Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 10
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Olá gente? Como está a semana de vocês?
Espero que tudo esteja correndo bem (:
Mais uma vez, obrigada pelos comentários e se gostarem, recomendem por favor!
Bem, esse capítulo foi surpreendente. Eu estava com dificuldade para escrevê-lo, mas quando eu resolvi a primeira cena... As coisas fluíram de uma forma impressionante.
Temos o reaparecimento de alguns personagens, plot da Santana, Faberry, plot do Sam e muita, muita emoção.
Espero que gostem! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/177324/chapter/10

            Quinn estava fazendo uma pequena faxina em seu apartamento, tinha os cabelos curtos presos em um rabo de cavalo frouxo e jogava alguns papéis em um enorme saco de lixo no meio do quarto. Rachel ficaria para jantar naquela noite, a morena alegava que tinha algo para lhe contar.

            A faxina não era só porque seria a primeira vez que Rachel viria ao seu apartamento depois daquele beijo e sim, porque a loira precisava se distrair. Quinn sabia que Rachel tomara a sua decisão a respeito do emprego no McKinley High e tudo o que a ex-cheerio mais queria no momento, era que Rachel aceitasse. Ela vira o brilho nos olhos da morena naquela visita nos dias anteriores, assim como vira o sorriso dela iluminar toda sala do Glee Club ao ver aquela foto.

            Rachel Berry pertencia à música e não aos livros. E Quinn queria trazê-la de volta ao local do qual nunca deveria ter saído.

            Quinn respirou fundo e sorriu enquanto tirava alguns livros da estante e os separava por gênero em cima da mesa do escritório. Aliás, o escritório nunca parecera tão assustador como naquele momento, estava revirado e os livros espalhados pelo chão. Quinn queria que Rachel conhecesse aquele espaço, afinal, aquilo era uma parte dela muito importante. Tão centrada em seu trabalho, Quinn não notou que certo rapaz a observava com um sorriso, escorado na porta.

            Sam Evans estava com uma camisa social e calça jeans, o movimento estava fraco na loja e ele resolvera passar o dia com Quinn. Ao ver a amiga tão concentrada em sua tarefa, ele não pode deixar de rir, justo Quinn que era tão desorganizada e bagunceira com tudo que não envolvesse seus livros. Quinn ouviu a risada sufocada de Sam e ergueu os olhos, o rapaz tentou ficar sério, mas as lágrimas nos olhos o entregaram e ele disse:

            - Desculpe, mas achei que nunca fosse te ver assim.

            - Não vou nem te dar o gostinho da resposta, Sam. – Quinn estava rindo também, mas a sobrancelha estava arqueada, revelando que ela não estava nada satisfeita com a careta de Sam. O rapaz saltou algumas pilhas de livros e ajoelhou-se ao lado de Quinn, ajudando-a. – Pare com isso, você vai se sujar!

            - Eu não trabalho hoje, Quinn. Resolvi aparecer na casa da minha vizinha que, por acaso, é a minha melhor amiga e resolveu me esquecer depois que começou um tórrido caso de amor com uma paixão do passado. – Sam manteve-se sério enquanto dizia, mas gargalhou com gosto ao sentir um empurrão de Quinn que o derrubou no chão. A loira montou em sua cintura e começou a esmurrar seu peito que continuava bem definido, mas Sam sabia onde derrubar a amiga e fez algumas cócegas que logo fizeram Quinn sair de cima dele e disparar aos risos:

            - Ciumento!

            - Sou mesmo, perdi minhas duas amigas para mulheres que apareceram do nada! – Sam respondeu dramaticamente indignado, mas quem o conhecia bem sabia que ele estava verdadeiramente magoado. Quinn parou de rir imediatamente e se levantou, olhando para o amigo que, naquele momento, estava com a cabeça baixa entre os joelhos.

            Sam Evans suspirou. As coisas estavam mais difíceis agora e ele se sentia um monstro por se sentir mal quando suas duas amigas estavam felizes. Santana parecia vidrada demais no futuro caso de Julianne Urie, a latina estava se esforçando 24 horas por dia, mesmo com Sam dizendo que tipo de homem era Michael Urie. Santana não tinha medo de nada e aquilo era um aspecto bom e, ao mesmo tempo, ruim de sua personalidade. Enquanto Quinn estava mais feliz do que nunca, Sam estava a vendo sem aquela pesada máscara de felicidade. Quinn estava feliz de verdade agora, podia ver o sorriso brincar nos lábios dela com facilidade...

            E ele? Continuava sozinho, continuava apático... Continuava sem ninguém.

            Sam cogitara voltar para Kentucky e nunca mais colocar os pés em Lima. Porque Lima estava lhe lembrando Mercedes e o peito dele apertava quando ele se lembrava da última conversa entre os dois. Seu amor do colégio estava acabado, Mercedes deixara aquilo claro... Mercedes ia se casar com Shane e ele ainda não conseguira superar. Sam estava se sentindo sozinho.

            - Sammy... – Quinn chamou nervosa e apertando o ombro do amigo enquanto se aproximava dele e o envolvia em um abraço de lado. Sam ergueu os olhos tristes e deu um sorriso amargo, a expressão de Quinn se contorceu em preocupação e ela beijou o ombro de Sam que sorriu do mimo. – O que está acontecendo com você?

            - Não é nada, Q. – Sam respondeu rápido demais, Quinn franziu a testa para ele e não se deu por satisfeita, Sam encolheu os ombros diante do olhar acusador dela. – É sério, Q. Não é nada.

            - Para seu azar, Sam Evans, eu te conheço há tempo demais para acreditar nessa tremenda besteira. Me diga o que foi. – Quinn tinha a voz dura e seu tom parecia com o de uma mãe que bronqueava com o filho por mentir para ela. Sam viu-se acuado diante do tom de Quinn. Ele ergueu os olhos para ela e respirou fundo, doía admitir que estava com inveja da felicidade dela e de Santana. Doía admitir que ele estava triste e melancólico enquanto suas amigas estavam revivendo a felicidade depois de anos... Era muito, muito para um rapaz como ele. Sam estava sozinho e isso, machucava.

            Sam olhou para a amiga e abriu um sorriso envergonhado, Quinn apertou seu ombro e encostou-se enquanto afagava seus cabelos. Os dois ficaram naquela posição por algum tempo. Eles se conheciam há tempos para saber o momento ideal para o silêncio falar por si... E o silêncio dizia quão triste Sam estava, assim como dizia que Quinn estava ali para ele. O rapaz afagou o pulso da amiga e respondeu nervoso:

            - Estou me sentindo sozinho, só isso.

            - Você sabe que não está. – Quinn disse rapidamente, saindo do conforto do ombro do amigo e olhando para ele com uma expressão séria. Sam fez uma careta que indicava claramente que ele se sentia sozinho, ele tornou a baixar os olhos, mas Quinn foi mais rápida e puxou-lhe o rosto. – Você não está, ok?

            - Eu preciso tomar um rumo, Quinn. Eu não posso ficar preso a Mercedes para sempre. – Sam murmurou em um misto de vergonha e irritação que fez Quinn abraçá-lo abruptamente. Sam se deixou envolver por aqueles braços mais finos que os dele, mas que pareciam uma fortaleza agora. O rapaz deixou-se envolver enquanto as lágrimas caíam timidamente dos seus olhos. – Eu tenho que ser feliz e parar de invejar a felicidade de você, de Rachel e de Santana.

