A parte racional de Hermione tentava alerta-la de que Tom estava mentindo, mas seu coração sempre mandava a parte racional calar a boca.

Hermione estava muito feliz que não se aguentava em si mesma. Sorria toda vez que via Tom no corredor, eles estavam muito bem juntos, nunca discutiam. Mesmo quando o gênio de Tom falava alto demais, ela ignorava, pois o amava, mesmo com os defeitos dele. E segundo ele, ele havia mudado. Agora o natal estava próximo, mas ela nem pensava sobre isso. Só queria passar a maior parte do tempo com Tom. Tom. O amava tanto! E segundo ele, esse sentimento era recíproco. E ela estava disposta a ficar com Tom no passado.

Era sábado. Hermione, como de costume, estava deitada sobre o corpo de Tom na Sala Precisa. Dormia profundamente. Nem reparou quando ele tirou o corpo dela sobre o dele e lhe deu um beijinho. Saiu da Sala Precisa deixando um bilhete dizendo ele tinha esquecido um dever de Aritimancia.

Hermione acordou e olhou confusa ao seu redor.

- Tom? – Chamou para o quarto vazio. Nada. Olhou para o travesseiro dele e viu um pergaminho que continha uma frase escrita na elegante e graciosa letra de Tom.

“Desculpe, meu amor, mas acabei me esquecendo de um dever de Aritimancia.

“Beijos de seu amado, T. R.”.

Ela leu duas vezes o papel. Sorriu e foi tomar uma ducha antes de descer para o passeio em Hogsmead. Já devia estar atrasada.

Vestiu-se com roupas de inverno e saiu do castelo, enquanto olhava algumas vitrines. Ficava pensando no que daria de Natal para Riddle. Até procurou um pouco, mas estava nevando muito, então entrou no jovial Três Vassouras. Ficou pensando onde estaria ele agora. Devia ter ido procura-lo antes de ir para Hogsmead. Mas talvez ele quisesse ficar um pouco sozinho, fazendo seu dever. E a própria Hermione queria ficar um pouco sozinha para pensar em sua vida, sem ter a presença tendenciosa dele.

Pagou uma cerveja amanteigada com gengibre e sentou-se. Pensar em sua vida e na de outras pessoas que seriam afetadas, pelo o que ela havia decidido. Talvez... Talvez ele quisesse formar uma família com ela. Sorriu com o pensamento de criancinhas de olhos cinza e cabelos encaracolados correndo por uma casa ampla e amadeirada, onde Tom e Hermione estariam sentados no chão, perto de uma lareira que crepitava lentamente...

Pensou que se isso fosse verdade, ela estaria fazendo um bem à humanidade e aos seus amigos. Também a si mesma, por que agora ela era feliz como jamais fora. Sorriu para o nada.

Pensou em todos os momentos verdadeiros que tivera com ele, que ele não pudera fingir. Precisava dele como precisava de ar; ele era vital para ela. Agora ela tinha certeza de que ele a amava e talvez, quem sabe, tivesse mudado. Mas novamente a parte racional tentava lhe gritar algo que ela não prestava atenção.

Tom podia realmente ter mudado, afinal, as pessoas mudam. E ele era tão sincero com ela, pelo menos era isso que parecia. Ele era muito romântico e nem parecia que ele podia ser Voldemort. Mas ela ainda tinha um pouco de medo de que ele estivesse a enganando, porém há algumas semanas ela já tinha decidido que poderia confiar nele. Mesmo sendo cegamente e mesmo sabendo que confiando nele poderia ser muito mais doloroso caso descobrisse que ele estivera mentindo. O amava e isso era só o que importava, para Hermione.  

Terminou sua cerveja e foi caminhando pela estradinha de volta para Hogwarts, já tivera o tempo que precisava para pensar e ele já devia ter acabado seu dever. Queria abraça-lo e conversar com ele. Andou observando o entardecer na linha do horizonte, talvez ela tivesse ficado muito tempo pensando. Mas não se importava, conseguira colocar a cabeça no lugar.

Enquanto andava pelo caminho pacato, uma Minerva aparece ofegando e correndo loucamente, trazendo um jornal junto ao peito. Ela parecia estar preocupada.

- Hermione! Seus pais são trouxas, não é? – Ela pergunta para Hermione.

- Sim, mas eles estão mortos... – Hermione responde sem entender. A expressão de Minerva pareceu relaxar um pouquinho.

- Oh! Bem, isso é um alívio, quero dizer... Não que eles estejam mortos seja um alívio, mas... Ah, esquece, lê isso daqui. – Ela entregou o gélido jornal para Hermione. Era a edição noturna do Profeta Diário. Leu a manchete.

“Ataque a vila trouxa/mágica mata cerca de vinte bruxos nascido-trouxas e trouxas... Pág. 2”

Hermione se desesperou, Tom não podia ter feito aquilo. Sim, o primeiro nome que passou pela sua cabeça fora o de Tom.