The Vampires Forest escrita por AnnySama


Capítulo 19
Perversidade




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Cheguei na escola - que já estava amontoada de carros e estudantes - sem vontade nenhuma.

      Diana, Stephanie e Louise me esperavam para o pior dos interrogatórios que eu teria que enfrentar, pior do que os do FBI se eles me pegassem por...Algum motivo. Quis que elas não me notassem. Caminhei de cabeça baixa até a porta. Mesmo assim, cedo ou tarde elas iriam me pegar. No caso, agora.

      -Ah! Oi sumida. Ainda nega? – Perguntou Diana, sempre mais ríspida.

      -Negar o que? – Minha voz era sem vida, eu sabia de que negação elas estavam falando.

      -Negar o seu caso com o Jaden. Cara! Primeiro você chorou com algo que ele te disse. Ele foi embora e você desmaiou! Aquilo foi tipo...Um filme! Você é muito atirada, Alice. – Disse Stephanie com um sorriso de deboche. Meus olhos fuzilaram nas três e voltaram para Stephanie. Atirada? Não engoli essa.

      -É ótimo ver que vocês têm namorados. Os primos de vocês. – Cuspi a ultima frase nelas. – Mas eu sinceramente me importo com coisas melhores do que a vida medíocre humana que vocês vivem. Se vocês soubessem, dariam tudo para ter minha vida. – Dei o sorriso maléfico que aprendi com Colibri. Aquilo foi sensacional. As três ficaram de boca aberta. No espasmo delas, aproveitei para fugir.

      Eu estava ótima por fora. O sorriso ainda não tinha saído da minha boca. Até eu lembrar das palavras delas. Foi assim. Eu implorei até o ultimo segundo para que Jaden ficasse. Ele não ficou. E eu me culpo ainda mais por isso, será que havia algo que eu pudesse fazer para que ele não fosse embora?

      Já no corredor da sala da primeira aula, o sorriso se substituiu por uma tristeza sem fim, além da vergonha de ter desmaiado. Enfrentei tudo muito bem, eu acho. Entrei na sala confiante, se confiante significar rígida. É claro que não sai da linha de alguns pequenos deboches. Meninos que me olhavam fingiam desmaiar na cadeira. Eu sorria sem alegria nenhuma, mas era melhor do que ficar com raiva deles. Assim eles nunca parariam.

      O intervalo foi silencioso. Eu havia afastado Diana, Stephanie e Louise de mim. Isso não era ruim. Finalmente. Mas eu não parava de olhar para a mesa vazia. Onde antes ficava Jaden e Rian. Agora só Rian, mas ainda era uma mesa vazia. Respirei fundo. Cruzei os braços e lutei contra a dor no peito. O sinal tinha que bater rápido. Eu e Jaden só nos víamos no intervalo. E agora essa hora era a mais dolorosa.

      Então aconteceu o que eu estava esperando. Uma jovem de cabelos loiros e volumosos apareceu de repente sentada na cadeira ao meu lado. Suspirei entediada.

      -Esqueceu de meu aviso? Fique feliz, sou sua primeira amiga aqui nesta escola! – Disse Colibri provocante.

      -Com uma amiga igual você, Heidi...Inimigos são até fofos. – Disse ironicamente.

      -Se eu fosse você não provocaria a deusa que pode fazer em pedacinhos você e seus queridos Phillper. Incluindo Jaden, seria uma ótima caçada para animar. – Disse ela.

      -Colibri...Você não tem nenhuma aula comigo, tem? – Disse, rezando para a resposta ser não. Queria me livrar daquele intervalo torturante.

      -Infelizmente não. Mas vamos ficar muito bem no recreio, não é amiguinha?

      -Claro Heidi, claro. – Disse com sarcasmo.

           Felizmente o sinal tocou e eu corri para dentro da sala. Diana sentava do meu lado. Olhou para mim com uma cara perversa.

      -Então Alice... Jaden saía muito com você? Você estava com ele mesmo e escondia da gente? Ele já foi embora, não acho que tenha problema falar agora. – Disse ela amargamente. Ela com certeza sabia que eu não podia ouvir o nome dele e nem pensar, muito menos pensar nele. Fechei os olhos por um instante e respirei.

