O Jardim Secreto escrita por MarinaHinacha


Capítulo 1
Primeiro




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Os raios clareiam o céu num instante. A chuva livra Konoha, cidade japonesa, da poluição provocada pela fumaceira das fábricas. As fábricas se situam fora da cidade. Entretanto. As localidades delas pessimamente planejadas faz com que o vento leve a fumaça a recobrir tudo quanto é casa de Konoha. O resultado é o número redobrado de habitantes com problemas de saúde desencadeados pela fuligem. As famílias aproveitam a chuva para abrir as janelas - com o problema da fumaça se predomina o hábito de manter janelas e portas fechadas - Hinata Hyuuga está em seu ateliê. Segurando uma aquarela na mão e o pincel na outra. Com as cores primárias, ela produz novas cores com diversas tonalidades. Ela está com uma calça verde-hortelã de bases largas e camisa preta, mangas curtas e de decote redondo comportando seus seios tamanho GG. Usa lenço azul no pescoço com um grande nó na nuca. Uma boina preta se assenta nos cabelos alongados, lisos e azuis. TocTocToc. Escutam-se batidas na porta, meia hora após o findar da chuva.

— Entre, Ino! — a Hyuuga permite. Sem perder a concentração na pintura.

— Como sabe que sou eu? — a exuberante loira de olhos azuis entra e encosta a porta. Suas pernas bem modeladas se exibem quase completamente em uma saia apertada jeans e por pouco seus mamilos não aparecem no decote atrevido da blusa azul clara de alcinhas.

— Quem mais seria? É a única que me visita desde que me mudei para cá.

— Continuo sendo a única? — a loira se surpreende:

— então quando avisa que não vai poder sair comigo é porque fica pintando seus quadros? E eu imaginando que estava chovendo de encontro para cima de você. Arf Hina. Não acredito. Não acredito.

— Eu não sou muito de sair, sabe muito bem disso.

— Ai Hinata! — Ino indignada caminha em busca de um assento. Há três bancos longos encostados em uma parede. Porém a loira prefere um dos três puffs espalhados pelo ateliê. Escolhe o que está mais perto da Hyuuga. A loira se senta toda relaxada e se descalça com os pés. O direito empurra a sapatilha do esquerdo e o contrário se procede:

— eu pensei que a ideia de você se mudar para Konoha era tentar um novo estilo de vida. Acreditei que se abriria para mudanças e não se trancafiar nesse chatiê.

— A-te-li-ê. — Hinata corrige por persistência. Sabe que a loira fala errado de propósito:

— estou gostando das mudanças em minha vida. Em Kawasaki eu saía muito. Por causa dos nossos amigos. Especificamente você. E por causa dele.

A loira trava a boca quando pensa em falar sobre o dito cujo. Muda de ideia. Comenta outra coisa:

— Mas eu desejei tanto que aqui em Konoha você mudasse de comportamento e descobrisse um estilo de vida que a satisfizesse! E acredito que ainda possa encontrar algo bom se fizer coisas novas, Hina.

— Estou gostando de Konoha. Ino. É bom relaxar em uma cidade pequena e ter muito tempo para mim. — Os movimentos suaves de pinceladas manifestam a tranquilidade que habita o interior da Hyuuga:

— nesses quase cinco meses morando aqui, eu me senti imensamente melhor se comparado ao último ano em Kawasaki.

A loira avalia a amiga dos pés à cabeça.

— Eu não nego o quanto você melhorou mesmo. Principalmente na aparência. Está mais gostosa que antes.

— Ino. — Hinata cora travando a mão do pincel.

— Vamos sair! Vamos para o restaurante Ichiraku! — a loira se levanta do puff:

— vamos comemorar a sua boa forma! Hinata!

— Quer arranjar qualquer desculpa para a gente sair. — A Hyuuga sorrir e retorna a pincelar.

— Claro! Por favor! Não me faça passar uma noite de sexta no seu chatiê!

— A-tê- Hinata desiste de corrigi-la:

— tá bom. Me aguarde só um instante. 

