Snake Fangs escrita por Vic Teani


Capítulo 5
Thief




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Snake Fangs - Capítulo Cinco

O lobo atacou. Milo rolou para o lado, em um movimento instintivo que o salvou de estar onde o lobo aterrissou, cravando as garras na terra macia. Milo se levantou, sem mover um músculo quando se pôs de pé. A fera olhou para ele, os olhos leigeiramente cinzentos legeiramente vermelhos. O lobo cheirou o ar, se aproximando dele lentamente. Milo sabia que se corresse a fera o alcançaria. Ele precisou de mais um segundo, agora que podia encarar o animal com uma relativa calma, para perceber o que era seu predador. Inevitavelmente, o pavor ao se dar conta disso o fez começar a correr.
Milo era um bom corredor, mas não foi muito longe; ninguém poderia competir com aquela criatura. O lobisomem pulou sobre ele, fazendo com que ele caisse para frente no chão e batesse a cabeça em uma grande raiz que brotava do chão próxima a uma árvore velha. O impacto devia tê-lo afetado seriamente, pois antes de seus olhos se fecharem, ele pensou ver os galhos da árvore se moverem em sua direção.

Yvez acordou cedo na manhã seguinte. Seus olhos estavam vermelhos e profundas olheiras os envolviam em uma moldura arroxeada. No topo, seus olhos eram delimitados por finas, porém vastas sobrancelhas negras que quase se juntavam de preocupação. Levantou da cama com um pulo e se trocou sem prestar muita atenção no que estava fazendo, rumando para a enfermaria. Quando entrou lá, a enfermeira Pomfrey deu um pulo em sua cadeira, quase derrubando o livro que descançava em seu colo. Esfregou os olhos, sonolenta.
- O que está fazendo aqui a uma hora dessas, Reagam? ela perguntou, se levantando Ah, pelas barbas de Merlin, olhe essa sua cara! Está terrível! O que aconteceu com você, querido?
- É só sono ele balbuciou com dificuldade, pois não estava completamente acordado. Não queria ser rude com a enfermeira, mas aquilo era o máximo que podia falar.
- Então volte para o dormitório... Ou pode descançar aqui mesmo, não creio que você chegará até lá antes de desabar nos dregraus de alguma escada ela o levava em direção a uma das camas vazias, mas o garoto fez força para pará-la.
- Se é para eu descançar aqui, posso pelo menos ver o Farrel? as palavras saiam de sua boca quase sem significado, mas madame Pomfrey entendeu o significado. Juntou as mãos, preocupada, mas ao encarar aqueles profundos olhos azuis, ela suspirou e seus ombros relaxaram.
- Só um pouco. Duvido mesmo que você aguente manter os olhos abertos por muito tempo foi tudo que ela disse enquanto o guiava até a cama de Farrel. Quando chegaram lá e puxaram as cortinas que envolviam a cama, se depararam com Leenora Hamish sentada em um bando ao lado da cama, lendo um pergaminho novo.
- Hamish! Pomfrey pirrageou O que está acontecendo com esses adolescentes, estão todos acordando mais cedo que os pássaros!
Leenora desviou os olhos do pergaminho e sorriu, embaraçada.
- Me desculpe, madame Pomfrey ela falou, colocando uma mecha castanha atrás da orelha Mas fiquei preocupada... Eu sei que não sou amiga nem familiar e não devia estar aqui, mas eu ajudei a trazê-lo, então...
Madame Pomfrey levantou a mão, pedindo silêncio. Examinou as manchas em tons escuros que envolviam os olhos da garota e balançou a cabeça, murmurando alguma coisa para si mesma e deixando-os para voltar ao seu livro.
- Acho que isso significa que podemos ficar Yvez falou, tentando sorrir. Se sentou em um banco do outro lado da cama e olhou para Farrel, preocupado. Ele parecia ainda mais pálido, e estava definitivamente muito mais magro, os ossos da face quase visíveis. Os cabelos estavam completamente brancos e com uma aparência frágil.
- Ele na verdade não está tão ruim assim Leenora tentou consolá-lo Se isso serve de alguma coisa, ele chegou nesse estado lá pela metade do dia de ontem, e não piorou mais desde então. Acho que é alguma coisa como Yvez não respondeu, ela se calou, constrangida, juntou seu pergaminho e um elástico que usava para prender o cabelo e se levantou.
- Obrigado murmurou Yvez, levantando os olhos. Leenora parou quando estava passando pela cortina e olhou para trás Você deve ter ficado aqui cuidando dele tanto tempo... Porque?
A garota desviou o olhar, sorrindo encabulada, e deu de ombros levemente.
- Eu fiquei preocupada ela falava baixo, mas as palavras eram perfeitamente compreensíveis Não conseguia dormir direito sabendo que ele estava aqui... Acho que porque fui eu que o encontrei, e tudo o mais, acho que me senti meu envolvida nisso. É meio besta, talvez presunçoso...
- É legal ele falou Digo... Você é uma pessoa legal.
Ela o encarou, ruborizada.
- Não costumam falar assim comigo. Pelo menos, não pessoas de fora da minha casa. Sabe, você não parece da Sonserina.
- Vou tomar isso como um elogio Yvez riu secamente. Normalmente, tinha orgulho de sua casa e odiava ser comparado com um grifinório, mas naquele momento aquilo parecia irrelevante E você não parece da Lufa-lufa.
Leenora sorriu quando ele disse isso, um brilho diferente passou por seus olhos.
- Sabe ela disse Ai é que você se engana. Acho que minhas características são totalmente lufanas... Mas as pessoas se concentram tanto em nossos hipotéticos defeitos que esquecem das nossas verdadeiras qualidades. Sabe, Quem sabe é na Lufa-lufa que você vai morar, onde seus moradores são justos e leais, pacientes, sinceros e sem medo da dor.
Ela sorriu mais uma vez e saiu, deixando Yvez sozinho com o amigo desacordado.

