Vocaloid A Nova Ordem! escrita por backspace


Capítulo 9
Você me faz mover.


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha, eu dividi esse capítulo por ele ser grandinho, assim facilita a vida de todos nós. Como diz a tradição sugiro vocês ouvirem Miku & Meiko - Find You [DJ Jo & MJQ] durante a leitura, só buscar no TioTube



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A noite estava calma dentro daquele carro, ninguém soltava uma palavra o sol já havia se posto e agora a lua se revelava entre as arvores, Saori dormia calmamente, o carro não fazia barulho, Miku se perdia em seus pensamentos enquanto olhava para lua, tão pequena no alto do céu, pensava no que acabara de acontecer, nas palavras de Saori, pensava como seria quando Shitsu finalmente pusesse suas mãos nela, ficava pensando na morte “Como deve ser morrer? O que eu vou ver depois de morrer? Será que eu tenho uma alma? O que se sente quando se está quase morrendo?” Varias perguntas disparavam pela sua cabeça, ela várias vezes pensou em perguntar para o Hatsu, mas se absteve com o seguinte pensamento: “Hatsu nunca morreu, ele nunca saberia me responder essa pergunta…” Seguia seus devaneios dentro do carro hipnotizada pela luz lunar, sua luz fria e calma, atravessava os vidros do carro, ela respira fundo imaginando como seria o sabor da luz da lua. “Eu devo estar louca… Luzes não tem sabor, mas juro que sinto um doce sabor… Amora, extremamente doce e suave e gelado era esse sabor que eu sentia quando… Ai-chan cuidava de mim… Ele nunca se importou com o que eu era apenas me amou e me protegeu.” Lágrimas escorriam do rosto dela, lembrando-se do seu melhor amigo “Me perdoe Ai-chan… Eu não pude te dar uma despedida digna, mas você está em meu coração e minhas lembranças, assim sempre estará vivo, em mim!” Ela enxuga suas lágrimas, respirando fundo outra vez, olhava sua roupa suja, esfregava o polegar na barra da saia, observando as luzes acesas, sentia a textura de sua blusa e até o peso de suas presilhas, levava os dedos atrás de sua orelha, sentindo seu cabelo e sua presilha, pensava no Hatsu “Talvez ele tenha sido um presente… Se ele não tivesse me encontrado eu talvez nem estaria viva aqui… Mesmo suja… Ele devolveu minha voz, sozinha eu nunca conseguiria…” Ela olha para o rosto do Hatsu adormecido e sente seu coração martelar “Eu devo minha vida a ele…

–Você é tudo… Minha melhor e única amiga, você é a esperança de que erros possam ser revertidos em soluções… Você é… tudo pra… mim. “ Ela cora e sua respiração aumenta, a voz dele dizendo isso ficara gravada em sua memória, vivo como brasa quente. “O que ele quis dizer… Ele iria dizer… Eu sou tudo para ele, o que significa exatamente ‘tudo’?...” Hatsu se move e deita a cabeça no ombro da Hatsune, o que a deixa completamente rígida e tensa, seu rosto estava corado, mas ela se sentia flutuar, o toque da cabeça dele em seus ombros pulsava por todo o seu corpo, ela tenta se acalmar controlando sua respiração o que funciona, ela relaxa seu corpo e sente melhor o toque da cabeça dele em seu ombro, a aparência agradável dele sob a luz a hipnotiza e a faz sorri, seu coração esquenta, seus circuitos processam freneticamente, ela sente seus circuitos eletrônicos fumegar e formigar em seu corpo. Ela inclina sua cabeça na direção da cabeça de Hatsu, fechando seus olhos toca seus lábios na testa dele, logo ela tem um acesso de lucidez e se contrai bruscamente colocando as duas mãos na boca, assustada com os olhos arregalados e coração acelerado “O que eu estou fazendo? Eu o conheci há dias. Não posso beija-lo assim, isso não está certo! O que eu estou sentindo? Uma incrível vontade de estar com ele… Mais próximo do que se é possível, e-eu não sei se ele sente o mesmo! Não posso, não devo, não estou preparada para isso! Nunca daria certo, jamais!” Ela encosta sua testa no vidro da janela olhando as silhuetas das árvores passando em alta velocidade lá fora, tentando não pensar em mais nada.

