Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 23
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

Ah, meus vampiros sulista. Acabei de escrever Amor Sulista. Agora só volto a escrever a última parte em março de 2013. Destino Sulista promete. Ainda temos mais dois capítulos. Um sob o ponto de vista de Daniel e outro no ponto de vista de... Surpresa.
Aproveite.



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Abri a porta do meu apartamento com força, sem me importa que ela quebrasse. Escutei os passos silenciosos de Daniel, Luanne e Noah vindo logo atrás de mim, mas não parei. Peguei o primeiro vaso que vi a minha frente e o segurei com precisão sentindo seu leve peso e a medindo a rapidez que chegaria até a porta. Esperei até que tivesse a certeza que todos estavam dentro da sala, para me virar e jogá-lo com força.

Luanne se encolheu ao som do vidro se partindo, mas não disse nada. Eu estava parada olhando para a porta. Meus punhos fechados e meus ombros tensos. Eu respirava com força e sentia o ar quente saindo das minhas narinas. Senti os olhares queimando em minha pele e lentamente me virei para eles.

Noah tinha o ar impassivo, mas a sua boca pressionada indicava o seu desconforto. Luanne estava ajoelhada no chão catando os pedaços de vidro, talvez evitando os meus olhos. Deixei para olhar Daniel por último, porque estava com medo de sua reação diante da minha própria reação. Ele estava parado me olhando, apenas isso.

Me senti mal debaixo de seu olhar, mas a raiva que fazia o meu sangue viscoso borbulhar, impedia que as palavras fluíssem de meus lábios. Seus olhos cinzas, ao mesmo tempo que pareciam compreensivos, estavam duros. Como se entendesse o porque de eu estar fazendo aquilo, mas não gostasse de eu estar fazendo aquilo. Sabia que no fundo, ele estava preocupado. Eu estava preocupada. Fechei os meus olhos, enquanto as lembranças de poucas horas atrás me atingiam.

No momento em que Barão mostrou a bola vermelha, senti meus músculos se intensificando debaixo dos olhares que se direcionaram para onde eu estava deitada com a cabeça no ombro de Daniel. Ele parou com o carinho em meu cabelo e também ficou tenso. Pelo cantos dos olhos, vi Barão olhando para a bolinha em sua mão como se tivesse nojo de estar segurando-a.

Eu suspirei, sabendo que não teria como fugir daquilo. Era melhor eu terminar logo com aquilo e era evidente que o meu voto seria de Carmem. Me levantei e logo em seguida senti a mão de Daniel sobre a minha. Eu hesitei por um milésimo de segundo antes de olhá-lo e lhe dar um sorriso fraco. Ele soltou minha mão e suspirou.

Respirei fundo e passei a mão por minha roupa, querendo ganhar mais um tempo ali, no meu espaço. Vendo que não tinha mais como escapar, comecei a andar em direção ao centro do congresso. Era apenas uma votação. Aquilo não ia mexer comigo totalmente. O único som habitante era o do meu salto contra o tapete vermelho de veludo.

Isso até que a porta se abriu novamente. Eu não olhei para trás, desligando a minha mente. Era apenas uma votação e deveria ser mais um atraso que pouco se importava com o destino daquela área vampírica. Como Doug. Foi isso o que eu pensei, até que escutei:

“Desculpem o meu atraso. Onde eu me inscrevo para participar da votação?”

Eu congelei e prendi a respiração. Não poderia ser. Minha mente parou de funcionar totalmente enquanto eu me virava lentamente e encarava os olhos cinzas de Marco. Vi Daniel se levantando e o arfar de Barão. Marco sorriu de lado e tinha confiança em seus olhos.

Os outros vampiros também se levantaram, enquanto os caçadores se entreolhavam confusos. Eu sabiam que todos ali nem faziam ideia de quem era aquele loiro. Dorian, eu, Daniel, Patricie, Luanne, Noah e Barão éramos os únicos. Além de alguns poucos caçadores que lembravam de Marco. Escutei o rosnado de Daniel segundos antes dele parar ao meu lado, junto com Luanne e Noah.

Abri a boca para gritar que ele não deveria estar ali, mas me calei. Tinha algo em seu olhar que dizia que no momento em que eu dissesse algo contra ele, ele contaria tudo. E aquilo poderia ser suicídio, mas também levaria eu e Daniel junto. Eu por ser a antiga amante dele e saber sobre tudo e não ter contado nada. E Daniel por ser o filho do criador dos Vampiros Rebeldes.

Uma rápida troca de olhares com Dorian me dizia que ele estava pensando a mesma coisa. Ele balançou a cabeça e eu deixei os meus ombros caírem. Luanne me olhou estranha, ao mesmo tempo que Noah entendeu. Ele não atacaria Marco, sem que eu dissesse para fazê-lo. Daniel olhava para o pai com tanta raiva que me assustou. Não parecia que a poucos minutos, estava tentando me ajudar a manter a calma.

Marco sorriu, dando um passo a frente e Daniel rosnou mais alto. Os vampiros encararam Marco, ainda mais confusos e temorosos. Se Daniel estava daquele jeito, tinha algum motivo. Marco pareceu não se importar com toda a atenção voltada para ele. Pelo contrário, parecia ser exatamente o que ele queria. Eu mordi o lábio sentindo-o sangrar.

“Doce Dinnie”, ele me cumprimentou com um balançar de cabeça. “Luanne, Noah”, ele cumprimentou os meus guardas. Então seus olhos pararam em Daniel. Eu engoli em seco. “Filho”

Daniel rosnou mais uma vez e ameaçou ir na direção de seu pai, mas coloquei meu braço na sua frente. Suas presas estavam expostas e eu estava tendo problema em segurá-lo. Noah, percebendo isso, me ajudou, segundando o outro braço. Marco sorriu mais ainda.

