Cicatrizes escrita por SilenceMaker


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem caso esteja ruim, mas é que a ideia me veio de repente e não podia esperar para escrevê-la, senão a inspiração ia embora.
Se tiver algum erro ortográfico ou qualquer coisa do tipo, não me culpem.
Boa leitura!



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A mansão Varia estava calma. Na verdade estava com a calma habitual. Gritaria daqui, bagunça dali, problema de lá.

Em uma das salas, Fran estava sentado ao lado da janela, observando a lua, parado com sua costumeira expressão indiferente. Por perto, Belphegor folheava bruscamente um livro o qual não tinha nenhum interesse. Aquilo era chato. Por que um príncipe tinha que ler uma coisa daquelas?

— Estou entediado — reclamou, apoiando o cotovelo na braçadeira do sofá.

Logo Fran sentiu uma pontada nas costas e virou-se. Belphegor lançara uma faca e já mirava outra nas costas do rapaz.

— Não me esfaqueie, senpai — disse Fran.

Belphegor deu aquela risada chiada, que tinha seu charme.

— Fique quieto, sapo.

E jogou outra faca. Mas, como sempre, se decepcionou quando não doeu ou sequer sangrou.

— Tsc, você é tão sem-graça — murmurou lançando outra lâmina de prata.

Fran tirou calmamente as facas das costas e do chapéu, sem reclamar, e soltou-as ao lado.

— Não jogue-as desse jeito! — exclamou Belphegor repentinamente.

Fran não lhe respondeu, ajeitando o chapéu na cabeça.

Não gostava daquela coisa enorme. Atrapalhava suas poses sensacionais, além de ser um alvo perfeito para certas lâminas. Mas ele só usava por um único motivo: se Belphegor nunca tivesse lhe dito para usar aquele chapéu ridículo, sequer pensaria em pô-lo na cabeça.

E falando nele, Belphegor se levantou do sofá e, a passos firmes, foi até Fran e abaixou-lhe o chapéu nos olhos.

— Bel-senpai — disse Fran sem emoção —, não faça isso.

— Cale a boca! Você nunca faz nada além de falar desse jeito, é irritante.

Fran não gostava de ouvir aquilo também. Já estava acostumado, mas isso não quer dizer que apreciava aquelas palavras.

— Bel-senpai — falou Fran, quando levantou o chapéu e olhou para frente —, não vai ler o livro?

— Fique quieto!

Por algum motivo Belphegor estava de muito mal-humor naquele dia. Talvez dormira pouco...? Fran se manteve em silêncio por um tempo, pegando as facas de prata do chão.

— Aqui, senpai. — Ele estendeu os objetos para o loiro, que se surpreendeu com a atitude do outro. Não era comum. Nem um pouco comum. Ele sempre as entortava sem se importar.

Se recuperando da surpresa, Belphegor arrancou as preciosas facas das mãos de Fran, sem lhe dizer uma única palavra. Virou-se para a porta e ia sair, quando ouviu novamente a voz do rapaz de cabelos verdes.

— Aonde vai, Bel-senpai?

A risadinha chiada lhe escapou novamente pelos lábios.

— Não é da sua conta, não é, sapo?

A despeito das palavras do loiro, Fran se levantou do lugar onde estava e foi até ele.

— Vou junto — disse simplesmente.

Belphegor não se importou com as palavras do menor e saiu da sala, fechando a porta atrás de si. Fran segurou-a antes que batesse em seu rosto e continuou seguindo o 'senpai'. Saíram da mansão e iam em direção ao jardim, quando repentinamente Belphegor parou e olhou para Fran, sério.

— Vai me seguir até quando?

— Não sei, senpai.

Aquelas respostas vagas lhe irritavam muito, além daquele tom indiferente e insolente. Com um tapa, arrancou com brusquidão o chapéu de sapo da cabeça de Fran, deixando sua cabeça de um tamanho estranhamente normal.

— Não me siga mais — disse, a voz reprimida de raiva. — Volte logo e me deixe em paz.

Fran não conseguiu simplesmente virar as costas e ir embora. Belphegor nunca agia daquele jeito. Geralmente era apenas irritadiço, não furioso daquela maneira.

— Aonde vai, Bel-senpai? — Fran repetiu a pergunta.

— Cale a boca!

O grito repentino fez o rapaz de cabelos verdes emudecer.

Afinal, o que estava acontecendo com seu senpai?

— Fique longe de mim! — continuou Belphegor sem notar a expressão de choque do outro. — Vá para longe e nunca mais volte!

Fran continuou em silêncio. Mesmo que tentasse, nenhuma palavra sairia por seus lábios. Mas quando fez menção de dizer algo, três únicas palavras lhe estragaram completamente o dom da fala.

— EU TE ODEIO! — gritou Belphegor em um impulso impensado.

O mundo parou de girar por um segundo. Fran não digeriu aquelas palavras de imediato, mas quando finalmente as entendeu, seus olhos esverdeados se arregalaram.

Seu coração apertou. Doía. Doía muito. Foi como se agulhas o perfurassem continuamente e impiedosamente, quebrando aquela fina armadura que construíra. Aquela que escondia seus sentimentos do resto do mundo, de si mesmo.

Sua mente insistia que devia ter escutado errado, mas seus ouvidos lhe diziam que era exatamente aquilo que saíra da garganta de Belphegor. As únicas palavras que nunca queria ouví-lo dizer.

Fran já sabia que o loiro o odiava, mas era muito pior escutar aquilo do próprio.

— Se já entendeu, então suma de vez! — concluiu Belphegor.

O silêncio pairou por uns segundos, enquanto a brisa batia e sacudia os cabelos de ambos. Fran respirou fundo e disse:

— Sabe, senpai. Eu tenho várias cicatrizes... — Sua voz chegava a ser triste. — A maioria você que fez. Quase todas são de facadas e chiliques seus, mas tem uma que dói mais. — Fran apontou o próprio peito. — Essa aqui no meu coração, sabe como foi feita?

Belphegor nada disse, querendo logo que ele acabasse com aquela bobagem toda.

— Ela foi feita pelo simples fato de eu te amar — disse Fran com um sorriso melancólico, raro de se ver.

A expressão de raiva de Belphegor esmoreceu.

— Eu achava que ela nunca ia se curar — continuou Fran sem encarar o loiro, que estava pasmo. — Mas depois daquela frase, "eu te odeio", eu tenho certeza de que nunca vai sumir.


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Notas finais do capítulo

Hey! Espero que tenham gostado! Tem mais capítulos! Continue lendo!



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