Yvez acordou no meio da noite. Seus olhos pesavam e seu corpo estava dolorido por ter dormido no pequeno banco de madeira. Ele acordou ao ouvir o som quase imperceptível de tecido contra tecido, e depois de esfregar os olhos, viu que a cama a sua frente estava vazia. Não se lembrava de ter dormido, e tentava repassar os fatos em sua mente enquanto assimilava a situação atual.
Farell. O nome ressoou por sua mente, o que fez seus pensamentos clarearem um pouco. Se levantou, olhando em volta, procurando o amigo. O achou passando pela cortina que separava sua cama da que estava do lado direito. Agarrou seu pulso, mas o largou no mesmo instante que sentiu o frio emanar de sua pele, agora mais pálida do que nunca. O garoto se virou para ele, mas a visão de Yvez estava turva demais para ele distinguir as feições de Farell. O loiro ergueu a varinha e a apontou para Yvez.
- O que você está fazendo? - perguntou o moreno, tentando formular as palavras da forma mais clara que o sono lhe permitia.
- Me desculpe - Farell disse, e a ponta de sua varinha se iluminou. Um raio luminoso atingiu Yvez no peito, e ele caiu para trás, sentindo os olhos se fecharem mais uma vez. Uma sensação estranha percorreu seu corpo, mas se foi tão rapidamente quanto surgiu.
Por um instante, pareceu ouvir uma exclamação, mas logo depois tudo se apagou.

