Alguns dias depois...

- Sara, daqui a dois dias vou embora! – Grissom guardava suas coisas.

- Ei sei. – falei baixo e então ele me olhou.

- Quer almoçar comigo? – ele esboçou um sorriso que jamais esqueci.

- Vamos. – peguei minha mochila.

**~

- Desde aquela vez... eu nunca voltei aqui. – eu ainda observava o lugar mudado, enquanto Grissom comia.

- Por quê?

- Não sei. – peguei o meu talher.

Ficamos em silencio por um tempo e aquilo me incomodou.

- Por que esta me olhando tanto? – perguntei bebendo meu suco.

- Desculpa. – ele mordeu os lábios – Às vezes me perco observando as pessoas.

- ok. – deixei meu prato de lado, tinha comido o suficiente – Por que não fala um pouco de Vegas?

- Porque você vai esta lá por volta de um mês. – ele sorriu – Não tenho muito que falar... Toda vez que Cath me ver, o que é constante, ela se lembra de você. – ele olhou pra baixo e logo pra mim e pegou algo no bolso – Ela me deu isso e acredito que seja seu! – Ele abriu a mão e o pequeno coração azul cintilante estava ali.

- Obrigada. – meus olhos marejaram. Peguei o pequeno coração.

- Acredito que ela só me deu pra não ter mais que pensar que te deixou pra trás...

- Eu entendo. – fiquei de pé – Preciso ir. – eu ainda segurava o coração – Tome Grissom, pode ficar pra você. – falei deixando o coração na mesa perto dele. Virei-me.

- Quer que eu te leve? – parei e olhei pra ele.

Ele pagou a conta e fomos pro carro, eu segurava sua chave.

- Posso dirigir? – eu vibrava.

- Não!

- Por quê? – fiz beicinho.

- É menor de idade. – ele ergueu o braço pedindo a chave.

- Não vou te dar. – falei serio ao me encostar no carro.

- Sara não me faça... – ele disse, mas se interrompeu vindo à minha direção pra pegar a chave. Calculou a aproximação errada e estava perto demais, ele não olhava mais pra chave em minhas mãos que agora abaixei e sim pros meus olhos. Sua mão lentamente envolveu minha cintura, eu já tinha me perdido naqueles olhos azuis que me chamavam. Sua respiração soprava em meu rosto de modo delicioso. Ele estava enfeitiçado pelo desejo, como eu, minha mão sem perceber puxou seu rosto e de modo urgente nossos lábios se selaram... Sua língua que se entrelaçava com a minha era quente. Suas mãos apertaram minha cintura e eu gostei, mas no momento ele se afastou... Totalmente.

Sem dizer nada lhe entreguei a chave com os olhos arregalados. Ele entrou no carro e eu também.

Nossa viajem foi silenciosa e tensa.

Ele parou o carro em frente à padaria.

- Ainda não é casado! – afirmei sem olha-lo.

- Han?

- Então o beijo não foi “proibido” – o olhei – Ainda não é casado. – apontei pra sua mão.

- posso estar namorando!

- Um homem como você?... Hnn... Tchau. – falei descendo do carro.

Fui para casa deixando-o para trás sem saber o que ele poderia responder...

Aquele beijo ficou na minha mente. Entrei no meu quarto bati três vezes a minha cabeça na parede pra tentar esquecer aquilo. Deitei na minha cama enfiando minha cara no travesseiro.

**~

Eu voltava do intervalo quando Grissom me puxou pelo braço me colocando pra dentro de uma sala.

- Porra. Me machucou. – puxei meu braço e olhei pra Grissom que fechava a porta.

- Cala a boca Sara. – ele se aproximou me pegando pelos ombros e então sorri.

- Não vou te dar outro beijo. – sussurrei e ele me soltou.

- não quero... Bom eu quero... Ah, este não é o caso! – ele se embolava nas palavras – Cadê... Ahh preencheu?

Olhei pra baixo e passei a mão no rosto, meio nervosa.

- Não vou. – não o olhei, mas o silencio dizia que Grissom estava decepcionado e surpreso, meu nervosismo fez com que eu olhasse pra ele e visse algo... fora do comum, talvez...

- Grissom?! – sussurrei quando vi seus olhos saírem de foco e seus lábios ficarem rígidos, ele pensava, mas também parecia que teria um ataque a qualquer hora.

- Grissom?! – meus olhos se estreitaram.

- Por quê? – então ele me olhou segurando meus ombros.

- Meus pais Grissom. – quase gritei – Você se lembra daquele ano... Não é possível. – eu choraminguei.

- Oh, desculpas. – ele mordeu os lábios – Estarei aqui até 20h. – ele me soltou e se virou.

- Grissom?! – o chamei.

- Sim. – ele não se virou.

- eu quero ir.

- Então corra atrás. – ele se foi.

**~

Só tinha eu e minha mãe em casa, meu corpo tremia, eu estava nervosa, mas eu tinha que tentar.

- Mãe?! – sentei ao seu lado na mesa, ela não me olhou, se mantinha na mesma olhando pra garrafa de cerveja.

- Fala Sara! – ela grunhiu.

- Pode assinar isso, por favor? – perguntei com cautela.

- quantas vezes tenho que dizer que você não vai à merda nenhuma? – agora ela me olhou furiosa.

- Por favor. É o meu sonho.

Ela ficou de pé, jogando algumas coisas no chão.

- eu também tive sonhos e olha onde parei! – ela apontava pra casa – Com um bêbado, numa casa inútil e com 2 filhos retardados que só me irritam.

Aquilo foi como um soco no estomago, me deixou triste.

- Então me deixe realizar meus sonhos mãe. – implorei.

- Pra que? Pra voltar gravida ou virar uma drogada? – ela gritava.

- Só porque você era uma vadia...

PAFT.

Fui derrubada caindo na cadeira com a brutalidade do soco que ela me dera no rosto. Cheguei a perder as forças.

- Se me chamar de vadia... - ela se virou – filha da mãe! – ela grunhiu e subiu as escadas.

**~

Era pior quando Jamie não dormia em casa.

Minha mãe estava dormindo, meu pai estava na sala sentado no sofá, bêbado.

 Eu tinha acabado de tomar uma dorflex... Meu rosto tinha uma enorme marca e ais em cima um pequeno corte.

Levantei de onde eu estava e fui pro sofá.

- Pai! – sussurrei cutucando seu braço – Pai?!

Ele abriu os olhos me olhando.

- Fala filha.

- Pode assinar isso pra mim?

- Se eu assinar você me deixa em paz?

- Sim! – meus olhos coçaram.