O Jardim Secreto escrita por MarinaHinacha


Capítulo 2
Segundo




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Sai agradece a moça que está atrás do balcão e gira no banco. Quando fica de pé, ele avista a loira indistinguível. Decide cumprimenta-la. E cumprimentar a companhia dela.

— Boa noite. — Ele fala, parando ao lado da mesa delas:

— senhorita Yamanaka e-

— Arf bobo. — Ino o interrompe. Ela toca no braço dele:

— você já me chama pelo primeiro nome. Esqueceu?

— Desculpe. Eu queria ser cortês.

Ino solta um riso baixo e estende o braço na direção da azulada.

— Essa é minha amiga. Hinata Hyuuga.

Ele sorrir. Perguntaria o nome dela antes de ser interrompido pela loira. Ele aperta a mão que lhe é oferecida.

— É um prazer. Sou Sai Pejon.

— Eu soube recentemente. — Hinata aperta a mão dele com mais força. Emocionada.

— Você é a amiga de Ino que gosta de arte. — Eles soltam as mãos e ele coloca as dele na cintura.

— Ela anda falando de mim para o senhor?

— Senhor não. — Ele implora. E diz:

— arrisco que tenhamos a mesma idade. Tenho 27 anos.

— 26 anos. — Hinata revela a dela e se justifica:

— perdão. Também quis ser cortês.

Ela o faz rir. E a Hyuuga se surpreende que o olhar dele perde toda a semelhança com o dele. Ainda que a cor ônix seja a mesma nos orbes.

— Então. Ino anda falando de mim? — Hinata retoma a curiosidade.

— Não ditou seu nome, mas já mencionou umas três vezes uma amiga que curte arte. E como você está de boina-

— A boina. — A Hyuuga entende.

— Por isso eu não me cedo à boina ou a esses lenços no pescoço. — A Yamanaka interfere:

— não quero que me confundam com artista. Nada contra. É que é longe do meu estilo de vida.

— É compreensível. — Sai não se mostra ofendido.

— Ino. Por favor. — Hinata pede que a loira se comporte. Ainda descrer que está conversando com um artista admirável. E ao vê-lo se manter de pé, a Hyuuga se preocupa:

— Sai. Gostaria de se sentar com a gente?

Ino ergue uma sobrancelha. A Yamanaka bem lembra da amiga não querendo que convidasse alguém para se juntar a elas.

— Eu adoraria, mas estou de saída. — Ele pega um cartão do bolso e estende para Hinata:

— é um convite para uma reunião que terá no domingo. Às oito da manhã. Será um evento restrito no meu salão de artes. Será algo de uma hora e depois terei tempo livre. Se quiser. Posso lhe mostrar alguns trabalhos que ainda entrarão em exposição, no próximo mês, na galeria Chubu.

— Isso é- eu- claro! — a Hyuuga aceita.

Os orbes azuis que a fitam. Cintilam. Cintilam profundamente. Uma agitação se inicia no interior da Yamanaka. Sai se mostra satisfeito e se despede de modo educado. Após ele ir embora, Hinata tem que aturar o sorrisinho travesso da loira.

— Tá. Eu admito. Sai Pejon é muito diferente dele.

— Eu disse. Sai pode parecer frio sozinho. Mas quando ele interage nem a um ano luz se parece com ele.

— Ainda não creio que acabei de conhecer um artista que curto muito. — Hinata tem três quadros de Sai enfeitando no ateliê. Embora não formem paisagens, as misturas de cores lembram a ela um céu de aurora. Outro, um pôr-do-sol. E mais um, um céu no qual está para surgir a primeira estrela da noite. Adora as nuances e os tons do Pejon. Visualmente a combinação de cores dele a ajuda a se acalmar. Sua mente entra em plena tranquilidade quando contempla os quadros dele. A arte dele é uma fonte de inspiração.

— Estarei as seis da manhã na porta de sua casa, no domingo. — Ino decide.

— Por qual motivo?! — a Hyuuga se espanta.

— Para ajuda-la a se arrumar para esse encontro. Oras.

— Ino.

— Não me olhe assim. Você não tem querer.

A Yamanaka está decidida e a perolada mesmo agindo insistentemente não obteve sucesso em retirar a ajuda que a loira a obrigava a aceitar. Saindo do restaurante, Hinata tem a alça de uma sacola sobre o punho. Dentro da sacola branca de plástico há um pedaço de bolo de chocolate guardado em uma vasilha de plástico transparente. As duas amigas ainda conversam sobre o assunto envolvendo Sai Pejon.

— Não quero ver esse compromisso como um encontro romântico. Quero apenas conhecer melhor um artista cujos trabalhos admiro.

— Cujos. — A loira sorrir, assoprando pelo nariz:

— que cortês. Vocês combinam. Ficam usando palavras de grã-finos. Você quer se enganar. Teme se encher de esperança para um relacionamento e se machucar. Dizia que estava bem tendo um tempo só para você e veja só. Seus olhos quase saltaram com a ideia com esse encontro, com esse artista que admira.