      -Não, ele... – Eu parei. Eu estava sufocada. Era difícil falar, estava sem ar. A beira da inconsciência. Respirei fundo e rápido e sacudi a cabeça algumas vezes para tentar acordar. – Ele é filho de minha outra tia. – Inventei na hora. – Eu o considero um irmão. E sim. Nós saiamos muito para conversar. – Meus olhos não fixaram em Diana, vagavam pelo universo vazio em que eu me encontrava.

      -Ele gostava muito de você? O que você sentiu quando ele foi embora? Pareceu o fim do mundo para você. E quem é o seu namorado de verdade? – Perguntou ela maldosamente. Eu não agüentava mais, respirei varias vezes. Alice, aqui não! Por favor, aqui não! Gritava em minha mente.

      -Sim. E foi isso mesmo. O fim do mundo. E quem eu namoro não é dessa escola. – Disse indiferente. Não dei mais do que o necessário para as perguntas dela. Não precisava lembrar de mais nada.

      -Como ele chama...O seu namorado? – Disse ela.

      -Henry. – E eu sorri verdadeiramente. Mesmo com todos os meus problemas, eu ainda era capaz de sorrir por vontade própria. Henry iria me apoiar até o final, não é? Ele não se importava se eu gostava de Jaden. Henry era o único que não me pressionaria com o fato de meu pequeno amor por seu meio-irmão.

      -Hummm...Nome incomum. Parece até inventado. – Disse Diana com o mesmo sorriso estranho. E parecia mesmo. Henry era um nome muito diferente dos outros. Talvez muito usado na verdadeira época de Henry. E se eu falasse á Diana o quanto Henry era lindo, um príncipe, iria ficar na cara que era inventado. Mesmo assim, eu não tinha imaginação o suficiente para inventar Henry. Era só ele e nada mais.

      -Parece. – Disse firmemente. Lembrei, enquanto pensava em Henry, que Colibri deveria aparecer hoje na escola. E assim seria até o final do ano, até o final de minha vida com Henry e a volta de Jaden.

      -Podíamos marcar um dia para fazer um encontro duplo. Eu vou com o meu primo. – Ela riu. Eu apenas assenti. – E você traz o seu Henry para eu o conhecer. Hummm...Nós podemos Jantar. – Ela disse sugestivamente. Logo me lembrei de regras de vampiros.

      -Eu acho melhor nós irmos ao cinema. Vi em cartaz um filme de suspense. Parece bom. – Disse com um sorriso. O que Henry iria fazer enquanto não comia nada? Pior, o que eu falaria a Diana em relação a isso?

      -Perfeito. Um cinema é uma ótima escolha. Que dia?

      -Pode ser amanhã. Ainda tenho que ver com Henry se ele pode ir. – Disse.

      -Perfeito então. Amanhã á noite. – Ela sorriu agora com ansiedade. – Alice...Eu estava pensando, você podia ver se Maison nos levaria na sua limusine. Isso não seria ótimo?

      Pensei em o que falaria a Maison sobre Henry. Ele contaria a Lia se eu estivesse namorando meio que escondido dela? Pensei rapidamente e respondi.

      -Sem problemas. Isso seria fantástico. – Sorri.

      -Então combinado. – Foi a ultima coisa que ela falou.

      Voltando para casa, pensei em como diria isso a Henry. E como o veria de novo. Uma carta? Eles não recebiam isso na isolação da floresta. Como Henry iria saber que eu queria vê-lo, mas sem ir a casa dele? Pesei todas as possibilidades. Eu não podia ir lá novamente. Doía só de pensar, era masoquismo. Pensei em falar com Colibri para que ela o chamasse, mas onde estaria Colibri?

      Suspirei de alivio quando ouvi um pequeno som de batido na janela. Pensei ser Colibri, e então ela poderia falar com Henry.

      Mas era melhor, ou pior.

      Era Henry.

      Eu fiquei sem jeito, o que falaria? Ele deu mais um batido, lembrei que a janela não estava aberta. Abri-a rapidamente. Ele pulou para dentro do quarto.

