Minha Namorada Por 1 Mês escrita por Kyllol


Capítulo 5
4º Dia (Parte 1) - Minha Bells


Notas iniciais do capítulo

ALÔ VOCÊS *-----------------*
Demorei de novo né? Desculpem :c
Mas enfim, cá estou eu com mais um capítulo, MAAAAAAAAAAAAS, com uma diferença: vou dividir esse quarto dia em duas partes porque nessa primeira parte vai acontecer muita coisa e na segunda parte vai rolar meio que um forever alone da parte de Tom e Bells.
Se ficou muito meloso é porque eu não ando bem esses dias ok?
BTW, enjoy ;)
Ah, mais uma coisa... Tom e Bells tem música tema, awwwwwwwwwwwwwwwwwwwn
É meloso pra cacete música tema, mas eu acho fofo u_u
É Sacrifice, do t.A.T.u. http://www.vagalume.com.br/t-a-t-u/sacrifice-traducao.html
Pronto, podem ler agora u_u



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– Não Tommy, devolve agora!

– Vem pegar, Bells.

A garota ruiva corria atrás do garotinho de dreads que tinha em mãos um saquinho cheio de doces que antes a pertencia. Ele corria pelo parquinho sendo perseguido por ela até o lugar onde tanto conheciam e ficavam.

– Te peguei Tommy – a garotinha se jogou por cima do garoto de dreads, fazendo-os cair no chão e rir – Bobão – ela mostrou a língua e tirou o saquinho das mãos do mais velho.

– Eu deixei você pegar mesmo – o garoto deu de ombros – agora quero um beijo de recompensa.

– Não vou te dar, seu feioso – a menor saiu de cima do garoto e adentrou o cano gigante do parque, deixando um lugar vago para seu amigo, ou melhor, namorado.

– Por que não Bells?

– Porque não, simples.

A ruivinha comia uma barra de chocolate e se melecava rindo da expressão do garoto a sua frente, que parecia aéreo. Seu riso parou quando uma garota se aproximou deles. Ela parecia ser mais velha do que Tom, corpo praticamente formado, bonita, alta, e com um olhar malicioso sobre o de dreads.

– Tommy! Amor! – a garota se abaixou até a altura do cano, se apoiando no mesmo e roubando um beijo de Tom – Vai lá em casa hoje, não é? – sorriu maliciosa.

– Lia, é melhor falarmos sobre isso depois, estou meio ocupado agora – ele apontou para a ruivinha que estava lambuzada de chocolate e os olhava com uma interrogação evidente no olhar.

– Ah, tá bancando a babá? – riu a garota debochada e olhou a pequena com desprezo – tudo bem, mas mais tarde você não me escapa – piscou e roubou outro beijo de Tom antes de sair dali.

A ruivinha nunca havia sentido nada tão dolorido como a dor de ver a pessoa que mais amava beijando outra que mal conhecia, e ainda utilizando o apelido que apenas Bill e ela mesma (em sua visão) poderiam chama-lo: Tommy.

O rosto dela começou a ficar quente e seus olhos lacrimejaram, seu choro era realmente sentido, como se tivessem tirado seu brinquedo favorito, ou pior. Tom a olhou e tentou abraça-la, mas foi surpreendido por um empurrão.

– Eu te odeio seu mentiroso – a pequena garotinha saiu correndo e chorando até os braços da mãe que estava sentada num banco conversando com outra mulher.

Tom a olhava com um peso no coração e sentia nojo de si mesmo, tanto por ter magoado sua pequena, como por ter ensinado ela a amá-lo sendo que o sentimento não era exatamente recíproco.

Desde então, o relacionamento entre Tom e Isabelle nunca mais foi o mesmo.

Meu celular tocou alto, me fazendo acordar do meu tão amado sono. Olhei para o visor que machucava um pouco meus olhos com sua luz forte e vi o sms que o maldito protozoário tinha me mandado.

“Bom dia minha ruivinha, espero que tenha dormido muito bem! ;)”

Minha vontade era de pegar o celular dele, enfiar em certos lugares e ligar, só pra ele ter um orifício musical e parar de me encher. Respirei fundo e tentei responder com todo o meu humor matinal.

“Vai pentear macaco Kaulitz, ou melhor, vai depilar um lobisomem que você ganha mais :)”

Pude ouvir Tom rir sonoramente, mesmo com a porta da minha sacada (e a dele também, provavelmente) fechada. Logo meu celular tocou novamente.

“Adoro seu humor matinal, meu amor. Mas, me diga, está pronta pra sábado?”