            - Sam, você sabe que não é inveja. – O tom de voz de Quinn foi severo e visivelmente insatisfeito. Sam deu de ombros e separou-se dela, limpando as poucas lágrimas com vergonha. Quinn apertou a mão do amigo entre as suas e sorriu gentil depois. – Você só quer ser feliz... Isso não é inveja. Mas para isso, você sabe muito bem que tem que começar a agir.

            - O que você sugere? – Sam perguntou interessado e parecendo um pouco mais feliz, Quinn deu um de seus melhores sorrisos para ele, depois, beijou-lhe a bochecha e ficou em pé. Sam repetiu seus passos e observou a amiga ajeitar a calça do pijama enquanto dizia:

            - Que tal voltar a ser pegador? Quem sabe, você não acha a certa se divertindo com as erradas?

            - Tá brincando com isso, não é? Eu não levo mais jeito, Q. – Sam disse envergonhado, corando furiosamente e dando as costas a amiga. Quinn gargalhou da vergonha momentânea dele e o puxou pelo pulso, a contragosto, Sam se virou e olhou para ela. Quinn afagou-lhe a bochecha e disse gentil:

            - Claro que leva, você é lindo e muito fofo!

            - Muito interessante, ainda mais, vindo de uma lésbica. – Sam respondeu irônico e Quinn arqueou a sobrancelha para ele, dividida entre o constrangimento e a irritação pelo amigo falar aquilo em voz alta. Quinn ainda não lidava muito bem com a ideia de ser homossexual, apenas queria viver as coisas com Rachel e se aceitar com o tempo. Sam pareceu perceber o desconforto da amiga e baixou a cabeça, Quinn recuperou sua posição entusiasmada e retrucou:

            - Uma lésbica que já namorou você, Sam Evans. Minha opinião vale alguma coisa, afinal.

            - Claro que vale, Q... Você é a minha melhor amiga! – Sam dissera com um sorriso e aproximando-se para dar um abraço em Quinn. Os dois se separaram com sorrisos e voltaram ao trabalho. Enquanto a amiga recolhia os livros e separava-os, Sam a observava, satisfeito.

            As conversas mais sinceras com Quinn vinham de momentos como aquele: aleatórios. Os dois falavam, discutiam e ela deixava a mensagem dela incrustada e martelando em sua cabeça pelo resto dos dias.   

            E naquele momento, Quinn estava lhe pedindo para ser feliz.

            - Mas que tal você me explicar o que anda acontecendo com Santana? – Quinn perguntou com um sorriso ao ver que o amigo melhorara, o rapaz engoliu em seco e olhou sério para a amiga. Sam pigarreou e respirou fundo antes de começar a contar tudo e ver Quinn surtar lentamente no meio do escritório bagunçado.

###

            Santana Lopez atravessou o corredor da delegacia de Lima com um andar elegante e seguro de si. A latina arrancava olhares interessados dos oficiais homens e olhares invejosos das mulheres. Carregava sua maleta de couro na mão direita e a bolsa de grife no ombro esquerdo. Trajava um conjunto azul-marinho de saia na altura dos joelhos, colada e blazer com uma elegante camisa social creme com babados na gola.

            - Assobie mais uma vez e eu faço da sua vida um inferno, oficial. – Santana sibilou irritada quando um jovem oficial assobiou para ela pela terceira vez. O rapaz engoliu em seco e desapareceu com a expressão convencida do rosto. A latina continuou a caminhar e parou em frente a uma porta, bateu duas vezes e recebeu a ordem para entrar.

            Santana sorriu ao ver seu antigo colega de escola. Noah Puckermann estava em pé ao lado de um arquivo, revirando algumas fichas criminais enquanto respirava fundo. O moicano desaparecera, dando lugar a cabeça raspada e as feições juvenis também, ele ainda estava musculoso e em forma. Vestia uma camisa social preta, uma calça da mesma cor e tinha um coldre com uma pistola embaixo do ombro.

            - Quem diria que Noah Puckerman se tornaria sargento da Polícia de Lima. – A voz de Santana carregava o tradicional tom debochado e irônico. Puck sequer ergueu os olhos da ficha que lia, mas sorriu sincero quando ouviu a amiga. Alguns segundos depois, ele ergueu os olhos e se aproximou de Santana. Como um perfeito cavalheiro, ajudou-a com a bolsa e a pasta, depois estendeu a mão que foi apertada com entusiasmo por Santana. Mas ele não deixou a amiga separar-se de si e a puxou para um abraço, resmungando:

            - E quem diria que Santana Lopez, de Lima Heights Adjacents, iria passar a usar a justiça limpa, agora!

            Santana deu um soco amigável no peito do amigo enquanto o observava contornar a cadeira e sentar-se em sua poltrona do outro lado da mesa.

            Noah Puckerman permaneceu em Lima e resolveu entrar para Polícia de Lima quando não foi aprovado em nenhuma faculdade, nunca soubera por que seguira carreira, mas a polícia era uma das poucas coisas que ele conhecia bem e com que sabia lidar naquela cidade fora a limpeza de piscinas. Os meses passados em reformatórios acabaram levando-o para a sua profissão.

            - Como está a vida, Puck? – Santana perguntou curiosa, olhando para o amigo com admiração. Estava certo que muitos sonhos tinham acabado ainda no colegial, mas a latina estava verdadeiramente feliz por ver que todos tinham conseguido tomar um rumo e que as coisas estavam dando certo. A vida não era tão injusta no fim das contas. Puck passou a mão pela cabeça e disse com um sorriso:

            - Não podia estar melhor, estou casado com Shelby, Beth é uma pré-adolescente agora e acabei de ser promovido. Mas o que te traz aqui?

            Santana abriu a maleta e colocou-a sobre a mesa. Tirou um pequeno arquivo de dentro e ficou em pé, jogou-o em frente a Puck e foi servir-se de água no filtro que estava próximo. A expressão de Puck fechou-se e ele passou os olhos pelo arquivo, interessado. O semblante do sargento mudou da água para o vinho e ele franziu a testa, preocupado. Santana tomou um gole de água e começou:

            - Há três dias, Julianne Urie me procurou para me pedir que a representasse no divórcio dela com Michael Urie. Porém, eu fui ao cartório ontem e pedi o registro de casamento e ela não é casada em comunhão de bens assim como não tem nada que possa ser dela quando o processo terminar.

            - E qual o problema disso? – Puck perguntou incomodado enquanto ele mesmo se levantava e servia-se de água. Se ele soubesse que a natureza daquele encontro era aquela, tinha se recusado a rever a amiga. Santana não sabia onde estava se metendo. A latina olhou de lado para ele, desconfiada e respondeu:

            - O problema é que eu conheço casos de divórcio há muito tempo, Puckerman. Mulheres como a Sra. Urie só se separam por dinheiro e esse não parece ser o caso já que ela não herdará nada dele.

            - A Sra. Urie pode estar insatisfeita com o casamento, esse tipo de coisa acontece. Casamentos acabam quando não há mais sentimento. – Puck respondeu evasivo e desviando os olhos de Santana, estava se sentindo acuado diante do poder de interrogação da amiga. O sargento tornou a se sentar em sua mesa com o arquivo em mãos, fingindo lê-lo. Santana revirou os olhos e contra-atacou irritada:

            - Mas não casamentos como o deles que envolve somas enormes de dinheiro adquirido em pouco tempo. Tem alguma coisa acontecendo, ela estava amedrontada quando foi ao meu escritório e disse que percorreu toda a Lima atrás de um advogado.

