Yuuki, a caça-vampiro

Está tão frio...

Uma pequena criatura mantém-se de pé em meio à imensidão da neve.

Neve branca e pura...

Por que é tão branca?

O que é esta neve?

Seus longos e esvoaçantes cabelos negros em contraste com a estável e branca neve. Branca? Nem tanto...

Não era para...ser vermelha...

Então de onde vem todo o...vermelho?

Logo a pequena menina não mais está sozinha. Um homem coloca-se à sua frente, esboçando um desejo de sangue mal contido.

“Está perdida, menininha?”

A pequena encara o estranho com grandes olhos inocentes, arregalados em surpresa.

“Se esse é o caso, eu posso beber o seu sangue?” O estranho pediu-lhe.

À menina esse pedido não tinha lógica nenhuma. Mas, antes que ela pudesse esboçar qualquer outra reação a não ser puro desentendimento, o estranho agarra sua cabeça, arranhando-a com suas garras, e tenta enterrar seus caninos na suave pele dela.

Um vulto perpassou a visão da jovem, levando o estranho consigo. Congelada no lugar, a menina apenas observou de longe enquanto, da cabeça do estranho, jorrava sangue. Ao lado deste estava um jovem, cuja mão atravessava a cabeça do outro.

“Você é uma desgraça a todos os vampiros.” Ele setenciou, com ira transbordando do olhar.

“Você está bem?” Ele perguntou, direcionado à garotinha.

Ela apenas continuou parada, com o mesmo olhar de incredulidade estampado no rosto, enquanto o via lamber o sangue que estava em sua mão.

Sangue do estranho.

Sangue que estava derramado na neve.

Na sua pura e branca neve.

Minhas memórias começam naquele dia de neve. Dez anos atrás.

Mas agora não sou mais aquela ingênua garotinha de cinco anos. Não mais desconheço a natureza do homem que me atacou. Ele era um vampiro. Um dos monstros bebedores de sangue que se disfarçam de humanos. Monstros que eu aprendi a odiar.

Foi também naquele dia que eu conheci o homem que mudou minha vida e, mais tarde, tornou-se meu professor: Yagari Touga. Um renomado caça-vampiro, cujo nome faz estremecer qualquer vampiro.

Ele me ensinou tudo o que sabe. Como sua discípula, eu cumpro o seu desejo: exterminar vampiros. Assim, eu também tornara-me uma caça-vampiro. Mato sem piedade, aquelas criaturas não são dignas de misericórdia.

Humanos e vampiros não foram feitos para conviverem juntos. Vai contra a natureza de cada um. Por isso, minha missão é tão importante. Eu vivo para isso. Minha vida inteira é devotada a limpar o mundo dessas criaturas imundas.

Estou de volta ao lugar onde eu renasci. Também há neve, muita neve.

Neve branca e pura...

Por que é tão branca?

“Está perdida, minha jovem?” Uma voz rasgada perguntou-me.

Long lost words whisper slowly to me

I know you're still there

Volvi o corpo e encontrei um vampiro sedento por sangue. Sua boca aberta, caninos à mostra, esperando sua refeição.

Encaro-o com um olhar frio, enojado, e olhos semi-cerrados em ódio.

“Se esse é o caso, eu posso beber o seu sangue?”

Watching me, wanting me

Eu não hesito em retirar a Bloody Rose do coldre e mirar em sua direção. Vejo a surpresa em seus olhos, mesclada ao medo. Ele estava aterrorizado.

Hunting you I can smell you - alive

E eu gostei disso.

Sem que eu percebesse, comecei uma gargalhada sádica que atemorizou ainda mais o vampiro à minha frente. Ele começou a correr, tropeçando no meio do caminho. Isso só me fez rir ainda mais. Tão insignificante...

Antes que ele fosse muito longe, eu finalmente apertei o gatilho da Bloody Rose. O estampido reverberou acima da minha risada, mas apenas por um breve segundo.

“Você é uma desgraça a todos os vampiros.” Falei, em meio à gargalhada.

Ele era um covarde, um vampiro que nem ao menos honra tinha. Ele era o pior tipo de vampiro.

Aos poucos, eu voltei ao silêncio que estilo.

Deixei o corpo daquele covarde estirado no chão, derramando sangue.

Sangue de um vampiro...

Sangue que suja a minha pura e branca neve... Assim como vampiros corrompem o mundo.

Mas não por muito mais tempo...

I won't let you pull me down.