Tales of Love and Revenge escrita por H Lounie


Capítulo 6
(Bônus) Uma múmia diz olá - Sadie e Anúbis


Notas iniciais do capítulo

NOTAS: Não é bem uma história de vingança, é apenas um basta na quase relação. Apesar de não ser PJeO, amo Sadie e Anubis.



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Vingança

Sadie e Anúbis

 

Ei, Sadie aqui.

Dessa vez não é algo tão terrível quanto uma serpente devoradora de sol, mas quase igualmente estranho. Sabe aquele cara, aquele antigo faraó chamado Akhenaton? Oh, Carter está dizendo que você pode conhecê-lo pelo nome Amen-hotep IV, mas eu duvido muito, se Akhenaton já é um nome estranho, que dirá Amen-hotep

[Satisfeito pelo esclarecimento Carter?]

Para quem não sabe, o pai desse faraó – Amen-hotep III (Quem diria!) – construiu o templo [Ok Carter, o famoso, maravilhoso e estupendo templo] de Luxor. E, acaso da vida, Akhenaton, assim como seu pai e também seu filho Tutankamon são nossos antepassados. Maravilha, palmas. Até aí tudo bem, mas a história não é bem essa, só... É, mais ou menos. Talvez no fim seja mais sobre mim, apenas para variar.

Então, segundo Carter esse faraó era marido de Nefertiti – e de algumas outras mulheres, mas isso não vem ao caso, ele disse que Nefertiti era a principal – a mulher mais bonita do mundo e todo aquele blá blá blá. E é com ela que esta história começa.

Antes de tudo, devo dizer que até determinado momento desta história eu não imaginava que aquele seria o final, tão absurdo parecia [e não Carter, não era apenas por minha paixão platônica por Anúbis ser uma coisa completamente fora de controle. Primeiro porque não era].

Continuando, meu irmão com sua cof mente brilhante cof conseguiu desenterrar (Quase que no sentido literal da palavra) uma maldição antiga. Agora é tranqüilo continuar, se por tranqüilo você entender ter de encontrar um amuleto perdido há milênios. Ok, parece simples, não? Garanto que não tanto assim, até mesmo porque onde quer que esteja esse maldito amuleto, pode ser difícil achá-lo. Palavra do próprio dono, um deus boa pinta de cabelos escuros e super quente, um cara chamado Anúbis.

[Sem comentários Carter, ou vai sentir meus coturnos onde os raios de Rá não chegam, pode apostar]

Para se ter uma idéia, eu estava na mansão no Brooklyn, apenas observando os garotos, os nossos estagiários, na biblioteca, quando um revoltado Carter entrou batendo os pés enormes que os deuses lhes deram no chão.

— Ei, patinha nervosa, a educação mandou lembrança – Falei

Como eu já esperava, ele me ignorou. Carter era bom em ignorar, às vezes. Remexeu em um papiro aqui, outro ali, até fazer uma cara que parecia a do quadro O grito, de Edward Munch. Sem exageros.

— Sadie, você não vai acreditar.

A julgar como a cor pareceu fugir de seu rosto, eu iria acreditar sim.

— Oh, deuses, Apofis está seguindo Rá no Twitter?

Sorri para ele. Qual é? Eu apenas não queria me estressar, não hoje quando estava tudo aparentemente bem. Carter revirou os olhos e atirou o papiro para mim.

— Olha Carter, sem querer ofender, mas não estou interessada em maldições antigas, não importa o quão legal elas pareçam para você e nem o quanto Akhenaton e Nefertiti pareçam importantes. Desculpe-me. Acho que você deve arranjar uma namorada e esquecer esse lance de maldição, pelo seu próprio bem.

Fingi desapontamento e estourei uma bola de goma de mascar, só para vê-lo realmente irritado. Ele me olhou incrédulo.

— Eu estive no vale das rainhas está manhã — Ele falou baixinho, estudando o papiro que deixei na mesa – Encontraram a tumba de Nefertiti.

— Ótimo! — Proferi animada — Felicidades para ela.