— A Ino. Não me diga que não aceitaria na hora um convite de um ídolo seu.

— Meus ídolos são sarados e famosos. Hinata. Sai é muito insignificante perto de Brad Pitt e Tom Cruise.

— Olha só! — uma ruiva de cabelos compridos aparece na frente das duas:

—  não esperava encontra-las justo no dia que cheguei em Konoha! — é bem magra. Consegue exibir o pouco de suas curvas quando usa roupas bem apertadas. É o caso de seu vestido de alça única de cor vermelha e de acabamento brilhante vinho. Está de salto alto preto. No seu rosto o que se destaca além do batom roxo são as sobrancelhas grossas. Esses detalhes fazem com que seus olhos sejam observados por último. Eles são verdes e abaixo do olho direito há uma pintinha. Sobre seu ombro direito passa uma finíssima alça de sua bolsa prateada.

A Yamanaka fica uma fera e põe as mãos na cintura:

— HA vai se foder Amaru!!! O que faz aqui demônio?!!!

As pessoas que passam próximas observam as duas, mas não param de andar. Exceto dois adolescentes com sorrisinhos. Eles esperam que surja uma treta.

Amaru não se intimida:

— Relaxa. Estou partindo amanhã. Estou viajando de carro, com meu namorado. Vamos apenas nos hospedar por uma noite.

— Uau! O diabo então subiu à superfície para ser sua companhia. Por que só ele aceitaria namorar com você.

— Sério? — Amaru olha da Yamanaka para a Hyuuga:

— ainda continuam nessa? — suspira:

— Hinata, eu-

— Não vai falar com ela!!! — Ino a empurra:

— você não deve nem olhar na cara dela!!! Nunca foi amiga mesmo!!!

Amaru escuta o celular e enfia a mão na bolsa. Ao verificar o número, a ruiva suspira.

— Estou apressada. — Amaru avisa e segue seu caminho, atendendo o celular:

— oi Amor. Já estou indo.

Os dois adolescentes saem resmungando. A Yamanaka se move atrás de Amaru, mas é segurada pela Hyuuga. — Hinata.

— Está tudo bem. Ino. Não precisa se exaltar tanto. Vamos para casa. — A perolada a sorrir. Ino assente e busca se acalmar. A Hyuuga acha fofo o quanto a amiga se desesperou para defendê-la. Suspira. A aparição de Amaru acabou com o encanto da noite. As duas retornam para suas casas. Durante o trajeto o silêncio prevaleceu por parte de Hinata. Ino tentou manter assunto, mas se deu por vencida quando reconheceu um clima morto. Não. Não estava tudo bem.

 

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Hinata se fita no espelho da penteadeira celeste. Com as mãos ela alisa o tecido branco da camisola comprida aos joelhos e de alcinhas frufru. A Hyuuga arruma o cabelo sentada no banco redondo e sem encosto. Depois de passar o pente, ela opta por uma escova. Após a escovação, ela usa os próprios dedos sobre as mexas azuladas e decide se retirar para a cama. Antes de se deitar, a Hyuuga abre uma das seis gavetas do armário de duas portas. O grande móvel é em maior parte branco e decorado com pinturas geométricas. Os círculos são amarelos, os quadrados, azuis; e os triângulos, verdes. Organizadas em linhas, as formas seguem a sequencia: linha de círculos, outra de quadrados e uma de triângulos. Hinata pega o livro de capa dura e cor bronze. No centro da capa se lê na cor dourada “O jardim secreto”. Encostando o livro contra o peito, Hinata vai até a cama espaçosa de sustentação amadeirada. Afasta o cobertor azul claro enfeitado com o desenho de lírios e se senta. Quando sente o travesseiro bem posicionado atrás dela, Hinata se deita e puxa o cobertor até o peito. Abre o livro na primeira página. Nenhuma sinopse. Vai para a segunda. Onde a história começa. Sim. A Hyuuga lerá novamente o livro. Desde o início. Pressente que o lerá umas cinco vezes antes do ano acabar. Sabe que não vai dormir imediatamente. Somente uma coisa pode distraí-la no momento. E não são as pinturas de Sai. E sim esse maravilhoso livro cujo protagonista cativou seu coração. Antes de ler a primeira linha, ela aproxima as páginas ao nariz. Inspira o cheiro. Gosta do cheiro delas. Não imaginou que o cheiro de um livro antigo seria tão melhor que o cheiro de um livro novo. Suspira a Hyuuga de modo triste ao lembrar que o conteúdo do livro se ausenta de final. A história termina em um momento, no qual se sente que a história está pela metade. E o que se comprova essa sensação é o sequenciamento de várias páginas em branco. A Hyuuga acredita que consideraram a história tão boa, mas tão boa que decidiram publicar mesmo incompleta. Vai ver que o autor morreu antes de finalizá-la.

— Não. Não. — Ela fala baixo. Dedilhando a página do livro:

— as páginas em branco são muito material desperdiçado.