“Calma Isabelle, calma. Se você agredi-lo não vai ir presa por ser menor de idade, mas mesmo assim não seria bom pra sua reputação... Ou seria?” pensei comigo mesma, mas mantive a calma e respondi. Ou melhor, não respondi;

“Vai depender MUITO do meu humor, ou seja, isso é praticamente um ‘não’, então nem tente, amor.”

Dessa vez, meu celular não tocou, mas alguém bateu na porta da minha sacada, me fazendo pular de susto e gritar. Logo ouvi a risada de Tom e abri a porta com o rosto queimando de raiva.

– Bom dia Bells – sorriu e eu apenas fiz uma careta debochada para ele.

– Deu uma de macaco de novo?

– É bom te ver também – piscou e adentrou meu quarto – agora vá se arrumar, temos que ir.

– Como assim “vá se arrumar”? Sai do meu quarto filhote, tá achando que vou me arrumar na sua frente?

– Não seria uma má ideia você se arrumando na minha frente – ele mexeu seu piercing com a língua, me irritando profundamente – qual é Bells, somos namorados.

– Só faz quatro dias ok? E mesmo se fizesse mais, nunca iria me trocar na sua frente.

– Você sabe que não é apenas quatro dias que estamos assim.

– Tanto faz Kaulitz, aquilo já passou.

– Sabia que eu sonhei com o nosso primeiro beijo ontem?

– Parabéns pra você – “ah não, ele também!” – Agora sai do meu quarto, preciso me trocar.

– Se troque, não estou te prensando na parede ou algo assim pra te impedir – ele sentou desleixado em minha cama, com as pernas bem abertas e um sorriso sarcástico – depende também, poderia estar te imprensando na parede... – ele começou a se levantar e olhar maliciosamente pra mim – e podia estar te beijando... – comecei a andar para trás até minhas costas baterem na porta do banheiro e ele chegou mais perto – e podia estar te tocando enquanto você me batia tentando se livrar de mim...

Tom colocou suas mãos em minha cintura e me prensou contra a porta, olhando-me nos olhos e sorrindo, um sorriso que não consegui distinguir exatamente, mas sabia que não era nada bom. Aproximou seu rosto do meu, mas não me beijou, apenas desviou-se pra sussurrar para mim.

– Posso Bells?

Parecia um dejá-vú... Quantas vezes ele já não tinha me feito essa pergunta?

– Dessa vez não, já cedi demais pra você, Kaulitz. – abri a porta do banheiro e ambos caímos. Bati minhas costas no chão e ele veio por cima de mim – PORRA KAULITZ, SAI DE CIMA DE MIM!

Gemi de dor, aquele baque no chão realmente doeu. Tom saiu de cima de mim e tentou me pegar no colo para me levantar, mas comecei a agredi-lo.

– PARA! ME SOLTA, PORRA! PARA KAULITZ, QUE SACO!

– Bell, querida, está tudo bem? – minha mãe batia na minha porta e estava com um tom de voz preocupado

– Cla-claro mãe, estou ótima, não poderia estar melhor.

– Então tudo bem, se arrume, vai se atrasar! – a ouvi descendo as escadas e olhei para Tom, que continuava a me olhar maliciosamente.

– “Não poderia estar melhor” – Tom tentou imitar minha voz, deixando-a mais horrível do que já é – Não sabia que estava gostando, Bells.

– Quieto Kaulitz. Agora me solte.

– Claro, vou te soltar. Vai trocar de roupa?

– No banheiro com a porta trancada, para caso um maníaco sexual queira abusar de mim, sabe?

– Que pena... Vá logo.

Corri para o guarda-roupa para pegar alguma coisa pra vesti, e peguei a primeira blusa branca e calça jeans que vi. Fiz o mesmo com as roupas íntimas, tentando pegar o mais rápido possível para que Tom não as visse e fui rapidamente para o banheiro tomar banho, trancando a porta. Quando a água fria caiu sobre onde eu tinha machucado recentemente, gritei alto e soltei um palavrão logo em seguida, tanto por surpresa como por dor.

– Hey Bells, geme mais baixo enquanto estiver se masturbando por mim – ouvi Tom dizendo perto da porta.

– CALA A BOCA, KAULITZ!

Continuei meu banho, quase dormindo e esquecendo-me do mundo a minha volta, e realmente esqueci. Até esqueci o porquê de ter trago a roupa para o banheiro, e acabei cometendo um dos maiores erros da minha vida.

Saí do banheiro enrolada na toalha e com as roupas em mãos. Meus olhos estavam fechados e eu cantarolava uma música.

