[Billie's POV]

Resolvi ir no shopping comprar umas coisinhas bem punk pra mim e passar por algumas ruas que eu costumava frequentar na minha adolescência, só para recordar. No centro de Oakland tinha um estacionamento onde eu ficava lá com o Mike e mais alguns amigos, matando aula sem ninguém saber. Eu me sentia em casa, como se essa cidade fosse meu lar. Hoje em dia, não me sinto mais assim.

- Falta muita coisa eu pra eu poder chamar esse lugar de lar novamente. - eu disse, andando

Criancinhas no chão, mendigos... devo aceitar que a vida é assim mesmo? Talvez. Quer saber? Eu não ligo. Parei no banheiro do shopping, vendo as parades rabiscadas que me inspiravam a compor uma continuação para Jesus Of Suburbia, que seriam duas outras partes chamadas City Of The Damned e I Don't Care:

"Part II

City of the Damned

At the center of the earth

In the parking lot

Of the 7-11 where I was taught

The motto was just a lie

It says "home is where your heart is"

But what a shame

Cause everyone's heart

Doesn't beat the same

It's beating out of time

City of the dead

At the end of another lost highway

Signs misleading to nowhere

City of the damned

Lost children with dirty faces today

No one really seems to care

I read the graffiti

In the bathroom stall

Like the holy scriptures in a shopping mall

And so it seemed to confess

It didn't say much

But it only confirmed that

The center of the earth

Is the end of the world

And I could really care less

City of the dead

At the end of another lost highway

Signs misleading to nowhere

City of the damned

Lost children with dirty faces today

No one really seems to care

Part III

I don't care

I don't care if you don't

I don't care if you don't

I don't care if you don't care (4x)

I don't care.....

Everyone is so full of shit

Born and raised by hypocrites

Hearts recycled but never saved

From the cradle to the grave

We are the kids of war and peace

From Anaheim to the Middle East

We are the stories and disciples of

The Jesus of suburbia

Land of make believe

And it don't believe in me

Land of make believe

And I don't believe

And I don't care! (5x)"

É assim, na base do foda-se, que eu ia voltar a ser o Billie Joe que eu era antigamente.

[Glória's POV]

Ter encontrado o Tré foi muito bom! Levei ele como um "amigo" pra TPWW e conversamos muito. Ele continua sendo meu melhor amigo, para sempre.

- Whats, vai ficar aqui na TPWW por muito tempo? - ele perguntou

- Olha, eu tenho dinheiro pra comprar uma casa nesse exato segundo, mas confesso que adoro essa vida de morar com os amigos. - eu ri

- E quais são seus planos? Eu sei que toda a sua meta é ser a maior punk da Bay Area, mas e emprego? Marido? Filhos? - ele perguntou

- Você tem razão, já estou beeem grandinha. Olha, emprego é de boa, fiz um curso super lindo de desenho e acho que vou me especializar em fazer profissionalmente mershandising de bandas. - eu disse

- Você faz a maior falta pra gente no Green Day, você fazia camisetas incríveis. - ele disse

- É... enfim, e marido eu não sei, provavelmente vou acabar me envolvendo com algum punk rapidinho, tenho certeza. - gargalhei

- O pior é que eu sei que é verdade, você é fogo menina! - ele riu

- E filhos... somente quando eu esquecer o Billie. Se eu nunca esquecê-lo, nunca terei filhos. - eu disse, séria

- Pera ai, então você se casaria e tudo, mas não teria filhos só por causa do BJ? Não faz sentido. - Tré me olhou

- Não me questione, eu me prometi isso. - eu disse

Eu sabia que o Tré ia ficar bolado porque ele ama crianças e com certeza ia querer ser padrinho dos meus futuros filhos, e eu sempre quis ter filhos também, mas não... se eu não esquecer o Billie, nem pensar. Ia ser frustrante dar á luz a uma criança que não seja "fruto de um amor verdadeiro e único". É, isso parece bobo e romântico demais vindo de uma insensível punk rocker feito eu... mas é, eu não sigo esteriótipos e sou bem careta com relação a ter filhos.

- Whats, vou indo pra Oakland, toma cuidado ok? - Tré disse, se levantando

- Cuidado com o quê? - perguntei, me fazendo de desentendida

- Você sabe o quão perigoso é o mundo punk. - ele disse

- Eu sei me cuidar, bebê, vai papai, chega de conselho. - eu ri

- Me chama de bebê e de papai na mesma frase. Essa fugiu da escola mesmo. - ele gargalhou

- Viado! Te amo. - eu ri

Nos despedimos e ele se foi, rumo a cidade que está terminantemente proibida para mim. A minha sorte (ou azar) é que o Gilman expulsou o Billie e o colocou na lista 86. Eu nunca vou esbarrar com ele aqui em Berkeley... pois é.

[Billie's POV]

Se eu quisesse ser o punk que eu era seria preciso voltar a frequentar o Gilman e os pontos mais badalados de Berkeley. E aliás, seria preciso que eu voltasse a morar em um armazém abandonado. Sem problemas, já dei um tempo com a Adie uma vez há alguns anos e tudo deu certo, é só dar mais um tempinho. Só o suficiente pra eu recuperar minha alma artística e compor um super sucesso de vendas.

- Cara, quero provar essa jaqueta. - eu mostrei uma jaqueta ao vendedor

Eu estava em uma loja, mudando totalmente meu visual para ver se consigo passar despercebido pelas pessoas que me conhecem desde sempre. Comprei roupas típicas de um super punk devoto a cultura, fiz tatuagens mais undergrounds, espetei meu cabelo de um jeito que nem parecia eu, coloquei uma lente azul para disfarçar meus super olhos verdes e voilá: irreconhecível. Imagino por que ninguém pensou nisso de mudança de visual antes...

- Esse sim é o visual de um verdadeiro Jesus Of Suburbia. - pisquei para meu reflexo no espelho

[Glória's POV]

Fiquei pensando no que o Tré Cool me disse sobre futuro e já coloquei as mãos na massa, duas bandas já me contrataram para fazer slogans, panfletos e camisetas e eu estou passando a noite em claro para deixar tudo perfeito. Quanto ao marido... vou deixar a vida me levar né, nunca se sabe quando uma super festa pode surgir e um cara mudar a nossa vida. Será?