Na sala da doutora Michaela, Kaito e ela limpavam todos os instrumentos usados no reparo da Rin, que descansava tranquilamente em um sono profundo, limpavam cuidadosamente cada instrumento, assim que terminaram se dirigiram para o Len, que boiava no líquido de suspensão. Michaela esvazia o tanque e pega ele em seus braços, colocando-o na maca, repete o mesmo processo que fez na Rin, e seu tórax se abre.

–Essa não… É bem pior que a irmã…

–Por que diz isso doutora? – interroga Kaito vestindo novas luvas para a operação.

–O núcleo de fusão para energia foi danificado, fazer um novo leva meses, não temos tanto tempo e ele morrerá antes disso…

–Existe outra maneira de se obter energia, mas é só teoria… -Kaito a lembra.

–Qual?

–Retiramos o núcleo defeituoso e ligamos os terminais no coração, ele estará sempre batendo e produzindo energia mecânica, só precisamos converter os terminais para transformar energia mecânica em elétrica.

–Mas mesmo assim doutor, o coração não produziria energia o suficiente para mante-lo funcionando corretamente…

–Exato, mas manteria os seus parâmetros em… - Ele aproxima um aparelho perto do abdômen do Len – 70% de energia. E isso seria o suficiente para seu funcionamento até o novo núcleo estar pronto para ser implantado novamente.

–Não creio que isso vá manter ele em perfeito funcionamento nos testes do infeliz do Shitsu – Ela faz uma careta de nojo quando pronuncia o nome dele.

–Errado, quanto mais batimentos, mais energia se produz, e pode aumentar a reserva de energia, mantendo-a assim…

–Certo. Vamos fazer assim, eu providencio agora a produção de um novo núcleo.

Assim eles prosseguem, Kaito prepara os instrumentos e desconecta a 1° via do núcleo cuidadosamente, um único erro e mandaria o prédio inteiro pelo ar, logo passa para a 2° via, no total eram quatro vias de comunicação com o núcleo, duas mantinham a produção de energia estável e as outras duas conduziam sua energia para o resto dos componentes.

Assim que ele completa o procedimento, cuidadosamente ele repousa o núcleo dentro de uma enorme caixa de titânio e lacra.

–Isso manterá a estabilidade do núcleo, mas vamos ter que tomar providencia quanto a esse perigoso componente. - Explicava o doutor voltando para a maca. Agora ele pega o Conversor que era um instrumento cilíndrico bastante cumprido, do tamanho de um antebraço de um adulto médio, e na ponta ele se afinava e se achatava, era recoberto com um plástico resistente branco e a ponta era um metal da cor de cobre. Ele coloca essa ponta em cima das vias do núcleo e aciona o conversor, uma descarga elétrica é descarregada diretamente nas quatro vias, Len estremece em cima da maca, Michaela fica apavorada e ordena o Kaito a parar. Ele para anunciando.

–Foi convertido. Desculpe-me Doutora, isso foi necessário… - Michaela tremia, mas relaxava ao ver que Len estava bem.

Logo o Doutor começa a fazer o ligamento das vias ao coração, delicadamente liga as quatro, assim que a ultima é conectada ao coração, elas se ascendem levando energia para os outros componentes, um grande suspiro foi ouvido na sala.

–Uffa… Está funcionando perfeitamente! – Ele relaxa seus ombros, deixando o que segurava no suporte ao lado da maca, observava a feição adormecida de Len, e brevemente se perdia em seus pensamentos.