“Can you help me?

Hold me

Whisper to me, softly…”

Esbarrei em algo enquanto cantarolava, e quando abri os olhos, me deparei com Tom me olhando de cima a baixo e sorrindo de orelha a orelha.

– Veio se trocar pra mim? – perguntou com a voz carregada de malícia.

– MAS QUE DROGA – saí correndo de novo para o banheiro e fechei a porta, ofegando e com o coração disparado. – Não acredito que ele me viu de toalha, não acredito, não acredito, não acredito! - repeti para mim mesma tentando acreditar que aquilo era um pesadelo.

– Mas eu acredito, e acho que foi uma visão ótima – disse ele com um tom abafado pela porta, mas que ainda revelava a malícia em sua voz.

– SAI DO MEU QUARTO, ANDA!

– Não, se vista logo e vamos.

– SAI DA PORRA DO MEU QUARTO AGORA TOM KAULITZ!

– Ok, ok. Te espero na cozinha.

Fiquei algum tempo dentro do banheiro me beliscando pra ver se eu podia acordar desse pesadelo, mas a única coisa que eu ganhei foi um monte de marcas roxas no braço. Me troquei colocando uma blusa branca e uma calça jeans comum, e depois fui para meu quarto para colocar uma camisa xadrez por cima da blusa branca, que além de ficar bonito, cobriu os roxos do meu braço. Saí do meu quarto mais animada do que adolescentes que acordam cedo no sábado e desci para a cozinha, me deparando com a minha mãe e Tom conversando (de novo), e decidi ouvir um pouco da conversa deles antes de entrar na cozinha.

– Bells é uma garota especial, não sei por que me afastei dela todo esse tempo, senhora Willians. Agora estou realmente feliz com ela.

– E aposto que ela está bem feliz com você. Lembro-me de como eram unidos na infância, ela adorava se gabar e espalhar pros quatro cantos do mundo que você a namorava – minha mãe bebericou um pouco seu chá e riu, sendo seguida por Tom. “Isso mesmo mãe, conta os meus podres pra última pessoa do mundo pra quem você poderia contar” pensei.

– Mas ela ficou bem magoada depois daquilo. – Tom suspirou e minha mãe colocou sua mão no ombro dele.

– Tom, ela era apenas uma menina de dez ou onze anos, mas havia saído das fraldas ainda – ela riu novamente com Tom – mas você já era um mocinho com 14 anos mais ou menos, já tinha suas namoradinhas.

– Ainda me sinto culpado por tê-la ferido... – ele suspirou. Duvido Kaulitz, duvido mesmo.

– Tudo bem Tom, isso ajudou-a a crescer como pessoa, amadurecer cedo e aprender que o mundo não é um conto de fadas. A única coisa que lamento é ela ter ficado tão rebelde – de que lado você está, mamãe?

– Bom dia mãe – adentrei a cozinha interrompendo-os.

– Bom dia Bell. Dê bom dia para Tom também.

– Oi Kaulitz, já falou com a minha mãe e já invadiu meu quarto, pode ir embora – coloquei o meu pior sorriso no rosto e o desviei, abrindo a geladeira e pegando uma jarra com suco de laranja.

– Isso são modos, Isabelle? – minha mãe me olhava perplexa.

– Tudo bem senhora Willians – disse Tom dando de ombros – já me acostumei.

– Mas não tem que se acostumar, ela tem que te tratar direito.

– Mãe, quem tá namorando ele sou eu, então trato ele como quiser. Se está com dó, adota ele.

– Parece que alguém acordou de mal humor hoje – ironizou minha mãe. Agora se sabe de onde puxei meu lado irônico.

– Pois é mãe, o mal humor ronda aqui não é?

– Bom senhora Willians, se me permitir, vou sair com a Bells hoje pra ver se o mal humor dela melhora.

– Depois das aulas, certo?

– Não... Bem... Agora, se me permitir.

– NÃO – Tom e minha mãe arregalaram os olhos para me olhar – Quero dizer, não posso perder matéria, certo mãe?

– Um dia não te fará mal, não é filha? – por que minha mãe não é aquelas mães ditadoras e chatas que não deixam faltar um dia na escola, pelo menos por hoje?

– Mãe!

– Então, permissão concedida?

– Claro Tom. Divirtam-se.

– Mas, mãe...