      Fiquei de cabeça baixa como ele. Não sabia o que fazer. Pensei no obvio, o que eu queria fazer naquele momento. Eu me atirei em seus braços em um abraço forte. Ele não recusou. Abraçou-me pousando a cabeça em meus cabelos.

      -Desculpe. Você sabe como está sendo difícil para mim. Desculpe, desculpe... – Implorei, abraçando-o mais forte.

      -Como você disse, ou pensou...Não podemos ficar com raiva de quem amamos. Eles são nossas forças, nunca estarão errados. E...Eu também vim pedir desculpas. Estamos prendendo você muito naquela pequena casa, deve te dar claustrofobia, não é? – Ele afagou meus cabelos.

      -Não, não é por isso que eu não gosto de ficar lá. É difícil para eu ver Hillary lá, se recuperando de algo que não tem cura. Não minta para mim, por favor. É melhor eu me acostumar com a verdade, á viver com a ilusão da mentira. Então, o que está acontecendo? – Disse, ainda o abraçando fortemente.

      -Ela luta, ela tenta recuperar as imagens, os sons, tudo. Mas seu cérebro está fraco, e está morrendo por ela estar usando-o tanto. Eu lamento Alice. Você não sabe como está difícil para Marie, Carl...Eu. Ela está fazendo de tudo! Se ela conseguisse um pouco mais, ela sobreviveria. – Ele me puxou e se sentou junto comigo na cama.

      -Então está tudo acabado, não é? Eu...Eu não posso me aproximar mais de vocês. Henry, eu não posso destruir mais ainda a sua família. Você tem que entender, talvez possa vir me visitar alguns dias. Mas essa é a minha decisão. Desculpe, ela é horrível. Mas é a única que achei. – Disse. E era difícil para eu aceitar a minha decisão. Só que não se tratava mais de mim, era deles. Então não havia escolha.

      Ele ficou em silencio. Eu também não sabia o que falar, então me lembrei.

      -Está bem, está bem...Isso vai parecer ridículo. Mas...Eu não sei...Nunca saímos... – Disse, com indiferença. – Poderíamos ir á um cinema, eu não sei... Diana, minha... “Amiga” – Fiz aspas no ar. – Estava planejando de irmos a um encontro duplo. Ela iria com...Não sei quem, e eu iria com você. Então ela supôs que nós fossemos ao cinema. Isso te incomoda?

      -Não. Mas...E se... Notarem que sou diferente? Se eu não conseguir me controlar? – Disse ele. E eu pude ver sua verdadeira insegurança.

      Foi difícil falar o nome dele para Henry. Era um assunto proibido, mas não vi outra forma de responder á o que ele perguntou.

      -Jaden não era notado na escola. – Disse, a voz baixa. Ininteligível para uma pessoa humana. – Você não vai perder o controle. Eu estarei lá, juro que não acontecerá nada com você. Por favor, acredite.

      -Está...Está bem. Acho que não é justo te prender em nossa casa. Desculpe-me. - Ele foi se aproximando até seus lábios tocarem os meus. E de novo a sensação de que eu conseguiria viver com aquilo, na verdade, sobreviver.

      -Está bem, nos vemos amanhã á noite. Tchau. – Disse ele. Meio frio, sem emoção. Pensei se teria deixado ele pegar em minhas mãos, mas isso era impossível. Eu tomava muito cuidado com isso. Ele saiu pela janela voando pela floresta.

      O dia passou normalmente. Fui dormir tranqüila, tentando expulsar os pensamentos mais obscuros.

      Na manhã seguinte, a mesma coisa monótona. Minha vida passava em meus olhos, e eu a assistia com indiferença.

      A noite finalmente foi mais agitada. Diferente. Falei com Maison que iria com dois amigos e uma amiga ao cinema, e que eles pediram por gentileza para usar a limusine. Ele concordou sem demonstrar suspeita. Ás 8:00 da noite, Henry já estava em casa. Entramos na limusine. Instrui Maison a passar na casa de Diana. Ele apanhou Diana e um garoto.