A loira comemora. Sacode as mãos fechadas para o alto e depois bate palmas na frente do peito. Concentrada no quadro, a Hyuuga sorrir imensamente. Mais algumas pinceladas e pronto! Nova pintura concluída: um chafariz com dois cupidos de mãos dadas. Um de frente ao outro. Com uma perna erguida para trás e as bocas apontadas para cima. Delas jorra água. Ao redor inúmeras flores colorem o cenário o impedindo de ser muito verde. A ambientação se dá em uma mata fechada. E ao fundo se dá para notar parte de um muro.

— Vou só pôr um casaco e poderemos sair.

Hinata avisa se afastando do quadro. Avança a uma porta interligada a outro cômodo. Pouco tempo se passa e quando a Hyuuga regressa ao ateliê, ela vê a amiga na frente do seu recém pintado quadro.

— Que lugar bonito. Esse lugar existe?

— Na vida real deve ter um parecido. — Hinata enfia o braço direito na manga do casaco comprido e bege. Enfia o esquerdo na outra manga:

— tirei da descrição de um lugar que tem em um livro que li esse ano. “O jardim secreto”.

— Há, eu sei qual é! Quando criança vi o filme umas três vezes. A amizade daquelas crianças é bem bonitinha. — Nostálgica a loira mantém a vista no quadro.

— Não. Não é o livro sobre esse filme. O título que é igual. Se trata de um livro bem mais antigo. Por causa da linguagem antiga precisei pesquisar na internet para conseguir traduzir vários trechos do livro.

— Nossa. Admiro sua paciência. Onde encontrou esse livro?

— Estava no sótão da casa. A propósito eu quero conversar sobre a casa com você.

— Algum problema com a casa?! — Ino coloca as mãos no peito. Uma sobre a outra.

— Não. Nenhum. Apenas curiosidade para saber quem morava nela.

A loira se alivia e abaixa o olhar. Esfrega o queixo. Responde ao retornar a fitar os orbes de perolas:

— Acho que era uma senhora.

— Não chegou a conhecer quem morava aqui?

— Pior que não. Assim que liguei para o número do anúncio fui atendida pelo Nojima. — Cora só de lembrar o gato que é o corretor de imóveis:

— ai-ai — suspira apaixonada — Menma Nojima. Nunca esquecerei. Foi mal Hinata. Mas com um corretor desses eu sequer lembraria de perguntar sobre quem morou na casa. Ele comentou algo sobre a antiga moradora, mas eu não prestei muita atenção. Fiquei babando no bumbum dele. Enquanto ele me guiava pela casa. —  Rir toda vermelha.

— Ino. —  Hinata repreende. Também vermelha e evitando rir pela safadeza da amiga:

— não precisa se desculpar. Você fez muito em encontrar uma boa casa para mim.

— Está sendo bondosa demais. Hinata. Eu passei mais tempo babando no Nojima do que prestando atenção no que ele falava sobre a casa. Eu poderia está escolhendo uma casa com vários problemas para você.

— Não importa. Mesmo se fosse um lugar caindo aos pedaços eu me esforçaria para erguer meu novo lar. Só de você me avisar de um lugar disponível me foi o bastante. Eu a amo.

— Ai Hina. Também a amo. Amo-a demais. Amo-amo-amo-amo-amo.

Elas se abraçam de forte modo.

—  Chega de melação. — A seguir Ino agarra o braço da Hyuuga e a arrasta na direção da saída do ateliê:

— estou faminta.

— Espere aí Ino. Tenho que ir no meu quarto. — Hinata recolhe o braço:

— vou pegar uma máscara descartável e meu guarda-chuva.

— Que máscara o que. Nesse horário não tem muita fumaça. E ainda caiu uma chuva para ajudar. — Ino retorna a agarrar a amiga e a arrastá-la à saída.

Hinata desiste de resistir. Ela se deixa levar pela amiga e antes de cruzar a porta, a Hyuuga estende o braço. Alcança a bolsa no pendurador feito de pinos coloridos. E antes de fechar a porta, Hinata aperta o botão do interruptor, apagando a luz do precioso ateliê.