Tom me puxou pra fora de casa, fechou a porta e sorriu me puxando para o carro e exclamando algo do tipo “mas que sogra maravilhosa!’. Revirei os olhos e abri a porta do carro, me recostando no banco e esperando Tom entrar e ver o que aquele maníaco sexual faria comigo hoje. Ele entrou no carro, ligou o rádio e o carro e começou a dirigir. Nem me atrevi a perguntar onde iriamos, apenas me reservei no meu mundo com meu fone e cantarolava a música baixinho, sem perceber que Tom tinha desligado o rádio pra me ouvir.

“You caress me, smoothly
Calm my fears and soothe me
Move your hands across me
Take my worries from me

Cantava baixinho, envolvida no meu mundo e com a música envolvendo-me por completo. Apenas percebi que Tom tinha parado o carro quando ele me cutucou.

– Eu estava adorando seu show particular, como já disse, adoro quando você canta, mas tive que interromper. Chegamos... E aliás, gostei dessa música.

– Hm. Chegamos onde? – olhei em volta e continuei – Também gosto dessa música.

– Chegamos aqui, ora bolas – ele revirou os olhos e eu repeti o movimento – Gostei da parte que dizia para sussurrar suavemente pra você que você cantou quando saiu do banho, e da parte que fala pra passar as mãos a sua volta – ele piscou e novamente mexeu o piercing.

– Você tem tique nervoso com essa droga de piercing? Não para de mexê-lo quando está comigo, é impressionante.

– Não é tique nervoso – responde ofendido, me fazendo rir – faço isso quando me sinto... Feliz – entendo seu feliz Kaulitz – e perto de você, eu estou sempre feliz.

Se eu não soubesse o que o “feliz” dele queria dizer, até que acharia fofo. Saímos do carro e vi que ele havia me levado para o meio do nada. Tradução, apenas um tipo de lugar para observar o nascer/pôr-do-sol . Seria legal, se eu não estivesse com ele e correndo risco de ser estuprada.

– Gostou?

– Legal – respondi.

– Nossa, só isso?

– Queria que eu falasse o que?

– “Uau Tommy! Aqui é tão lindo, tão especial, obrigada por me trazer, eu te amo” – tentou falar fazendo uma voz fina.

– É o que geralmente dizem pra você? – arqueei a sobrancelha

– Hey, não trago qualquer uma pra cá, sabia?

– Ah, claro, quer que eu acredite em você? Me poupe, Kaulitz.

– Quando você vai baixar a guarda?

– Nunca. – suspirei desviando o olhar.

– Posso saber por quê?

– Da última vez que baixei a guarda, saí correndo de um cano chorando e toda melecada de chocolate – sorri irônica.

– Você sabe que eu não quis...

Estava cansada daquilo, as mesmas desculpas de sempre. “Ah, eu não quis”, “Me desculpe”, “Você era única”, sempre o mesmo, nunca mudava. Aquilo estava virando um clichê total, Tom parecia querer que eu voltasse a ser a sua “Bells”: a garotinha ruiva inocente que corria atrás dele, que dava risada de tudo o que ele dizia, aquela que escrevia “Bells e Tommy” em todo o lugar que via dentro de um coração, aquela que se apaixonava por cada ação dele, por cada palavra, cada “Venha Bells, vou te comprar um sorvete” (pois é). Tom talvez nunca soubesse como me tratar, mas como eu era totalmente cega de amor por ele, deixava passar sem qualquer importância.

Submersa em pensamentos e observando o sol que ia surgindo, mal percebi Tom me olhando enquanto fumava. Apenas percebi quando o cheiro terrível de nicotina invadiu minhas narinas.

– Kaulitz, não me importa que você fume, fico até feliz porque você vai acabar morrendo rápido, mas não quero você fumando perto de mim. – ele não disse nada, apenas continuou fitando o horizonte e fumando – Estou falando com você.

– E eu estou ouvindo – respondeu sem qualquer vida em sua voz.

– Olha – suspirei – Não quero mais brigar, ok? Eu só quero que isso acabe.

– Fique tranquila, amanhã mesmo termino com isso, não vou mais te incomodar.

Sua voz parecia ter uma mágoa real, e seus olhos distantes comprovavam isso. Sim, estava ficando com dó dele, mesmo não querendo. Suspirei pesadamente e evitei encará-lo, fitando apenas a lataria do capô do carro onde estávamos encostados, e às vezes, olhando para suas mãos que se abriam e fechavam como se tentassem se segurar em algo. Comece a observá-lo aos poucos, como nunca havia observado.

Ele, submerso em pensamentos, tinha um rosto calmo, parecia um rosto de uma criança que sonhava com algo reprimido em pensamentos. Seus olhos pareciam ter um ar de inocência que nunca acreditaria ver, seus lábios se repuxavam em um sorriso que parecia ser normal, sem sarcasmo ou ironia, como eu estava acostumada a ver. Mas, por que ele estava sorrindo?

