Eu sinto como se tivessem me drogado. Nada é real, nada está certo, nada está errado. Tudo se move lentamente, a música que está tocando é estranha. Vou me dobrando e aos poucos estou pequena, me coloco no canto do quarto olhando para tudo sem ver nada.

Nada se passa na minha mente, nada enchergo com meus olhos, nada sinto com meus dedos. Agora é só eu e a música. Encosto minha cabeça nos meus joelhos, estou em outro plano, outra dimenção.

Eu e a música nos abraçamos, nos acariciamos e nos aconchegamos. Eu entendo ela completamente, ela não me pede explicações de nada, só me aconchega. Me sinto querida, me sinto confortavel com a musica, sem nada e sem ninguém, é aí que eu me sinto acolhida e compreendida por completo. 

Feicho os olhos e estendo meus braços para o céu. Ja não estou no quarto. Estou em uma floresta, consigo ouvir o rio a correr, as cigarras a cantar. Meu pé sente o aveludado tato da grama entre meus dedos. Eu consigo tocar as estrelas, a luz do luar está me abraçando.

Reviravoltas, pulos e piruetas. Lágrimas, sorrisos e canções. Me sento no canto do quarto novamente, olho pro lado e nada mais enchergo. A encantadora floresta não está mais lá. Eu não estou mais lá.