Amor Sulista escrita por Nynna Days


Capítulo 15
Dinnie Ray


Notas iniciais do capítulo

ME DESCULPEM POR TODA ESSA DEMORA, SIM SOU UMA MALUCA. MAS É QUE ESTIVE PRESA EM VÁRIOS PROBLEMAS DE FAMÍLIA E COM AS PROVAS. BEM, CHEGA DE DESCULPA. AQUI ESTÁ O CAPÍTULO.



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Capítulo 15 – Dinnie Ray

Horas se passaram e ainda estávamos sentados, esperando. Daniel bufava, reclamava e eu fingia não escutá-lo. Continuava com meus olhos fechados, tentando encontrar um jeito de sair dali. Primeiramente, nem sabia o porque de estarmos presos. Com certeza Merco deveria ter um plano maligno por trás de nos prender. Talvez nos torturassem. Talvez nos matassem de vez.

Passei uma mão por minha barriga nua e lisa, me lembrando que estava quase semi nua. Abri um dos meus olhos, vendo minha camisa jogada quase ao lado de Daniel, que tinha os olhos cinzas cravados em mim, em uma expressão frustrada. Revirei os olhos e me levantei. Ele se levantou logo em seguida.

“Vai ficar me seguindo?”, eu perguntei, cruzando os braços.

“Posso saber por que você está com raiva de mim?”, ele também cruzou os braços.

Mesmo não querendo, reparei em sua barriga. Os pelos da minha nuca se arrepiaram, só de ver como ele continuava definido. A barriga de Daniel era a mais perfeita que eu tinha visto em toda a minha vida, mas claro que eu não diria aquilo em voz alta. Tinha muitos motivos para eu estar com raiva. Mas, tinha mais motivos para eu ficar com raiva dele.

“Por que eu estou com raiva?”, perguntei estreitando os meus olhos vermelhos em fendas. “Deve ser pelo fato de, enquanto eu estava preocupada com você, Francesca fazia bom proveito de seu corpo. E, por sua fantasia interrupta de transar com uma vampira, estamos presos.”

“Não se faça de santa comigo, Dinnie Ray.”, ele cuspiu de volta, fazendo os braços caírem do lado do corpo. As mãos fechadas em punho. “Vai me dizer que essa sua boca inchada e o prazer de meu pai em te trazer aqui de bom agrado foi pelo antigo caso de vocês?”, ele bufou, debochando. “Se tem alguém aqui que adora cair na cama de outra pessoa, essa daqui é você.”

Antes que ele pudesse, sequer piscar, eu tirei um dos meus saltos e joguei nele, acertando um pouco abaixo do seu coração. Daniel recuou, tanto de surpresa, quanto de dor. Seus olhos cinzas se arregalaram e eu dei um sorriso frio. Com esforço, ele tirou o salto e o jogou no canto da sala.

Mesmo não demonstrando, me arrependi um pouco de ter machucado Daniel. Mas ele merecia, afinal de contas, quem ele pensava para falar daquele jeito comigo. Ele respirou fundo algumas vezes, fazendo uma careta de dor. Então me encarou com os olhos tomados de raiva.

“Você é louca.”, ele gritou. “Eu estava me deitando com uma louca.”

“Não, querido.”, balancei meu dedo na sua direção. “Você estava deitando com duas malucas. Eu e a vadia que te trancou aqui dentro.”

“Você acertou bem em baixo do meu coração.”, ele gritou novamente.

“Na verdade, eu errei meu alvo.”

Isso o fez arregalar tantos os olhos que eles quase saíram de seu rosto pálido. Eu virei de costas e suspirei sem fazer barulho. Talvez se eu e Daniel continuarmos brigando, alguém viesse e o soltasse, por perceber que não tínhamos mais nada a ver. Ideias voavam por minha cabeça. Afinal de contas, o que Marco queria.