– Bells, perdeu alguma coisa? – perguntou-me com um tom divertido.

– Não, estava apenas te observando.

– E o que viu?

– Que você fica diferente sem aquele sarcasmo todo.

– É? – ele me olhou e colocou sua mão sobre a minha – Isso te agrada?

– Talvez sim.

Não sabia por que, mas nunca dava uma resposta exata para o que ele perguntava, estava sempre me desviando e evitando que ele “descobrisse” o que eu realmente estava pensando. Tom entrelaçou nossos dedos e me olhou fixamente nos olhos, sorrindo como nunca tinha visto. “Quatro dias, quatro dias” pensava comigo mesma.

– Bells, podíamos ir ao parquinho hoje. Velhos tempos.

– Ahn... – fiquei meio desconcertada. Ele queria mesmo consertar as coisas – Vamos, não vou pro colégio mesmo.

Seu sorriso se alargou e Tom me puxou para a porta do passageiro, abrindo-a para mim. O olhei com a sobrancelha levantada e talvez até um pouco desconfiada, mas tinha que baixar a guarda pelo menos uma vez. Entre no carro e coloquei o cinto, logo depois fechando a porta. Tom entrou no carro e fez o mesmo, ligou o carro e seguimos para o parquinho esquecido na parte afastada da cidade.

Chegando lá, fomos direto para o cano gigante onde ficávamos antigamente. Ele permanecia quase o mesmo, a não ser por algumas pichações ali, o que sempre foi normal. Sentamos no mesmo lugar, e Tom sorriu para mim novamente.

– Lembra-se disso? – ele apontou para algo atrás de mim.

Corei ao olhar e abaixei a cabeça. “Bells e Tommy” dentro de um coração continuava ali, mesmo estando um pouco desgastado, mas a pintura continuava visível. Tom riu levemente e levantou meu queixo com seus dedos.

– Sinto falta disso, sabia? – me disse olhando-me fixamente nos olhos.

– É mesmo?

– Não só disso, mas é o principal.

– Hm – abaixei a cabeça e abracei meus joelhos, como se isso pudesse me proteger de algo.

Ele se sentou ao meu lado e pegou minha mão, acariciando-a entre as mãos dele. Levantei a cabeça e o fitei rápido, desviando o olhar novamente.

– Ainda lembra o que é beijo, Bells?

Gelei ao ouvir aquilo. Foi como se todo o sangue que eu tinha circulando por minhas veias parasse, e meu coração também parasse de bater. Não respondi, apenas arregalei os olhos e abri a boca tentando dizer pelo menos um “VOCÊ NÃO VAI ME BEIJAR SEU IDIOTA”, mas nem isso saiu.

– Não lembra? – perguntou-me – Então, quer que eu te mostre de novo como é?

– Eu... Ahn... É...

Nada saía da minha boca que não fosse entrecortado ou incompreensível. Ele apenas me olhava com aquele sorriso nos lábios, por vezes olhando em meus olhos, depois minha boca.

– Vou considerar isso como um sim – disse ele cortando tanto o silêncio como o espaço entre nós dois.

Tom aproximou seu rosto do meu, acariciou minha bochecha e colou seus lábios devagar nos meus, sem forçar nada. Prensou um pouco seus lábios carnudos nos meus pequenos e finos e acariciou meu rosto novamente, sorrindo logo depois. Novamente, outro selinho, e mais outro, e mais outro, seguido por mais vários que ele depositava, sem nunca forçar ou passar disso. Eu apenas estava ali fisicamente, sentindo a textura de seus lábios nos meus, seu piercing gélido contrastando com seus lábios quentes e macios, o calor da sua pele bem próxima a minha, fitava seus olhos fechados, como se ele quisesse se concentrar naquilo.

– Para... Por favor – disse entre seus lábios, fazendo-o se afastar.

– Bells, eu...

– Não Tom, eu não quero mais. Você está apressando demais as coisas, só fazem quatro dias e você já vem desse jeito. Eu não consigo ok? Desculpe.

Saí de dentro do cano e fui andando para casa, como sempre fiz. Tom não veio atrás de mim, e nem gritou por mim, talvez tenha entendido que eu precisava de um tempo.



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Notas finais do capítulo

E aí?
Bom, mudei a capa né, como deu pra perceber porque vi essa foto no tumblr e achei a cara da Bells (como eu imaginei, claro)
Well, quero reviews u_u