Michaela tratava dos ferimentos internos dele, drenando o sangue para não coagular e danificar seus componentes. Ele havia perdido bastante sangue, estava completamente destruído por dentro, mas aguentava firme toda a dor. Agora desligado tudo era mais fácil… Não, não era fácil, apesar de estar desligado ele sentia os reflexos dos doutores trabalhando e batalhando para sua sobrevivência. Em um sonho Len se via caindo em um abismo negro, e todo o cenário ao seu redor se despedaçava, derretia, quebrava, explodia, e esses estilhaços atravessavam sua pele, cortando e queimando, sentia cada parte de seu corpo em curto, ele mal conseguia pensar, só não queria sentir mais dor. Cada vez que se afundava na escuridão do abismo seu corpo real respondia menos aos procedimentos dos nossos doutores.

–LEN! Não! Reaja! – Michaela estava perdendo-o

–A pressão está caindo, parada respiratória! Seus órgãos estão falindo, ele esta morrendo! – Exclamava o Dr. Kaito, pegando seus instrumentos de sutura, tentando estancar os sangramentos o mais rápido possível para reestabelecer a pressão sanguínea.

–Ele não está mais respondendo!

Len já podia sentir a ponta de seus dedos gelados, passando pelo ar, a sensação deles assim era ótima, a sensação da morte era boa, ela aliviava a sua dor e o induzia a um sono profundo e eterno onde nunca seria incomodado pela dor.

–LEN NÃO SE RENDA! – Michaela gritava tão alto que o eco de sua voz ecoava pelo corredor inteiro. Mas este estava vazio ninguém viria acudi-la.

Logo ele não sente mais suas mãos e pernas, apenas sentia seu coração batendo e desejava que ele também parasse, ele causava dor.

–Não vou deixar você morrer, você não vai desistir! – Ela pega o cabo que era ligado ao seu computador e o pluga no Headphone dele, os componentes reagem, piscando quando conectado, ela põe seu microfone de lapela e começa a chamar por ele.

Hatsune ainda permanecia na mesma posição tentando não pensar no que sentia pelo Hatsu, Ajeitando-se devidamente no banco ela observa o senhor Abe, estava acordado. “Céus! E se ele viu alguma coisa?! O que eu faço?!”

–S-senhor Abe?... Está acordado há muito tempo?

–Não Miku-chan, eu despertei nesse momento, estamos quase chegando…

“Uffa, ele não viu nada, eu acho…” ela da um grande suspiro, olhando para a outra janela observando as montanhas negras exibindo suas silhuetas entre as estrelas.

–Não se preocupe, estamos chegando. – Ele olha para Hatsune pelo espelho retrovisor do carro e percebe a sua expressão.

–Miku-chan, está tudo bem com você? – Ela olha para frente e nota que ele a observava pelo espelho, logo desfaz a sua expressão um pouco assustada olha para o outro lado, escondendo levemente o seu rosto.

–E-eu estou bem…

–Certeza?... Hatsune eu quero que saiba que pode confiar em mim, se algo te assola ou preocupa eu tenho idade e posso te dar bons conselhos e boas soluções.

Ela olha para o espelho, diretamente para os olhos dele e pensa “Ele não saberia aconselhar alguém que é meio humano e meio máquina… Ele não sabe o que sinto nem o que passei e nem quero que saiba, por hora…”.

–Obrigada senhor Abe… Mas acredito que não será necessário que se preocupe tanto assim.

–Como quiser senhorita, mas estou à disposição. – Sorrindo ele para de olha-la e volta a prestar atenção na estrada. Em pouco tempo Várias luzes revelam os detalhes do caminho, haviam chegado à cidade, estava completamente iluminada e cheia, bem havia mais pessoas que o normal circulando pelas ruas, Miku observa as luzes passar e se sente aliviada por ter chegado sã e salva em casa.

–Len, não desista, estamos cuidando de você aqui, não deixe esse trabalho ser em vão… LEN! – Mesmo com os apelos dela, ele não respondia aos estímulos.