Voltar depois de vinte anos já era demais, mas colocar um traidor em cada área vampira, já era muito abuso. Escutei os passos de Daniel se aproximando e voltei a encará-lo com desprezo. Ele conseguia ser tão parecido com Marco e , ao mesmo tempo, tão diferente. Não era só a diferença dos cabelos escuros, mas da personalidade. Daniel nunca armaria um plano tão doido como esse.

Ou talvez armasse, pelos motivos certos.

Eu nunca saberia. Vi o pequeno buraco feito por meu salto em seu peito se fechando lentamente, demonstrando o quanto estávamos ficando cansados. Se eu fechasse os olhos e deitasse, talvez só acordasse no dia seguinte. Mas Daniel estava pior. O rosto mais pálido do que deveria estar. As mãos tremendo compulsivamente, mesmo quando ele tentava as esconder nos bolsos da calça.

Dei uma olhada ao meu redor, rápida e discreta, constatando que a camisa dele realmente não estava ali. O que significava que ele a tinha tirado em outro lugar, com outra pessoa. Meu sangue começou a ferver, imaginando Daniel e Francesca na cama. Balancei a cabeça e soltei o ar, encarando Daniel, que me olhava com os olhos em fendas.

“Espero que ela tenha sido boa o suficiente para estarmos presos.”, eu disse.

Daniel passou a mão pelos cabelos, em sinal de frustração e jogou a cabeça para trás, como se fosse gritar. Se fosse em qualquer outra situação, eu teria rido. Mas eu continuei com a expressão vazia, apenas esperando que ele respondesse. Ele voltou a me olhar e levantou um dedo na minha direção. Raiva queimava em seus olhos cinzas.

“Me arrependo do dia em que pus meus olhos em você.”, ele cuspiu.

Aquilo doeu e eu tive que me segurar para não recuar e continuar com a mesma expressão de antes. Ele me olhou de cima a baixo e quase cuspiu em mim. Nunca tinha visto Daniel tão fulo em toda minha vida. Não, risque essa frase. Eu tinha visto, quando ele brigou com seu pai, pensando que ele era meu amante.

“Me arrependo do dia em que salvei sua pele e de seus pais.”, retruqui.

“Ah, você esqueceu que você não salvou meus pais.”, ele disse irônico. “Minha mãe está morta e meu pai é lunático pirado.”, ele gritou a última parte. Jurava ter escutado um riso do outro lado da porta.

“Eu tentei e você ainda está não é?”

“Sem um coração batendo.”, ele levantou uma sobrancelha. “Acho que não conta, querida.”

“Vai para o inferno.”, eu rosnei.

“Eu já estou nele.”, ele abriu os braços, gesticulando para a sala a nossa volta. “E ele não estaria completo sem você.”

“Então vai se foder.”

Por um momento, os olhos de Daniel se arregalaram. Ele nunca tinha me escutado xingar antes. Outro hábito humano que eu tinha vetado da minha vida. Quando ainda era viva, tinha o péssimo hábito de dizer palavras de baixo calão a cada minuto. Minha mãe ameaçava lavar mina boca com sabão e eu sempre a xingava. Meu irmão achava graça. Minha irmã também. Daniel rapidamente se recuperou e deu um passo na minha direção.

“Acho que eu já fiz muito isso com você, não é?”

Peguei meu outro salto e o joguei, só que mirando bem em seu rosto. Mais esperto e alerto, Daniel desviou e o salto se espatifou na porta, quebrando. Daniel sorriu, ainda olhando para o salto. Aproveitando a sua distração, o segurei pelo pescoço com as duas mãos e comecei a apertar. Ele fechou as mãos em meus pulsos, mesmo que não precisasse de ar.

O maior problema de Daniel e o que poderia matá-lo alguém dia, era que ele ainda era humano demais. O soltei dando um passo para trás e passando a mão por meus cabelos castanhos. Nunca, eu e Daniel tínhamos discutidos desse jeito. Envolvendo as nossas... intimidades.

“Agora eu não devo servir mais, não é?”, Daniel continuou com a mão em volta de seu pescoço, massageando. “Meu pai já deve fazer o trabalho dele, já que foi tão fácil me trocar.”

“Ah, filho da...”