            Puck respirou fundo e fechou os olhos, jogou o arquivo em cima de sua mesa e massageou as têmporas. O sargento tornou a abrir os olhos e encarou Santana que permanecia em pé, apertando o copo de plástico. Ele conhecia aquele brilho nos olhos escuros, era o mesmo brilho intenso que ele vira nos olhos dela ao cantar um solo. Era o brilho da ousadia e da coragem. Puck olhou para a amiga, sério e disse severo:

            - Se nenhum advogado pegou o caso dela, significa que existe alguma coisa perigosa nisso, não acha?

            - Eu não sou burra, Puck. Mas eu também não sou cega, aquela mulher precisa dos meus serviços e eu preciso de sua ajuda. – Santana foi incisiva em suas palavras, era o mesmo tom que ela usava nos tribunais e Puck entendia agora porque ela recebera tantas recomendações ao longo de sua curta carreira. A latina esperou uma atitude do amigo que nunca veio, tornou a revirar os olhos, entediada. – Se você não me ajudar, eu vou começar a fazer o meu trabalho de campo.

            - Tudo bem, Santana. Alguém tem que tirar essa loucura da sua cabeça! – Puck respondeu derrotado enquanto respirava fundo e tirava o coldre dos ombros. Ele passou a mão sobre os olhos e fez sinal para que Santana se sentasse, a princípio, ela não atendeu, mas deixou-se levar pelo olhar ameaçador que Puck lhe dirigia. O policial pigarreou e disse:

            - Michael Urie é um dos homens mais ricos da cidade. Como você mesma disse, ele enriqueceu em pouco tempo e ninguém sabe como isso aconteceu.

            - Até eu deduziria isso, Puckerman. Ele pode muito bem sonegar impostos e pagar um belo suborno para que seus projetos sejam aprovados. – Santana respondeu de mal grado, dando um soco na mesa. Puck bufou impaciente e tornou a dizer:

            - Todos sabem que isso ocorre, Lopez. Mas ninguém faz nada por ter juízo o bastante para não enfrentá-lo.

            - Você é um agente da lei, Puckerman. Devia agir como um e não abaixar a cabeça para um estúpido como Michael! – Santana disparou decepcionada e fazendo a expressão de Puck tornar-se ainda mais dura. Os dois ficaram fuzilando-se por alguns minutos até o sargento desistir de ganhar aquela batalha, ele respirou fundo, magoado consigo por submeter-se aquele tipo de situação. Mas nem tudo podia ser levado à justiça, ainda mais numa cidade dominada pelo homem em questão. Puck apanhou a mão de Santana por cima da mesa e disse cuidadoso:

            - Mas ainda tem outra coisa.

            - O que é? – Santana perguntou entediada, ela não esperava mais muita coisa daquela conversa, aliás... Parecia que fora perda de tempo vir até ali. Ela olhou para Puck que parecia ter se arrependido do que dissera, o rapaz desviou os olhos dela e murmurou:

            - Quando eu ainda era patrulheiro há quatro anos, eu fui chamado para uma ocorrência da casa dos Urie, denúncia de um dos vizinhos. Ao chegar lá, me deparei com a Sra. Urie sangrando na sala de estar e Michael totalmente fora de controle.

            - Provavelmente, ela era a vítima naquela história. Julianne chegou a prestar queixa? – Santana não demonstrou qualquer surpresa, ela esperava alguma coisa do tipo de uma mulher como Julianne. A latina perguntou inutilmente, porque já sabia que a resposta seria negativa. Puck balançou a cabeça em negação e suspirou. Santana olhou intensa para ele. – Você sabe que eu não vou desistir desse caso, não é?

            - Você vai enfrentar um monstro, Lopez. Ele pode te engolir no tribunal, pense em sua carreira. – Puck aconselhou um pouco cansado, mais por hábito e preocupação do que por objetividade. Ele sabia que Santana morreria tentando tirar Julianne do marido. Santana acenou com a cabeça e respondeu com seu tradicional sorrisinho de lado:

            - Não se eu puder engoli-lo antes. Ele pode ter derrubado muitos advogados de Lima, mas ele não me conhece ainda.

            Dizendo isso, Santana apertou a mão do amigo e colocou-se em pé, apanhando suas coisas, pronta para sair. Puck acompanhou-a até a porta, mas não a abriu. O policial segurou-a pelo braço e perguntou melancólico:

            - Você tem falado com Quinn?

            - Sim, por quê? – Santana perguntou desconcertada diante da expressão de dor do amigo, Puck passou a mão pela cabeça de novo e Santana percebeu que ele fazia aquilo quando estava nervoso. Depois, deu algumas voltas pela sala e virando-se para ela novamente, respondeu:

            - Apenas diga a ela que Shelby quer que ela volte a nos visitar.

            Santana acenou com a cabeça, visivelmente confusa e saiu da sala. Enquanto caminhava, ela pensava que ainda teria que conversar com Quinn sobre certas coisas. Seu blackberry vibrou no bolso do terno e Santana deixou suas coisas em cima de uma cadeira para ler a mensagem:

Que história é essa de se envolver com Julianne Urie? Venha para seu apartamento quando estiver livre, precisamos conversar. – Q.

            Santana revirou os olhos, Quinn estava bancando a mãe quando tinha tanta culpa no cartório quanto ela mesma.

###

            Rachel Berry estava um pouco nervosa naquele dia, ela remexia a salada de frutas em sua tigela e olhava para ela com a cabeça apoiada na palma da mão. A morena sequer tomara seu suco e estava pensativa, respirando fundo e sonolenta.

            A verdade era que a noite de Rachel Berry não tinha sido a melhor que tivera na vida. Passara a noite acordada, pensando e repensando em sua decisão e no peso que ela poderia ter na sua vida. Quinn Fabray trouxera a música de volta para a sua vida, Rachel se bronqueava quando se pegava cantarolando alguma música enquanto trabalhava da livraria de Charlie. A “Letters, Love and Dreams” fora um porto seguro e, também, um aprendizado. Nunca ia esquecer o que aprendera com Charlie e o que conhecera enquanto corria entre aquelas prateleiras...

            Mas Rachel Berry estava voltando para o seu lar, hoje ela lidava bem com a ideia de que Lima era o seu lugar. Talvez isso fosse resultado de amadurecimento ou, apenas, de certa loira que estava transformando a sua vida. Rachel sorriu quando Quinn veio a sua mente, aquele jeito recatado e paciente estava curando todas as suas feridas e o melhor: deixando-as sem cicatrizes. A redoma impermeável de dor e mágoa que a envolvia estava sendo, aos poucos, destruída por toda a dedicação de Quinn Fabray.

            Claro que Rachel tinha pensamentos pessimistas. Tinha medo que Quinn não estivesse pronta para assumir um relacionamento homossexual, ainda mais sendo cristã como era, também tinha medo que ela estivesse confundindo as coisas... Mas esses pensamentos vinham a sua mente somente quando se encontrava sozinha, como naquele momento. Porque, quando estava com Quinn, sua mente era entorpecida por uma felicidade impenetrável, era tomada pela necessidade de retribuir cada carinho que recebia... Com Quinn, Rachel sentia que era amada, mesmo que nenhuma palavra ou expressão do gênero não fosse dita entre elas.