–Está acabado… - Michaela abaixa a cabeça e começa a chorar, tremendo desesperada, chorando silenciosamente, ouvia-se apenas o ar oscilando entre seus lábios trêmulos. Ao fundo os bips dos aparelhos davam lugar ao som continuo indicando inatividade do sistema e dos órgãos. Esse som cortava a alma materna de nossa doutora que desaba em soluços. Doutor Kaito havia desistido e largado todos os instrumentos para consola-la quando…

‘Bip, bip, bip, bip… ’ o som de atividade voltava a soar cada vez mais rápido, Kaito olha para a tela e a pressão arterial do Len subia começando a normalizar, ele retorna para o seu lugar, continuando rapidamente o seu trabalho.

Len havia ouvido os choros e apelos da doutora e isso dava força para ele continuar querendo viver. “Estou tentando me livrar dessa enorme vontade de me livrar da dor… Mesmo forte e maior que eu, eu vou tentar por você… Mãe… Estou saindo… Quero ver a luz novamente… estou voltando pra você…” a cada vez que ele pensava, o cenário em seu sonho voltava, o chão se reconstruía, as rachaduras recuavam colando novamente o chão delicado, tornando-o sólido e forte para pisar, as paredes voltavam tornando-se firmes e vivas, assim como todas as coisas em seu redor.

–DOUTORA! –Kaito gritava – Continue falando com o Len! – Ela levanta a sua cabeça e observa no painel os marcadores vitais de Len se normalizando, ela enxuga suas lágrimas com um grande sorriso, correndo para a mesa de cirurgia de Len dando-lhe um beijo na testa.

–Continue Len! Eu sabia que você nunca me decepcionaria! Volte para nós! – Logo o frequencímetro marcava batimentos cardíacos normais. Ela acariciava sua cabeça, fazendo cafuné, sentindo seus cabelos amarelos e macios.

Kaito se concentrava em estancar os sangramentos restantes e regenerar os tecidos danificados, logo Len estava novo como se tivesse acabado de sair do tubo. Michaela fecha o tórax do Len e as linhas somem sendo tapadas pela pele.

–Meu filho… - Michaela deixava as lágrimas cair enquanto o olhava dormir sob a luz branca da mesa de recuperação e cirurgia, ela observava ele inflar seus pulmões de ar com força e vitalidade, o que enchia seu coração de alegria.

–Michaela… agora temos a parte difícil… A cabeça.

–Mas o senhor disse que… - Kaito apontava um pequeno sangramento de um corte na têmpora dele. Parecia ser um corte superficial, mas havia rachado o crânio e comprometido um pouco do tecido cerebral.

–Não…

–Podemos contornar isso… Eu não sei qual foi a parte afetada, mas podemos recompensar isso reprogramando o cérebro eletrônico ele sairia daqui perfeito!

–Mas não sabemos o que isso o afetou… Kaito… - A alegria que ela sentia começava a ser convertido em tristeza novamente, isso a cansava, esse jogo contínuo de desespero e esperanças, um sobrepondo o outro.

–Tenho que fazer exames, não vai demorar… É emergencial, só temos que removê-lo para máquina.

–Vamos fazer o impossível, eu o quero perfeito! Sei que estou sobrecarregada, minhas pernas doem, sinto dor de cabeça e um profundo desgosto em continuar neste lugar… Mas, por ele eu enfrento isso… - Kaito olha espantado para a Dr.a Michaela, nunca havia visto tal determinação em alguém que trabalhasse naquele lugar, era algo admirável de se ver, hipnotizante e acolhedor, sua cara de espanto se transformava em admiração.

–Sabe Dr.a Michaela, a sua determinação já nos trouxe Len de volta… Você tem uma ligação muito forte para com esse menino… Clonandroid…

–Para mim ele é muito mais que um clonandroid, ele não é um clone com vias eletrônicas… Ele é o meu menino… - ela olhava para Len e sorria tocando-lhe a face.

–Os humanos estão salvos… - Sussurrava Dr. Kaito sorrindo.

–O que disse doutor?

–Nada doutora, vamos removê-lo para a máquina.

