misteriosamente, Quinn não o repeliu e sim, retribuiu o abraço e o cumprimento com o melhor de seus sorrisos.

            Rachel ergueu os olhos quando percebeu que cena alguma acontecia ali. As duas trocaram um breve olhar e Finn, completamente alheio a tudo que cercava as duas, sugeriu apressado:

            - Bem, tenho que me reunir com os juízes, mas... Já que estou na cidade e estou em pré-temporada com o time, podíamos marcar de nos reunir algum dia? Eu realmente sinto saudades de todos vocês do Glee.

            - Claro, podemos sim. Eu aviso os demais. – Quinn prontificou-se a responder gentil e sincera. Finn abriu um sorriso feliz, parecendo uma enorme criança, antes de beijar cada uma na bochecha e sair caminhando pelo corredor.

            Era estranho vê-lo caminhar usando um terno caro e feito sob medida em conjunto com sapatos italianos caríssimos. Rachel e Quinn também observaram o anel que ele tinha no anelar esquerdo, dado ao melhor jogador da NFL. O mais estranho era ver que, no meio de todos os talentos do Glee, ele fora o único que se dera bem na vida...

            Mas não era isso que importava no momento, quando Finn virou o corredor. Quinn voltou-se para Rachel e as duas se olharam, pela primeira vez em dias. Rachel não encontrou qualquer sinal de fúria ou raiva, apenas angústia e medo. A morena suspirou e abriu a boca para dizer, mas Quinn foi mais rápida e, melancólica, disse:

            - Só não se esqueça que você tem uma segunda opção.

            Quando Rachel compreendeu as palavras de Quinn e prontificou-se a respondê-las, a loira já tinha saído de suas vistas, caminhando cabisbaixa, usando um vestido barato e elegante, com sapatilhas que eram mais caras que o salário de professora podia pagar. Rachel não teve coragem de chamá-la, algo dentro de si se espatifou.

            Ela só queria ter dito a Quinn que ela jamais fora a segunda opção em sua vida.

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Notas finais do capítulo

Será que depois desse gancho para o próximo, mereço reviews?
Eu não presto, deixo vocês esperando e venho com isso HUASHUASHUASHUAS
Comentem, por favor *-*
Beijos e até a próxima!