            E Quinn definira a sua decisão. Rachel pensara nela antes de tomar qualquer decisão e mesmo o aperto em seu peito seria incapaz de fazê-la mudar. A morena tornou a respirar enquanto olhava entediada para sua salada de frutas, Leroy pigarreou incomodado, mas a filha sequer ergueu os olhos. Hiram sentou a mesa e bateu os talheres no prato, tentando chamar atenção, bufou quando não conseguiu. Ele e o marido se entreolharam e Leroy chamou:

            - Estrelinha? Tem algo acontecendo com você?

            - Nada, só estou um pouco preocupada e amedrontada. – Rachel respondeu evasiva e os pais perceberam que alguma coisa realmente estava errada, porque ela sempre fazia monólogos pela manhã. Leroy tomou um gole de café e Hiram disse um pouco irritado:

            - Nós percebemos, querida. Você pode nos dizer o que tem feito com que a senhorita ficasse viajando nos últimos dias?

            - É... Talvez tenha a ver com Quinn Fabray. – Leroy sugeriu com uma expressão brincalhona e risonha ao ver Rachel se engasgar com o suco e Hiram olhá-lo com repreensão. A morena finalmente ergueu seus olhos e contemplou a face dos pais, Hiram parecia severo e sério enquanto Leroy estava controlando-se para não rir por trás do jornal. Rachel ficou em pé abruptamente e terminou de comer a salada de frutas, virou-se para a pia e disse insegura:

            - Não tem nada a ver com Quinn, ok? E sim com a proposta de emprego do Mr. Schue. Eu acho que tomei a minha decisão.

            - Vai aceitar o emprego? – Hiram perguntou direto e com uma expressão que parecia prestes a bronquear a filha, Leroy parou de sufocar o riso e assumiu uma expressão curiosa. Rachel voltou os olhos para os pais, Hiram sempre fora o mais exigente enquanto Leroy era mais leve e extrovertido, mas os dois pareciam assustadores com aquelas expressões que se mesclavam entre a curiosidade e a inquisição. Rachel pigarreou e respondeu:

            - Acho que sim... Mesmo que isso magoe vocês e o Sr. Thomas, eu não posso ficar ali se eu tenho a oportunidade de retribuir o que Mr. Schue fez por mim.

            - É, Quinn Fabray teve dedo nisso, afinal... – Leroy comentou com um sorriso satisfeito, Rachel corou e um sorriso involuntário chegou aos seus lábios. Hiram pareceu ficar irritado com a resposta e levantou-se da mesa, ele sabia que Quinn gostava da sua filha, mas conhecia a Família Fabray por tempo o bastante para temer o futuro. Hiram colocou as coisas dentro da pia e olhou para a filha, decepcionado:

            - Eu só quero que você seja feliz, querida. Sei que a música é e sempre foi a sua vida, mas você não pode se deixar levar pelas outras pessoas... Voltar a sua origem deve ser uma decisão só sua, assim como foi a sua decisão abandonar tudo em Nova York.

            - Eu não abandonei tudo, papai! – Rachel respondeu um pouco surpresa antes de sentir as palavras invadirem os seus sentidos e provocarem insegurança e tristeza dentro de si diante das lembranças que ela queria esquecer. Hiram continuou a observar a filha quebrar-se a sua frente, mas nada fez. Rachel sufocou as lágrimas. – A música foi arrancada de mim em Nova York, Quinn só está trazendo-a de volta para mim!

            As palavras de Rachel soaram incrédulas e incrivelmente magoadas. Ela não contara tudo que acontecera em Nova York e achava que certas coisas deveriam permanecer encerradas dentro de sua cabeça, seus pais não tinham o direito de saber de tudo, afinal. Hiram permaneceu impassível diante da filha e abriu a boca para falar algo, mas Leroy intercedeu com um olhar decepcionado e disse:

            - Nós sabemos, Rachel... Só estamos preocupados com você.

            - Não precisam ficar, eu vivi sete anos sozinha e agora, tenho uma pessoa que cuida muito bem de mim e que foi a única que pareceu saber colar os meus pedaços... – Rachel estava amargurada e saiu apanhando sua jaqueta e sua bolsa pelo caminho. Leroy fez uma expressão indignada para Hiram que resolveu fazer algo e acompanhou a filha até a porta. Porém, Rachel a abriu, por conta própria, extremamente magoada. Ela olhou para os pais e respirou fundo. – Não me esperem para o jantar, eu vou ficar com Quinn hoje.

            Dizendo isso, a morena bateu a porta atrás de si e saiu para a tarde amena de Lima. Os Srs. Berry se olharam, ambos se culpando enquanto a filha caminhava a passos rápidos até a livraria que, parecia ser, a única chance de tranqüilidade naquele dia.

            Rachel entrou apressada na livraria, foi até um pouco rude ao bater a porta e disparar a pequena sineta que tilintou desesperada diante da força da pequena diva. Charlie, que estava atrás do balcão, observou uma Rachel Berry possessa de raiva saltar o balcão e retirar a jaqueta com mal grado enquanto jogava a bolsa em algum canto qualquer por ali. Depois, a morena tornou a saltar o balcão sem dizer uma palavra. Charlie franziu a testa enrugada e chamou:

            - Rachel?

            A morena não respondeu, fingiu não ouvir porque tinha medo de descontar seus problemas no pobre senhor que tanto a ajudava. Rachel apanhou alguns livros, que estavam esparramados, pela área dedicada à leitura e começou a separá-los para guardá-los em seus devidos lugares. Charlie saiu de trás do balcão e tornou a chamar, ainda calmo:

            - Rachel? Algum problema?

            - Eu não quero falar sobre isso, Charlie. Eu vou acabar sendo ignorante com o senhor. – Rachel disse um pouco irritada, empilhando os livros e passando pelo senhor, sem sequer olhá-lo. Charlie respirou fundo e parou a garota antes de ela desaparecer na seção de romances policiais. O senhor tirou os livros dos braços de sua funcionária e os colocou sobre o balcão, antes de arrastá-la até uma das confortáveis poltronas de leitura. Os dois se sentaram e se olharam.

            Rachel abaixou o olhar instantaneamente, as coisas estavam mais difíceis agora, a ideia de deixar a livraria não soava mais tão boa assim. A morena respirou com dificuldade enquanto sentia o senhor observá-la. Charlie sabia tudo que estava se passando ali, ele podia ver as pequenas mudanças em Rachel: o olhar parecia mais vivo, a pele estava mais corada e ele chegou a pegá-la cantando enquanto fechava a loja em uma noite. Rachel estava feliz e Charlie tinha quase certeza que Quinn Fabray era responsável por boa parte daquilo.

            - Você já foi ignorante, considerando que quase quebrou a minha sineta e tirou a porta das dobradiças quando chegou. – Charlie disse brincalhão, tentando aliviar um pouco a tensão que se instalara entre eles. Pareceu funcionar, porque Rachel levantou os olhos castanhos brevemente e sorriu envergonhada. O senhor abriu um sorriso satisfeito. – O que está acontecendo com você, pequena?

            - Eu acabei de brigar com meus pais... Por causa da Quinn. – Rachel respondeu mais segura, sentindo todas as suas defesas desaparecerem e uma sensação de tranqüilidade preencher seu corpo, sempre se sentia assim com Charlie. Dessa vez, ela olhava para o senhor que coçou o queixo e pareceu pensativo. Charlie suspirou e disse rigoroso:

            - Nunca é bom brigar com os pais, Rachel. Mesmo que isso seja por causa da pessoa pela qual você está apaixonada.