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As amigas encontram alguém conhecido a dois metros da entrada do restaurante.

— Senhoritas. — Um guarda sorrir para elas e se curva.

— Senhor Shiranui. — Hinata cumprimenta na mesma formalidade.

— Pode usar o meu primeiro nome. Senhorita Hyuuga. — Vermelhinho ele pede.

— Fora de serviço. Genma? — Ino pergunta observando o belo homem de cabelos lisos e castanhos, de olhos amendoados:

— fica tão bem de roupas formais.

— Obrigado. — Ele esfrega o nariz. Acanhado:

— assumirei meu posto na delegacia. A partir da meia noite.

— Tenha um bom trabalho. — Hinata deseja.

— Obrigado. Senhorita Hyuuga.

— Vamos entrar no Ichiraku. Não quer se sentar com a gente? Genma? — Ino convida.

— Não. Estou indo encontrar uns amigos. Bom jantar para as senhoritas.

— Deixa de ser galanteador.

A loira pede rindo. Comparada à Hinata a loira tem mais convivência com o Shiranui e por isso assume maior liberdade com ele. Ino sabe que ele não se irritará com ela.

— Estou indo. Senhorita Ino. — Mantendo a boa educação e vermelho, Genma segue em frente.

— Ino, evite convidar alguém quando estivermos só nós duas. Esse é um encontro só nosso. — Hinata pede em voz mansa.

— Desculpe é que eu não resisto à companhia do policial gostosão da cidade. — Suspira entristecida:

— mas desconfio que ele esteja querendo conhecer os seus melões. — Observa o busto da amiga. A abertura do casaco exibe parte da curva dos seios.

Hinata se assusta:

— Ino. Por favor. De onde tirou isso?

— Há! há! há! — acha graça da cara da amiga:

— calma. É comum os homens solteiros de Konoha ficarem de olho. Comparada aos outros habitantes daqui você é nova na cidade.

— Hum. Vamos entrar, Ino.

— Vamos. — A loira entende que a Hyuuga não quer conversar sobre homens. As duas entram no restaurante. O Ichiraku é um ambiente de estilo misto. Existe a opção de se sentar ao balcão. Às mesas circulares se espalhando pelo espaço. E às mesas com grelha. É arejado, com bastante janelas e uma iluminação impecável. As duas amigas optam por uma mesa redonda coberta por uma toalha branca estampada de pétalas de flor de ameixeira. Na hora dos pedidos ao garçom, a loira escolhe uma coxa de frango sem pele acompanhada de salada de repolho. Hinata quis lamen com muita carne de porco. Ino tem algo a adicionar ao seu pedido:

— De bebida, uma água com gás.

O garçom anota o pedido da loira e se dirige à Hyuuga:

— E para você? Senhorita?

— Um suco de- Hinata se interrompe. Entra em indecisão. Percebendo-se que demora a escolher, ela fecha o cardápio. Decide pedir uma água, mas muda de ideia no último segundo. Observa a estampa da toalha da mesa e sorrir ao encontrar sua resposta:

— suco de ameixa, por favor.

O garçom anota e se curva para elas antes de se retirar.

— Lamen?! — a testa de Ino está toda vincada.

— Não começa. Ino.

— Come isso quase todo dia. Como conseguiu recuperar uma aparência saudável comendo quase todo dia essa coisa imensamente gordurosa?

— É de família. Minha mãe come muito e não engorda.

— Que inveja. Eu queria manter minha forma sem recorrer às dietas e exercícios. — Fecha a mão direita e com ela soca a mesa.

— Ino. A aparência não é tud- Hinata observa a entrada do restaurante:

— Ino. Seu amigo chegou.

A loira se vira na cadeira e assiste um rapaz pálido de olhos e cabelos negros se encaminhar a um assento vazio do balcão. Como a Hyuuga ele está de boina e lenço no pescoço. Ele usa uma camisa de mangas longas e calça de cor preta. Botas de borracha e de cano longo.