Confesso que demorei um pouco para ligar o nome do lugar à pessoa. E depois a própria pessoa à pessoa, se é que me entendem. Vale das rainhas, tumbas, Egito. Sim, acho que reconheço algo aí.

— Tudo bem Carter, e porque a preocupação toda?

— Bom, eu meio que acidentalmente tropecei em uma maldição.

Eu ia perguntar o que, quando uma mulher que parecia vagamente a minha mãe entrou flutuando na biblioteca.

— Acho bom você explicar o que uma múmia faz em nossa casa, senhor maldição.

Todo arrogância, meu adorável irmão fez de conta que o assunto não era com ele. Ouça o que eu digo, ele às vezes merece que eu tatue “chute minha bunda” em suas costas.

— Vai dizer ou vou ter que perguntar a ela? — Olhei para ele com minha melhor expressão desafiadora.

Ele me disse que ela era Nefertiti, que ele a libertou de sua prisão/tumba, a qual ela fora condenada depois que servos que odiavam o seu marido quebraram-lhe a boca depois que ela foi posta no sarcófago, deixando sua alma presa, uma vez que a impossibilitaram de participar da cerimônia da abertura da boca.

— Ou ao menos foi isso que os arqueólogos disseram, isso sobre a boca.

— Interessante — Comentei, sem realmente achar isso — E agora ela vai seguir você.

— Bom, não, quer dizer, eu pensei que poderíamos voltar para o vale das rainhas e bem, tentar achar o tal amuleto que o arqueólogo Woolley estava falando — Completou como quem diz olá.

— Que amuleto?

— O amuleto de... Ahn, Anúbis.

Anúbis, assunto tabu para mim. Confesso que o admiro muito, não admirar do jeito que se admira um ótimo deus ou qualquer coisa assim. O admiro por ele ser completamente admirável, se é que me entendem. Bonito que só ele.

— Anúbis tem um amuleto que pode nos livrar dessa daí e ajudá-la a encontrar seu caminho para o reino dos mortos e tudo mais?

— Acredito que sim — Carter falou; pensativo.

Perfeito. Só precisávamos ver Anúbis e pedir a ele. Ver Anúbis: bastou isso para meu maldito coração dar pulinhos.

Carter e eu usamos um portal para chegar ao Egito. Estávamos no vale das rainhas, um enorme cemitério antigo, meu irmão acreditava que ali estaríamos no território de Anúbis e assim poderíamos contatá-lo.

 

— Não é tão simples assim — Anúbis falou; olhando para Carter que se preocupava em encarar a múmia de Nefertiti – Sabe que eu gostaria de ajudar, mas não posso Sadie.

Típico. Ele nunca pode ajudar. Aquilo me irritava de tal forma que era quase difícil manter o tom de voz estável quando respondia.

— Mas o maldito do amuleto não é seu? — Gritei, apontando um dedo ameaçadoramente para ele — É claro que pode, só não quer Anúbis, você nunca quer.

— É, mas há um problema. O amuleto foi perdido há muito tempo, mais ou menos na época de Tutankamon.

— Rei Tut? — Não era como se fossemos íntimos para que eu o chamasse de Tut, mas ele era meu antepassado, de qualquer forma. Como um bisavô extremamente distante – E não podemos sei lá, procurar por aí?

— No vale dos reis, talvez — Anúbis deu de ombros, mas me lançar um olhar que dizia: é exatamente lá que está, apenas não posso te contar isso com todas as letras.

— Então tudo bem— Assenti — mas o que esse amuleto faz realmente?

— Esse amuleto é como um guia — O deus respondeu — Geralmente quem guia as almas é Osíris, mas quando ele estava por aí sendo fatiado por Set, o amuleto cumpria o trabalho. Ele poderia guiar Nefertiti e depois eu poderia dar um jeito na coisa toda da cerimônia de abertura da boca. Os falsos servos de Akhenaton foram realmente cruéis.

Ótimo. Não, perfeito. Anúbis nos acompanhou até o vale dos reis, onde chegamos à nomeada KV-29, a tumba do velho Tut.