            - Apaixonada...? Mas Charlie, não é...! – Rachel gaguejou nervosa e corando furiosamente, Charlie sufocou uma risada. Quinn Fabray e Rachel Berry não percebiam que eram pouco sutis quando se tratava da relação de ambas, sem mencionar que o sentimento que as unia parecera ser um dos mais sinceros e palpáveis que aquele velho senhor já vira em vida. O homem deu uma pequena risadinha e disse tranqüilizador:

            - Quinn ficou da mesma forma quando eu disse isso a ela. Vocês duas tem que entender que são lindas juntas e eu, como bom leitor de romances, sei perceber um casal de almas gêmeas ao longe.

            - Bem, é... – Rachel Berry estava sem palavras e nervosa, ela passou a brincar com a estampa de sua blusa enquanto procurava uma forma de sair dali. Charlie revirou os olhos e ajeitou os óculos sobre o nariz, depois, segurou a mão de Rachel por cima da blusa e a morena ergueu os olhos castanhos brilhantes para ele. O senhor a observou e disse:

            - Não precisa dizer nada sobre isso.

            - Na verdade, esse parece o menor dos males agora, Charlie. – Rachel disse sincera, a coragem preencheu o seu peito e ela percebeu que devia ser sincera ali. O homem a sua frente mereceria isso depois de fazer tudo para que ela fosse feliz. A morena apertou a mão de Charlie entre as suas e respirou fundo. – Me desculpe, mas... Eu não posso mais trabalhar com o senhor. Eu recebi uma proposta de emprego que envolve a música.

            Charlie deu uma risada rouca e satisfeita, Rachel olhou incrédula para ele enquanto sentia o rosto ser afagado pela mão enrugada e quente do senhor. Charlie deu o melhor dos seus sorrisos bondosos e a morena percebeu algumas lágrimas brincando nos olhos azuis por trás das lentes, seu coração apertou e ela engoliu em seco, sem saber se elas eram de felicidade ou de tristeza. Charlie agitou a cabeça e disse gentil:

            - Eu sempre soube que isso ia acontecer, Rach. Você é uma pessoa da música e da melodia, o seu lugar não é aqui entre os livros e a poeira das palavras esquecidas. Eu sempre soube que a livraria ia ser apenas uma parte do caminho para você, que o seu lugar era o palco.

            - Mas eu não posso deixá-lo sozinho, Charlie! – Rachel contra-argumentou com a expressão decepcionada e preocupada. Charlie olhou sério para ela e bronqueou:

            - Eu fiquei sozinho por tempo o bastante, Rachel... Posso lidar com mais alguns meses ou anos. E, além disso, eu não posso privar o mundo do cantar de uma fênix que acabou de se reerguer mais forte que nunca, não é?

            Rachel tentou segurar as lágrimas, mas a sinceridade nas palavras daquele senhor que a ensinou tanto em tão pouco tempo, fez com que seus lábios tremessem e que ela desabasse completamente nos braços dele. Charlie a puxou para seu colo, Rachel afundou a cabeça nos joelhos do homem enquanto sentava no chão.

            O próprio Charlie derramou algumas lágrimas, mas com o coração inchado de felicidade. Ele, finalmente, pode ver a felicidade atingir duas de “suas” garotas. Quinn estava mais brilhante e mais bela do que nunca e ele tinha certeza que, parte daquele brilho, vinha da menina chorosa aos seus pés, daquela estrela que se recusava a morrer. Charlie afagou os cabelos de Rachel e respirou fundo, sentindo-se subitamente mais novo e confiante.

            O mundo que ele tanto vira mudar ainda tinha, no amor, uma das forças mais poderosas do mundo. Capaz de curar, capaz de reerguer, capaz de reviver.

###

            Santana esfregou os olhos antes de apertar o andar no painel do elevador, sua cabeça doía e seu corpo pedia um pouco de descanso. A latina não queria enfrentar Quinn, pelo menos, não naquele momento. Na verdade, uma das poucas coisas que realmente estava a segurando, era o processo do divórcio de Julianne.

            Santana já não via a ruiva desde a primeira visita ao seu escritório. Porém, se a latina fechasse os olhos, conseguia ver Julianne amedrontada a sua frente. Os olhos verdes e acinzentados não saíam da sua cabeça nas últimas noites, a expressão angustiada fazia Santana perder o sono e revirar-se na cama... Uma força sobre-humana e uma necessidade de salvar a ruiva daquele inferno estavam nascendo dentro do peito de Santana. A latina estava começando a se sentir responsável por sua cliente e aquilo não parecia ser o melhor naquele momento.

            Santana sabia que o simples fato de seu coração acelerar ao pensar nela não era uma boa. Mas o mistério que cercava Julianne Urie a seduzia, assim como a fragilidade aparente mascarada pelo medo e pela pressão. Santana sentia que deveria cuidar dela, que deveria conceder a ela uma chance de ser feliz longe do marido... Mas a latina também sabia o que estava acontecendo consigo, portanto, aquele sumiço de sua cliente estava facilitando as coisas para ela.

            O elevador apitou, tirando Santana de seus pensamentos. A latina saiu rapidamente e caminhou pelo corredor, as paredes não eram muito boas em isolar os sons internos e ela conseguia ouvir conversas e impressoras enquanto caminhava. Santana agitou a cabeça e continuou a caminhar rapidamente, ansiosa para chegar logo em seu escritório e se livrar daquele amargo aperto em sua garganta.

            Santana tirou a chave da bolsa e a colocou na fechadura, estava prestes a girá-la e abrir a porta quando escutou um pigarro atrás de si. A latina virou-se abruptamente e deu de cara com o objeto de seus pensamentos a olhando com um sorriso nervoso e agitado. Julianne estava próxima as escadas e seu rosto estava parcialmente escondido pelas sombras, os olhos de Santana se estreitaram e ela perguntou:

            - O que está fazendo aqui, Srta. Urie?

            - Eu tenho direito de visitar a minha advogada, não tenho? – Julianne questionou com a voz rouca e estranhamente falha, Santana sentiu falta do tom doce que ela tinha quando falaram pela primeira vez. A latina franziu a testa, entre a preocupação e a irritação. Julianne percebeu e fez menção de dar um passo a frente, mas voltou ao seu lugar, escondida nas escadas. Santana se aproximou e ela se afastou, insegura. – Isso é, se você decidiu ser a minha advogada.

            - Eu sou a sua advogada, Srta. Urie. – Santana disse um pouco cansada, finalmente abriu a porta e fez um sinal para que Julianne entrasse. Porém, a mulher permaneceu no mesmo lugar, passando os dedos longos pela alça da bolsa, completamente agitada. Santana aproximou-se dela, mas Julianne tornou a se afastar, virando o rosto.

            Santana Lopez sabia muito bem o que encontraria. Sentiu uma energia escaldante percorrer seu corpo e foi ela que fez com que ela pegasse o braço de Julianne e a puxasse para a luz. As duas se olharam, completamente hipnotizadas. Julianne tentava desvencilhar-se em vão enquanto Santana a prendia em um aperto de aço. Os olhos da latina tornaram-se opacos quando ela viu o rosto de Julianne, a ruiva tentou se encolher de volta as sombras, mas Santana foi mais forte e a puxou para dentro da porta recém aberta.