Eles seguraram o corpo do Len e suspenderam tirando-o da maca e colocando na bandeja da máquina que parecia ser ressonância magnética. Mas apenas parecia, na verdade ela contava os números de neurônios e dizia com precisão que área do cérebro sofreu trauma, o prédio estava longe de ser um hospital, mas com as novas pesquisas realizadas, eles tiveram que providenciar material, caso uma de suas criações adoecessem no meio do experimento. Não, isso não era humanidade, eles apenas queriam assegurar as causas do óbito de seus clones e assim corrigir o gene defeituoso. O resultado desses investimentos em máquinas de exames clínicos nós vemos no Len, uma nova geração perfeita e revisada de clones humanos.

Eles começaram a operar na máquina e Len foi entrando até estar com a cabeça completamente dentro dela.

–Doutora… Temos uma boa e uma má noticia…

–O que houve Kaito? – Ela toma a frente da tela onde ele observava o resultado. – Ah… não, não, não, não… A memória não!...

–Michaela, a boa notícia é que podemos reprogramar sua parte eletrônica e você sabe que ele vai trabalhar bem com memória! Mas…

–É exatamente o “mas” que eu estava pensando… Ele vai sofrer de HSAM Highly Superior Autobiographical Memory, síndrome da super memória…

–Michaela, humanos se adaptaram a essa síndrome, viveram com ela, o Len é mais forte que os humanos atuais. Duvida da capacidade de adaptação dele?

–Não doutor… Eu não quero que ele sofra…

–As pessoas só notam que são portadoras de HSAM depois de anos…

–Sabemos o que isso causaria

–Simplesmente mandar o sistema apagar memórias seria cruel doutora…

Michaela cai sentada na cadeira, apertando sua têmpora, tentando achar uma solução.

“Em casa finalmente” pensava aliviada ao ver que o carro chegava ao bairro onde o Sr. Abe morava, o carro diminuía a velocidade e começava a ir de encontro com a garagem da casa dele, o portão da garagem se abre e o carro entra, parando e desligando.

–Chegamos – Dizia o senhor Abe esticando seus braços, que saiam do carro.

–Bom meninos. Chegamos em casa, vamos acordar, pois estamos sujos, cansados, tristes e assustados. – Ele olha para o banco de trás e vê que os garotos dormiam e nem se importavam com a falação alta dele.

–Bom, vamos tirar o “triste” do que eu falei e acrescentar um “exausto”. Bom Miku, vejo que está acordada, fez boa viagem?

–Ah… Foi bem confortável… Melhor do que ter galhos e terra dentro dos seus sapatos… - Abe solta uma grande gargalhada.

–É. Com certeza é melhor do que ter terra nos sapatos. Vamos desperte os meninos.

Ele sai do carro e acende a luz da garagem, se esticando e alongando. Miku balança o Hatsu e aos poucos ele desperta, sua cabeça estava apoiada no ombro dela. Lentamente abre os olhos e vê a gravata verde com a gola saliente com babadinhos verde contornando a gola, e percebe que o acolchoado que ele sentia não eram os do banco do carro, não poderiam ser tão quentes e aconchegantes. Era o seio da Miku, ele cora rapidamente e levanta em um susto olhando amedrontado para o rosto dela, esperando o pior.

–O que foi? – Ela devolve o olhar tentando entender o motivo de ele estar assustado.

–N-nada Miku-chan! – Ele olha rapidamente para frente.

–Nós já chegamos em casa, acorde esse menino demoníaco e tarado que esta do seu lado. Os pais dele devem estar preocupados.

Hatsune abre a porta do carro saltando do veículo, esticando suas pernas agradecendo por ter chegado em casa salva e agradecendo em dobro pelo banho que iria tomar “é tudo que eu quero… um bom, demorado e relaxante banho!”. Enquanto isso no carro Hatsu cutucava Saori que desperta:

–Onde estamos?

–Na minha casa, nós chegamos, anda mova esse traseiro do carro!

–Só mais cinco minutos… - Saori fecha os olhos e volta a dormir.