“E é assim que você trata seu pai depois dele ter salvo a sua vida?”, o loiro disse.

“Vá para o inferno”, Daniel gritou.

“Calma, Daniel”, Noah sussurrou.

“Como você tenha calma com esse cara aqui, depois de tudo.”, ele disse para Noah. Meu guarda ficou em silêncio. Daniel se virou para o pai. “Você deveria estar morto. Escutou? Morto”, ele gritou.

“Não apenas eu”, Marco disse e sorriu ainda mais.

Eu estava com os olhos arregalados, e de mãos atadas. Se eu dissesse para Daniel dizer algo, os vampiros logo veriam que tinha algo errado. Se eu continuasse em silêncio, Marco iria provocar Daniel até que ele dissesse tudo o que seu pai fez e seu pai selasse os nossos destinos. Estava abrindo a boca, para dizer para Daniel calar a boca, quando fui interrompida por Dorian.

“O juiz desmaiou”

Todos nós olhamos para trás, vendo Barão desacordado no chão. Sem pensar duas vezes, fui até onde o seu corpo estava e toquei em seu peito. Seu coração não estava em um ritmo seguro. Olhei para trás, Marco tinha o rosto sério e no por trás da frieza que habitava os seus olhos, estava preocupação.

Mas, ele apenas se virou e foi embora.

“Barão está bem.”

Abri os olhos com as palavras de Noah e o vi desligando o celular. Nem percebi quando ele tinha discado. Tensão ainda habitava a casa. Daniel estava em um silêncio desagradável desde que Noah explicou para Luanne e para ele o porque de nenhum de nós termos feito nada. No fundo, eu sabia que isso era culpa, mas não disse nada.

“O que ele teve?”, Daniel perguntou, focando no estado de saúde de seu avô.

“Palpitação e chegou bem perto de ter um ataque cardíaco.”, Noah explicou. Daniel suspirou, aliviado. Luanne pôs a mão no ombro dele.

“Não se preocupe. Seu pai é um homem forte.”

“Se aquele desgraçado não tivesse aparecido lá...”, Daniel balançou a cabeça. Eu continuava em silêncio. Daniel levantou os olhos cinzas para mim e andou até para na minha frente. “Você está bem?”

Eu respirei fundo.

“Não”

“Eu sei”, ele me abraçou. Deixei meus braços o envolverem. Nos separamos e ele pôs um braço em torno do meu ombro, se virando para Noah e Luanne. “E o que acontece agora?”

“A votação vai ser prorrogada por um mês, ou até arrumarem alguém para colocar no lugar de Barão.”, Luanne disse. Então passou a mão pelos cabelos loiros. “Fomos descuidados. Tínhamos que ter pensado que ele tentaria uma coisa dessas. Mas não pensei que Marco seria tão ousado”, ele balançou a cabeça. “Tentar ser o novo Senhor do Norte? Muito ousado”

Eu estava no piloto automático. Daniel, percebendo isso, me levou até o sofá e deixou que eu sentasse. Pisquei, até que tudo ao meu redor tomasse foco. Barão estava no hospital por minha causa. Eu deveria saber que Marco faria uma coisa dessas. Deveria tê-lo matado quando tive chance. Ele nunca voltaria a ser o meu Marco. Aquele era um vampiro.

“Ray, olhe para mim”, Daniel disse tocando com a ponta dos dedos em meu rosto. “Ele não vai nos fazer mal. Meu avó está se recuperando. Ele vai ficar bem. Mas você não. Você querendo ou não, precisa de um tempo só para você.”, ele pausou e sorriu. “Um tempo para nós.”

“O que você quer dizer?”, eu estava lerda.

Daniel continuou ajoelhado na minha frente e colocou a mão no bolso direito da sua calça. Por um segundo, eu congelei. Será que ele estava falando de casamento e lua de mel? Mas eu não sabia se estava pronta. Se bem que, quando olhei para ele, vi que tudo o que precisava estava parado ali na minha frente.

Marco foi o meu passado, que fez o meu presente com o Daniel. Não importava o quanto ele fosse e voltasse, portanto que Daniel permanecesse. Se meu coração ainda batesse, estaria a mil. Até o segundo em que Daniel puxou um envelope branco do bolso e me estendeu. Demorei um segundo para abrí-lo, confusa. E senti os meus olhos se arregalando quando vi a passagem de avião para o Rio de Janeiro.

“Rio de Janeiro?”, perguntei, ainda lendo as informações.

“Presente de Dália”, Daniel sorriu, ainda tocando a minha mão. Eu abri a boca, um pouco magoada por ter que destruir essa ideia dele. Daniel me interrompeu. “Luanne já prometeu que ficará de olho em tudo, junto com Noah”, Luanne acenou e sorriu, Noah apenas assentiu. “É apenas o tempo de nós dois nos distrairmos um pouco. Voltaremos antes da votação, prometo. E você prometeu para Dália que a visitaria no Rio...”

“Eu vou”

Daniel se calou me encarando com os olhos cinzas arregalados. Acho que ele não pensou que seria tão fácil. Nem eu pensei que seria tão fácil. Mas só de pensar em ficar no meio dessa confusão, com o risco de Marco aparecer a qualquer segundo para me prejudicar e prejudicar Daniel, já me fazia mudar de ideia.

Limpei a garganta e coloquei um sorriso em meu rosto, mesmo que no fundo do peito eu estivesse decepcionada por Daniel não ter me pedido em casamento. Ele me levantou e me abraçou. Se eu não tivesse tão concentrada em me mostrar feliz, teria me perguntado o que era o volume no bolso esquerdo de Daniel.


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Notas finais do capítulo

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