            Santana não fez questão de olhar para ela pela segunda vez, a latina não conseguia. Santana foi até o frigobar e pegou uma garrafa de água, depois, foi até o banheiro e pegou uma toalha de rosto. Voltou à sala e colocou Julianne sentada na mesa e pegou pedras de gelo, enrolando-as na toalha. Santana voltou a dar atenção para Julianne que permanecia de cabeça baixa.

            - Você deveria ter sido sincera comigo. – Santana murmurou entre dentes, mas o que ela fez a seguir não pareceu em nada com seu tom de voz. A latina ergueu a face de Julianne delicadamente e tirou os cabelos ruivos do rosto da mulher, colocou-os atrás da orelha enquanto encostava o gelo delicadamente sobre o lábio inchado e cortado. Julianne recuou um pouco o rosto, com uma expressão de dor. Santana, inconscientemente, afagou os cabelos ruivos e Julianne fechou os olhos, depois disse fragilizada:

            - E falaria o que? Talvez, se soubesse que meu marido me batia, você não teria aceitado o caso.

            Santana balançou a cabeça negativamente e colocou a mão de Julianne na toalha, indo até o banheiro e voltando com outra toalha. Molhou-a com água e aproximou-se novamente, colocando-a sobre o olho direito que estava inchado e com um corte no supercílio. Santana estava sendo automática em seus movimentos, furiosa demais para agir de outra forma e nervosa demais para olhar direito para Julianne. Julianne soltava algumas exclamações dolorosas, mas olhava para Santana sem saber muito bem o que sentir.

            As exclamações de dor fizeram Santana se aproximar mais, ficando entre as pernas da ruiva. A latina conseguia sentir a respiração de Julianne em sua face, Julianne entreabriu a boca quando Santana trocou e colocou a toalha molhada sobre sua boca em um gesto mais íntimo e cuidadoso. O gelo foi para os olhos e as duas se olharam mais uma vez, intensas. A racionalidade de Santana pedia para que ela se afastasse, mas algo a puxava de encontro a Julianne.

            Julianne ergueu a mão e tocou, com a ponta dos dedos, a pele morena da mão de Santana que segurava a toalha sobre sua boca. A latina ergueu os olhos e dessa vez, os orbes escuros estavam quentes e fora de controle. Santana engoliu em seco e se aproximou, minimamente. Julianne também se aproximou e as unhas dela arranharam levemente a pele morena, Santana entreabriu os lábios, pronta para fazer o último movimento...

            Mas batidas na porta fizeram com que ambas se separassem assustadas e visivelmente envergonhadas. Julianne abriu a boca para falar algo, mas Santana deu-lhe as costas antes mesmo que ela pudesse proferir uma palavra. Ainda ofegante e desconcertada, Santana foi até a porta e a abriu. Quinn Fabray olhava para ela com uma expressão furiosa, fria como gelo, disse:

            - Eu disse que nós tínhamos que conversar.

            - Eu não posso falar com você agora, estou com uma cliente. – Santana quase tropeçou nas palavras, mas conseguiu se manter na defensiva e a voz saiu um pouco trêmula. Quinn olhou por cima dos ombros da amiga e quando os olhos esverdeados encontraram a mulher ruiva que, agora, estava em pé e de costas para a conversa, Quinn apertou os punhos e disparou:

            - Eu não acredito que você aceitou esse caso.

            - Ela está precisando de ajuda, Quinn. Eu não vou abandoná-la agora. – Santana contra-argumentou com um ar entediado, Quinn voltou a olhar para ela e a puxou para fora. A latina fechou a porta atrás de si e cruzou os braços, Quinn revirou os olhos para ela e insistiu:

            - Ela é perigosa, o marido dela pode te destruir!

            - Eu nunca fugi de um desafio, Fabray. Ele pode ter todo o dinheiro do mundo, mas não vai continuar a ser dono dela. – Santana estava fria agora, Quinn olhou para ela, decepcionada e um pouco magoada. A loira fez menção de dizer algo, mas Santana fez um sinal para que ela parasse. – Antes de começar a me julgar, o ideal seria que você começasse a resolver seus problemas com Puck e Beth.

            A expressão atônita de Quinn indicou que Santana tinha tocado em uma ferida ainda não cicatrizada. Quinn suspirou pesadamente e segurou as lágrimas, antes de dar as costas e sair praticamente correndo pelo corredor. Santana balançou a cabeça, arrependida do que dissera e voltou a entrar na sala, a cabeça parecia martelar de tanta dor.

            - Acho que eu devo ir embora. – Julianne avisou apressada, colocando as toalhas sobre a mesa e apanhando a bolsa. Santana correu até ela e segurou-a pelo braço, mais uma vez, a energia emanada nos olhares paralisou-as. Santana respirou fundo e abriu um sorriso de lado, dizendo:

            - Não, nós precisamos discutir o seu caso, Julianne.

###

            Sam estava em frente a sua porta quando Quinn passou voando por ele e entrou no próprio apartamento, batendo a porta em seguida. O rapaz balançou a cabeça, percebendo que fizera besteira de novo e que, provavelmente, Santana e Quinn tinham discutido mais uma vez. 

            Sam Evans estava começando a achar que era a hora de parar de se meter na vida dos outros e começar a cuidar da própria que estava indo por água a baixo.

            - Sam? – A voz de Dave Karofsky pode ser ouvida enquanto o ex-jogador observava o amigo com uma careta preocupada. Sam olhou para Dave e apertou-lhe a mão com um pouco de entusiasmo enquanto os dois se olhavam. Dave franziu a testa. – Onde estava, cara? Estou te chamando há horas.

            - Desculpe, ando meio aéreo ultimamente. – Sam respondeu nervoso e colocando as mãos nos bolsos da calça. Dave pareceu não acreditar nele. Aliás, Dave Karofsky não acreditava em Sam.

            Por mais que as situações fossem diferentes, ele via que Sam estava no mesmo beco sem saída que ele estivera há alguns anos: estava apaixonado, sabendo que não podia fazer nada para ser retribuído. Dave demorara semanas para entender que gostava de Kurt e demorara mais algum tempo para se permitir sentir aquilo Agora, ele olhava para Sam: totalmente apaixonado por Mercedes e visivelmente deprimido por ter quem amava tão longe.

            - Eu sei como se sente. Dói, não é? – Karofsky perguntou sábio, mas com um sorriso bondoso no rosto. Sam olhou assustado para ele e gaguejou:

            - Não é isso, é que...!

            - Relaxa, Evans... Eu sei que você não é gay. Meu gaydar não é tão ruim assim. – Karofsky deu uma gargalhada em seguida, Sam fez uma careta e corou furiosamente enquanto observava os próprios sapatos. Sentiu Karofsky aproximar-se e a mão do rapaz foi até seu ombro. – Você não vai conseguir esquecê-la se ficar acomodado.

            - De quem você está falando? – Sam questionou com uma falsa surpresa que não convenceu ninguém, nem a ele mesmo. Karofsky bufou impaciente, ele olhou sério para Sam e o puxou pelo corredor. Sam encolheu-se e Karofsky disse:

            - Da Mercedes, óbvio. E repito, você não vai melhorar se ficar assim, apático. Tem duas alternativas: ou luta por ela ou deixa tudo para trás.