Sua cabeça doía terrivelmente. Se sentou, mas o mundo girou a sua volta e ele tornou a se deitar. Ouviu uma peque agitação ali perto quando a madame Pomfrey notou que ele havia acordado e correu diretamente para ele, as mãos apertadas contra o peito, angustiada.
- Até que enfim! - ela disse, sem disfarçar o alívio - Pensamos que jamais iria acordar!
- Eu tive... Um sonho tão estranho - ele murmurou, sentindo a presença de outras pessoas a sua volta, mas seus olhos estavam fechados enquanto ele esperava a vertigem passar.
- Mas você está bem, querido? Ah, assim que se recuperar deve ir comer imediatamente, não pode ficar sem se alimentar por tanto tempo assim!
- Tanto tempo? - ele indagou, abrindo os olhos - A quanto tempo eu estou...
- Você está desacordado a pouco mais de uma semana - disse uma voz conhecida ao seu lado.
- Stella? - ele se sentou novamente, se sentindo ainda um pouco tonto - Uma semana? Onde está o Farell? Ele não está em condições de...
- Só serve mesmo para causar preocupações - ela resmungou, mas havi um tom de afeto e carinho em suas palavras.
- Não sabemos o que houve com você, querido - madame Pomfrey disse - Ultimamente, são tantos estudantes que eu não posso ajudar que me pergunto se ainda mereço esse emprego.
- Mas eu... Eu tive a mesma coisa que o Farell? - ele indagou, confuso. O olhar da enfermeira brilhou de um modo triste quando o nome do garoto foi mencionado.
- Não - ela falou, tentando parecer indiferente - Você simplesmente... É como se você simplesmente estivesse dormindo e nunca acordasse. Fora os efeitos da falta de alimentação e a desidratação, não encontrei nada de anormal em você.
- Mas onde está o Farell? - ele perguntou, olhando para todos que estavam ali. Fora Stella e a enfermeira Pomfrey, também viu Milo e Leenora. Ver a lufana ali não o surpreendia mais, mas o que Milo fazia visitando-o? Eles se davam bem, mas nada mais que isso. Eram somente colegas de casa, nunca chegaram a ser realmente amigos.
- Eu estava apenas passando por aqui porque a matame Pomfrey queria checar... Uma visita de rotina - ele falou, dando de ombros, vendo a expressão cada vez mais confusa de Yvez - Acabou que eu cheguei mais ou menos na hora em que você acordou.
Yvez concordou com a cabeça, aceitando a explicação e voltando para o ponto do qual todos pareciam querer fugir.
- Mas onde está Farell? - todos se olharam, perguntando mentalmente quem daria a notícia. Mas ninguém precisou fazê-lo, pois uma voz disse:
- Farell Dixon desapareceu há uma semana - a diretora McGonagall se aproximou a passos rápidos - Agora, por favor, deixem o garoto respirar um pouco. Reagam, assim que se recuperar, coma, tome um banho, faça tudo o que precisar, e depois passe na minha sala o mais rápido possível. Está liberado das aulas de hoje.
Os visitantes deixaram a enfermaria junto da diretora. A notícia do desaparecimento de Farell tinha pego Yvez totalmente despreparado, e ele não havia dito nada desde então. Assim que matame Pomfrey fez uma série de exames rápidos em Yvez, ele foi liberado com ordens de ir direto para a cozinha, onde os elfos domésticos preparariam uma refeição para ele. Chegando lá, foi recebido por gritos, e viu uma panela cruzar o ar em direção a um elfo doméstico que parecia bem velho. Quem a havia atirado era uma elfa igualmente velha. Ambos usavam aventais brancos por cima de uniformes da mesma cor. Como o uso de elfos domésticos como escravos havia sido proibido a alguns anos, eles agora trabalhavam recebendo um salário generoso na cozinha de Hogwarts.
- Seu elfo velho e rabugento! - gritou a pequena elfa, brandindo uma enorme colher de pau - Monstro!
- Acho que também não precisa chamá-lo assim, seja lá o que ele tenha feito, não é? - Yvez falou, se intrometendo, sentindo a barriga roncar de fome.
- Ah, me desculpe, jovem senhor - disse a elfa para ele, em tom de respeito - Mas o senhor entendeu errado. Monstro é o nome dessa criatura deplorável que não sabe nem mais preparar um suco de abóbora decente. O meu nome é Winky.
- Criatura deplorável é você, sua velhaca!
- Ora! - ela exclamou, indignada - Mais respeito na frente do jovem senhor! - outra panela voou na direção de monstro, mas ele a evitou com um estalar de dedos, fazendo a panela sumir em pleno ar. A discussão recomeçou, e um jovem elfo apareceu, fazendo sinal para Yvez se afastar da confusão. O garoto o seguiu pela larga cozinha de Hogwarts até deixar os utensílios voadores para trás.
- Minhas sinceras desculpas - disse o elfo, pegando uma panela e separando alguns ingredientes - O senhor é Yvez Reagam, não é? A diretora McGonagall nos avisou para preparar algo para você.
- Qual o seu nome? - ele perguntou, enquanto e elo preparava rápidamente algo que tinha um cheiro muito bom.
- Oh, me desculpe minha grosseria! Meu nome é Dobby - ele disse, sem tirar os olhos da panela - Meus pais escolheram esse nome em homenagem ao elfo mais corajoso que eles já conheceram, segundo o que eles sempre me falam.
- Quem são seus pais? - Yvez perguntou, inebriado pelo cheiro da comida. Dobby engoliu em seco, sem responder. Yvez olhou para trás, onde ouviu uma panela se chocar contra uma parede em algum lugar onde ele não conseguiu ver.
- Não vai me dizer que...
