[Billie's POV]

Já são 19h, melhor eu ir pra casa. Espero que a Adrienne não esteja acordada ainda, porque se ela me ver nessas roupas e com esse cabelo, ela vai me matar antes mesmo do sol nascer.  Vou subindo as escadas em silêncio e...

- Billie. - Adrienne chamou do "nosso quarto"

- Adie, ah, eu já vou dormir. - eu disse, tentando escapar

- Chega de dormir no quarto de hospedes, vem, você pode dormir aqui comigo. - ela disse

Merda.

- Amor... eu... é... - eu tentei imaginar algo pra dizer

- Billie Joe Armstrong, eu disse pra vir dormir aqui. AGORA. - ela ordenou

- Já vou indo amorzinho do meu coração. - eu disse

Cheguei na porta do quarto, levantando meu olhar de lápis de olho marcado e vendo uma Adrienne de lingerie e olhar arregalado.

- Quem é você? - ela perguntou, me encarando

- Sou eu amor... eu posso explicar. - eu disse

- Isso é algum tipo de... MEU DEUS DO CÉU, que roupas são essas? E essa cara? Por que seu olho tá azul? O que você fez com seu cabelo? - ela perguntou

- Amor, entenda, preciso de inspiração, minha banda vai pro buraco se meu próximo álbum não for um sucesso como o Dookie foi. Preciso ser um punk de novo. - eu disse

- Você precisa é de tratamento. Está doente, só pode. De o fora da minha casa. - ela disse

- Ei, não é pra tanto. - eu disse

- Não quero esse punk revoltado como pai dos meus filhos. - ela gritou

- É com esse punk revoltado que você se casou, lembra? - eu gritei

- Isso tem a ver com aquela garota né? - ela perguntou

- Claro que não! Eu não sei onde ela está! - eu gritei, indignado

- Mas sabe onde encontrar outras como ela. Adeus. - ela disse

Adrienne levantou da cama, foi até a minha frente e me empurrou pra atrás da porta e a trancou. Mas que merda. Por sorte, meus filhos não acordaram. Como eu conheço a Adrienne, era melhor eu dar esse espaço para nós dois refletirmos, pois mais uma discussão poderia resultar em divórcio. Fui para o quarto de hóspedes e comecei a compor uma quarta parte para Jesus Of Suburbia, chamada Dearly Beloved:

Part IV

Dearly beloved

"Dearly beloved, are you listening?

I can't remember a word that you were saying

Are we demented?

Or am I disturbed?

The space that's in between insane and insecure

Oh therapy, can you please fill the void?

Am I retarded?

Or am I just overjoyed?

Nobody's perfect and I stand accused

For lack of a better word and that's my best excuse"

Porra, mas pensando bem, a Adrienne tem que me entender! Ela não pode jogar a culpa de tudo o que acontece no nosso casamento na... qual é o nome dela mesmo? Enfim, isso dói tanto mas tanto. Só me faz lembrar mais ainda. Ai, vou apelar pro masoquismo daqui a pouco. Não, se controla Billie, tudo o que você tem que fazer é fugir. Mas não só dessa casa, fugir dessa cidade, dessa vida. Mudar. Peguei minha caneta e compus a última parte de Jesus Of Suburbia, chamada Tales Of Another Broken Home:

Part V

Tales of another broken home

"To live, and not to breathe

Is to die, in tragedy

To run, to run away to find what to believe

And I leave behind this hurricane of fucking lies

I lost my faith to this, this town that don't exist

So I run ,I run away

To the light of masochist

And I, leave behind this hurricane of fucking lies

And I, walked this line a million and one fucking times

But not this time

I don't feel any shame, i wont apologize

When there ain't nowhere you can go

Running away from pain when you've been victimized

Tales from another broken home

You're leaving...

You're leaving...

You're leaving...

You're leaving home."

[Glória's POV]

- Bush ataca novamente. - Ash diz

Eu e o resto da The Punkiest Wicked Warehouse estavamos assistindo as notícias na TV da sala comunitária. Toda a nossa indignação estava baseada nos crimes que Bush insistia em cometer contra a Constituição e contra a privacidade e liberdade dos cidadãos norte-americanos em prol da "segurança nacional".

- Gente, tenho um comunicado a fazer. Chamem todos. Vou fazer uma grande reunião para nós, patriótas, decidirmos o futuro do nosso país. - eu anunciei

- Aonde e quando? - Kevin perguntou

- Pode ser aqui? Umas 23h da noite e que tal hoje mesmo? - perguntei

- Claro! - todos disseram

- Vou colar um cartaz lá fora, quem passar na rua pode se juntar a nós. - Lizzy disse

- Vamos trabalhar pessoal! Temos pouco tempo pra reunir material para discutirmos nossas ideias! - eu disse

Se você pensa que ser punk significa não ligar pra nada, está MUITO enganado. Nós, mais do que muita gente, nos importamos com o que os políticos estão fazendo com nossas vidas. Queremos nossa liberdade. E começamos a pesquisar, cada um em seu próprio computador, sobre nossos ideias para recuperar os princípios de uma América livre de opressão.

- É hora de demonstrar do que os punks são capazes. - eu disse a mim mesma