            Sam ficou remoendo as palavras dentro de si enquanto era arrastado por Karofsky, o outro caminhava ao seu lado, sem dizer nada e apenas esperando a resposta que nunca chegou. A cabeça de Sam doía e o coração também, ele suspirou cansado ao perceber que nem a maior das distâncias seria capaz de separá-lo de Mercedes. Ele olhou perdido para Karofsky que lhe deu mais um aperto amigável no ombro e aconselhou:

            - Vai doer, vai machucar e você vai fazer muita bobeira... Mas uma hora, você descobre o que é melhor e vai atrás.

            - Você fala disso como se tivesse muita experiência. – Sam falou irônico e tentando se defender da sinceridade de Dave Karofsky que atingia todos os poros do seu corpo. Dave arqueou a sobrancelha para ele e deu um sorriso, apesar das palavras duras. O ex-jogador virou-se para o loiro e respondeu gentilmente:

            - Fiquei lutando contra o que eu sentia por Kurt por seis anos, Sam. Eu, mais do que ninguém, tenho muita experiência quando se trata de desilusão amorosa.

            - E o que você escolheu, afinal? – Sam questionou curioso, os dois rapazes entraram no elevador e Sam surpreendeu-se ao ver que Karofsky ria. Ele deu um soco amigável no ombro de Sam e respondeu:

            - Eu não escolhi, na verdade. Eu apenas me deixei levar e a vida me trouxe Kurt de volta.

            - Está dizendo que eu devo esperar a vida trazer Mercedes? – Sam questionou indignado e incrédulo, até porque, de que servira toda aquela lição de moral se o conselho não era o mesmo? Dave gargalhou das próprias palavras e da atitude de Sam, apertou o botão para o térreo e acrescentou:

            - Pode ser uma opção. Mas nesse momento, você precisa de um pouco de álcool, Evans.

            - Eu não vou sair para beber, ainda mais com você. – Sam retrucou emburrado e parecendo uma criança, Karofsky revirou os olhos e contra-argumentou:

            - Não é uma opção, é um fato, Evans. Nós vamos beber, você vai chorar as suas mágoas e recuperar o seu orgulho.

            Sam olhou para os números dos andares acima de sua cabeça e cruzou os braços, impaciente. Talvez beber fosse uma boa opção, só não queria ficar em casa naquela noite em que Quinn encontraria Rachel. Karofsky parecia ser uma boa opção para acompanhá-lo. O loiro olhou de esguelha para o outro e perguntou:

            - Afinal, o que você fazia na frente do meu apartamento?

            - Kurt me pediu para te resgatar e te levar numa noitada, acha que você está precisando. – Karofsky disse animado e empurrando Sam para fora assim que o elevador parou no térreo. Seus olhos encontraram um Kurt Hummel entusiasmado e quase pulando de felicidade, Kurt abraçou Karofsky e Sam perguntou:

            - Vocês não vão me levar a um bar gay, né?

            - Claro que não. Vamos te encher de bebida e te deixar com uma ressaca que fará você se esquecer dela rapidinho. – Kurt respondeu em um tom de voz que assustou Sam. O rapaz parou no meio do caminho, mas foi praticamente empurrado por Karofsky enquanto pedia, silenciosamente, para que tudo desse certo naquela noite.

###

            Quinn Fabray estava amaldiçoando o relógio no momento. Seus dedos ágeis colocaram a sapatilha com extrema facilidade. A loira se levantou, olhando-se no espelho e fazendo uma careta diante do resultado, mas não tinha muito tempo. Portanto, ela atravessou o quarto para arrumar o cabelo.

            O jeans estava marcando perfeitamente as suas curvas e a blusa verde folgava em sua silhueta. Quinn revirou os olhos e decidiu colocar um cinto, para tentar transformar em algo mais arrumado. Secou os cabelos rapidamente no secador e estava prestes a fazer a maquiagem quando a campainha tocou.

            Nesse momento, Quinn amaldiçoou o relógio e Santana. Ambos estavam conspirando para tudo dar errado naquele dia, senão tivesse ido conversar com Santana, talvez estivesse menos estressada e mais arrumada. Rachel não merecia nada além do seu melhor.

            A campainha tocou pela segunda vez e Quinn correu, largando tudo pelo caminho e colocando os brincos. Parou em frente à porta e ajeitou a franja, respirou fundo a abriu a porta. Rachel Berry estava parada em sua porta com um sorriso envergonhado nos lábios e segurando um pacote pardo que indicava ser uma garrafa de vinho.

            - Não vai me chamar para entrar? – Rachel perguntou com um ar brincalhão e Quinn sorriu desconcertada diante da própria gafe, a loira a puxou para dentro e aplicou-lhe um selinho casto nos lábios enquanto apanhava o pacote. Rachel a abraçou e encaixou a cabeça em seu pescoço, respirou profundamente ali. – Você está cheirosa.

            - Obrigada e você, está linda. – Quinn disse envergonhada e fechando a porta, as duas caminharam até a cozinha de onde vinha um cheiro delicioso das panelas. Rachel entrou e observou tudo dessa vez, esquecendo que já tinha estado ali. A morena observou o grande cômodo que era a sala e a cozinha. Ambos se separavam por um balcão que se estendia mais ao canto. A cozinha era toda adornada por armários pretos e o fogão ficava no centro do balcão, Quinn foi mexer nas panelas enquanto Rachel observava o resto do apartamento.  

            A sala era imensa e tinha um enorme sofá de couro negro e uma mesinha no centro, com algumas estátuas de prata, uma poltrona extremamente gasta ficava do lado oposto ao sofá. A TV era grande e tinha todo tipo de eletrônico instalado nela. A coleção de blu-rays na prateleira ao lado era bastante extensa e um tapete de muito bom gosto se estendia na sala. Alguns quadros adornavam as paredes que acabavam tornando-se um corredor. Rachel visualizou quatro portas e ficou pensando qual delas seria o quarto de Quinn.  

            Era tudo muito organizado e pequeno, mas de muito bom gosto.

            - O que achou? – Quinn chegou sorrateiramente e parou ao seu lado, com uma taça do vinho recém-aberto. Rachel aceitou e sorriu, tomando um gole em seguida. Observou Quinn olhar para o apartamento enquanto lambia os lábios após o gole de vinho, um calor desconhecido percorreu cada pedaço de Rachel. A morena ficou na ponta do tênis e aplicou um beijo na bochecha de Quinn enquanto respondia:

            - Bem, ele reflete bem a sua personalidade: sóbrio, extremamente organizado e de muito bom gosto.

            Quinn corou e mordeu a borda da taça com um ar envergonhado. Rachel sorriu diante da beleza da mulher a sua frente e tocou-lhe a cintura, delicadamente. Quinn bebeu mais um gole de seu vinho e apanhou-a pela mão, levando-a de volta a cozinha e dizendo ressentida:

            - Desculpe a demora, mas tive alguns problemas com Santana hoje.

            - Não precisa se preocupar, Quinn... Quanto mais tempo, melhor. – Rachel respondeu sedutora ao sentar-se no balcão ao lado do fogão e dar um de seus melhores sorrisos para Quinn. Estava quente ali, mas as duas não ligaram. Quinn deixou a taça sobre o balcão de mármore escuro e aproximou-se de Rachel, ficando entre as pernas da morena. A loira colocou as mãos sobre as coxas de Rachel e se aproximou, murmurou próxima aos lábios carnudos:

            - Concordo com você.