— O de sempre. — Ele pede à moça atrás do balcão.

— é pra já. Um lámen a caminho. — A moça o sorrir e se afasta indo enviar o pedido aos cozinheiros.

— Não escutei o que ele pediu, mas aposto que foi lámen. — Ino fala para Hinata:

— ele vem aqui todo dia praticamente. — Percebe uma mão da Hyuuga tamborilando sobre a mesa. Ino reconhece como um sinal de nervosismo:

— é tão ruim estar perto de alguém que se parece com ele?

— Eu queria responder que não, mas minha cara responde o contrário. — Hinata sorrir e sua boca tremula levemente.

— Ai caramba. Que bosta isso. Sai é tão legal. É um fofo. Quando vi que ele se parecia com ele, considerei que você não ia querer conhece-lo. Eu nem ia puxar assunto com ele, mas não resisti quando ele usou a esteira ao meu lado. — A loira conheceu Sai em uma academia:

— o jeito dele é tão diferente dele que até esqueço a semelhança entre os dois.

— Que bom Ino. Eu não quero que deixe de interagir com ele por minha causa. Quem sabe você e ele não desenvolve algo mais que amizade. Você falou tão bem dele antes de eu vê-lo de longe.

Foi em uma tarde de quarta-feira. Do mês anterior. As duas passeavam e Ino apontou para o amigo de academia. Sai saía de uma loja de artesanato e para a sorte da Hyuuga, ele não as viu. Hinata lembra do tremor que tomou seu corpo. A semelhança entre ele e ele não residia só nos traços faciais. O olhar também.

— Há não. — Ino rejeita a ideia:

— de modo algum. Sai é um fofo. Mas os gostos dele combinam mais com os seus.

— Ino. — Hinata repreende. Rejeita a insinuação na voz da amiga de que deva se envolver com Sai.

— Tá eu sei. Sei que não quer falar de homens. Deve achar cedo demais para tentar um novo relacionamento. Eu não quero que procure outro namorado, mas apenas conhecer uma pessoa nova. Podem ser apenas amigos. Sabia que essa semana Sai me contou que tem pinturas expostas em uma galeria? Eu acho que é a mesma que você visita nos sábados. Você gosta muito dos trabalhos dele.

— Não lembro de ler o nome dele. — Hinata sempre repara nas assinaturas quando contempla os trabalhos expostos da galeria.

— Ele assina com as iniciais “S” e “P”.

— Ele é o S.P? — a azulada eleva a voz. Arregalando os olhos.

— Sem dúvidas. Ele tem fotos de vários trabalhos dele no celular. Ele me mostrou todas. Para mim foi uma chatice fingir achar bonito o tanto de rabiscos e manchas que ele pinta, mas você amaria.

— É arte abstrata. Ino.

— Eu prefiro o outro tipo de pintura. Aquela que ele fez, por exemplo, na ponte que atravessa o lago verde.

Hinata sorrir. Sabendo a que pintura a amiga se refere. Existem várias estruturas da cidade pintadas pelo S.P.

— Eu também prefiro.

A Hyuuga compartilha do mesmo gosto. A pintura da ponte tem efeito 3D. Ela se torna da cor do lago e as pedras pintadas parecem reais. As pessoas se filmam e se fotografam, fingindo que cruzam as águas verdes, saltando de uma pedra a outra. O garçom se aproxima da mesa, trazendo os pedidos. Após organizar o jantar na mesa, ele pergunta se elas desejam mais alguma coisa. Elas negam e gentilmente o dispensam. As duas começam a comer. Nos primeiros minutos, os perolados se voltam para as costas de Sai que segue sentado ao balcão, comendo um lamen. Com o tempo Hinata deixa de observá-lo e se concentra no seu delicioso jantar. Ino também se esquece de Sai. A loira age cuidadosa para não parecer um predador que está meses sem comer e que finalmente alcançou um gnu.

CONTINUA


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