- Peço desculpas pela infantilidade dos dois - falou o elfo, que então se afastou e retornou com uma caneca de suco de abóbora. Entregou-a para Yvez, que bebeu sedento, e voltou para a panela - Está quase pronto.
O garoto comeu em silêncio e agradeceu ao elfo várias vezes, saindo da cozinha sem cruzar novamente com Monstro e Winky. Foi até o dormitório pegar uma muda de roupas e uma toalha, se dirigindo então para o banheiro. Os corredores estavam vazios pois quase todos os alunos estavam em aula naquele momento. Não demorou no banho, e após voltar ao dormitório mais uma vez, foi até a sala da diretora, no sétimo andar. Parou em frente à estátua que disfarçava a entrada para a sala. Ele não sabia a senha. Tentou a do ano passado, mas a grande estátua não se moveu.
- Gato escaldado - disse uma voz, e Yvez pulou de susto quando Nick Quase-Sem-Cabeça passou voando por ele, e a gárgula que guardava a entrada da sala se moveu.
- Obrigado... - foi o que Yvez pôde dizer antes do fantasma desaparecer através de uma parede. Entrou na sala e viu a professora em pé, olhando pensativa para um espaço vazio na parede. Minerva se virou para ele, pedindo que se sentasse.
- Eu sei que não é a melhor hora para chamá-lo aqui, você deve ter tanta coisa para processar... - ela inspirou profundamente, olhando-o de modo significativo - Acho que devo começar esclarecendo a situação de Farell Dixon.
O garoto se ajeitou na cadeira, ouvindo atentamente.
- Farell Dixon desapareceu de Hogwarts a uma semana, na mesma noite em que você foi encontrado desacordado na enfermaria. Suponho que ele fugiu por conta própria, seja lá qual tenha sido o motivo, pois todos os feitiços de proteção da escola foram checados e ninguém poderia ter invadido e seqüestrado um aluno, visto que todos os encantamentos estavam intactos.
Ela fez uma pausa, esperando uma pergunta, objeção ou qualquer reação, mas como Yvez apenas continuou calado, esperando-a prosseguir, foi isso que ela fez.
- O caso, Yvez, é que você estava com ele na hora em que ele desapareceu. Não estou insinuando que você tenha ajudado de alguma forma - ela acrescentou com calma quando ele tentou protestar - Você foi chamado Qui apenas para que eu possa te perguntar o que você viu naquela noite.
A diretora se calou novamente. Yvez sabia que agora era sua vez de falar, e escolhendo as palavras, começo:
- Na noite em que Farell sumiu... Eu acordei quando ele estava se levantando da cama. Tudo que consegui ver foi ele olhando para trás e... - as palavras morreram em sua boca ao lembrar do que ocorreu em seguida. Ele não podia dizer que o amigo olhava estuporado e complicar ainda mais a situação de Farell - E eu estava tão cansado, que não consegui ficar acordado mais tempo, e acho que acabei caindo no sono de novo.
A sobrancelha da diretora se levantou de uma maneira tão sutil que ele quase não percebeu.
- Sô isso? - ela perguntou, e Yvez sabia que de algum modo, a diretora tinha conhecimento que ele estava escondendo uma parte da história. Tudo querele pôde fazer foi confirmar com a cabeça, pois se abrisse a boca, era capaz que a força do olhar de Minerva McGonagall o forçasse a dizer a verdade.
- Já que você só o viu na enfermaria, imagino que você não o tenha visto carregando nenhum objeto estranho.
- Não - Yvez disse - Por que?
A diretora se levantou com calma, voltando para o mesmo lugar onde ela estava quando o garoto entrou na sala. A sua mão tocou a parede naquele espaço vazio.
- Você sabe o que deveria estar aqui? - ela perguntou, ao que ele respondeu de forma negativa - A espada de Gryffindor - ela se virou para ele novamente - A mesma espada que foi encontrada a quase duas semanas ao lado de Farell Dixon, quando ele foi visto desmaiado nesse mesmo andar.
Yvez se manteve imóvel. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu ligeiramente, em uma pergunta que não foi verbalizada.
- Você deve estar se perguntando a mesma coisa que eu tenho me perguntado todos os dias desde então - Minerva disse, voltando para sua cadeira - O que Farell queria com a espada de Gryffindor, a última das relíquias dos quatro fundadores? Porque a espada desapareceu no mesmo dia que ele. Você tem alguma disso, ou do porquê dele ter fugido? Apesar que, em minha opinião, se eu roubasse essa espada, não iria querer permanecer em Hogwarts por muito tempo.
- Não faço idéia...
- Mas...? - a diretora indagou.
- Ele andava muito estranho desde do primeiro dia de aula. Explodia por nada, distante, calado. Digo, ele nunca foi muito sociável ou de falar explosão cotovelos, mas aquilo era estranho até mesmo para ele. Mas eu não faço idéia do que pode tê-lo deixado assim. Nos vimos no meio das férias e ele estava normal, então se aconteceu algo, foi perto do retorno à escola.
Minerva assentiu com a cabeça depois de um instante.
- Acho que então, por hora, nossa conversa será improdutiva se estender-se mais. Está liberado. Como já disse, está liberado do restante das aulas de hoje.
- Obrigado - disse Yvez, se levantando e indo até a porta.
- Reagam? - chamou a diretora, e o garoto se virou para ela novamente - Quando encontrar com o professor Slughorn, avise-o, por favor, que o baile de confraternização que ele deseja realizar está terminantemente fora do cronograma de Hogwarts este ano.


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