— Ei! – Minha voz ecoou pela cripta — Não é esse o lugar da maldição?

— Que maldição? — Carter me olhou engraçado.

— Dã. A maldição do faraó. Aquela que mata e tudo mais.

— Sadie tem razão Carter – Anúbis falou – E a maldição pode estar ligada ao amuleto.

Ele falava como se não quisesse nos contar o que estava contando. Nefertiti pairava sobre nós de um jeito meio estranho. Suas mãos estavam penduradas e sua cabeça parecia prestes a desgrudar do pescoço. Anúbis começou a tocar as paredes e tentava ouvir sons como resposta. Carter explorava o lugar, completamente encantado e eu estourava uma bolha de goma de mascar, olhando para Anúbis, que era de longe o que havia de mais interessante ali.

Ele sempre foi interessante. Eu estava bem ali, apenas salvando o mundo, quando o conheci. Meu coração dava saltos como se coreografasse a música Jump, do Flo Rida. Ele juntava todas as qualidades que eu mais prezava em um garoto, ou em um deus garoto, tanto faz.

E ele? Nada, eu acho. Acho que indiferença – ou mesmo arrogância – é sua marca registrada. Não percebe a existência de ninguém para amar, a não ser o seu próprio nariz de chacal. O problema é que é meio inevitável não adorá-lo, de certa forma.

— Eu o encontrei — Disse Anúbis, meio sem emoção, segurando o amuleto estranho nas mãos. Claro que ele sempre soube onde estava, apenas quis fazer cena.

Carter o agarrou e saiu com ele para fora da tumba de Tut, a múmia de Nefertiti o seguiu. O deus chacal me encarou com duvida no olhar, assim que fomos engolidos pelo silêncio da cripta.

— O que foi? — Perguntou ele, sentando-se aos pés de uma estátua de Osíris — Você parece... Triste.

— Eu estou... — Apaixonada? Talvez — Bem, eu acho.

— Bom, não parece.

Ele veio andando até mim, sentando-se ao meu lado. Estava perto, perto o suficiente para que eu o beijasse. Então se afastou, como se a proximidade o torturasse de alguma forma.

— Qual é o seu problema? — Falei com raiva, as mãos começando a tremer, de repente.

— Meu problema? — Ele perguntou, lançando uma falsa inocência em suas palavras.

— Desculpe, pergunta errada. O que eu fiz para você?

Droga, as malditas lágrimas ameaçavam tomar espaço em meu rosto. Eu não podia chorar, não na frente dele. Anúbis não respondeu, não era como se ele me ignorasse, era apenas como se não soubesse bem qual era o efeito que eu causava nele.

— Ah, você é tão... Tão egoísta. É por isso que as pessoas evitam sua companhia, não gostam de ficar perto de você, você transpira arrogância, egoísmo e... medo.

— Não precisa me lembrar de que nunca fui nem nunca serei amado, Sadie Kane — Sua voz soava amarga, repleta de um rancor contido há muito — E medo? Nem posso imaginar do que.

O deus socou uma enorme estátua dele mesmo, quebrando-a em pequenos pedaços. O que falei foi completamente rude, mas não me desculpei, ainda estava com muita raiva daquele maldito deus quente e malvado.

— Medo de compromisso.

Foi tudo o que eu disse, levantando-me e indo procurar Carter.

— Por que alguém iria querer compromisso eterno com o deus dos funerais? Você mesma disse, todos me evitam.

— Eu não sei sobre isso, pois para mim Anúbis, o eterno é mito, algo que jamais será tangível — Falei com a voz chorosa, sentindo o coração que outrora dançou Jump agora se quebrava aos poucos, sendo partido pelo deus dos funerais.

Afinal, por que não achar que tudo pode se endireitar por si só e que um dia ficará tudo bem? Se a solidão não foi o suficiente pra encorajá-lo, então eu precisava que ele seguisse levando aquela vida amadora dele o mais distante possível de mim.


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