A porta se abriu, interrompendo a minha frase. Marco entrou batendo palmas e rindo. Daniel se levantou rapidamente , se pondo ao meu lado, protetor. Marco tinha trocado de roupa, ficando apenas com uma calça branca simples e descalço. E nem estava de blusa. O cabelo loiro molhado indicando que ele tinha acabado de sair do banho.

Ele olhou de mim para Daniel como se fôssemos as criaturas mais impressionantes do mundo. Então meu plano tinha dado certo. Óbvio que Marco iria amar uma briga entre eu e o seu filho. Fechei os olhos, me segurando para não balançar a cabeça. Aquele não era mesmo o Marco que eu tinha amado.

“Belas palavras, Doce Dinnie.”, ele disse e parou de bater palmas. Então deu um olhar frio para Daniel. “E que palavras sujas para se usar com uma dama, hem, filho.”

“Então deixa eu usá-las com você.”

Daniel foi na direção de seu pai, mas eu o segurei, fazendo recuar e se soltar de meu toque, como se ardesse. Marco estreitou os olhos cinzas e deu um pequeno sorriso.

“Garoto abusado.”, ele ralhou. Então revirou os olhos, tirando a minha estaca do bolso e começando a brincar com ele, passando de uma mão para a outra. “Sabe, eu fiquei com pena de vocês dois presos aqui, sem ter a menor ideia do por que. Então, vou contar a vocês um pouco dos meus planos, mas vocês tem que me prometer que irão se comportar.”

Eu e Daniel permanecemos em silêncio. Eu por estar na expectativa de Marco contar alguma coisa sobre seus planos e quem o criou e Daniel por estar com raiva. Olhei pelo canto do olho e o vi de braços cruzado, com a expressão raivosa. Balancei a cabeça e voltei a olhar para Marco, que ainda brincava com a escada.

“Bem, pelo silêncio, acho que isso é um sim.”, ele riu e suspirou. “Doce Dinnie, tem que me perdoar por prendê-la aqui. Não era a minha intenção...”, ele se interrompeu, pondo um dedo em seu queixo e parecendo pensar melhor. “Mentira, sempre foi a minha intenção. Mas você merece saber o porque. Sabe, as eleições para o novo Senhor do Norte está chegando e eu sei que você irá votar naquela sua amiga, Carmem. E eu tenho outro candidato em mente.”

“Você realmente ainda quer comandar os vampiros, Marco?”, eu perguntei ficando frustrada. “Mas, por que? Meu Deus, você é a pessoa mais estranha que eu conheço. Odeia vampiros e é um. Odeia vampiros e me quer. Odeia vampiros e namora uma. Odeia vampiros e QUER DOMINÁ-LOS.”, eu gritei a última parte, ficando descontrolada.

“O mundo não é só feito de pessoas boas e pensadoras como você, Ray.”, ele disse sério. “Mas, em respeito a nossa antiga relação, vou te fazer uma proposta.”

Marco se aproximou, pondo a estaca de volta no bolso da calça. Ele parou bem na minha frente, ignorando Daniel, sem disfarçar. Então seus dedos passearam por minha barriga nua, fazendo com que, contra a minha vontade, eu me arrepiasse. Escutei Daniel rosnando ao meu lado. Ele pousou a mão no meu queixo e o levantou, aproximando nossos rostos.

“Quero você do meu lado, Ray.”, ele confessou , os lábios roçando levemente nos meus. “Mas eu quero só você.”, ele enfatizou. “Então, você pode sair daqui e vir comigo, mas terá que esquecer, de vez, Daniel.”

Eu fiquei tensa e olhei para Daniel. Ele olhava para frente, mas seus ombros estavam tensos. Suspirei e Marco soltou meu queixo, sorrindo. Então, aproveitando que eu estava distraída, pousou os lábios nos meus por um segundos, fazendo com que meu corpo todo acendesse. Então se afastou e sussurrou.

“Pense do que eu disse, Ray.”

Então saiu da sala, nos trancando.


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Notas finais do capítulo

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