Teve uma vez que a Hyuuga ponderou que antes as páginas em branco abrigaram o resto da história, mas o tempo tratou de apagar a impressão das letras. No entanto, contrariando essa teoria, Hinata esfregou com os dedos, mais de uma linha, de uma página escrita. E não apagou a tinta. Nenhum pouquinho. E nas páginas em branco não se identificavam marcas de letras. De fato, nenhuma das páginas em branco foram riscadas alguma vez. Outro suspiro. Seja quem fosse o autor, ela se sente grata por conhecer “O jardim secreto”. Naruto Uzumaki. O protagonista. É seu ídolo. É muito forte. Ele é criado como escravo em um reino. Reino de Samas. E mesmo nessa condição ele fica feliz de ajudar as pessoas. Ele tinha tudo para se vingar, mas decide enxergar o lado bom de sua vida. Imagine só. Um escravo de guerra. Tratado como arma. E sempre sorrindo. “Eu nunca terei essa grandeza.” Quando ela pensa nele deseja que seja atropelado.  Daria tudo para saber quem escreveu. Daria tudo para saber da continuidade da história. Um livro incompleto e sem o nome do criador. Que tragédia. Passou semanas viciada em encontrar respostas. Mas todas as suas pesquisas paravam no livro de Hodgson Frances Burnett. Autor do livro “O jardim secreto” publicado em 1911. Ou encontrava resultados sobre o filme de 1993 que adaptou a história do livro. Usou de todos os idiomas disponíveis no google tradutor. Nada. Nenhuma língua estrangeira chegou a um resultado que abordasse qualquer relação com o livro que tem em mãos. Chegou a chorar. Sim. Em seus períodos menstruais derramou litros de lágrimas por não encontrar o resultado que esperava. Teria de se contentar com aquela história pela metade.

— Naruto. Aí vou eu de novo.

Começa a reler e em cinco minutos de leitura esqueceu completamente sua noite com Ino. Quando lia um livro que amava, imergia no mundo do livro e esquecia de sua realidade.


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No ateliê, o último quadro pintado da Hyuuga treme e dele lentamente sai um braço. Depois outro. Surge uma cabeça loira. O quadro não suporta o peso e despenca no chão. Repercute um barulho. O ser continua saindo dele. Um homem inteiramente nu. Ele observa em volta. Tudo escuro. Ele não se assusta. É acostumado com a escuridão. Vaga pelo ateliê e explora o ambiente com seu tato. Ele se descobre em um tipo de casa. Suspeitando que lugar é, ele procura por ela. Consegue sair do ateliê e após vinte e cinco minutos, enfim chega, onde a dona da casa descansa. A audição dele é afincada. Distingue uma baixa respiração. Segue em direção à cama e nela identifica a presença de uma pessoinha adormecida. Ele leva a mão até a pessoinha e encontra o livro segurado pelas pequenas mãos macias. Ele sorrir. Curva-se e cheira os dedos da adormecida.

— Cheiro formoso. — Ele sorrir maravilhado e pensativo se pergunta:

— girassol? Lírio? — ele cheira mais uma vez:

— lírio.

Deixando-a descansar em paz, ele se afasta da cama e anda pelo quarto. Seu tato explora os objetos do ambiente. Eles têm formas diferentes. Gosta de conhecer coisas diferentes. Seus dedos encontram o abajur. Ao tatear a cordinha decide puxá-la. A lâmpada no interior da cúpula cônica se acende. Os orbes azulados se arregalam. Ele puxa de novo. A luz se apaga. Repete o movimento sem parar. Acende. Apaga. Acende. Apaga. Acende.

— Incrível. Um pedaço do sol dentro deste objeto. — Mete a mão no interior da cúpula e encosta na lâmpada:

— é ardente. Mas não ardente como o fogo. Será magia?

POF. É o som de Hinata dando com o guarda-chuva na cabeça do loiro. Ele se vira para ela. As mãos na cabeça. Totalmente espantado. Do guarda-chuva todo entortado, duas varetas de aço saltam para fora do tecido impermeável. Sem soltar o guarda-chuva e sem se virar de costas ao estranho, a perolada se move até a janela do quarto. Afasta as cortinas escuras. Empurra o vidro da janela para cima e clama por ajuda:

— POLÍCIA! POLÍCIA! SOCORRO! INVASÃO! INVASÃO!

Do outro lado da rua, as luzes das casas se acendem. Os cachorros da casa à direita latem. Isso é bom. Chamou atenção de muita gente. Alguém comunicará a polícia. Hinata se encontra indecisa. Pode tentar pular a janela e cair na varanda. Ou alcançar a porta que dá para a varanda. Se subir a janela terá que dá as costas ao invasor. Mas pode alcançar a porta sem baixar a guarda. A desvantagem é que a porta se situa mais longe. De pensamento acelerado escolhe a porta. Começa a andar que nem papagaio: de ladinho. Não temerá saltar da varanda. Pode até quebrar uns ossos, mas morrer não vai. “DEUS DO CÉU, ELE ESTÁ NU. É UM TARADO. UM TARADO MUITO ALTO.” O desespero dela aumenta conforme passa mais tempo encarando o sujeito.

— Como entrou na minha casa?!!!

 

 

CONTINUA


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