      Por maldade de Diana, o garoto se chamava Jaden. É claro que eu suspeitava muito de que eles haviam combinado isso e que seu nome de verdade não era esse. Mesmo assim, aquilo me incomodou muito. O meu Jaden era cem vezes mais bonito do que este, mas eu não parava de achar semelhanças. E a cada uma, meu coração martelava freneticamente. Henry com certeza percebeu. Diana estava tão distraída em me causar mal, que nem reparou me Henry. Mas quando fez isso, não teve preço. Sua boca se escancarou por um minuto, depois ela a fechou com mais rapidez do que eu quando percebia o quanto Henry era lindo.

      Também aproveitei para olhar. E Henry estava fantasticamente lindo. Uma camisa de botões azul escura com linhas na vertical brancas destacava seu peito musculoso. Sua calça era simples, um jeans escuro. Seu cabelo estava um pouco desarrumado. Os lindos fios loiros se erguiam em um pequeno topete. Nada era mais perfeito do que aquilo. A dor da traição era tão grande. Logo, logo ele iria ser obrigado a ficar com Colibri por mim. Pela minha traição. E então Jaden...Voltaria. Mesmo assim, eu não podia estar feliz. Não com o que eu iria fazer.

      Reparei depois que, enquanto estávamos a caminho do cinema, Diana também me encarou com surpresa. Pensei primeiro que fosse só o contrasto com eu e Henry. Depois olhei como eu estava curvada para Henry. Que, por mais que eu tentasse, era difícil não parecer loucamente apaixonada por ele. Minha cabeça pousava em seu ombro. Isso já era demais. “Jaden” e Diana não se encostavam. Olhavam para a janela, despreocupados. Mas então eu soube o verdadeiro motivo para que Diana me olhasse um pouco zangada.

      Eu estava mais viva do que antes, minhas bochechas estavam coradas. Havia brilho em meus olhos. E meus lábios se repuxavam um pouco em um pequeno sorriso. Isso deve ter irritado muito Diana, pois o triunfo dela era os momentos que eu estava triste.

      Chegamos ao cinema mais rápido do que o planejado. Houve um intervalo de vinte minutos para começar o filme. Um intervalo torturante. Na sala escura, a pele de Henry era como a lua, o único brilho no cinema. Seus cabelos estavam arrumados para traz. Sua boca se repuxava um pouco dos lados em um sorriso zombeteiro. Era horrível olhar para Henry, e depois para mim. Qual era a semelhança entre nós? Qualquer pessoa sã imaginaria que eu estava pagando para um modelo (mesmo que todos os modelos não chegassem aos pés de Henry) ser meu namorado. Ele riu em silencio. Só contraindo e relaxando os ombros.

      -Qual é a graça? – Perguntei, ofendida. Qual era a graça de eu ser uma louca por achar que eu e Henry juntos era normal?

      -Tudo é engraçado, na verdade. Que amigas que você tem, Alice...Não precisa de inimigos mesmo. – Ele riu de novo.

      -Do que está falando? – Sinceramente, essa não era a minha pior amiga. Ela não tramava roubar meu Henry, me usar...

      -Ah, Alice! Isso é muito ridículo. Jaden? – Perguntou ele. Meu coração começou a bater aceleradamente enquanto eu lutava contra a dor. Ouvir o nome dele não era nada fácil – Ela é muito cruel. Mas me diverte ver como ela exerce seus planos. Na hora em que ele me cumprimentou, pude ver seus pensamentos. – Sussurrou ele em meu ouvido. Seu hálito frio fez cócegas em minha nuca. Olhei para o lado, Diana e “Jaden” mexiam nos celulares com tranquilidade. – Ele não se chama Jaden.

      -Como eu pensava... – Murmurei atordoada.

      -É. Vi em seus pensamentos o nervosismo da mentira. Ele é amigo de Diana. Chama-se Tony. Hilário. – Riu ele. Comecei a rir também. Coitado de Tony nas mãos de Diana.

      Ela ouviu, se virou rapidamente. Fuzilou os olhos em mim. Eu me encolhi, e parei de rir. Mas ainda me divertia com a historia.

      Finalmente o filme começou.


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