–Posso te dar, mas aí seus pais vão vir te buscar… Aqui.

–MEU DEUS! MEUS PAIS VÃO ME MATAR! – Saori pula do banco abrindo a porta do carro indo correndo para casa que ficava ao lado da de Hatsu.

Hatsu sai do carro se esticando também, olhando a Miku parada num longo devaneio, olhava para um ponto fixo da parede da garagem, ele se ajeita caminha até ela e toca seu ombro, ela da um leve pulo despertando do seu devaneio.

–Hatsu-kun… Não me assuste assim…

–No que pensava Miku-chan?

–Nada de mais… apenas lembranças…

–Ah… Entendo. Bom, vamos entrar, ou meu pai vai devorar tudo que tem na cozinha, imagino que esteja com fome.

–Na verdade eu quero tomar um longo banho antes de comer qualquer coisa… Estou muito desconfortável estando tão suja com…

–Terra.

–Isso. – Ela toma frente e caminha para a porta, assim que entra suas narinas são invadidas com um delicioso cheiro de tempero e comida.

–Senhor Abe…

Ela caminha até a cozinha e seu estômago ronca, sua boca enche d’água.

–Miku-chan, seu banho está pronto, eu providenciei a banheira com água morna, isso irá relaxar você depois desse dia cheio, e não se preocupe eu vou guardar comida pra você, pode demorar quanto precisar no banho.

–O-obrigada… era exatamente o que eu iria perguntar a você, eu vou subir pro meu sonhado banho e desço para comer – o estômago dela protesta, deixando-a tímida diante do senhor Abe.

–Hahahaha, sem problemas senhorita. – Ele da uma leve gargalhada enquanto ela sobe as escadas indo direto para o banheiro, no caminho afrouxa a gravata e começa a desabotoar sua blusa, entra no banheiro, fechando a porta e sentindo o vapor da água morna da banheira tomando o lugar, o cheiro delicioso do aroma do sabão tranquilizava a Miku. Ela joga a camisa no chão e empurra com o pé para o canto, senta no sanitário e começa a tirar suas botas sujas, revelando suas pernas, ela as toca, nunca havia prestado atenção na textura de sua pele, torna a levantar empurrando as botas para outro canto, ela tira a sua saia e sua calcinha ficando completamente nua, caminha para a banheira e se senta sentindo a água quente relaxar seus músculos e começa a banhar-se.

–Pai, onde esta a Miku-chan?

Perguntava Hatsu chegando à cozinha tentando petiscar alguns queijos que seu pai usaria na receita e acaba levando uma colherada na mão.

–Lave suas mãos antes de pegar na comida. A senhorita Hatsune foi para o banho e você deveria fazer o mesmo.

–A menos que você queira que eu invada o banheiro onde ela está.

Com os óculos na ponta do nariz o senhor Abe olha para seu filho apontando o caminho do segundo banheiro com um alho poró. Ele olha para o segundo banheiro e resmungando anda para o banheiro seguindo a ordem do pai.

–Garoto porquinho você é Hatsu! Deveria seguir o exemplo da senhorita Hatsune, que foi tomar seu banho antes de vir comer! E ela esta morrendo de fome! – Ele grita alto nessa última frase.

–Eu vou programar a parte lógica do Len, assim ele decide que memória é relevante ou não para ser guardada. – Michaela levanta da cadeira e para ao lado da máquina.

–Pode removê-lo da máquina Dr. Kaito, eu já sei o que fazer.

Imediatamente ele tira o Len da máquina e o retorna para a maca, Michaela estica os braços e estala seus dedos, suspirando fundo. Coloca seu microfone e diz:

–Confirmar reconhecimento de voz.

–Voz reconhecida, Doutora Michaela Kisane, Matriz: 024 B código 59 dígito W.

–Confirma.

–Boa Tarde doutora, o que posso fazer por você?

Kaito franze a testa ao ouvir a linguagem do computador.

–Doutora, você deve verificar sua máquina ela está fora dos padrões.