            Rachel sorriu satisfeita e se aproximou, tocaram os narizes levemente antes de, finalmente, encontrarem os lábios. As mãos de Rachel correram para os cabelos curtos enquanto sentia Quinn chupar seu lábio superior e depois, passar a língua por ele. Rachel não negou e deu passagem, gemendo quando sentiu a língua da loira se encontrar com a sua. Quinn a puxou pela dobra dos joelhos e as duas ficaram ainda mais próximas. Rachel sorriu quando sentiu a mão de Quinn apertar sua cintura. Separaram-se ofegantes e Quinn voltou-se para o fogão, apagando-o e anunciando:

            - Vou arrumar a mesa para a gente.

            - Não precisa, Q. – Rachel interrompeu rapidamente, saltando do balcão e segurando a loira pela cintura. Quinn arqueou a sobrancelha para ela e Rachel se aproximou, a morena mordeu o queixo e respondeu:

            - Não precisa de tudo isso, ok? Eu só quero ficar um pouco com você.

            Quinn acabou cedendo, a contragosto e as duas sentaram-se no balcão, com pratos no colo para comer a lasanha vegetariana que Quinn tinha preparado depois de horas a procura da receita na internet. Rachel comia tudo com um sorriso, estava ótimo. A morena terminou o segundo prato e o colocou dentro da pia, Quinn ainda comia e bronqueou:

            - Você não vai lavar tudo, é minha convidada.

            - Mas você está comendo uma lasanha vegetariana por minha culpa, é o mínimo que eu posso fazer. – Rachel retrucou com uma expressão autoritária que não dava brecha para uma desculpa. Quinn cedeu novamente e continuou a comer, terminou segundos depois e colocou o prato na pia, porém, não se afastou. Suas mãos se encaixaram na cintura de Rachel, por trás e ela retirou os cabelos castanhos do pescoço para beijá-lo. Distribuiu beijos molhados da nuca até o limite entre o pescoço e os ombros, Rachel ria e por vezes, gemia em seus braços, ainda lavando a louça.

            - Acha que vai demorar muito? – Quinn questionou um pouco rouca, sentindo o desejo transbordar em seus toques e sua mão correr perigosamente aos extremos da cintura, quase tocando a bunda de Rachel. A morena gemeu em resposta e Quinn aproximou ainda mais dela com um movimento sutil do quadril. Rachel desligou a torneira ofegante e permaneceu de costas ao responder:

            - Terminei agora, quer que eu lave seu prato?

            - Na realidade, não. Quero que você faça outra coisa para mim, agora. – Quinn teve que respirar e retomar o controle antes de dizer essas palavras, ela não queria que tivesse outro sentido e realmente, não tiveram. Por mais magoada que estivesse por causa do assunto Beth ter voltado a tona, Quinn se sentia em casa quando estava com Rachel.

            A morena virou-se para ela com a expressão concentrada. Os lábios estavam entreabertos e as pupilas dilatadas, ela se aproximou de Quinn e rodeou a cintura dela com suas mãos enquanto sentia Quinn envolver seu rosto com as próprias. Quinn aplicou-lhe um beijo na bochecha e a puxou para a sala, ligou o aparelho de som e perguntou galante:

            - Me concede a honra de uma dança?

            Rachel sorriu e inclinou a cabeça, aceitando a mão que Quinn lhe oferecia. Com um toque delicado, Rachel sentiu seu corpo ser puxado pela cintura, enquanto as mãos de Quinn tocavam sua cintura e o rosto dela escondia-se entre seus cabelos. A respiração quente de Quinn arrepiou os pelos de sua nuca e ela volveu o pescoço dela em suas mãos, sorrindo, aninhando aquele corpo mais alto que o seu em seu peito.

            O som distante da melodia invadiu seus ouvidos e Quinn beijou o pescoço antes de se afastar e olhar para Rachel. O piano entrou na música ao mesmo tempo em que as duas se olhavam e sorriam.

I've been searching a long time
For someone exactly like you
I've been traveling all around the world
Waiting for you to come through
Someone like you 
Make it all worth while
Someone like you 
Keep me satisfied. 
Someone exactly like you

            Rachel sorriu quando sentiu os olhos de Quinn vasculharem cada pedaço de sua alma e trazerem tudo para a superfície. A loira beijou-lhe os lábios, ainda balançando-se no ritmo da música. Rachel manteve a loira próxima enquanto massageava-lhe a nuca e sentia toda e qualquer preocupação desaparecer de sua mente.

I've been travellin' a hard road
Baby lookin' for someone exactly like you
I've been carryin' my heavy load
Waiting for the light to come shining through
Someone like you 
Make it all worth while
Someone like you 
Make me satisfied
Someone exactly like you

            Rachel fechou os olhos ao sentir os beijos de Quinn percorrerem seu rosto e chegarem até seu pescoço. Quinn a girou e a trouxe para perto novamente, sorrindo diante da sua expressão de surpresa. A loira tornou a se esconder entre os seus cabelos castanhos e Rachel riu da respiração dela em sua pele, Quinn pigarreou e cantou no ouvido de Rachel:

I've been doin' some soul searching
To find out where you're at
I've been up and down the highway
In all kinds of foreign lands
Someone like you

Make it all worth while
Someone like you

Keep me satisfied

Someone exactly like you

            Rachel se afastou para olhar nos olhos esverdeados, mas só encontrou a sinceridade dentro deles. Quinn sorriu de lado para ela e foi a vez de Rachel se aproximar e tocar os lábios, chupando-lhe o lábio inferior antes de correr os dentes pela bochecha da loira. Quinn apertou a sua cintura e fechou os olhos, continuando a cantar:

I've been all around the world
Marching to the beat of a different drum
But just lately I have realized
Baby the best is yet to come
Someone like you 
Make it all worth while
Someone like you 
Keep me satisfied 
Someone exactly like you
Someone exactly like you
Someone exactly like you

            Rachel soltou uma pequena risada e respirou fundo, puxando Quinn para perto e foi a sua vez de se esconder no peito da loira, sentindo o cheiro dela preencher seu olfato. Quinn a apertou junto, ainda a guiando pela pista de dança improvisada no meio do apartamento. Rachel sentia-se segura ali, como se fosse criada para pertencer aos braços dela para sempre.

Best is yet to come
Ohhhhh the best is yet to come
Someone exactly like you

            A música foi baixando aos poucos e mesmo no seu fim, as duas permaneceram próximas, ainda de olhos fechados e envolvidas em seu próprio mundo. Rachel apertou a cintura de Quinn e ergueu os olhos, com um sorriso que seria capaz de iluminar Lima durante um apagão. Quinn afagou a face dela e juntou as testas de ambas, Rachel a olhou com admiração e disse:

            - Obrigada por me trazer de volta para música.

            Quinn sorriu e a abraçou, girando-a no ar e entendendo o significado daquelas palavras. Rachel tinha se deixado vencer e estava dando uma segunda chance a música. O coração de Quinn parecia que ia sair pela boca, tamanha felicidade. Ela colocou Rachel no chão e, antes de juntar seus lábios novamente, disse apaixonada:

            - E obrigada por me deixar encontrar você de novo.

###


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam de tudo que aconteceu?
Eu, particularmente, adorei o momento Faberry. A música é Someone Like You do Van Morrison.
Mas confesso que a Julianne está tomando as rédeas da situação e vivendo sozinha nessa fanfic KKKK
E me diverti muito escrevendo Sam, Karofsky e Kurt.
Espero que tenham gostado tanto quanto eu, comentem! Beijos e até a próxima.