–A única coisa fora do padrão aqui Dr. Kaito é o seu ID de rede, mas creio que você não quer verificar meu sistema para notar que sou um AI avançada.

Kaito arregala seus olhos e seu coração gela assustado ele abre a boca.

–Como isso é possível? – confuso ele pergunta para Michaela.

–Dias sozinha, sem ter com quem conversar. Desenvolvi a Cinthya e ela aprendeu conforme eu a usava… O resultado é que eu apenas tenho que pedir as coisas e ela as executam.

–Isso é incrível…

–Não temos tempo Kaito-senpai, tenho que consertar o Len. Cinthy, temos um pequeno problema, você esta vendo um novo terminal instalado no seu sistema, esse é o Len, o projeto que trabalhamos. – Ela sorri.

–Sim, eu estou acessando, vejo que fez um ótimo trabalho Micha, mas… Ele apresenta alterações do projeto original…

–Isso Cinthy… Eu tive um imprevisto com o Shitsu…

–Arrrg, aquele monstro asqueroso! Bom, mesmo alterado vocês fizeram um ótimo trabalho, o que quer que eu faça Micha?

–Eu quero que você reprograme a lógica do processador dele, quero que você crie uma regra de memória, dando ele o poder quase completo de decisão das memórias relevantes ou não.

–Desviando ele da Síndrome da super memória? Micha, não é nada fácil e rápido reprogramar um processador, é quase impossível…

–Eu sei Cinthy… Por favor, é o único jeito e precisamos salvá-lo.

–Okay, farei o possível… Acessando o sistema do terminal CV02, isolando protocolos de segurança… Acesso permitido. Micha, as defesas dele estão alteradas eu tenho acesso a todos os bancos de dados, nada tentou impedir o acesso.

–Temos que nos preocupar com a reparação dele, no processo isso vai ser corrigido.

–Dando andamento a reprogramação do processador principal. Desligar sistemas.

O Len se apaga, as partes eletrônicas param de funcionar, apenas o orgânico mantém suas funções normais. Cinthya divide o processador dele em dois núcleos virtuais, reprogramando o núcleo um para a memória e o núcleo dois para funções normais. O processo é demorado e demoram horas, Ela ficava em total silencio enquanto executava os programas necessários, a sala estava silenciosa, apenas se ouvi as respirações dos quatro na sala, o clima estava tenso e a ansiedade tomava ambos, Kaito andava de um lado a outro impaciente, suspirava. Michaela olhava atentamente para seu computador e parecia rezar para que tudo desse certo. “Não há motivos pra continuar se sacrificando por um pedaço de lata velha” esse pensamento entrava na cabeça da Michaela com a voz do Shitsu, ela sacudia a cabeça e concluía que estava exausta depois de tantas horas. Ela retruca seus pensamentos “Eu o amo e nada vai me impedir de fazer o impossível para salvá-lo” mais horas se passavam até as luzes do Len reacenderem e Cinthya voltar a falar.

–Micha, está feito. Está perfeito para uso, fiz um ótimo trabalho.

–Obrigada Cinthy, muito obrigada.

Ela engolia o choro, mas ela não continha a alegria que explodia em seu peito, desabando em choro novamente. Len lentamente abre os olhos e vê Michaela do seu lado e o Kaito, ele sorri para ambos e diz em um sussurro:

–Obrigado… - fecha novamente os olhos mergulhando em um sono profundo.

Michaela abraça o Kaito feliz apertando com todas as suas forças e agradecendo por todo o apoio e ajuda que recebera dele naquele momento tão difícil que ela achava que perderia ambos para sempre. Ele sem jeito abraça de volta a Doutora sem dizer uma palavra.


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Notas finais do capítulo

Bom, espero que os erros tenham sido menores, quero com certeza zera-los, mas espero fazer isso enquanto escrevo, não prejudicando a leitura de vocês. De toda forma, eu sempre estou relendo os capítulos e consertando alguns erro que eu identifico. Até o próximo capítulo